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domingo, 30 de março de 2014

DOIS EM UM


A MORTE
Não são todos os dias que vemos cientistas se lançando a explorar temas mais filosóficos como a existência da alma ou da vida após a morte, por exemplo, muito menos que venham a público defender suas teorias. Contudo, Robert Lanza, um respeitado pesquisador norte-americano, defende que a morte não existe, afirmando que esse evento não passa de uma ilusão criada pelas nossas mentes. Segundo Lanza, a vida não passa de uma atividade do carbono e uma mistura de moléculas que dura por tempo determinado. O que morre é o nosso corpo que, então, se decompõe sob a terra. Para o cientista — que baseia suas alegações na física quântica e no biocentrismo —, a ideia de “morte” apenas existe porque ela foi sendo passada de geração para geração, ou seja, porque fomos ensinados a acreditar que morremos. Além disso, a nossa consciência associa a vida com a existência do corpo, e todos sabemos que os corpos morrem. De acordo com Lanza, a morte não deveria ser encarada como algo definitivo, como o fim de tudo, pois, seriam a biologia e a vida as responsáveis por criar a realidade do Universo, e não o contrário.  E mais: o espaço e o tempo não passam de ferramentas criadas pela mente para que a nossa realidade faça sentido. Sendo assim, uma vez que a ideia de que o espaço e o tempo não existem é aceita, isso significa que nos encontramos em um mundo sem limites espaciais ou lineares. Essa mesma hipótese é defendida pelos físicos teóricos, que acreditam na existência de múltiplos universos nos quais diferentes situações estariam acontecendo simultaneamente. Portanto, se o transcorrer de nossas vidas — começo, meio e fim — está acontecendo em todos esses universos simultaneamente, então a morte não pode existir. Mas e o corpo, que morre e se decompõe? Essa “mistura de moléculas e atividade do carbono” volta para o Universo, onde passa a existir como parte dele.
RENASCER EM OM

Joseph Campbell fez uma visita a Jung. Quando estava prestes a partir, Jung disse: 
"Então, você vai para a Índia. Deixe-me contar-lhe o que significa OM. Quando eu estava na África, alguns de nós foram dar uma caminhada. A um dado momento, nos vimos perdidos. Olhamos em volta e vimos uns rapazes com umas coisas no nariz, numa perna só, apoiando-se em lanças. Ninguém sabia como conversar com ninguém. Não conhecíamos a sua língua. Foi um momento tenso. Todos apenas se sentaram e ficaram se olhando. Quando todo mundo sentiu que estava tudo bem - 'tá tudo bem, essas pessoas são boas, são totalmente do bem' - o que eu escuto? 'OM ... OM... OM...'
"No ano seguinte, estava na Índia com um grupo de cientistas, e se tem uma variedade da espécie humana que não é suscetível ao espanto, são eles. Fomos para a região de Darjeeling, para a Colina do Tigre, que é uma experiência maravilhosa. Você é acordado bem cedinho, cerca de uma hora antes do nascer do sol, e vai de carro, no ar frio da manhã, até a beira de uma montanha alta. Está escuro. Quando o sol nasce, vê-se milhões de milhas quadradas de picos do Himalaia, formando as cores do arco-íris. O que eu ouvi dos cientistas? 'OM ... OM ... OM ...' OM é o som que a natureza faz quando está satisfeita consigo". O que quero dizer é que AUM (ou OM) ouvido em silêncio informa todas as coisas. Todas as coisas são manifestações dele. Agora você está voltado para dentro. O segredo de se ter uma vida espiritual enquanto caminha pelo mundo é ouvir o AUM em todas as coisas, o tempo todo. Se fizer isso, tudo se transforma. Você não precisa mais ir a lugar algum para encontrar sua satisfação e realização e o tesouro que procura. Está aqui. Está em toda parte.

sexta-feira, 28 de março de 2014

DESPEDIDA


CARTA A UM AMIGO QUE PARTIU


Embora materialista não acreditando em nada disso fico pensando o quanto maravilhoso seria ao receber a notícia da morte de um amigo ele viesse me aparecer em forma de espírito relatando seus últimos momentos e assim pudéssemos nos despedir marcando um novo encontro no restaurante do céu de algum outro planeta onde outros amigos que partiram já estariam nos esperando. Seria simplesmente sensacional. Assim fiquei pensando e de certa maneira esperando ele aparecer para traçarmos planos para o futuro. Imaginei a cena completa em uma edição nervosa de três planos sequências se intercalando uns aos outros: passado, presente e futuro. O passado seria relatado quando conheci Ricardo Miranda na moviola do John Howard Szerman, em Copacabana, editando o filme do Glauber “A Idade da Terra”. O presente nos nossos encontros patrocinado pelos amigos Fábio Carvalho, Isabel Lacerda e Luiz Rozemberg. O futuro com a minha chegada à casa dos sonhos eternos e no reencontro com todos os amigos de todos os tempos da nossa existência. Ricardo abrace a todos por mim e diga a eles que em breve nos encontraremos todos novamente...                                      

domingo, 23 de março de 2014

MARCOLA TOTAL


Entrevista com o líder do PCC, Marco Willians Herbas Camacho, o Marcola, ao jornal O Globo.

Estamos todos no inferno. Não há solução, pois não conhecemos nem o problema

 Você é do PCC?

- Mais que isso, eu sou um sinal de novos tempos. Eu era pobre e invisível… vocês nunca me olharam durante décadas… E antigamente era mole resolver o problema da miséria… O diagnóstico era óbvio: migração rural, desnível de renda, poucas favelas, ralas periferias… A solução é que nunca vinha… Que fizeram? Nada. O governo federal alguma vez alocou uma verba para nós? Nós só aparecíamos nos desabamentos no morro ou nas músicas românticas sobre a “beleza dos morros ao amanhecer”, essas coisas… Agora, estamos ricos com a multinacional do pó. E vocês estão morrendo de medo… Nós somos o início tardio de vossa consciência social… Viu? Sou culto… Leio Dante na prisão…

 – Mas… a solução seria…

- Solução? Não há mais solução, cara… A própria idéia de “solução” já é um erro. Já olhou o tamanho das 560 favelas do Rio? Já andou de helicóptero por cima da periferia de São Paulo? Solução como? Só viria com muitos bilhões de dólares gastos organizadamente, com um governante de alto nível, uma imensa vontade política, crescimento econômico, revolução na educação, urbanização geral; e tudo teria de ser sob a batuta quase que de uma “tirania esclarecida”, que pulasse por cima da paralisia burocrática secular, que passasse por cima do Legislativo cúmplice (Ou você acha que os 287 sanguessugas vão agir? Se bobear, vão roubar até o PCC…) e do Judiciário, que impede punições. Teria de haver uma reforma radical do processo penal do país, teria de haver comunicação e inteligência entre polícias municipais, estaduais e federais (nós fazemos até conference calls entre presídios…). E tudo isso custaria bilhões de dólares e implicaria numa mudança psicossocial profunda na estrutura política do país. Ou seja: é impossível. Não há solução.

 – Você não têm medo de morrer?

- Vocês é que têm medo de morrer, eu não. Aliás, aqui na cadeia vocês não podem entrar e me matar… mas eu posso mandar matar vocês lá fora…. Nós somos homens-bomba. Na favela tem cem mil homens-bomba… Estamos no centro do Insolúvel, mesmo… Vocês no bem e eu no mal e, no meio, a fronteira da morte, a única fronteira. Já somos uma outra espécie, já somos outros bichos, diferentes de vocês. A morte para vocês é um drama cristão numa cama, no ataque do coração… A morte para nós é o presunto diário, desovado numa vala… Vocês intelectuais não falavam em luta de classes, em “seja marginal, seja herói”? Pois é: chegamos, somos nós! Ha, ha… Vocês nunca esperavam esses guerreiros do pó, né? Eu sou inteligente. Eu leio, li 3.000 livros e leio Dante… mas meus soldados todos são estranhas anomalias do desenvolvimento torto desse país. Não há mais proletários, ou infelizes ou explorados. Há uma terceira coisa crescendo aí fora, cultivado na lama, se educando no absoluto analfabetismo, se diplomando nas cadeias, como um monstro Alien escondido nas brechas da cidade. Já surgiu uma nova linguagem.Vocês não ouvem as gravações feitas “com autorização da Justiça”? Pois é. É outra língua. Estamos diante de uma espécie de pós-miséria. Isso. A pós-miséria gera uma nova cultura assassina, ajudada pela tecnologia, satélites, celulares, internet, armas modernas. É a merda com chips, com megabytes. Meus comandados são uma mutação da espécie social, são fungos de um grande erro sujo.

 – O que mudou nas periferias?

- Grana. A gente hoje tem. Você acha que quem tem US$40 milhões como o Beira-Mar não manda? Com 40 milhões a prisão é um hotel, um escritório… Qual a polícia que vai queimar essa mina de ouro, tá ligado? Nós somos uma empresa moderna, rica. Se funcionário vacila, é despedido e jogado no “microondas”… ha, ha… Vocês são o Estado quebrado, dominado por incompetentes. Nós temos métodos ágeis de gestão. Vocês são lentos e burocráticos. Nós lutamos em terreno próprio. Vocês, em terra estranha. Nós não tememos a morte. Vocês morrem de medo. Nós somos bem armados. Vocês vão de três-oitão. Nós estamos no ataque. Vocês, na defesa. Vocês têm mania de humanismo. Nós somos cruéis, sem piedade. Vocês nos transformam em superstars do crime. Nós fazemos vocês de palhaços. Nós somos ajudados pela população das favelas, por medo ou por amor. Vocês são odiados. Vocês são regionais, provincianos. Nossas armas e produto vêm de fora, somos globais. Nós não esquecemos de vocês, são nossos fregueses. Vocês nos esquecem assim que passa o surto de violência.

 – Mas o que devemos fazer?

- Vou dar um toque, mesmo contra mim. Peguem os barões do pó! Tem deputado, senador, tem generais, tem até ex-presidentes do Paraguai nas paradas de cocaína e armas. Mas quem vai fazer isso? O Exército? Com que grana? Não tem dinheiro nem para o rancho dos recrutas… O país está quebrado, sustentando um Estado morto a juros de 20% ao ano, e o Lula ainda aumenta os gastos públicos, empregando 40 mil picaretas. O Exército vai lutar contra o PCC e o CV? Estou lendo o Klausewitz, “Sobre a guerra”. Não há perspectiva de êxito… Nós somos formigas devoradoras, escondidas nas brechas… A gente já tem até foguete anti-tanques… Se bobear, vão rolar uns Stingers aí… Pra acabar com a gente, só jogando bomba atômica nas favelas… Aliás, a gente acaba arranjando também “umazinha”, daquelas bombas sujas mesmo. Já pensou? Ipanema radioativa?

 – Mas… não haveria solução?

- Vocês só podem chegar a algum sucesso se desistirem de defender a “normalidade”. Não há mais normalidade alguma. Vocês precisam fazer uma autocrítica da própria incompetência. Mas vou ser franco…na boa… na moral… Estamos todos no centro do Insolúvel. Só que nós vivemos dele e vocês… não têm saída. Só a merda. E nós já trabalhamos dentro dela. Olha aqui, mano, não há solução. Sabem por quê? Porque vocês não entendem nem a extensão do problema. Como escreveu o divino Dante: “Lasciate ogna speranza voi cheentrate!” Percam todas as esperanças. Estamos todos no inferno.


quarta-feira, 19 de março de 2014

TEXTO DE CINEMA







                                                                                  para sempre amador

Marcelo Ykeda

"ser livre é muitas vezes ser só" W.H. Aude

Parece que fomos criados para tentarmos ser grandes blocos de concreto. Um bloco de concreto. Imponente, extenso, sólido, muito difícil de derrubar. Que se vê ao longe e se impõe na paisagem. Mas prefiro ser uma pluma. A um sopro mais forte ela pode se desmanchar no ar. Frágil, quase passa despercebida. Porém leve, flexível, está sempre em movimento. Sem massa, é difícil destruí-la com uma arma de fogo, com um soco, com choque elétrico. O vento a leva meio sem direção. Sua virtude está exatamente em sua fragilidade; em sua leveza e na sua agilidade. O cinema livre me ensinou que prefiro tentar ser essa pluma do que esse bloco de concreto.
*   *   *
O que eu queria mesmo é poder sair esta noite, abraçar as estrelas, arremessar-me no mar, molhar o corpo, rir muito, tirar a roupa, andar nu, cair nos seus braços e dizer eu te amo. Mas o que na verdade faço é apenas observar os outros, um pouco de longe, dentro do meu casulo. Foi assim que descobri o cinema, como voyeur de minha própria vida. Como Tomek, o menininho de Não Amarás. Se não consigo me atirar no mar, fico então aqui dentro da minha confortável casa arremessando garrafas ao mar. Dentro dessas garrafas há bilhetinhos que falam de mim: cada palavra, cada plano, cada gesto, vocês podem ter certeza de que são feitos num esforço imenso em que eu procuro me colocar inteiro, nessa tamanha possibilidade de eu ser eu mesmo. Essa possibilidade grave que me arrepia até a espinha, que me faz abrir a escotilha do meu barco à vela sem velas. E que é de onde eu vejo o mundo, e vejo você, rodopiando com sua saia de havaiana, requebrando os quadris. Queria estar com você mais de perto e dizer eu te amo. Mas não consigo me aproximar, pois há tanta coisa entre mim e você. Como você poderia se interessar por mim? O que eu poderia te dizer? E, além disso, eu não sei dançar. Então jogo mais uma garrafa, com a esperança de que ela possa chegar até você, e que você seja de alguma forma afetada por esse gesto.


Para mim, o cinema é isso. Nada mais. Uma vez, uns amigos que eu tinha me disseram que no início faziam filmes como se fossem cinéfilos, para entender melhor os filmes que tinham visto. E que agora, superada essa primeira etapa, percebiam que deveriam passar a fazer filmes como realizadores. Antes eles eram amadores; agora, são profissionais. Exatamente! O meu desejo (a minha opção) é ser para sempre amador. Não quero me tornar profissional. Não quero aprender como se faz um filme, não quero me tornar um cineasta. Quero apenas jogar esse bilhetinho no mar, quero apenas ter essa possibilidade de dizer eu te amo, quero apenas te dar um presente sem ter que esperar nada em troca. Não penso no público, não penso nos discursos de agradecimento, não penso na minha carreira, não penso com quem devo convenientemente me casar, não meço as minhas palavras nem meus planos para aumentar meu "networking", ou seja, não penso como um realizador. Penso apenas como posso me colocar da maneira mais honesta nesse filme que não faço a menor ideia do que possa ser. Não quero amadurecer. Não quero ser grande. Com o tempo, fui me afastando desses meus grandes amigos que eram amadores e que agora são cineastas profissionais premiados, estabelecidos nesse nosso "(proto)mercado-do-cinema-de-arte". Eles agora moram longe, bem longe de mim. E eu continuo aqui na minha casa com essa escotilhazinha aberta. Continuo sozinho, costurando à mão cada um dos planos que não sei fazer, sem filtros, sem color correction, sem ilha fire, sem mixagem, sem protools. Minha precariedade não me orgulha, mas é o que tenho, é o que sou. Nesse mundo pautado pela eficiência e pela competitividade, vou guiando o meu barquinho de papel (vou sendo guiado), vou remando solitário, dando voltas em torno do meu casulo. Continuo teimando. Daqui de dentro, vejo as pessoas se amando, e às vezes doi. Às vezes preciso de ajuda, me sinto frágil, como se eu fosse um velhinho anacrônico, que vê a vida passar pela janela. Mas isso é o que querem me fazer acreditar. A minha loucura é que, mesmo com todos os meus limites, minha paralisia, meu anacronismo, minhas verrugas, minhas cicatrizes, minha dificuldade motora, eu continuo teimando em sobreviver, eu continuo teimando em deixar aquela escotilha aberta, e de lá fico jogando bilhetes e bilhetes em garrafas, porque vejo um grande mar que me afeta. Não sou espectador de minha própria vida, eu a faço: esta minha solidão não é fuga do mundo, mas um gesto de encontro, é opção que me faz. Porque sou intensamente afetado pelo mundo. Mesmo de longe, vou vivendo e interagindo com o que vejo. Mesmo que o meu amor não seja correspondido, eu continuo amando, tanto quanto antes. Não é a minha vingança, é a minha única forma possível de sobreviver. Como um navegante amador. Para sempre amador.

domingo, 16 de março de 2014

LOUCURA POUCA É BOBAGEM

VOO MH370
 
SINISTRO DESAPARECIMENTO

- Existem alguns fatos muito estranhos a respeito do voo MH370 da Malasya Airlines, o avião que simplesmente desapareceu. O mistério do repentino e completo desaparecimento do avião deixou as autoridades de segurança aérea perplexas no mundo todo. De acordo com Paul Hayes, diretor de segurança e seguros da Ascend Worldwide, uma empresa britânica que presta assessoria aérea, "por enquanto, parece simplesmente inexplicável".
- E enquanto as autoridades responsáveis permanecem atônitas, a mídia mainstream tampouco fala toda a verdade acerca do episódio. Abaixo apresento alguns fatos, que a mídia tem ocultado, e que tornam o desaparecimento ainda mais sinistro.
- Todos os aviões comerciais Boeing 777 são equipados com "caixas-pretas" que são capazes de suportar qualquer explosão a bordo da aeronave. Nem a explosão do avião em si poderia destruir a caixa, que é uma estrutura a prova de bombas, e que grava tudo que ocorre no avião, desde a decolagem até o pouso.
- Todas as "caixas-pretas" emitem um sinal localizador durante 30 dias no mínimo, mesmo que caiam no oceano. E mesmo assim, nenhum sinal da "caixa-preta" do voo MH370 foi detectado. E é por isso que os investigadores estão tendo tantos problemas em encontrá-lo. Normalmente, eles apenas precisariam acionar o "home-in" remotamente, para que o sinal fosse detectado. Mas nesse caso, a ausência do sinal do equipamento - um objeto construído para suportar explosões e a enorme pressão das profundezas marinhas - faz pensar que ou simplesmente desapareceu, apresentou algum defeito, ou acabou sendo destruído por alguma força muito maior do que aquelas calculadas pelos projetistas.
- Muitas das partes que constituem o avião são flutuantes, e naturalmente subiriam para a superfície. Em casos anteriores de aviões que caíram no oceano, ou que foram destruídos acima dele, destroços sempre foram avistados boiando na água. Inclusive, caso você nunca tenha lido as instruções de voo para os passageiros, os assentos, todos, flutuam. Justamente para se caso houver um acidente com sobreviventes, estes possam boiar enquanto aguardam o resgate. Muitas outras partes não metálicas dos aviões apresentam esta característica. Se o voo MH370 houvesse sido destruído acima do nível da água, ou mesmo que houvesse caído inteiro no mar, haveria grande quantidade de destroços flutuando em uma área muito grande de oceano. O fato de ainda não se ter avistado um único destroço, somente aumenta o mistério, que faz parecer como se o avião simplesmente tivesse sumido da face da Terra.
- Se um míssil tivesse atingido o avião, teria deixado um sinal no radar.

- Uma teoria que anda circulando na net, diz que um míssil derrubou o avião, e que de alguma forma conseguiu explodir o avião e todo o seu conteúdo em "pedacinhos" - o que significa pedaços muito pequenos de matéria e que seriam indetectáveis como detritos. O problema com esta teoria é que não existe um míssil, pelo menos que seja conhecido, terra-ar ou ar-ar com tal capacidade. Todos os mísseis conhecidos geram tremenda quantidade de detritos quando explodem no alvo. Tanto o míssil e os detritos produzem assinaturas muito grandes no radar, que seriam facilmente visíveis, tanto para os navios militares quanto para as autoridades de tráfego aéreo.
- O maior encobrimento é aquele que a mídia anda noticiando, que não se sabe a localização exata do avião no momento do seu desaparecimento. A localização do voo MH370 quando desapareceu não é mistério nenhum. Os controladores aéreos têm detalhes completos de exatamente onde a aeronave estava no momento em que desapareceu. Eles sabem a localização, a elevação e a velocidade em que viajava - três partes de informação, que podem facilmente ser usadas para estimar a localização provável dos detritos. Lembre-se: os investigadores de segurança aérea não são pessoas estúpidas. Eles viram explosões em pleno ar antes, e eles sabem como detritos caem. Já existe um conjunto de dados substancial de explosões e acidentes de avião a partir do qual os investigadores podem fazer suposições bem informadas sobre onde os detritos devem ser encontrados. E, no entanto, mesmo armados com toda essa experiência e informação, eles permanecem totalmente confusos sobre o que aconteceu com o voo MH370.
- Se o MH370 tivesse sido sequestrado, o sinal do radar não teria simplesmente sumido. O sequestro de um avião não faz com que ele simplesmente desapareça do radar. Mesmo que os transponders estivessem desativados no avião, o radar de solo ainda poderia facilmente rastrear a localização da aeronave usando o chamado radar "passivo" (sistemas de radar clássicos terrestres que emitem um sinal e acompanham a sua reflexão). Assim, a teoria de que o voo foi sequestrado não faz qualquer sentido. Quando os aviões são sequestrados, eles não desaparecem magicamente do radar.
- A conclusão inevitável a partir do que sabemos até agora é que o vôo 370 parece ter completamente e inexplicavelmente desaparecido. É evidente que não foi sequestrado (a menos que haja um cover-up em relação aos dados de radar), e podemos ter quase certeza, a cada hora que passa, que não foi uma explosão em pleno voo, a não ser que os destroços surjam repentinamente e tenha-se o entendimento de que de alguma forma perdeu-se a capacidade de localização dos mesmos. 
- A conclusão inevitável é que o vôo 370 simplesmente desapareceu de alguma maneira que nós ainda não entendemos. Isto é o que está originando todos os tipos de teorias bizarras que surgem em todo a net, incluindo discussões sobre possíveis testes de armas militares secretas, ondulações no Triângulo do Dragão, como no tecido do espaço-tempo, e até mesmo a conjectura que tecnologia alienígena pode ter teletransportado o avião.
- A explicação mais provável até agora é que os detritos simplesmente ainda não foram encontrados porque caíram sobre uma área que é de alguma forma, fora da zona de pesquisa. Mas a cada dia que passa, mesmo essa explicação torna-se cada vez mais difícil de engolir. 
- A parte assustadora sobre tudo isto não é se nós vamos encontrar os destroços do voo MH370, mas, sim, se nós não vamos. Se nós nunca encontramos os restos, isso significa que alguma força totalmente desconhecida e poderosa atua em nosso planeta, que pode arrancar os aviões do céu sem deixar sequer um fragmento de evidência. 
Se existe uma arma com tais capacidades, quem a controla já tem a capacidade de dominar todas as nações da Terra com uma arma militar temível e de poder inimaginável. Esse pensamento é muito mais assustador do que a ideia de uma aeronave sofrer uma falha mecânica.O mistério do voo MH370 pode ser solucionado apenas quando as caixas-pretas, com os registros do voo, forem encontradas. Entretanto, quando um avião se acidenta sobre o mar, a recuperação das caixas-pretas não é fácil.
No caso do voo 447 da Air France - E torço que qualquer coisa, seja encontrado (pois não encontrar sinais de acidentes aéreos na superfície dos vastos mares é tecnicamente aceitável) para que os fantasiosos e embusteiros não criem invencionices absurdas                                             

-Caso não seja encontrado nada, o caso do sumiço desse avião,vai desbancar o até então maior mistério da história da aviação: O voo do Boeing 707-323C prefixo PP-VLU. Operado pela companhia aérea brasileira Varig, o avião ficou conhecido pelo acidente ocorrido em 1979.
O cargueiro levantou voo do Aeroporto Internacional de Narita, em Tóquio, no Japão, às 20h23 do dia 30 de janeiro de 1979. O destino final era o Aeroporto Internacional do Rio de Janeiro-Galeão, com uma escala nos Estados Unidos.
Vinte e dois minutos depois de decolar, o comandante Gilberto Araújo da Silva fez o primeiro contato com a torre de controle. Não havia qualquer problema a bordo. O segundo contato, previsto para as 21h23, não chegou a ser feito.
O avião desapareceu sobre o Oceano Pacífico cerca de trinta minutos após a decolagem em Tóquio. Nenhum sinal da queda (destroços ou corpos) jamais foi encontrado. O voo de carga transportava, entre outros itens, 153 quadros do pintor Manabu Mabe, que voltavam de uma exposição no Japão. As pinturas foram avaliadas na época em mais de US$ 1,24 milhão..  A hipótese mais plausível da queda do avião da Varig , considera que logo após a decolagem, com a aeronave já tendo atingido um nível de cruzeiro elevado, houve uma despressurização lenta e constante na cabine, o que não causou a explosão da aeronave, ou seja, não foi uma descompressão explosiva, mas que lentamente sufocou os pilotos.
O avião, então, segundo uma linha de raciocínio, voou com ajuda do piloto automático por muitos quilômetros mais, até que, findo o combustível, caiu sobre o mar em algum ponto extremamente distante dos locais por onde passaram as buscas. Portanto, explicaria o fracasso das equipes de buscas e nenhum destroço ter sido encontrado, sendo provável, como largamente aceito, que estejam ou no fundo do vasto Oceano Pacífico, ou (em menor probabilidade) sobre alguma área inabitada do estado americano do Alasca....Acontece, que os casos de desparecimentos de navios e aviões, tidos como "misteriosos" sempre haverão de ter uma explicação plausível, científica...razoavelmente, cabe aceitá-las, quando não se tem uma prova física presente(resíduos e etc.)...                                                                     -O que me espanta no caso é o fato de dias depois celulares de passageiros tocarem e alguns continuarem conectados nas redes sociais. Uma bateria de celular não dura tanto tempo. E se caiu em lugar remoto, como continuar com sinal de celular? Se tem mesmo sinal de conexão, por que não localizam?                                                                                                         

quarta-feira, 12 de março de 2014

Deixa Que Eu Chuto!

Li na Internet uma REPORTAGEM CINEMATOGRÁFICA

“O navio cheio de ratos canibais que está à deriva no mar”

Uma vez eu li em algum lugar sobre uma coisa chamada “ratoeira do sertão”. Contava o texto, que os pequenos agricultores do sertão, se viam sempre às voltas com roedores irritantes, que infestavam os paióis de milho e outros grãos, causando grande prejuízo. A ratoeira do sertão consistia em capturar um dos ratos vivo, e prender o animal numa gaiola de passarinho. Uma vez lá, o rato passaria a ser cuidado como se realmente fosse ele um passarinho, recebendo rações de milho gradualmente cada vez menores. O animal começaria a sofrer de uma terrível fome, e é nesse momento em que o roedor estaria às portas do desespero, que o fazendeiro começaria a jogar a ele pedaços cortados de outros ratos. O efeito da estranha dieta era imediato. Inicialmente ele se recusaria a comer, sentindo o cheiro dos companheiros. Urinaria sobre a carne, mas diante da fome a lhe atraiçoar, o rato abandonaria de vez sua moral e comeria o companheiro. Ele então passaria por uma gradual transformação, de comedor de grãos para uma pequena fera carnívora. Dizia o texto, que ao comer carne, algo no rato muda radicalmente e ele se torna forte e bruto. A ração de carne de rato vai então sendo gradualmente reduzida, e finalmente joga-se um rato pequeno e fraco, porém vivo, lá na gaiola. A gaiola se torna uma arena da morte. O rato, acostumado agora a uma dieta de carne, nunca mais quer ver grão na vida. Ele só quer carne. Ele vê o rato mais fraco e rapidamente come o infeliz. Cria-se assim, um rato canibal. O animal vai sendo alimentado agora com outros ratos vivos, cada vez maiores, e a luta por matar o seu alimento deixará o rato da gaiola cada vez mais forte. Ele se torna um rato maníaco. Ele agora não apenas mata para comer, mas pelo prazer de matar. O sertanejo joga vários ratos ainda vivos na gaiola para vê-los serem assassinados a dentadas um a um. O rato se mostra uma verdadeira máquina de matar. Quando ele está “no ponto”, ele é finalmente solto na casa. É o fim de sua prisão. Transformado, o rato sai em busca de vítimas. Ele irá matar dezenas de outros ratos, que em pânico, fugirão do local. Quando não houver mais nenhum rato, a “ratoeira do sertão” irá embora atrás das vítimas, pois uma vez tendo comido carne, e matado um semelhante, ele nunca mais mudará de dieta.
Eu não sei se a ratoeira do sertão corresponde religiosamente à expressão da verdade, mas o valor de tal ideia foi algo que me impressionou na juventude e me impressiona até hoje, porque vejo nesta ideia um paralelo com o que podem fazer as circunstâncias, ao Homem. Não foram poucas às vezes em que o ser humano precisou comer seu semelhante em situações adversas. E é quase irresistível estabelecer o paralelo da ratoeira do sertão com as nossas cadeias, máquinas de deformar as mentes já não muito sadias dos que são encarcerados lá.                        

Seja como for, imagine só um rato assassino, maníaco. A ideia já é de causar calafrios, mas ela se amplifica se imaginarmos um navio REPLETO de “ratoeiras do sertão”. Acredite! Um navio, totalmente à deriva, e repleto de ratos canibais, que comerão qualquer coisa que verem pela frente. O navio “fantasma” cheio de ratos canibais está hoje flutuando em algum lugar da costa da Escócia, prestes a encalhar em terra e liberar sua carga faminta, composta de vetores de doenças diversas.
Mas como isso é possível? Ao que parece, a culpa é do Canadá. As autoridades canadenses deixaram este navio da era soviética solto no Atlântico Norte, após concluírem que “ele não era uma ameaça para o Canadá”. Parece estúpido, eu sei. E é!                                                                                           Imagina o risco para outras embarcações – e elas são em numero cada vez maior – a cruzar o Atlântico e colidir com um outro navio fantasma que vaga ao sabor das correntes?
Se fosse só o entulho navegante já era ruim. Mas a carga que ele leva é realmente perigosa. Os milhares de ratos à bordo do navio de cruzeiro abandonado estão certamente comendo uns aos outros.  Já tem quase um ano desde que o navio foi intencionalmente largado à própria sorte no mar pelas autoridades canadenses que estavam felizes em deixar o “risco biológico ” tornar-se um problema de um outro país. Eu também me pergunto por que diabos eles simplesmente não afundaram esta merda. Certamente é porque o navio deve ter donos, e se o Canadá afunda ele, os caras certamente iriam processar e pedir indenização. Cabe a eles achar e pegar de volta o navio. O problema é esse: Achar. O fato é que o presente de grego do Canadá ao mundo hoje, segundo alguns periódicos de confiabilidade duvidosa, está prestes a bater em terra na Irlanda ou talvez no Reino Unido, despejando lá sua carga viva na forma de uma praga de ratos canibais. Chega a ser impossível não imaginar como algo assim poderia dar um belo roteiro de filme B… Tudo começa com uma bucólica cidadezinha costeira, onde todos são felizes vivendo suas vidas pacatas, até que uma tempestade joga um navio repleto de ratos assassinos na costa. O resto é o “salve-se quem puder” dos filmes B, onde no clímax, teríamos uma gostosa sobrevivente e seu namorado fugindo para as montanhas enquanto a massa disforme de ratos canibais os persegue ferozmente. Herói, o galã iria se sacrificar para poder colocar sua amada em um pequeno bote, e seria comido vivo por milhões de ratos famintos enquanto acenava desesperado para ela, que se debulharia em lágrimas num pequeno bote lançado ao mar… Ops, perdão pelo delírio… Continuando:                                                  O navio à deriva tem o nome em homenagem a uma atriz de cinema que foi bastante popular na URSS de Stalin, o Lyubov Orlova foi construído pelos soviéticos em 1976 para dar às elites russas passeios de cruzeiros e lazer para a região da Antártida e o Círculo Ártico. A embarcação acabou sendo apreendida em 2010, por fiscais canadenses que atuam como cobradores de dívidas contra os proprietários da nau, atualmente empresas privadas. Durante o tempo que tramitou o imbróglio, o navio permaneceu ancorado em São João, a capital da província de Newfoundland. Em 2012 ele foi finalmente vendido para a sucata. Mas então, acabou que algo deu errado e o navio foi (acredite se puder) perdido no mar!Realmente ao que parece, o rebocador que levava o navio foi apanhado em meio a uma tempestade, e com o risco de afundamento, teriam abandonado o navio.Ninguém sabia onde ele estava e ninguém queria pagar para procurarem ele. Quando as autoridades canadenses finalmente localizaram o navio de cruzeiro soviético no ano passado, eles decidiram que era melhor largá-lo em águas internacionais. Parece irreal que um navio de 295 metros de comprimento desapareça em plena era de satélites e GPS. As autoridades marítimas na Irlanda e na Escócia dizem que não sabem nada sobre o tal navio e fingem que isso não é com eles. Ninguém parece querer encarar o abacaxi flutuante. O navio permaneceu sem localização conhecida até que em meados de março do ano passado, um sinal de emergência do navio indicou sua presença a cerca de 700 quilômetros da costa do condado de Kerry, na Irlanda. O navio soviético cheio de ratos canibais foi descoberto por operadores de radar não muito tempo depois, mas os pilotos enviados para confirmar a localização não conseguiram encontrá-lo.
Desde então, o navio cheio de ratos está desaparecido no mar. Enquanto estiver em águas internacionais ele é de responsabilidade única de seus proprietários. O problema é o risco que ele representa para outros navios. Uma colisão poderia resultar num naufrágio duplo. Provavelmente, ele ainda pode estar navegando. Segundo o jornal Independent relatou, os seus botes salva-vidas estão equipados com sinais de socorro que só começam a transmitir sinal de alerta quando batem na água. Até agora somente duas transmissões dos barcos salva-vidas foram ouvidas. Estima-se que isso se deu porque esses botes teriam se soltado do navio durante uma tempestade do Atlântico Norte. Sabe-se que o navio de 4.251 toneladas  já viajou mais de dois terços do caminho para as ilhas britânicas, mas ao sabor das correntes e do vento, ele pode ir parar em qualquer lugar.
É importante lembrar que essa parada dos ratos canibais se trata unicamente de uma especulação. Sabe-se por pesquisas, que os ratos em situação de stress irão começar a lutar entre si, gerando facções. Os mais fortes comerão os mais fracos e com o tempo, gerações de ratos cada vez mais agressivos irão nascer. O numero global de animais tenderá uma redução com o tempo, mas tudo depende fundamentalmente de como foi a explosão populacional dos animais no navio. E sem ir lá ninguém tem como saber com certeza. Segundo o The Sun, o navio pode encalhar na costa liberando sua carga perigosa de roedores famintos. Neste caso, eu imagino que quem estiver com o cu na reta, poderá ter sérios problemas.

terça-feira, 11 de março de 2014

ELISEU VISCONTI


Ao amigo com carinho...
Acordei com a péssima notícia da piora irreversível do quadro da saúde do grande artista da imagem e do som, meu amigo e irmão, Eliseu Visconti. Conheci esta figura singular em 1969. Quarenta e cinco anos de uma convivência quase diária, sempre nos falando, uma hora sobre cinema, outras sobre o Brasil e seus grandes e esquecidos autores, e muitas vezes sobre a música do nosso passado cultural e que ele conhecia com uma riqueza de detalhes invejável. Era um colecionador de pequenas obras, legados da nossa época: discos, textos, pinturas, livros e principalmente colecionava amigos, um sujeito adorável. Quando nos encontrávamos, por esse mundo afora, tomávamos umas cervejinhas e riamos muitos da nossa própria vida, muitas vezes, por força das circunstâncias, marginal e, quando estávamos longe, dia sim, dia não, falávamos pelo telefone por horas a fio até a orelha doer. Era um guerreiro polêmico, rebelde, iconoclasta e, talvez por isso, incompreendido. Vai deixar uma obra cinematográfica genial que influenciou muito todo o nosso cinema. Autor do inovador “Monstros de Babalu” inventou com ele a nova comédia satírica, bizarra, melodramática do nosso cinema expressionista  e com seus vários filmes de curtas metragens renovou, brilhantemente, o cinema documental musical etnográfico brasileiro. Seus filmes sobre o folclore, não podem ser esquecidos e precisam ser resgatados e estudados pelas novas gerações.
Eliseu sempre foi um bruxo, um grande artista, que recebia, por suas antenas pré-históricas, missões linguísticas de uma raça superior. Um nobre de caráter, um homem simples dominado pelo bom espírito da criação que vai deixar muita saudade para quem o conheceu. Enfim, Eliseu fez o que eu chamo de cinema da alma, um cinema de visão causada por delírio, sonho, superstição, fé e visagem. Viva Eliseu Visconti!!!


sexta-feira, 7 de março de 2014

Manifesto


Manifesto ao Mundo Novo 

Sentado, no Café Cabaré Belegardo, eu me encontro ainda moderno, (odeio tudo que é pós, pó e outras coisas semelhantes) pensando no que interessa de uma arte escassa e fugidia que ficou na onda do passado. 
Encontro-me novamente no mar da minha infância, além das montanhas, aquém de mim.
Nada sou esquecido e por isso quero transformar tudo que precisa. Mostrar a cara da esperança na lembrança da mais pura alegria.
O que me é belo e transparente, abstrato e sem formas definidas, estava na mostra do Histórico Cabaré Moderno da Petit Galerie.
O Cine Olho e de tantos outros encontros na busca de um mundo novo por existir é preciso ser lembrado como exemplo a ser visto.
Toda grande arte cinematográfica está fundamentada em um bom texto sonoro e na estética de uma imagem muda. O olhar dividido na construção da linguagem, que se quer nova, independente do tempo e do espaço da sua existência, torna-se único.
Penso que quanto mais velho é o saber, mais nova e ainda melhor é a criação!
É função dos inimigos amedrontados é dividir os que permanecem escondidos; as tribos; os marginais; os desiguais; as minorias; os desajustados; os rebeldes; pois, só ali na lona do circo que encobre a desumanidade, surgirá a resistência dos inconformados; dos imorais; dos malucos; dos que não se deixaram trair pela pachorra do capital.
São tantos os incompreendidos e tantos outros miseráveis que precisam mostrar a suas caras, e dizer o que precisa ser dito, o que é preciso ser feito. - Eu sei! Você sabe? Tá ligado?
Na política o monstro da mediocridade ronda os salões da burguesia burra em busca de novos seguidores e assim perpetuar a mentira dos privilegiados.
Toda arte política que se propõem crítica e renovadora passa pelas massas populares que a elite deseja escrava.
Oportunistas e conformados não adianta se esconderem no manto do poder.
Contra a imprensa mentirosa, vista, falada e escrita, tendenciosa, conspiradora, vendida por trinta moedas ao sistema de consumo do capital internacional, predadora da liberdade de viver; de conhecer; de saber; de experimentar; de pensar; de pronunciar; de comportar; de viajar; de combater; de criar; de trabalhar; de amar; de enlouquecer e de morrer por sua própria vontade.
Esse texto oswaldiano é minha bandeira; meu norte; o meu sentido existencial.
Liberdade sem medo é o pensamento novo mais velho do mundo que precisamos reconquistar... Liberdade! Quantas vezes no Brasil pronunciaram o seu nome em vão?
Não me venha com a liberdade dessa conversa fiada e democrática. Nada ainda mudou. Estamos e somos prisioneiros de uma sociedade corrompida e viciada na ganância de se ter sempre mais e mais nada.
Vamos aqui, neste carnaval nacional, exercitar os nossos direito à liberdade de nos reunir com a nossa loucura revolucionária, na utopia dos nossos jovens anos tão bem vividos... Quebrando preconceitos e tomando as praças - Dionísio sem dinheiro no bolso, mas ainda com milhões de sonhos e ideias novas na cabeça.
Será que isso não vale nada?
- Esse milhão é meu! Grita o cineasta faminto em ter; em ser alguém; em se ver na tevê, que, diferente do Estado brasileiro, compra bem os seus contratados.
Mais uma chanchada do cinema nacional em busca de um mercado fantasma.
É tão atual! É tão novo! É a mesma merda...
Os filmes da minha infância autorizam o que hoje tenho digitalizado na internet. Não preciso da autorização do governo, dos burrocratas da cultura e de ninguém para exibi-los e eles estão sendo exibidos. Foda-se! Gosta quem quiser!
Minha criação está comprometida com a visão da luz que surge quando se compreende toda a extensão crítica da arte com a sua liberdade. Sem dogmas. Música pura! Outro estado de ver o mundo no caos universal. Sem fim nem começo. Nada. O que não se pode ver. O ar e o vento, o espaço e o tempo, nascendo oculto na nova unidade do velho dístico da física quântica. Eu artista. Você espectador. O homem e a inteligência que calculava! Entendeu? Não importa! Basta pensar; elevar-se; crescer. Ver ouvindo o escuro é viver a luz do silêncio - Nossa Música - Nossa Dança - Nosso Teatro - Nossos Textos - Nossos Filmes - Nossas Pinturas - Nossa Poesia - Nossos Desejos - Nossa Liberdade - Nossa luta de mais de mil anos, mil dias; mil horas; de uma vida; de segundos e minutos; de olhos bem mais abertos que os deles, arregalados e arremessados, de binóculos, nos Jardins da Alvorada e nos Cafés do Novo Mundo.

terça-feira, 4 de março de 2014

E ASSIM CAMINHA A HUMANIDADE






UM CONTO DE REIS



SUAVE ALTERAÇÃO DA SÍNCOPE

 Fabio Carvalho
“Não digo que todos devemos proceder mal,
mas devemos dar a entender que podemos”.
Orson Welles


Um tipo entrou no botequim e se aproximando do balcão de vidro foi logo pedindo para a parede de ladrilhos brancos manchados de gordura e asfalto: ô meu irmão bota uma cachaça aí! Como o Nada consta não estava lá, nada se ouviu de resposta. Ele então olhou ao redor com cara de nada entender e o ao redor olhou para ele entendendo tudo. Neste instante, de dentro da caixa registradora surgiu o amarra cachorro careca do responsável por aquela esquina de três portas, e assim respondeu com a seguinte pergunta: ô Nas, você quer a Fofa Tóba ou a Incha Pé? Voltei para as alturas pensando em mais uma oportunidade que desperdicei de soltar os bichos com o microfone delicado daquela bela jornalista na minha boca dentro da tenda cinematográfica da pequena cidade de Tiradentes. Ainda bem que existe o Rosemberg para falar o que tem que ser falado, atenuando minha dor covarde, então pude me salvar de mim mesmo exercitando a indulgência. Tenho que aprender a tocar minha melodia sem medo. Além de tudo ainda existem as pessoas. O inferno são os outros. Quero meu corpo bem livre do peso da minha alma. Essa interessante frase, estava escrita no azulejo, em cima do mictório no banheiro do Cine Belas, por onde entrei esbaforido pelo apertão na bexiga pouco antes da primeira sessão da tarde calorenta do filme Ninfomaníaca – Parte 1 com cortes. Tudo resolvido, assisti ao filme, com a imagem daquela frase muito bem grafada em batom vermelho na tela de dentro da minha cabeça. Então Deus adormeceu e começou a se arrepender de tudo o que tinha feito. Outra frase que li ou ouvi não sei mais onde e até agora repica nos meus olhos e ouvidos. Outro dia, chegou primeiro o elevador automático, entramos eu e duas mulheres muito magras ambas de óculos com lentes fundo de garrafa. Uma era muito mais velha que a outra, parecendo ser sua mãe ou talvez sua avó. Esse elevador é bastante apertado, com duas portas pantográficas, você entra por uma e sai pela outra. Postei-me ao lado da placa de metal com os botões de comando e as duas ficaram de frente para mim nariz com nariz, a mais nova olhando fixamente para o mostrador dos andares, que naquele elevador há muito estava travado num sinal luminoso de interrogação. Fomos subindo dentro da engenhoca, ouvindo os sons de uma velha máquina em pleno funcionamento sem interrupções como murmúrios doces de fluidez. O trajeto vertical era longo, subitamente o silêncio foi interrompido pela mais jovem, que mudando a direção dos olhos arregalados para mim por trás dos óculos, disse com a voz desafinada: Otis que está escrito ali é o nome do inventor do elevador. - Nossa! É mesmo? Nunca soube disso. Disse eu, com espanto verdadeiro. Os olhos fixos nos meus, e agora com leve satisfação transparecendo em seu semblante improvável, continuou: é sim, vi num filme da (esqueci o nome) e da Meg Ryan. Pausa. Só vi esse filme porque a (esqueci o nome) só faz romance. E eu só vejo romance, né! Outra pausa. Balançou o rosto afirmativamente e emendou: é sim, veja também o filme (esqueci o nome), que o senhor vai ver! É sim. Outro longo silêncio se seguiu até chegarmos ao meu andar. A porta pantográfica se fechou após boa tarde para lá e para cá, as duas continuaram subindo. È difícil porque é muito simples, disse a artista-plástica- cantora Leonora Weissman na TV Cultura. Do meu secreto observatório bem acima do chão, aquela chuvinha fininha e retinha, que caia sem ruído, em um silêncio surdo e abismal, me encantava como se fora a neve. A visão das gotas perpassadas pela luz trêmula e branca me trouxe um êxtase libidinoso. Algum tempo depois debruçado na janela do mesmo bureau nas alturas, estou completamente estabilizado, meu estabilizador chama-se Eternity. Pergunto a mim mesmo: pra quê outro estabilizador? Não me respondo. Continuei a procura daquela ilusão perdida naquela tarde de Domingo sem o Cantus Firmus de Bach. Agora estou aqui sentado escrevendo e dois helicópteros da polícia chegaram tão perto que quase entraram no meu esconderijo. Ou erraram o trajeto, ou estão me observando. O fato é que eu os observo muito bem. Linguagem é o nome do filme que todos deveriam ver na tela grande. O cinema serve para mostrar o que a gente não vê. Sigamos sem teorias paranoicas e desviantes. Naquela outra manhã acordei com os Otomanos na cabeça. Fiquei meio invocado. O quê o Império Muçulmano tinha a ver com a bela Terça-feira, onde vários afazeres chatinhos me aguardavam? Nada é claro. Cheguei à conclusão através de uma louca analogia, que o otomano, me veio sonoramente porque na noite anterior ficamos falando de otorrino. Realmente uma viagem na maionese enquanto me preparava para sair. Encontrei o que anotei num papel pautado para usar de epígrafe em um filme que ainda vou fazer, não sei mais de quem é a quadra, visto que escrevi ao lado os nomes do Machado de Assis e do Ruben Dário, aí vai: jamais ficou comprovado que aqui habitam fantasmas. Entretanto eles circulam mesmo sem comprovação. Na sequência uma argumentação sobre o filme em questão. – Estamos diante do problema das chaves (...). A aula de como se usa o Xilon (deve ser estudada). A junção dela com o discípulo é o X da questão. A cenografia dos interiores feita em estúdio deve ser ultra- carnavalesca- radical, feita pelo arquiteto Éolo Maia (mosteiro com diversos tipos de cômodos, longos corredores com grandes portas, Laboratório alquímico e uma caverna labiríntica). Zózimo (Guará agora Otávio III) fazendo experimentos no seu laboratório e ensinando durante os sonhos a seu discípulo, definindo seu potencial violento. O problema se acirra com a insônia que persegue Marion (João Velho). Louco para dormir e receber o mestre em sonho, pouco a pouco encontra mais dificuldades para buscar o sono, o que o leva a ter surtos de extrema irritação agravados pelo uso contínuo de drogas pesadas e do sexo desvairado. As sequências a serem roteirizadas devem levar intransigentemente em conta as locações, a cenografia e antes de tudo a relação desenvolvida dos atores dentro do quadro na proposição do movimento não natural. Elemental. Nessa procura da não verbalização dos acontecimentos, e sim de sua visualização. Recorreremos ao simbolismo presente na improbabilidade dos figurinos e nas caracterizações dessas personagens (como barba, bigode e cabelos) que devem conduzir a ação da maneira mais realista possível de forma ralentada e quase didática. Expressionista. Mais uma frase bastante interessante estava anotada no fim da página. Novamente não sei mais de onde a tirei. Oh Virgem Maria, que conceber sem pecar, permita que eu peque sem conceber... O conhecedor Mário Alves Coutinho escreveu sobre o mestre de todas as gerações Jean Luc: Godard procura o definitivo por acaso. É certo que prestei mais atenção no meu trajeto diário, já faz quase dois meses, do bairro da Serra até a região central de BH. Como sempre, não sei bem porque, elegi um mesmo caminho em zigue-zague que percorro a pé todos os dias pela manhã. Não passo de um metódico. Nele desço a Avenida Afonso Pena até a Praça Tiradentes onde quebro a esquerda na sombra pela Rua dos Aimorés e chego pela frente a Igreja da Boa viagem, por onde subo pela rampa principal e atravesso a grande porta de madeira antiga que dá no altar, até o maravilhoso jardim lateral, com enormes e frondosos Fícus ameaçados pela praga e pela idade de mais cem anos. Defronte a mais bela destas árvores, invariavelmente sentado no banco da alameda, um padre de batina marrom, muito parecido com o Guignard, com os olhos fechados, as mãos cruzadas envolvendo a barriga e uma bengala deitada sobre as coxas. De inicio achava que ele ficava ali rezando, hoje tenho quase certeza que ele tira é um cochilo esperto. Sem dúvidas um quadro parado tirado dos filmes do Luís Buñuel. Saio pela Rua dos Timbiras e na esquina com Sergipe, exatamente embaixo da placa como um sentinela, o senhor negro de cabelos e bigodes brancos, numa cadeira de rodas, sempre com camisas sociais muito bem passadas e engomadas. Trocamos todo dia um bom dia. Subo pela Rua dos Guajajaras até encontrar a Rua da Bahia que desço meio quarteirão e entro na galeria do mítico edifício Arcangelo Maleta, passo pelos bares e saio pela porta principal, já na Avenida Augusto de Lima. Por vezes retomo a Rua dos Guajajaras e desço direto ao meu destino, em outras sigo pela Avenida até o Bar Banzai, onde tomo um café amargo com o gordo dono da loja de tintas, fazendo a resenha do futebol. Quando vou por aí, ainda passo por dentro do Mercado Central. Como se vê um verdadeiro périplo. Dê Lírios. Como prestei mais atenção dessa vez, percebi que atravessava vários portais todo dia e me voltou o sintoma da minha velha doença, velho! Apesar de ter jurado a mim mesmo e prometido aos meus comparsas mais constantes, que nunca mais faria nenhum trabalho, sem antes arranjar as condições para tal, pensei em um filme para ser realizado imediatamente. Bastava arrumar uma mini-câmera e filmar uns três planos sequencia do meu caminho diário e montar tirando a continuidade das ações. Cheguei entusiasmado com a ideia, ia documentar meu trajeto. Em seguida olhando pela janela, achei isto tudo uma descarada bobagem, nada original, o que mais se tem feito por aí, são esses documentários subjetivos, uma tremenda egolatria. Ademais todo caminho é interessante, não seria o meu que teria alguma onda mais que os outros. Mudei de direção e fui fazer uma coisa que nunca tinha feito na vida, comprar talheres. Quando muito raramente vou comprar algo, só me interesso por promoções. Nessa busca, andando pela Rua dos Caetés, vejo o que procurava e entro na loja, quando vem vindo lá do fundo uma mulher negra belíssima, rindo para mim, era ela a vendedora. Mais alta que eu, com os cabelos cacheados e cheios aumentando sua altitude, olhos rasgados cor de cobra e dentes branquíssimos contornados pelos lábios desenhados, além de um corpo escultural. Não me lembrava de ter visto tanta beleza exuberante, reunida numa pessoa só. Como mágica descobri a nova onda daquele filme. Então, como estou sentado no sofá e só vejo o céu e as nuvens, dei inicio a mais essa viagem inconsequente. Ela seria da seguinte forma: a vendedora vestida com um pano trabalhado enrolado pelo corpo vive o contra plano do caminho que eu faço, agora filmada de frente por um fotógrafo steadicam, ou seja, ela seria eu, a minha personagem. Depois na montagem, as imagens da mini câmera seriam a subjetiva dela/eu. Seguindo ela sobe num elevador antigo, anda por longos corredores, até chegar de frente uma porta de correr, onde toca a campainha. A atriz Michelle, no vestido que ela usou no lançamento do filme do Éder em Sampa, abre a porta e a recebe com um abraço e um beijo na boca, lânguido, romântico e apaixonado. Câmera lenta ou música de câmara. Lá dentro tomam champanhe, enquanto a personagem da Michelle prepara uma Guacamole para o jantar à luz de velas. Tudo termina com uma noite de amor entre as duas, que não é mostrada. Enfim uma chuva forte limpou a tela seca e poluída, veio em ficção. Ainda inventei estes dois títulos esdrúxulos: No Centro do Bureau Secreto e A Língua Roxa da Cantora. Pode ser que o segundo não sirva para esse filme, mas há de encontrar o seu. O cineasta David Neves escreveu: Paulo Emílio Sales Gomes colocou bem essa definição (por via de comparação com o teatro) do que vem a ser o cinema: a aflitiva tranquilidade das coisas definitivamente organizadas. Voltando ao meu umbigo, talvez por ter escrito mais esse experimento absolutamente desnecessário, consiga escapar de ter que filmá-lo.

domingo, 2 de março de 2014

POESIA


SOLIDÃO..

Solidão não é a falta de gente para conversar, namorar, passear ou fazer sexo... Isto é carência!
Solidão não é o sentimento que experimentamos pela ausência de entes queridos que não podem mais voltar... Isto é saudade!
Solidão não é o retiro voluntário que a gente se impõe, às vezes para realinhar os pensamentos... Isto é equilíbrio!
Solidão não é o claustro involuntário que o destino nos impõe compulsoriamente... Isto é um princípio da natureza!
Solidão não é o vazio de gente ao nosso lado... Isto e circunstância!
Solidão é muito mais do que isto...
SOLIDÃO é quando nos perdemos de nós mesmos e procuramos em vão pela nossa alma.

Francisco Buarque de Holanda

(Poeta, compositor e cantor)