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terça-feira, 29 de novembro de 2011

Cineasta Colaborador

AS MULHERES NÃO MORREM
Fábio Carvalho

Tudo era muito forte, feito sob o signo da paixão.
Eu me deixava levar pela procura da beleza, com que Lúcio sonhara.
Monstros, sim, feitos com paixão e beleza.
Paulo César Saraceni

Depois que me mandei com a música, fui me deparar com O GERENTE projetado no centro do belo prédio do Arquivo Público Nacional, ao ar livre, cercado por altíssimas Palmeiras Imperiais, observado de cima por uma magnífica lua desconhecida, completamente cheia e amarela. A LUA VEM DA ÁSIA. Como todos sabem era sexta feira onze do onze do onze. Não sei se por sugestão, senti uns sinais estranhos. Continuo me sentindo estranho até hoje. Só encruzilhadas se abrem para mim, nunca sei em qual janela me enquadrar e adentrar. Sem dúvidas escolho e decido em qual delas, me aprofundar. Erro sempre decidido. Ontem era segunda feira. Depois de um hiato de uns sete meses, voltei ao Palácio das Artes para ver pela primeira vez SAGRADA FAMÍLIA e rever a figura genial do SYLVIO LANNA. Rhythm Blues. Que viagem, hem meu. Sofisticadíssimo. Eu já sabia e vivia, mas era criança e entendia tudo, mesmo sem saber este foi o problema que estava sendo criado. Recorrentes as motivações problemáticas e as atrações do choque. Tudo naturalmente natural. Guaraná aos Guaranys. A partir daquele momento a chuva de prata pegou para valer. Naquela outra noite sobramos eu, o OTÁVIO III e uma meia garrafa de um seleto Finca La Linda na Praça da BETH e de SÃO SALVADOR. Era Flamengo ou Largo do Machado? Bebemos um pouco no bico. Guiné Bissau, Moçambique e Angola. Numa relax, numa tranqüila, numa boa. Com uma olho de peixe nos meus olhos em movimento panorâmico, o desenho ficou completamente circular e as bordas ligeiramente deformadas. Anotou o professor PAULO AUGUSTO GOMES. A deformação necessária. Uma doença, velho. Nesta segunda no P. A. também revi, através do som, meu outro professor o doutor JOSÉ SETTE. Que privilégio. Sei que era para poucos. Não tive mais como fugir do sintagma que há algum tempo vinha me perseguindo. Depois de anos luz em pé, a população ali naquela praça mais que dobrou. Já passava da primeira hora do dia doze, quando a maravilha morena que figurava deitada no coreto pensou em ir embora. Resolvemos sentar um pouco e a garrafa continuou em pé no primeiro degrau abaixo de nós e acima do chão. Tão bonita. Falávamos do futuro do O MONGE DEVASSO. Claro estava. Tanto que vi de longe uma mulher negra de ombros nus carregada de sacolas de plástico se aproximar, e num gesto inesperado certeiro, pegar a garrafa, dar um grande gole e continuar sua marcha sem rumo em linha reta. Os vizinhos do banco lateral gritaram com ela, o OTÁVIO também. Ela parou se virou de frente para nós, estufou os peitos, sacudiu as cadeiras e deu outro grande gole e na seqüência outro, terminando com o líquido roxo da garrafa. Enfiou o vidro verde escuro vazio em uma das sacolas se virou e foi embora. Como poderemos descrever uma experiência mística e lisérgica?

domingo, 27 de novembro de 2011

Cineasta das Multidões

Oscar Maron e sua filha Teresa
Acordei hoje com a triste notícia da morte de um grande amigo cineasta, jornalista, escritor, editor, professor e mestre do Iching, meleagro carioca, amante do futebol, flamenguista apaixonado, “meu querido”, Oscar Maron, um amigo que vai nos deixar com muita saudade e muitas lembranças de bons momentos vividos.
Um artista singular, alegre e gozador como poucos, espirituoso e bom observador, tinha a alma popular e comunicativa, embora de política, de falsidades ideológicas, nada sabia, pois a ele só interessava o que estava dentro do homem ainda guardado e não o que ele representava e interessava em ser.
Um homem sincero desprovido de vaidades terrenas. Conhecedor profundo dos cultos afro-brasileiros, de Confúcio e dos mistérios orientais. Babalorixá no candomblé, xangô respeitado por muitos na umbanda, era um chefe espiritual da minha descrença quando nos encontrávamos, mostrava-se protetor de quem estava perto.
Quando o conheci era um jovem bonito que estava casado com a atriz Maria Gladys e que lhe deu uma filha, Maria Teresa, hoje também atriz.
Fiz com ele, como fotógrafo, dois filmes: um sobre o cineasta Carlos Manga e a Atlântida e outro sobre o escritor Mario Filho, filme que o levou ao Festival de Cinema na Índia, na cidade de Goa, terra oriental que fala a nossa língua e que havia lhe convidado para exibir o seu filme sobre um dos maiores cronistas esportivos do futebol brasileiro, proporcionando-lhe, no final de sua vida, viajar a um país onde se concentra a gênese religiosa do nosso planeta, um lugar estudado e de estudos ocultos, cultuado e místico, que ele sempre quis conhecer e estudar.
Sim, foi ali escolhido pelos seus deuses o lugar feliz aonde ele deixaria o seu corpo sofrido, agora inerte, sem dor, para navegar em espírito de luz, pelo saber daquilo que ele acreditava com uma fé inquebrantável, a imortalidade da sua alma.

quinta-feira, 24 de novembro de 2011

Revisitando o cinema

Cena do Filme Sagrada Família exibido essa semana em Belo Horizonte MG Sylvio Lanna,

o seu filme Sagrada Família, é um dos mais experimentais filmes brasileiro, onde se une o clássico barroco- mineiro das imagens com a arte abstrata e quase concreta do som do caos.

Resultando em um filme de linguagem poética criado nos detalhes tortuosos dos movimentos de câmera e trabalhado na estética oriental dos planos lentos e
soturnos classicamente editado através
da belíssima fotografia em preto e branco do Thiago Veloso.
Maravilha!!!De Lanna!

Inesquecíveis momentos passamos juntos neste filme de juventude rural e surreal




NOTÍCIA DE PERDA

INFELIZMENTE O MEU COMPUTADOR PESSOAL DEU PANE, QUEBROU NOVAMENTE, POR ESSE MOTIVO ESTAREI TRABALHANDO NESTE BLOG EM CONDIÇÕES PRECÁRIA.
TENTAREI ARRUMAR O MESMO O MAIS RÁPIDO POSSÍVEL...
SÃO OS MALES DA TECNOLOGIA, QUANTO MENOS VOCÊ ESPERA ACONTECE...

quarta-feira, 23 de novembro de 2011

Notícias de São Paulo

Acontece em São Paulo, nesta quarta-feira, o lançamento da segunda edição do "Dicionário de Filmes Brasileiros Curta e Média-Metragem", de Antônio Leão da Silva Neto.

Revista, corrigida e ampliada, a nova edição contempla 22 mil filmes, 1.270 páginas, em todos os formatos, inclusive digital.

A apresentação do livro é de Raquel Hallak, o prefácio de Francisco Cesar Filho e a orelha da capa de Alfredo Sternheim.

O lançamento está prevista para às 20h00, na Escola da Cidade, Rua General Jardim 65, Centro (atrás da Praça da República, quase em frente a sede da Aliança Francesa).

Mais informações podem ser acessadas em

http://www.revistain.com.br/noticia_online/cultura/2724_dicionario_de_filmes_brasileiros__curta_e_media_metragem.html.

História da Cachaça

Antigamente, no Brasil, para se ter melado, os escravos colocavam o caldo da cana-de-açúcar em um tacho e levavam ao fogo. Não podiam parar de mexer até que uma consistência cremosa surgisse.

Porém um dia, cansados de tanto mexer e com serviços ainda por terminar, os escravos simplesmente pararam e o melado desandou.

O que fazer agora? A saída que encontraram foi guardar o melado longe das vistas do feitor.

No dia seguinte, encontraram o melado azedo fermentado. Não pensaram duas vezes e misturaram o tal melado azedo com o novo e levaram os dois ao fogo.

Resultado: o 'azedo' do melado antigo era álcool que aos poucos foi evaporando e formou no teto do engenho umas goteiras que pingavam constantemente. Era a cachaça já formada que pingava. Daí o nome 'PINGA'.

Quando a pinga batia nas suas costas marcadas com as chibatadas dos feitores ardia muito, por isso deram o nome de 'ÁGUA-ARDENTE'.

Caindo em seus rostos escorrendo até a boca, os escravos perceberam que, com a tal goteira, ficavam alegres e com vontade de dançar. E sempre que queriam ficar alegres repetiam o processo.

(História contada no Museu do Homem do Nordeste).

segunda-feira, 21 de novembro de 2011

A ESTÓRIA E EU João Rudge

Sempre gostei de estórias, logo sou suspeito.

Mas lá estava eu hoje, lendo, enquanto minha avó dormia ao lado e a televisão passava um jogo de futebol, quando mais uma vez uma estória me abraçou. Terminei o livro assim, no meio de tudo, mas ao mesmo tempo, completamente alheio de tudo que me cercava. Entre um capítulo e outro, parava para olhar minha vó e dar uma espiada no jogo, mas logo queria voltar para o que o livro me contava, sobre o que ele contava sobre mim.

Perto do fim, chorei. Não chorei prantos, não fiz barulho. Chorei quieto e sozinho, um choro que não me causou vergonha, nem orgulho. Foi um choro calado, daqueles que o olho mareja, e transborda uma, ou quem sabe no máximo duas linhas salgadas pela face. Mas que peso que esse sentimento tem. Porque por dentro, mexe com algo inalcançável até momentos antes. Me faz parar e sentir. Sentir algo tão novo, que ainda não tem nome e nem explicação. E é engraçado, porque nesse momento solitário, eu me sinto mais humano e, consequentemente, mais próximo de todo o mundo.

Pois só mesmo assim, consigo entender como um homem, no Uruguai dos anos 50 escreveu algo tão próximo de mim, que me fez relacionar tão diretamente com as angústias, felicidades, sensações que ali ele escreveu. Eu tive uma relação muito mais próxima com ele, do que com muitos que cruzam meu caminho. Me deu vontade de poder falar pra ele "eu te entendo" ou quem sabe, até mais honesto, "obrigado por me entender".

É me identificando, ou quem sabe me projetando (não importa) nas estórias, que eu vejo unidade no ser humano, que eu me aproximo dos outros. Acho que foi esse sentimento que me fez acreditar que queria ser diretor de cinema, ou escrever um livro, ou achar qualquer forma de poder viver contando estórias. Hoje já não acho mais tão importante ser eu quem as escreva, basta-me poder ler-las, ver-las, ouvir-las. Saber que alguém derramou sobre papel, película ou qualquer coisa que o valha, algo verdadeiramente honesto. Porque dentro de toda ficção, existe uma verdade muito poderosa. Existe a verdade sobre quem ali se derramou.

Um dos grandes motivos de não ter seguido esse caminho - o de contar estórias - é exatamente este, a vergonha que sinto ao escrever. É tão difícil escrever honestamente, sem se talhar, sem se adaptar. Eu enxergo olhos lendo esse texto neste exato momento que eu o escrevo, e já me envergonho. E uma estória só é realmente boa se tiver esta honestidade.

Então, escrevo isso como homenagem a estória que acabou hoje. Escrevo para ao menos também ser honesto com quem me foi verdadeiro. Escrevo, como que a balançar meu braço me despedindo de um breve amigo que vai embora. Escrevo, tentando gritar para a estória que já se afasta: “eu te entendo, e obrigado por me entender”. Entende?



Comentário quase crítico

josé sette

Adorei a sua estória, mas eu prefiro o termo história, acho mais abrangente.

Você escreve e desenha muito bem, só não se exercita e ainda não se dedica ao especial universo do traço, mas o tempo não tem limite.

Nesta crônica você consegue passar pelo frio texto emoção na descrição da cena literária. O segundo parágrafo é o exemplo disso. A descoberta do autor “uruguaio” é outro grande momento.

Neste singelo texto você se supera na autocrítica paradoxal do não querer ser sendo um exímio relator de um momento único e pessoal.

A leitura descobrindo o novo e o novo descobrindo a literatura como forma de expressão. Existe coisa melhor?

Vai em frente nos seus relatos, crônicas, contos e um dia finalmente, quem sabe, essa luz interior ilumine essa conexão entre o ser, o sentir e o transmitir emoções que nesta história do seu Eu é de maneira única tão bela.

Notícia de São Paulo

Lançamento do livro

sábado, 19 de novembro de 2011

Notícias de Belo Horizonte

ASSISTA AO FILME e S(saiba mais)Sagrada Família

CONTRA CAMPO II

Três elementos constituem, na história, as condições essenciais de todo desenvolvimento humano: o primeiro é a animalidade humana, que representa a economia social e privada. O segundo é o pensamento, que formaliza a ciência e a arte. O terceiro é a revolta, que dignifica a liberdade.

O verdadeiro artista já tem o pensamento fora deste mundo, mas nele vive, nele se alimenta, cresce e morre.

Como um cometa que se aproxima do sol, ele deixa um rastro em sua passagem, às vezes pequeno, outras vezes grande, mas todos são luminosos, pois são sinaleiros que indicam direções, evoluções, escrita para os poetas, delírio de poucos.

No turbilhão da vida os grandes artistas também se afastam e às vezes desaparecem no caos.

Saio de casa e vou até o bar da esquina. Subo e desço as escadas. Atravesso corredores e labirintos. Vejo ali o brasileiro na sua essência, dionisíaco, sambando solitário na sua alegria de estar vivo.

É preciso desenterrar e caminhar sobre o que está oculto no buraco negro das crises sociais.

A fome indigesta do capital está na busca febril do seu alimento, origem de todos os males, da ganância e da soberba.

Mexo com arte – to pobre; mexo com lixo – to rico; dou aula – to pobre; vendo petróleo – to rico; sou povo – to pobre; sou elite – to rico.

Rico e pobre. Assim caminha a humanidade.

Se o homem se abstivesse de roubar, no sentido geral da palavra, o resto todo é admissível na liberdade do existir. Mas como isso é possível? Se cortar a mão do ladrão ele rouba com os pés. Se cortar os pés ele rouba com os olhos. Se o cegar ele rouba com a boca. Se costurar a boca ele rouba a com a alma e com o coração.

O mundo seria bem melhor se acabasse com a estupidez capitalista de diferenciar os homens pelo seu poder financeiro ou seu status social O século vinte foi e será um século de adivinhadores Um século oculto. Um século de prosa Poético cósmico sorrateiro infiel Um século dada Um século isto Ismo e aquilo

Um século capital
Nem liberal Nem libertário
Ditatorial No geral formal
Um século de medo e de infâmia
Um século literário e Cinematográfico Maldito e desafiador

Um século às vezes revolucionário
Principalmente na arte do saber
Um século experimental
Explode o indivíduo
Despedaça o homem
Retorna-se a gênese
Começa-se de novo
Descobre-se a verdade
Desnuda-se o amanhã
Um século de palavras
Um século de milhões
Um século cristão
Seremos lembrados
Queira você ou não

Vou roubar essa cena! Vou me encharcar no delírio digital de uma nova tecnologia. Vou compor um poema. Vou me perder no universo incomensurável dos vídeos do Youtube. Vou morar em roliude!

sexta-feira, 18 de novembro de 2011

Reflexões

Lendo alguns dados da ONU sobre o desenvolvimento humano e fiquei espantado com os números ali expostos onde o Brasil sempre permanece com os piores índices.
Na Noruega, o país mais bem situado nesta tabela comparativa, a esperança de vida chega aos 81 anos; nos EUA 78; em Cuba 79; na Argentina 75 e no Brasil 73 anos.
Anos de escolaridade: na Noruega 12,6; nos EUA 12,4; em Cuba 9,9; na Argentina 9,3; no Brasil 7,2.
Índice de mortalidade infantil (crianças com menos de ano de idade mortas entre mil): na Noruega 2,8; em Cuba 4,6; nos EUA 6,5; na Argentina 12,3; no Brasil 17,3.
No Indicador de Desenvolvimento Humano (IDH) a situação piora. Existem 187 países listados, mas só 47 países estão com o seu desenvolvimento humano muito elevado e o mais alto índice continua com a Noruega 0,943; os EUA 0,931; neste grupo da América do Sul só entra o Chile em 44º lugar com índice 0,805 e termina com a Argentina com o índice de 0,797. Depois vem o Uruguai no 48º lugar; Cuba no 51º ; a Venezuela no 73º ; o Brasil no 84º.
Como podemos ver pelos números que o Brasil está ainda muito mal em suas políticas sociais.

Grécia, Itália e os sagazes sarcasmos de Marx sobre os “governos técnicos”.
Marcello Musto

Se retornasse ao debate jornalístico no mundo de hoje, analisando o caráter cíclico e estrutural das crises capitalistas, Marx poderia ser lido com particular interesse hoje na Grécia e na Itália por um motivo especial: a reaparição do “governo técnico”. Na qualidade de articulista do New York Daily Tribune, um dos diários de maior circulação de seu tempo, Marx observou os acontecimentos político-institucionais que levaram ao nascimento de um dos primeiros “governos técnicos” da história, em 1852, na Inglaterra: o gabinete Aberdeen (dezembro de 1852/janeiro de 1855).
A análise de Marx é notável por sua sagacidade e sarcasmo. Enquanto o Times celebrava o acontecimento como um sinal de ingresso “no milênio político, em uma época na qual o espírito de partido está destinado a desaparecer e no qual somente o gênio, a experiência, o trabalho e o patriotismo darão direito a acesso aos cargos públicos”, e pedia para esse governo o apoio dos “homens de todas as tendências”, porque “seus princípios exigem o consenso e o apoio universais”; enquanto os editorialistas do jornal diziam isso, Marx ridicularizava a situação inglesa no artigo “Um governo decrépito. Perspectivas do gabinete de coalizão”, publicado em janeiro de 1853.
O que o Times considerava tão moderno e bem articulado, era apresentado por Marx como uma farsa. Quando a imprensa de Londres anunciou “um ministério composto por homens novos”, Marx declarou que “o mundo ficará um tanto estupefato ao saber que a nova era da história está a ponto de ser inaugurada por cansados e decrépitos octogenários (…), burocratas que participaram de praticamente todos os governos desde o final do século passado, frequentadores assíduos de gabinetes duplamente mortos, por idade e por usura, e só mantidos vivos por artifício”.
Para além do juízo pessoal estava em questão, é claro, o de natureza política. Marx se pergunta: “quando nos promete a desaparição total das lutas entre os partidos, inclusive o desaparecimento dos próprios partidos, o que o Times quer dizer?” A interrogação é, infelizmente, de estrita atualidade no mundo de hoje, no qual o domínio do capital sobre o trabalho voltou a tornar-se tão selvagem como era em meados do século XIX.
A separação entre o “econômico” e o “político”, que diferencia o capitalismo de modos de produção que o precederam, chegou hoje ao seu ápice. A economia não só domina a política, fixando agendas e decisões, como retirou competências e atribuições que eram próprias desta, privando-a do controle democrático a tal ponto que uma mudança de governo já não altera as diretrizes da política econômica e social.
Nos últimos 30 anos, inexoravelmente, o poder de decisão foi sendo transferido da esfera política para a econômica, transformando possíveis decisões políticas em incontestáveis imperativos econômicos que, sob a máscara ideológica do “apolítico”, dissimulam, ao contrário, uma orientação claramente política e de conteúdo absolutamente reacionário. O deslocamento de uma parte da esfera política para a economia, como âmbito separável e inalterável, a passagem do poder dos parlamentos (já suficientemente esvaziados de valor representativo pelos sistemas eleitorais e majoritários e pela revisão autoritária da relação entre Poder Executivo e Poder Legislativo) para os mercados e suas instituições e oligarquias constitui, em nossa época, o maior e mais grave obstáculo interposto no caminho da democracia. As avaliações de Standard & Poor’s, os sinais vindos de Wall Street – esses enormes fetiches da sociedade contemporânea – valem muito mais do que a vontade popular.
No melhor dos casos, o poder político pode intervir na economia (as classes dominantes precisam disso, inclusive, para mitigar as destruições geradas pela anarquia do capitalismo e a violência de suas crises), mas sem que seja possível discutir as regras dessa intervenção e muito menos as opções de fundo.
Exemplos deslumbrantes disso são os acontecimentos dos últimos dias na Grécia e na Itália. Por trás da impostura da noção de um “governo técnico” – ou, como se dizia nos tempos de Marx, do “governo de todos os talentos” – esconde-se a suspensão da política (referendo e eleições estão excluídos), que deve ceder em tudo para a economia.
No artigo “Operações de governo” (abril de 1853), Marx afirmou que “o mínimo que se pode dizer do governo de coalizão (“técnico”) é que ele representa a impotência do poder (político) em um momento de transição”. Os governos já não discutem as diretrizes econômicas, mas, ao contrário, as diretrizes econômicas é que são as parteiras dos governos.
No caso da Itália, a lista de seus pontos programáticos ficou clara em uma carta (que deveria ter sido secreta) dirigida pelo Banco Central europeu ao governo Berlusconi. Para “recuperar a confiança” dos mercados, é preciso avançar pela via das “reformas estruturais” – expressão que se tornou sinônimo de dano social – ou seja, redução de salários, revisão de direitos trabalhistas em matéria de contratações e demissões, aumento da idade de aposentadoria e privatizações em grande escala.
Os novos “governos técnicos” encabeçados por homens crescidos sob o teto de algumas das principais instituições responsáveis pela crise (veja-se os currículos de Papademos e de Monti) seguirão esse caminho. Nem é preciso dizer, pelo “bem do país” e pelo “futuro das gerações vindouras”, é claro. Para o paredão com qualquer voz dissonante desse coro.
Mas se a esquerda não quer desaparecer tem que voltar a saber interpretar as verdadeiras causas da crise em curso e ter a coragem de propor e experimentar as respostas radicais exigidas para a sua superação.
Marcello Musto é professor de Ciência Política
na Universidade York, de Toronto.

quinta-feira, 17 de novembro de 2011

NOTÍCIA DO RIO

IMPERDÍVEL ACIMA NOS VÍDEOS

De uma olhada nos clipes da Banda Ava com a música Movimento dos Barcos (Jards Macalé/ Capinam) Um é o vídeo lírico, com a letra da musica. O outro é o vídeo clipe propriamente dito.

terça-feira, 15 de novembro de 2011

NOTÍCIA DO RIO

O Petróleo está jorrando fora do pinico – Interessante este texto achado no blog do Brizola Neto sobre o vazamento no mar do norte fluminense.

“Ainda não se pode dizer quais são as causas do acidente que provocou o vazamento de, ao que parece, uma pequena quantidade de petróleo no campo de Frade, operado pela petroleira norteamericana Chevron, a 350 km do litoral fluminense. Mas alguma coisa já se pode dizer, sim.

A primeira é que a empresa demorou pelo menos 24 horas a admitir o problema e, quando o fez, foi por uma nota marota, dizendo que se tinha detectado o vazamento “entre o campo de Frade e o de Roncador – que é operado pela Petrobras - quando, na verdade, ele se deu bem próximo de uma de suas plataformas de perfuração, a Sedco706, da Transocean, a mesma proprietária da Deepwater Horizon, que provocou o acidente no Golfo do México, segundo informações do Valor Econômico.

A segunda é que esta história de falha geológica é algo que precisa ser muito bem apurado, pois não é provável que falhas geológicas capazes de provocar um derramamento no mar – e que, portanto, não podem ser em grande profundidade na rocha do subsolo, porque haveria, neste caso, um provável tamponamento natural – possam deixar de ser percebidas nos detalhados estudos sísmicos que precedem a perfuração.

A terceira, e mais importante, é que não houve um tratamento escandaloso do assunto pela mídia, como certamente haveria se o campo em questão fosse operado pela Petrobras. A esta altura, até os peixes do oceano estariam dando declarações contra e empresa. Aliás, mesmo com o vazamento da Chevron, o destaque nos jornais é para a queda de 26% no lucro da Petrobras, mesmo sabendo que essa queda é essencialmente contábil , pela desvalorização cambial ocorrida desde agosto e que não se repetirá no último trimestre, dando à empresa um lucro recorde em sua história.

Por isso, foi extremamente acertada a posição da presidenta Dilma Rousseff de determinar a investigação rigorosa do caso. O petróleo de nosso litoral pode ser explorado sem danos ao meio ambiente e deve se-lo, qualquer que seja a empresa a fazê-lo.

E a imprensa, tão zelosa e meticulosa quando se trata da nossa Petrobras, certamente não está dando pouca importância ao caso por se tratar da Chevron, uma multi com boas reações de diálogo com o senhor José Serra, como revelou o Wikileaks.

É importante que se apure, porque um acidente no leito oceânico é imensamente mais grave que um provocado por um desengate de mangueira ou rompimento de duto. Estes, assim que se fecham as válvulas, cessa, mesmo que tenha sido grande. Um vazamento no leito oceânico, no poço ou na estrutura geológica que o rodeia é mais sério, pois exige, como se viu no Golfo, complicadíssimos e demorados procedimentos de vedação para ser detido.

Por sorte, parece ter sido de pouca monta. Mas a sorte é um elemento com que não se pode contar neste tipo de atividade”.

Fernando Brito (jornalista)

segunda-feira, 14 de novembro de 2011

Texto de Fabio Carvalho (Belo Horizonte)

A IMATERIALIDADE NÃO CHEGARÁ


Pietro, fala com os seus amigos:
- Há aqui muitas mulheres; bom será que não as assustem.
Com ar irônico e benévolo, sorriu.
Lampedusa



Por pouco posso me desviar, preciso me segurar, o pouco que digo é sempre o dinheiro, acontece nas melhores famílias, não comigo ainda por tão pouco, pouquinho mesmo. Vi demais Dom Luis, me formei cedo no surrealismo do Monsier Breton, então não pude mais aceitar qualquer defeito de conduta. Jamais. Que palavra definitiva. Devo sempre lembrá-la, não perdê-la de vista nunca. Que belo baixo. Atenciosamente considerá-la. Nunca mais perderei a condição de chegar lá nela. Poderia por uma vírgula depois do lá, deixo para a música colocá-la em seu lugar. Triste lembrança, me obnubilou a visão do que sei que não vai mais acontecer, depois daquela partida, que a distância fez ser para mim surpreendente, logo hoje, um do onze do onze. Tantos uns para um só dia, e que dia frio triste e bom. Tenho sofrido e aprendido. A distância quando é mais curta acaba ficando maior, numa progressão enigmática e atraente, qual será o formato da duração? Chega de falar de Cinema. Cantar quem sabe um novo assunto, com uma figuração adolescente, ironicamente inconseqüente. Intangível. Aquelas artistas e a difusão, ou então a infusão, vou me esbaldar com as duas no centro da cidade. Pedindo pela radiação, que mesmo atrasada é sempre bem vinda, inescrupulosa e ainda sinuosa, é exatamente o que interessa quando se fala de curvas. Como elas são gostosas. Sabe o que isto significa? Nada. Temos que dar uma oportunidade às palavras, dizia em voz baixa o dicionário. São poucos os ouvidos para as ressonâncias apresentadas coloquialmente. Quando nasci já devia ser assim. Mudei hoje minha distância focal. Mesmo ali no bomBARdeio, no limite da Princesa Isabel, depois de atravessá-la só pude ir no dia seguinte ao Belo Bar, velhos conhecidos da velha vida carioca, e sempre a mesma pergunta: trouxestes as chaves? Meu histórico é péssimo, vamos ver o que dá para fazer, a partir deste momento, pode ser que não tenha mais solução. Maria do Socorro. Todo o mundo clamava. Bate saudade no meu corpo inteiro. Lascívia, ela é a bela palavra. A mais procurada e renegada que cabe na minha mão, é sempre e apenas um pensamento terremoto. E é estranha esta frase. Ainda temos a respiração. Vou sempre procurá-la. Finalmente não falei no plural. Neste final de semana voltei ao Bar Satélite, em Ouro Preto. Lá , com uma satisfação há muito esquecida, assisti a rodada do campeonato brasileiro. Como joga o Neymar, inacreditável. Será que ele é mulher? Depois compareci no Bené da Flauta, para um evento que me foi muito agradável naquela noite mais que agradável, tortuosa. Não vi a portentosa. Mais uma vez, não posso reclamar. Minas não há mais. Só que terminei quatro e meia da manhã na Rua das Flores como um delinquente senil da resistência. Tem ficado cada vez mais difícil recolher os farrapos no dia seguinte. Preciso visitar uma cachoeira. A aporia decorrente das filmagens de O LEOPARDO do LUCHINO VISCONTI me deixou esgotado. Vou beber Champagne na suíte do hotel Exelsior com a Claudine para tentar me curar. Quem sabe me divirto um pouco com a linda negra Rebeka? Pode ser uma boa para encarar de frente o novo montador deste filme. Tinha terminado este escrito exatamente no último ponto final. Voltei atrás. Como se voltar não fosse para trás. Tudo bem, amanhã estou no Rio, isto já basta por hoje. Não consigo terminar sem pensar na Dominique Sanda, quando jovem, que é só uma ilustração linda, sabendo que a verdade mora na Maria, na Isabel, na Ana, na Helena, na Raquel, na Inês, na Letícia, na Beatriz, na Rita e naquela que me esqueci lembrando. Nunca esquecerei dela a lascívia. Vou ver se mando com música. Shirley Valentine.

sábado, 12 de novembro de 2011

APAGANDO O TEMPO

Enquanto o poeta Tavinho Paes não consegue o seu 1 real, em Brasília, na Câmara dos Deputados, segundo o jornal “O Globo”, corre o requerimento 246/11 onde o Sr. Vanderlei Macris, solicita que seja convocada a Ministra da Cultura brasileira, a fim de esclarecer a autorização de destinação de R$12,3 milhões para a produção do “Rock in Rio Brasil 2011", via lei federal de incentivo a cultura (a famigerada Lei Rouanet).


Do poeta Tavinho Paes

Meu Projeto de Lei de Incentivo à Cultura, requerendo a captação de R$1 (um real) foi recusado e sequer protocolado junto ao MinC, provavelmente porque acharam ser um deboche, quando não era: o próprio projeto já era, em-si, a obra de arte e sua captação de recursos fazia parte dela. Daó que resolvi publicar o texto do Boal, a seguir:

O Suicídio do Artista

De Augusto Boal

- “Graças a V. Exa., podemos agora escolher nossos artistas!” – disse ao Ministro da Cultura um empresário feliz, em pública reunião, faz dois ou três anos, agradecendo-lhe a privatização da cultura.

Tempos atrás, cabia ao Ministério e às Secretarias, com quase exclusividade, o patrocínio das artes. Hoje, vai-se de porta em porta, pires, pratos de sopa ou cornucópias na mão! – o tamanho de recipiente depende da intimidade que se tenha com o poder. Para as empresas, alegremente autorizadas a usar dinheiro de impostos na estética publicidade dos seus produtos, foi grande negócio. Para os artistas, creio que não: dou meu singelo testemunho.

No ano passado, graças ao CCBB, dirigi uma experiência teatral de certa magnitude, a SambÓpera CARMEN, na qual se respeitavam as melodias de Bizet casadas com nossos ritmos.

Sucesso extraordinário. Tanto, que o New York Times publicou tremenda reportagem recheada de fotos do espetáculo que, para o jornal, não tinha equivalente em mais de cem anos de vida dessa ópera – agradável exagero! O diretor do Festival Paris-Quartier d´Été acudiu correndo, e convidou CARMEN para se apresentar no coração de Paris, no Palais Royal, teatro de mil lugares, cercado pelo Louvre e pela Commedie Française, em julho passado.

CARMEN é, por excelência, a ópera nacional francesa: sua versão sambística, em Festival tão prestigioso, causou espanto e admiração. Felizes, resolvemos reincidir e preparamos outra SambÓpera: Verdi, LA TRAVIATA, homenagem ao quarto centenário do gênero Ópera que nasceu com a famosa EURÍDICE de Peri-Rinuccini, composta para celebrar o casamento do Rei Henrique IV com Maria de Médicis.

Maiores atrativos publicitários, impossível: samba, ópera, Verdi, Bizet, Times, Paris, Festival... Estávamos certos de que os empresários fariam fila à nossa porta, gritando ofertas como se estivessem em pregão da Bolsa de Hong-Kong.

Não estavam... Fomos à cata da produção com cinqüenta cópias do nosso Projeto, CDs e partituras. A maioria das empresas consultadas já disse que o projeto é belíssimo: “Você, Boal, sempre inventando, heim?... porém... não combina com os nossos produtos.” Os comerciantes querem vender: nada mais lógico. Loucura nossa pensar que uma heroína-prostituta, que morre tuberculosa no quarto ato, fosse capaz de vender espaguete ou pertences de feijoada, por exemplo. Deveríamos, talvez, ter procurado um fabricante de penicilina ou pneumotórax: erro nosso!

Diante da ameaça de novas e contundentes recusas, pensei que, se não são mais os artistas que determinam seus próprios caminhos e sim os empresários - a quem devemos respeitosamente ajudar a vender suas mercadorias! - mais cedo do que se pensa, nossa arte, já razoavelmente moribunda, estará à beira do falecimento total e definitivo, em cova rasa.

Como denunciar essa morte silenciosa? Pois que de outra coisa não se trata, se não de morte, o fato de se deixarem artistas sem patrocínio. De que serviria Van Gogh sem pincéis e tintas? Beethoven e Mozart sem piano ou cravo? Embora eu não saiba tocar nenhum instrumento musical, por mais reles reco-reco que seja, nem tenha intimidades cromáticas com pincéis e tintas, pensei em suicídio. O Suicídio do Artista Sem Patrocínio!

O exemplo me veio do Vietnã: monges se matavam afim de atraírem a atenção do mundo sobre a guerra iníqua. Conhecendo as necessidades da propaganda, não morriam confortáveis em suas camas, solitários, ou bebendo cicuta em canudinho, como Sócrates, entre bons amigos: eram espetaculares e, em praça pública, ateavam-se fogo às vestes, diante de flashes e câmeras de TV.

Pensei que o Suicídio do Artista Sem Patrocínio deveria seguir as mesmas normas de teatralidade daqueles religiosos. No Brasil, porém, as pessoas andam tão atarefadas, completando seus magros salários correndo de um emprego a outro, que um homem, esturricando-se ao sol do meio dia, no Largo da Carioca, talvez não atraísse o público desejado; talvez não desse Ibope. Imaginei, então, uma orquestra modesta que atraísse transeuntes para perto do suicida: eu, é claro, porque nenhum dos meus colegas - sempre tão solidários e mesmo achando a idéia ótima! - aceitou o sacrifício, por mais que eu insistisse. Deviam ter lá suas razões.

Sendo a música de boa qualidade - como é, no nosso caso! – talvez corrêssemos o risco inverso, atraindo demasiada platéia: seria então necessário construir uma plataforma sólida para o incendiado, e arquibancadas à prova de fogo para os ávidos espectadores.

Labaredas são mais atraentes e coloridas em silenciosa noite escura do que ao sol gritante. Portanto, nosso espetáculo pirotécnico deveria ser realizado depois do anoitecer, o que nos obrigaria à instalação de, pelo menos, 20 ou 30 refletores.

Para gerir esse belo espetáculo incendiário, necessitaríamos maquinistas, eletricistas, e teríamos que contratar uma boa agência de promoções, imprimir convites e um programa explicativo da filosofia do evento – pois que a tinha! - em bom papel de seda, etc. Sobretudo, fazia-nos falta um excelente produtor. Isso não se faz sem dinheiro.

Recorremos então aos Captadores de Recursos, profissão inventada pela atual Lei de Incentivo à Cultura, como contribuição ao combate ao desemprego: são especialistas encarregados de fazerem as empresas soltarem a grana.

Até hoje nenhum Captador respondeu, sequer, à nossa demanda. O maravilhoso e emocionante espetáculo do Suicídio do Artista Sem Patrocínio fica, assim, adiado sine die... por falta de patrocínio. Talvez para logo depois da silenciosa e recatada Morte da Arte e da Cultura.

Pede-se não mandar flores.

Se, porém, sua vontade de prestar esta última homenagem fúnebre à nossa cultura em coma for irresistível, sugere-se o envio de doações, ajudas, subvenções, etc., ou simples palavras de afeto, a algum jovem grupo de artistas cênicos ou plásticos, que saberão explicar porque escolheram dedicar suas vidas à arte e à cultura, ao invés de atividades mais lucrativas como os leilões e a Bolsa, nesta época em que o Lucro e o Deus-Mercado são a mais recente encarnação do bezerro dourado.

sexta-feira, 11 de novembro de 2011

MIL E UMA NOITES DE TERROR


ASSIM FOI A CRUELDADE DE KADAFI
Os “sofrimentos” que o tirano provocou durante quatro décadas:
1. Não havia conta de luz na Líbia, porque a eletricidade era gratuita para todos.
2. Créditos bancários, nos bancos estatais, eram sem juros (para todos – por lei expressa).
3. Casa própria era considerada como direito humano, universal.
4. Recém-casados recebiam US$ 50 mi para comprar casa e iniciar a vida familiar.
5. Educação e saúde eram gratuitas.
6. Quem não encontrou formação universitária ou tratamento de saúde desejados recebia financiamento para ir no exterior, adicionalmente US$ 2.300,00 mensais para moradia e carro.
7. Agricultores iniciantes recebiam terra, casa, equipamentos, sementes e gado gratuitamente.
8. Na compra de automóvel, o estado contribui com subvenção de 50%
9. Preço do litro de gasolina: 0,10 Euro = R$ 0,23
10. Faltando emprego após a formação profissional, o estado pagava salário médio da classe até achar vaga.
11. A Líbia não tinha dívida externa – as reservas de U$ 150 bilhões, agora, estão retidas.
12. Parte de toda venda de petróleo erai diretamente creditada na conta de cada cidadão.
13. Mãe que deu à luz, recebia US$ 5.000,00.
14. Na Líbia, 25 % da população têm curso superior.
15. Kadafi iniciou o projeto GMMR (“Grande Rio feito por Homem”): Água para as pessoas e para a agricultura.
Mas, graças Deus, à OTAN e aos rebeldes, o povo líbio agora está livre de tudo isso.
INFELIZMENTE O MEU PC QUEBROU - UMA MERDA!
ESTOU TENTANDO ARRUMAR.
FICO UM TEMPO FORA DO AR.
QUE MERDA!

quinta-feira, 10 de novembro de 2011

DIURNO

Capa do artista-plástico Tunga

Ontem fui assistir ao lançamento do Cd AVA no Jardim Botânico e fiquei encantado com a performance do quarteto e com a frequência de centenas de amigos, jornalistas, artistas que encheram com entusiasmo o belo espaço oferecido. O Rio de Janeiro é uma festa e essa noite de quarta-feira ficará na história da música brasileira como o dia da apresentação da mais moderna e revolucionária banda que se tem notícia nos últimos tempos. Embora o disco, todos vendidos nesta noite, fosse o primeiro do que me parece ser a mais inovadora criação musical de que tenho notícia, outros na certa serão produzidos pela gravadora que acreditou nessa garotada que muito ainda tem a oferecer.
Para se ter uma idéia da repercussão que esse Cd vêm obtendo no universo da música brasileira, reproduzo aqui um texto que recebi pela internet de um conhecido crítico musical de São Paulo chamado DJ Zé Pedro.
A Filha da Ira
E de repente entro numa loja de shopping para confirmar quais serão as besteiras comerciais que irão vender aos milhões nesse Natal e dou de cara com uma capa estranha e original onde cabeças cortadas aparecem jogadas na beira de um mar indeterminado e dou um grito de pavor e alegria: o primeiro disco de Ava Rocha acabara de chegar ao Brasil.
Glauber Rocha, este maldito e abençoado cineasta brasileiro, deixou como herança por aqui mais que onze filmes determinantes e controversos. Fruto do casamento desse baiano genial com a artista plástica e cineasta Paula Gaitán, Ava Rocha chegou ao mundo e logo entendeu à qual universo rico e conturbado pertenciam suas raízes e imediatamente se pôs a colaborar com as estranhezas mais produtivas desse mundo: trabalhou como atriz na tribo de Zé Celso, se misturou com Macalé, virou cineasta e desaguou na arte de cantar e compor.
Eu já tava de olho nela. Foi Adriana Calcanhotto quem primeiro me chamou a atenção antes que eu vacilasse e cometesse o descuido de ficar atento à essa voz extremamente grave e genuinamente dramática. Seus rascunhos publicados no MySpace eram inquietantes e viscerais mas não davam a nítida idéia do que viria por aí. Esse seu primeiro álbum chamado “Diurno” é ironicamente noturno e descaradamente emocionante. Não dá para ouvir outra coisa essa semana. A música de Ava não pode e nem deve se misturar num shuffle maluco de Ipod. Tem começo, meio e fim como um espetáculo que você aplaude em frenesi no final.
Canções inéditas em estado bruto que dimensionam a importância de seu canto (“Doce Explosão” e “Só Uma Mulher”), regravações bem longe de arranjos premeditados e comerciais (“Bons Momentos” e “Prá Dizer Adeus”) ao lado de vinhetas contundentes, jogam esse disco na prateleira dos grandes e fundamentais lançamentos de 2011. Seus companheiros de trabalho também não fazem por menos nesse álbum: Emiliano 7, Daniel Castanheira e Nana Carneiro da Cunha confirmam e emolduram as experimentações vitais desse álbum.
Agora esse texto precisa terminar. Quero voltar imediatamente para esse “Diurno” de Ava Rocha que foi encontrado por mim numa loja de shopping burguesa e acomodada. Será o fim dos tempos ou o início de uma nova era? Perguntas sem resposta. Ava Rocha para muitos é o que eu desejo.

terça-feira, 8 de novembro de 2011

Companheiros é preciso avançar...

"Posso ser o ogro de muitos, mas guru, na certa, eu não sou de ninguém, muito menos na terra onde nasci"

“Os tempos mudam e os espaços não podem ser os mesmos”

Como fundador do PDT, conheci Brizola e sei muito bem como ele prezava os companheiros que lhe fossem fiéis. Esse foi o caso do mineiro Jose Maria Rabello, sócio de Miguel Arrais em uma livraria em Paris, que abandonou a sociedade para seguir com Brizola na fundação de um novo partido com o seu retorno ao Brasil. Mesmo levando o PDT de Minas aos maiores absurdos, brigando inclusive com o mineiro Darcy Ribeiro e sendo um dos responsáveis pela derrota na sua campanha a presidência, Brizola nunca abandonou o amigo fiel. O caso do Ministro Lupi, atual presidente e herdeiro do PDT, se assemelha ao do companheiro mineiro. Lupi, cão fiel do governador, sempre ao seu lado, foi conduzido à presidência do partido logo após a morte do grande político gaúcho. Sempre fui contra ao seu nome e achava que o partido tinha que se renovar. O que o Lupi tinha de fidelidade ao seu líder maior, tem de infidelidade ao saber e ao intelecto político. Ontem depois de atacar o PT com todas as palavras do seu dicionário, hoje é Ministro do governo petista. Lupi não deveria ter sido e muito menos ter permanecido como presidente da sigla trabalhista. Como Ministro do Trabalho tudo bem. Não acredito que ele seja responsável pelas falcatruas da sua pasta denunciadas pela revista Veja, mas é que ele sempre está muito mal cercado e como não consegue enxergar um palmo a sua frente, joga o partido neste mar de lama que ainda pode sujar muita gente, deixando a nossa sigla histórica manchada, permitindo ainda mais o seu enfraquecimento aos olhos dos eleitores. Digo com certeza que e se nada mudar, se o partido não se transformar e assim permanecer refém do poder, do capital e da capital, cresce no seu interior, como um câncer, a chama do vendilhão, dos interesses clientelistas, do aluguel de legenda, do oportunismo eleitoreiro e consequentemente do seu aniquilamento político. Chegou à hora de substituir Lupi na presidência do partido por um político mais ágil, mais moderno, que traga com o seu nome, sua inteligência e o seu caráter, a marca indelével dos homens públicos que não se deixaram levar pela vaidade e deslumbramento do poder. Se a presidenta abrir os olhos o Lupi pode e deve continuar Ministro, pois não vai ser a revista Veja que vai traçar a forma de conduta moral e política do governo do PT. O PDT, com garra e resistência precisa renovar o seu caminho de lutas políticas e ideológicas em direção das reformas do estado brasileiro, avançando na construção do socialismo moreno, das escolas integrais, das universidades livres, da saúde de qualidade para todos e da defesa intransigente da nossa identidade cultural que no meu entender penso que só um jovem como o deputado Brizola Neto ou o Senador Cristóvão Buarque ou mesmo o deputado Miro Teixeira, entre outros bons nomes que permanecem no partido, podem traçar novos rumos ao avanço nas causas trabalhistas e sociais tão apregoadas por Brizola, Darcy, Jango e Getúlio.

Nota de repúdio: Vi e vivi hoje na tevê cenas do avanço da polícia militar contra os estudantes da USP que me lembrou o meu tempo de estudante em 1968 quando tivemos as universidades invadidas e todos ficávamos deitados no chão sofrendo todos os tipos de humilhação e violência. As cenas eram exatamente as mesmas vividas por mim 43 anos atrás. Este é o governo do PSDB de São Paulo.

FIM DO TEMPO

O cinema de película está realmente nos seus últimos dias. A Kodak está morrendo...Sem dinheiro e com prejuízos crescentes a cada trimestre, a Kodak, mãe da câmera digital, vive o paradoxo de precisar vender as patentes de sua principal invenção para sobreviver em 2012.

domingo, 6 de novembro de 2011

Estamos chegando ao fim de alguma coisa...

Desde que a guerra tornou-se tecnológica, como vimos na invasão do Iraque, com bombardeios e perseguições acompanhados por imagens transmitidas pelas televisões de todo mundo, ficou claro que neste planeta estamos todos vigiados por milhares de olhos eletrônicos e a qualquer deslize nosso podemos ser atacados e trucidados por bombas e projetos que cairão, como uma chuva sinistra de luzes, de todas as partes do céu.

A experiência bélica americana continua mundo afora agora ela é testada na selva amazônica: o revolucionário Afonso Cano, um intelectual de classe média e líder máximo das Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia, morreu nas sombras da noite de sexta-feira, dia 4 de novembro, depois de um bombardeio tecnológico em plena selva.

Assisti a cena do ataque a FARC pela tevê em filmagens noturnas feitas com infravermelho - tecnologia usada na guerra do Iraque, Afeganistão, até a mais recente contra os países árabes do petróleo: o massacre da Líbia.

Agora é o presidente de Israel, Shimon Peres, com a balela conhecida das armas nucleares, químicas e de destruição, que o estado judeu possui em quantidade secreta, que afirmou ser favorável a um ataque contra instalações nucleares do Irã.

Aonde vamos chegar com tudo isso? Quem tudo quer nada pode! Uma hora chega ao fim... O pior é se for o fim de tudo!

Noam Chomsky, professor de lingüística, filósofo e anarquista americano, que eu vim a conhecer pelos seus artigos, me parece que é o grande analista das possíveis mudanças do pensamento da juventude, dos trabalhadores, estudantes, negros e muitos outros americanos que protestam na Wall Street em NY.

Diz ele: “...Essa mudança na perspectiva estadunidense evoluiu a partir dos anos 70. Numa mudança de direção, vários séculos de industrialização converteram-se numa desindustrialização. Claro, a manufatura seguiu, mas no exterior; algo muito lucrativo para as empresas mas nocivo para a força de trabalho... A economia centrou-se nas finanças. As instituições financeiras se expandiram enormemente. Acelerou-se o círculo vicioso entre finanças e política. A riqueza passou a se concentrar cada vez mais no setor financeiro. Os políticos, confrontados com os altos custos das campanhas eleitorais, afundaram profundamente nos bolsos de quem os apoia com dinheiro... O mundo está dividido em dois blocos: a plutocracia e o resto, resumiu. Estados Unidos, Grã Bretanha e Canadá são as plutocracias-chave: as economias impulsionadas pelo luxo... Quanto aos não ricos, às vezes se lhe chamam de precariado: o proletariado que leva uma existência precária na periferia da sociedade. Essa periferia, no entanto, converteu-se numa proporção substancial da população dos Estados Unidos e de outros países... Pela primeira vez na história há ameaças reais à sobrevivência da espécie humana. Desde 1945 temos armas nucleares e parece um milagre que tenhamos sobrevivido. Mas as políticas do governo Barack Obama estão fomentando uma escalada. Karl Marx disse: a tarefa não é somente entender o mundo, mas transformá-lo. Uma variante que convém ter em conta é que, se queremos com mais força mudar o mundo, vamos entendê-lo. Isso não significa escutar uma palestra ou ler um livro, embora essas coisas às vezes ajudem. Aprende-se a participar. Aprende-se com os demais. Aprende-se com as pessoas com quem se quer organizar. Todos temos de alcançar conhecimentos e experiências para formular e implementar ideias.

Um fotógrafo mineiro em Lisboa

sábado, 5 de novembro de 2011

FILME IMPERDÍVEL



FAUSTO

Aleksandr Sokurov cria um novo filme e diz que o seu diretor de fotografia Bruno Delbonnel, indicado três vezes ao Oscar, é um gênio. Um gênio", ressaltou.
Fausto, do livro homônimo de Goethe, que já foi várias vezes filmado, “é nesse novo cenário onde um Mefistófeles cheio de deformidades físicas propõe o famoso pacto ao doutor Fausto - homem de ciência que sofre de falta de dinheiro num tempo deflagrado pela miséria e pela corrupção moral. "['Fausto'] É a história do indivíduo, da possibilidade eterna do homem de se perder na escuridão. A maneira alemã de se emocionar tem sua própria coloração, sua própria tonalidade. Eu fiquei obcecado em conseguir captar e reproduzir visualmente esse sentimento", explicou.
Outros filmes de Aleksandr Sokurov: Hitler (em "Moloch", 1999), Lênin ("Taurus", 2001) e Hirohito ("O Sol", 2005).

sexta-feira, 4 de novembro de 2011

As Mil E Uma Noites

Agora que o bando ao serviço da CIA assassinou Kadafi, que país se seguirá à Líbia?

por Paul Craig Roberts

Kadafi ainda vivo no momento da sua captura. Se os planos de Washington tiverem êxito, a Líbia tornar-se-á mais um estado fantoche americano. A maior parte das cidades e infraestruturas foi destruída por ataques das forças aéreas dos EUA e dos seus fantoches da NATO. Firmas dos EUA e européias agora obterão contratos sumarentos, financiados pelos contribuintes estado-unidenses, para reconstruir a Líbia. O novo parque imobiliário será cuidadosamente concedido a uma nova classe dirigente escolhida por Washington. Isto colocará a Líbia firmemente sob a pata de Washington.
Com a Líbia conquistada, o AFRICOM arrancará para os outros países africanos em que a China tem investimentos em energia e mineração. Obama já enviou tropas americanas para a África Central sob o pretexto de derrotar o Exército da Resistência de Deus, uma pequena insurgência contra o ditador vitalício. O porta-voz republicano da Câmara, John Boehner, saudou a perspectiva de mais uma guerra ao declarar que o envio de tropas dos EUA para a África Central "promove os interesses estado-unidenses de segurança nacional e a sua política externa". O senador republicano James Inhofe acrescentou uns litros de palração acerca de salvar "crianças ugandesas", uma preocupação que o senador não tem para com crianças da Líbia ou da Palestina, do Iraque, do Afeganistão e do Paquistão.
Washington ressuscitou o Jogo da Superpotência e está a competir com a China. Mas enquanto a China faz investimentos e ofertas de infraestrutura à África, Washington envia tropas, bombas e bases militares. Mais cedo ou mais tarde a agressividade de Washington em relação à China e à Rússia irá explodir nas nossas caras.
De onde está a vir o dinheiro para financiar o Império Africano de Washington? Não do petróleo líbio. Grandes porções do mesmo foram prometidas aos franceses e britânicos por lhe proporcionarem cobertura a esta última guerra aberta de agressão. Não de receitas fiscais de uma economia estado-unidense em colapso onde o desemprego, se medido corretamente, é de 23 por cento.
Como o déficit do orçamento anual de Washington tão enorme como é, o dinheiro só pode vir das máquinas de impressão.
Washington já fez as máquinas de impressão trabalharem o suficiente para elevar o índice de preços no consumidor para todos os consumidores urbanos (CPI-U) a 3,9% ao ano (até o fim de Setembro), o índice de preços no consumidor para assalariados e empregados administrativos (CPI-W) a 4,4% ao ano e o índice de preço no produtor (PPI) a 6,9% ao ano.
Como mostra o estatístico John Williams ( shadowstats.com ), as medidas oficiais de inflação são manipuladas a fim de manter baixos os ajustamentos de custo de vista para os que recebem da Segurança Social, portanto poupando dinheiro para as guerras de Washington. Quando medida corretamente, a presente taxa de inflação nos EUA é de 11,5%.
Que taxa de juro podem obter os poupadores sem assumir riscos maciços com títulos gregos? Os bancos dos EUA pagam menos do que meio por cento nos depósitos de poupança assegurados pelo FDIC (Federal Deposit Insurance Corporation). Títulos a curto prazo do governo dos EUA pagam essencialmente zero.
Portanto, de acordo com estatísticas oficiais do governo estado-unidense, os poupadores americanos estão a perder anualmente entre 3,9% e 4,4% do seu capital. Segundo a estimativa de John Williams da taxa real de inflação, os poupadores dos EUA estão a perder 11,5% das suas poupanças acumuladas.
Quando americanos reformados não recebem juros sobre as suas poupanças, eles têm de gastar o seu capital. A capacidade de mesmo os mais prudentes reformados sobreviverem com as taxas de juro negativas que estão a receber e a erosão pela inflação de quaisquer pensões que recebam chegará a um fim uma vez que os seus ativos acumulados sejam exauridos.
Exceto para os mega-ricos protegidos de Washington, o um por cento que capturou todos os ganhos de rendimento dos últimos anos, o resto da América foi remetido para o caixote do lixo. Nada, o que quer que seja, foi feito para eles desde o golpe da crise financeira de Dezembro de 2007. Bush e Obama, republicanos e democratas, centraram-se em salvar o 1 por cento enquanto faziam um manguito para os 99 por cento.
Finalmente, alguns americanos, embora não os suficientes, entenderam o "patriotismo" do desfraldar a bandeira que os remeteu para o caixote do lixo da história. Eles não vão afundar sem um combate e estão nas ruas. O Occupy Wall Street propaga-se. Qual será o destino deste movimento?
Será que a neve e o gelo do tempo frio acabará os protestos, ou os remeterá para dentro de edifícios públicos? Quanto tempo as autoridades locais, subservientes a Washington como são, toleram o sinal óbvio de que falta à população qualquer confiança que seja no governo?
Se os protestos perdurarem, especialmente se crescerem e não declinarem, as autoridades infiltrarão os manifestantes com provocadores da polícia que dispararão sobre a polícia. Isto será a desculpa para abaterem os manifestantes e prenderem os sobreviventes como "terroristas" ou "extremistas internos" e enviá-los para os campos de 385 milhões de dólares construídos por contrato do governo dos EUA pela Halliburton de Cheney.
A SEGUIR AO ESTADO POLICIAL AMERICANO
O Estado Policial Amerikano terá dado seu passo seguinte para o Estado de Campo de Concentração Amerikano.
Enquanto isso, perdidos na sua inconsciência, conservadores continuarão a resmungar acerca da ruína do país devido ao casamento homossexual, ao aborto e aos media "liberais". Organizações liberais comprometidas com a liberdade civil, tais como a ACLU, continuarão a equiparar o direito da mulher a um aborto com a defesa da Constituição dos EUA. A Amnistia Internacional apoiará Washington demonizando o seu próximo alvo de ataque militar enquanto fecha os olhos aos crimes de guerra do presidente Obama.
Quando consideramos que Israel, sob a proteção de Washington, tem escapado impune – apesar de crimes de guerra, assassinatos de crianças, a expulsão em total desrespeito do direito internacional de palestinos da sua terra ancestral, do arrasamento das suas casas com bulldozers e do arrancamento dos seus olivais a fim de entregar terras a "colonos" fanáticos – podemos apenas concluir que Washington, o viabilizador de Israel, pode ir muito mais longe.
Nestes poucos anos de abertura do século XXI, Washington destruiu a Constituição dos Estados Unidos, a separação de poderes, o direito internacional, a responsabilidade do governo e sacrificou todo princípio moral a fim de alcançar hegemonia no mundo todo. Esta agenda ambiciosa está a ser empreendida enquanto simultaneamente Washington removeu toda regulamentação sobre a Wall Street, o lar da cobiça maciça, permitindo ao horizonte de curto prazo da Wall Street arruinar a economia dos EUA, destruindo portanto a base econômica para o assalto de Washington ao mundo.
Será que os EUA entrarão em colapso, num caos econômico, antes de dominarem o mundo?

quarta-feira, 2 de novembro de 2011

Notícia de São Paulo

Da esq. para a dir., Emiliano Sette, Nana Carneiro, Ava Rocha e Daniel Castanheira.


Publicado hoje no Jornal Folha de São Paulo o lançamento do primeiro cd da Banda Ava.


MARCUS PRETO
DE SÃO PAULO

Filha de Glauber Rocha, Ava, 32, ainda não leu "A Primavera do Dragão", livro de Nelson Motta sobre a juventude do cineasta, instantes antes de ele se tornar a figura central do cinema novo.
"Mas eu disse ao Nelson que, mesmo tendo agora mais idade e menos talento do que meu pai naquele período, estou vivendo a minha primavera do dragão", ela diz.
A exposição começou.
Ava, que também é cineasta, mostrou há uma semana o primeiro longa, "Ardor Irresistível", na Semana dos Realizadores, mostra dedicada ao cinema independente.
Sete dias depois, lança "Diurno", o primeiro álbum da banda da qual é vocalista. Ava é o nome da cantora e é também o nome da banda.
"Eu não conseguia ser uma cantora sozinha", diz. "Os meninos foram determinantes na descoberta do conteúdo desse trabalho -e mesmo do meu exercício de cantora. Descobrimos juntos o que eu era. Minha voz foi só o elo." Os "meninos" a que ela se refere são Daniel Castanheira, Emiliano 7 e Nana Carneiro da Cunha -todos, como Ava, ligados ao cinema, à música feita para a imagem.
Daniel vem de arte sonora e é filósofo. Emiliano é editor de som, constrói trilhas. Nana é musicista de teatro experimental e, diz Ava, "toca violoncelo com rebeldia".
"A gente estava nessa sintonia de transar música de uma maneira muito livre."
Ela canta desde menina.
A voz grave carrega uma atmosfera dramática. É noturna, contrastando com o título do álbum. Lembra de longe os graves de Cássia Eller.
Aos 20, começou a compor, em parceria com o irmão Pedro Paulo Rocha, também cineasta. Mas foi Zé Celso Martinez Corrêa quem a levou a se assumir cantora, quando, em 2006, a convidou para cantar nos DVDs de "Os Sertões", do Teatro Oficina. Foi sua estreia oficial.
"O Zé foi tão veemente, e a figura dele é tão determinante, que me senti encorajada. Saí decidida a dar uma pausa na coisa do cinema e me dedicar à música."
Fez, com a banda, alguns shows, no Rio e em São Paulo, mostrando o repertório que resultaria em "Diurno". São temas compostos pela banda: sambas, bossa nova, peças instrumentais com sabor de trilha sonora, experimentalismo. Regravou Edu Lobo e Jards Macalé.
Ava diz se sentir inserida na geração que, hoje, faz a música do Brasil. "Mas meu compromisso estético não é estritamente musical."
É a música da imagem.

terça-feira, 1 de novembro de 2011

O Dinheiro e a Esquerda Trabalhista Americana

Trechos escolhidos de uma carta do cineasta Michael Moore.

... Vendi o meu filme para um grande estúdio de cinema... E então, de repente, lá estava eu montado em três milhões de dólares. O que eu faria do dinheiro? Muitos rapazes de terno e gravata apareceram com muitas sugestões, e logo vi que, quem não tivesse forte senso de responsabilidade social, seria facilmente arrastado pela via do “eu-eu” e muito rapidamente esqueceria a via do “nós-nós”.
Em 1989, então, tomei decisões fáceis:
1. Primeiro de tudo, pagar todos os meus impostos. Disse ao sujeito que fez a declaração de rendimentos, que não declarasse nenhuma dedução além da hipoteca; e que pagasse todos os impostos federais, estaduais e municipais. Com muita honra, paguei quase um milhão de dólares pelo privilégio de ser norte-americano, cidadão desse grande país.
2. Os 2 milhões que sobraram, decidi dividir pelo padrão que, uma vez, o cantor e ativista Harry Chapin ensinou-me, sobre como ele próprio vivia: “Um para mim, um para o companheiro”. Então, peguei metade do dinheiro – e criei uma fundação para distribuir o dinheiro.
3. O milhão que sobrou, foi usado assim: paguei todas as minhas dívidas, algumas que eu devia aos meus melhores amigos e vários parentes; comprei uma geladeira para os meus pais; criei fundos para pagar a universidade das sobrinhas e sobrinhos; ajudei a reconstruir uma igreja de negros destruída num incêndio, lá em Flint; distribuí mil perus no Dia de Ação de Graças; comprei equipamento de filmagem e mandei para o Vietnã (meu movimento pessoal, para reparar parte do mal que fizemos àquele país, que nós destruímos); compro, todos os anos, 10 mil brinquedos, que dou a Toys for Tots no Natal; e comprei para mim uma moto Honda, fabricada nos EUA, e um apartamento hipotecado, em New York City.
4. O que sobrou, depositei numa conta de poupança simples, que paga juros baixos. Tomei a decisão de jamais comprar ações. Nunca entendi o cassino chamado Bolsa de Valores de New York, nem acredito em investir num sistema com o qual não concordo.
5. Sempre entendi que o conceito do dinheiro que gera dinheiro criara uma classe de gente gananciosa, preguiçosa, que nada produz além de miséria e medo para os pobres. Eles inventaram meios de comprar empresas menores, para imediatamente as fechar. Inventaram esquemas para jogar com as poupanças e aposentadorias dos pobres, como se dinheiro dos outros fosse dinheiro deles. Exigiram que as empresas sempre registrassem lucros (o que as empresas só conseguiram porque demitiram milhares de trabalhadores e acabaram com os serviços de saúde pública para os que ainda tinham empregos). Decidi que, se ia afinal ‘ganhar a vida’, teria de ganhá-la com meu trabalho, meu suor, minhas ideias, minha criatividade. Eu produziria produtos tangíveis, algo que pudesse ser partilhado com todos ou de que todos gostassem, como entretenimento, ou do qual pudessem aprender alguma coisa. Meu trabalho, sim, criaria empregos, bons empregos, com salários decentes e todos os benefícios de assistência médica.
Continuei a fazer filmes, a produzir séries de televisão e a escrever livros. Nunca iniciei um projeto pensando “quanto de dinheiro posso ganhar com isso?”. Nunca deixei que o dinheiro fosse a força que me fizesse fazer qualquer coisa. Fiz, simplesmente, exatamente o que queria fazer. Essa atitude ajuda a manter honesto o meu trabalho – e, acho, ao mesmo tempo, resultou em milhões de pessoas que compram ingresso para assistir aos meus filmes, assistem aos programas que produzo e compram meus livros.
Naquele dia distante, em novembro de 1989, quando vendi meu primeiro filme, um grande amigo meu disse o seguinte: “Eles cometeram erro muito grave, ao entregar tanto dinheiro a um sujeito como você. Essa grana fará de você homem perigosíssimo. É prova do acerto do velho dito popular: ‘Capitalista é o sujeito que vende a você a corda para enforcar ele mesmo, se achar que, na venda, ele pode ganhar algum.”

Cartas Elétricas

Recebi do meu amigo o cineasta Sérvulo Siqueira um emeio que demonstra um total desconhecimento da mídia televisiva estatal sobre a história dos bastidores da nossa cinematografia.

Sérvulo esses esquecimentos são quase propositais, creio eu, como foi intencional a retirada do meu nome do filme sobre o Vinicius de Moraes e de outro onde fotografei o parangolé do Hélio Oticica no morro da mangueira e também de outros filmes onde fui esquecido, mas não me importo... É como eu disse ao Neville, que omitiu o meu nome em um filme indígena que ele realizou: – meu amigo você esqueceu o meu nome só para não me comprometer...

Prezado...
Há umas três semanas, fui procurado pela produção do programa Segue o Som da Tv Brasil, com uma proposta para a exibição de trechos do Milagre dos Peixes que continha um texto nos seguintes termos:

EM 1974 MILTON PARTE PARA UM PROJETO AINDA MAIS AMBICIOSO. MILAGRE DOS PEIXES AO VIVO GRAVADO NO TEATRO MUNICIPAL DE SÃO PAULO. SOB OS ARRANJOS DE WAGNER TISO, PAULO MOURA E RADAMÉS GNATALLI, E ACOMPANHADO DA BANDA SOM IMAGINÁRIO, TODO O PROCESSO DE GRAVAÇÃO DO DISCO FOI REGISTRADO PELAS LENTES DE MÁRCIO BORGES E SÉRVULO SIQUEIRA. AQUI NO SEGUE O SOM, O DOCUMENTARIO QUE FAZ PARTE DA HISTÓRIA DA MÚSICA BRASILEIRA. PRESTA ATENÇÃO!

Como o seu nome foi referido na resposta, mando-lhe a parte referente a ela:
Permita-me fazer um reparo ao texto de apresentação do filme elaborado pelos redatores do programa. A direção de fotografia, assim como a câmera de primeira unidade do documentário Milagre dos Peixes, é do cineasta José Sette de Barros Filho, prolífico diretor de dezenas de documentários, entre muitos outros sobre o naturalista Lund, os compositores Camargo Guarnieri e Geraldo Pereira, os artistas plásticos Franz Krajcberg e Goeldi, o poeta Murilo Mendes, além de autor de vários longa-metragens, entre eles uma adaptação de Blaise Cendrars. A câmera de segunda unidade foi operada por Errol Sasse e a gravação em som direto foi feita por Geraldo Veloso.
A contribuição do Márcio Borges e a minha residiu mais na ideia de registrar em sons e imagens este inesquecível espetáculo.
Isto é apenas para o seu conhecimento. O que me espanta é que certamente iria para ao ar se a correção não fosse feita e a proposta de exibição dos fragmentos – sem nenhuma compensação financeira - recusada.
O episódio me lembra uma entrevista de Ernest Lehman, roteirista de North by Northwest,em que ele conta que sempre se espantava quando alguém perguntava ao Hitchcock:
- Como foi que você inventou aquela cena no filme?
E o Lehman lamentava: - Mas fui eu que escrevi isto no roteiro!
Parece que muita gente ainda não percebeu que o cinema é uma criação de equipe!
Um abraço do
Sérvulo