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quarta-feira, 5 de outubro de 2011

MACHADIANAS

VIAGEM AO FIM DO MUNDO (1968) de Fernando Cony Campos

Recebi do meu amigo Fábio Carvalho o texto que publico abaixo. Acho que ele também está se tornando um colaborador assíduo do blog.

O FORMULÁRIO DA ELETRICIDADE

Concluo que o pensamento, através da palavra, é também imagem.
Pois não resulta da palavra uma imagem das coisas?
Manoel de Oliveira

Chega de bazófia.
Está certo que as coisas não andam bem pelo lado financeiro, embora tudo tem outro lado, às vezes mais de só um outro lado, depende do ponto de vista ou da posição da subjetiva. Qual o endereço do buraco, essa era a pergunta que a voz humana e meio robótica fazia para o meu conhecido do Bar do João. Ele me contou que perdeu as estribeiras, depois de ter tido que anotar o número do protocolo para reclamar da reclamação que ele acabara de fazer, a coitadinha da funcionária dona da voz teve que ouvir tudo o que ela não merecia, já que estava apenas cumprindo as perguntas que a mandavam fazer como essa de pedir tal endereço. Ele ainda me contou que a voz depois de ouvir agradeceu e perguntou se ele tinha outra reclamação que desejasse fazer. Claro evidente, a voz imediatamente ouviu mais impropérios ainda bem que não viu a cara dele senão, certamente, não dormiria por mais de uma semana ou talvez por meses, aterrorizada que ficaria diante da imagem de um rosto deformado pelo cubismo apoplético que às vezes pode acometer a mais zen das criaturas. Depois fui para casa e a calma nasceu sorrindo. Nada melhor do que rir da nossa desgraça cotidiana, cheguei a chorar de rir. Começa a estória vem o tédio, mas a forma pode transformar tudo, baseada na forma-ação e no conhecimento que toda lágrima deve ser respeitada. Cinergia e eletricidade, a frente da fórmula ideal, não adianta, tenho que trair algumas imposições das academias, senão a mesmice e a facilidade vão tentar me desviar de dentro de mim. Para que me fazer entender? Todo mundo concorda que é necessário para se engrenar no sistema? Senão não seria amor. A gata correu, se eu fosse ela também correria. Os felinos quando percebem que vão apanhar correm, os caninos lutam até a morte. Cães pequenos encaram os grandões, dá até preguiça. Também gosto das preliminares, podemos continuar. Tenho piorado. Só e mais um degrau acima, finalmente consegui ver VIAGEM AO FIM DO MUNDO. A fome com a vontade de comer. Juntou. A escola que bitola e estiola, fujo para o rei Bantu e pergunto quem vem lá? Que delírio na praia, uma das melhores adaptações de vários tipos de literatura já filmadas que pude ter olhos para ver. Clássico total, muito mais novo que qualquer novíssimo de agora, feito há mais de quarenta anos atrás. A digressão. Comigo é igual, não fujo do assunto, só quando vejo que vou perder. Tenho sofrido e aprendido. A vida é triste, mas é bela. Essa é do Jean Luc Godard para a Adriana Foureaux, assim diretamente. Parque Lage. Na sexta feira era uma homenagem ao Mário Carneiro, com a exibição de quatro curtas num telão armado em frente da piscina. A tela translúcida. A dor da grande noite. Inspiração geral, um filme vai terminar e outro vai começar. O homem filme sou eu? Todas as amizades de ontem e de agora presentes em várias formas. As pernas morenas terminando nos sapatos coloridos vindos passo a passo das Galeries Lafayette. Um texto é um texto, uma rosa é uma rosa. São tentativas. Nesta noite após ter constatado que junto com o Lupércio já estamos na porta, no local tornou a nascer redivivo e retumbante O MONGE DEVASSO. O elenco é o roteiro e novamente estavam todos ali claramente revelados. Por enquanto só para mim. Quem poderia acreditar. Há muito já vinham se aproximando como a meia lua que a nuvem corta no céu. Maria Madalena. Uma me livra da outra. Que imagem. Trapista. Depois que estes prazeres se transformam numa religião, como poderemos controlá-los?

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