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quarta-feira, 26 de outubro de 2011

MORTE DO CINEMA

Cinematógrafos, guardem vossas câmeras que elas serão como os toca discos de hoje peças de grande valor e sempre haverá um maluco que fabricará um negativo para filmagens especiais. Não é uma questão de morte da qualidade, mas sim um problema de linguagem que sempre irá permanecer. Se não como vou fazer um plano de cinema em homenagem a um Edgar Brasil, um Gregg Toland, se não tenho uma câmera de filmar?

Fabricantes de câmeras de cinema abandonam o filme em película

É o fim de uma era, que começou em 1888: o cinema, como imaginado pelos irmãos Lumière, está morto.

Por Henrique Cesar Ulbrich

Os três maiores fabricantes das caríssimas câmeras de cinema não
mais fabricarão modelos de película. O cinema, a partir deste 2011, será exclusivamente digital – pelo menos, no que depender de equipamento
novo.

De acordo com um artigo no site da revista Creative Cow, a alemã ARRI, a francesa Aaton e a norte-americana Panavision encerraram, sem muito
alarde, a fabricação de câmeras de cinema que usam os tradicionais
filmes “de película”. O artigo, aliás, foi apropriadamente intitulado Film Fading to Black, fazendo referência ao efeito de escurecer a cena até a tela ficar
completamente negra, normalmente usado para encerrar a história.

Bill Russel, vice-presidente de câmeras da ARRI, conta que o problema não é a diminuição gradual do uso dessas câmeras.
Em entrevista à Creative Cow, deixou claro que a coisa foi
cataclísmica: “a demanda por câmeras de película, em todo o mundo,
simplesmente desapareceu”. Segundo Russel, esse foi o motivo pelo qual a empresa, desde 2009, só monta câmeras de película sob encomenda.

Jean-Pierre Beauviala, fundador da Aaton, faz côro: “Absolutamente
ninguém compra mais essas câmeras. Por que comprar uma nova, se há
tantas usadas muito mais barato pelo mundo? Não sobreviveríamos nessa
atividade se não projetássemos nossa própria câmera digital”.

Obviamente, isso não implica que filmes em película vão parar de
ser rodados imediatamente. Por muitos anos ainda as câmeras existentes e os rolos de filme virgem (ainda fabricados) se transformação em arte.
Todavia, o fato marca o declínio indelével dessa mídia. Podemos esperar
que, em breve, Kodak e Technicolor parem também de produzir as próprias
películas, que se tornarão cada vez mais difíceis de encontrar,
manipular revelar e editar.

Como o próprio Creative Cow definiu a situação: “Alguém, em algum
lugar do mundo, tem em mãos hoje a última câmera de cinema ‘das antigas’ a sair de uma linha de produção". Ou, como resumiu o site Saloon.com: as câmeras de filmes serão para o cinema o mesmo que as máquinas de escrever são hoje para a literatura.

Mesmo o cinema digital pode, em breve, morrer, segundo o artigo da
Creative Cow. A internet conseguiu fazer o que a TV não havia
conseguido: tornar o cinema menos relevante. Quem nunca desistiu de ir à sala de projeção porque já havia visto o filme na telinha do computador – possivelmente pirateado – que atire a primeira pedra.

É triste. Mas o mundo gira. É preciso.
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