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terça-feira, 21 de dezembro de 2010


AVISO AOS MEUS DISTINTOS LEITORES QUE COM ESSA PUBLICAÇÃO ENTRAREI DE FÉRIAS SEM TEMPO DETERMINADO PARA RETORNAR DEPOIS DE DOIS ANOS INITERRUPTOS DE PUBLICAÇÕES NESTE BLOG.

NA CERTA NÃO CONSIGUIREI FICAR FORA DO AR POR MUITO TEMPO.

ASSIM QUERO DESEJAR BOAS FESTAS PARA TODOS E UM ANO NOVO REPLETO DE NOVIDADES CULTURAIS.


AH! QUE SAUDADE...
Meu amigo Rogério Sganzerla ao telefone…
http://www.youtube.com/watch?v=It_-KbTaT_I

Loucura Pouca é Bobagem

parte 02

parte 03

sábado, 18 de dezembro de 2010

NOTÌCIAS

Notícia de Niterói

Aniversário de Sérgio Santeiro

CONVITE

Aos amigos convido para o meu cervejal 66 segunda 20 a partir de 19 hs no meu "Relena's", o 1o. Bar da Cantareira em Niterói, RJ.
sergio santeiro.


Notícia de São Paulo

PELOS DIREITOS HUMANOS DE ELAINE CESAR, SEU FILHO E O TEATRO OFICINA14/12/2010
AS DIONIZÍACAS DE 17 a 20 no TEATRO DE ESTÁDIO do ex-ESTACIONAMENTO do BAÚ da FELICIDADE serão dedicadas à luta pelos DIREITOS HUMANOS DE ELAINE CESAR E À LIBERDADE ARTÍSTICA VIOLADA PELA VARA DE FAMÍLIA DE SÃO PAULO
São 06:16. Acordei, apesar de estar exausto por excesso de trabalho pelos trabalhos de realizar meu maior desejo em 30 anos, de apresentar a partir de 6ª feira as DIONIZÍACAS no Teatro de Estádio que levantamos no Ex-Estacionamento do Baú da Felicidade mas não consigo dormir porque não estou mais suportando a ENORME INJUSTIÇA que a SOCIEDADE BRASILEIRA está cometendo com ELAINE CESAR, que neste momento está na UTI, correndo risco de vida.
Este caso não é diferente do de Sakineh no Irã, do de Lu Xiaobo na China e de Assange na Inglaterra. Vim pro computador porque até agora não conseguí fazer chegar nossas vozes de defesa aos DIREITOS HUMANOS desta Mãe Artista, Diretora de Video do Teatro Oficina Uzyna Uzona, que na semana passada, perdeu em duas jogadas:
1º, a guarda de seu filho THEO, de 3 anos de idade.
2º, seus instrumentos de trabalho confiscados, seus HD’s, que também são do Oficina, com todo material gravado de pelo menos 30 anos de Oficina Uzyna Uzona, e de outros trabalhos seus, e de artistas como Tadeu Jungle.
É um atentado à liberdade de produção artística, um sequestro só comparável à invasão do CCC em 1968 a “Roda Viva”.
E agora esta mulher está incapacitada de estar à frente do trabalho que adora, de comandar a direção de Video e das filmagens das Dionizíacas esta semana, e tem de ver a sociedade, a Mídia sempre tão escandalosa, impassível com este fato.
Porque tudo isso ?
Porque um ex-marido ciumento, totalmente perturbado, teve acolhidos por autoridades da Vara da Família, para esta praticar uma ação absolutamente anti-democrática, para não dizer nazista, todos seus pedidos mais absurdos de ex-marido ególatra, doente, de arrancar o filho do convívio da Mãe, acusando Elaine de trabalhar num “Teatro Pornográfico” e para lá levar o filho: o Teatro Oficina. Fez oficiais de justiça sequestrarem os HD’s deste Teatro, com um texto de uma obscenidade rara, para procurar cenas de pedofilia e práticas obscenas que Elaine e seu atual marido, o ator Fred Stefen, do Teatro Oficina, teriam cometido com o filho de Elaine, o menino Theo.
Quase todas as 90 pessoas que trabalham na Associação Oficina Uzyna Uzona têm se manifestado por escrito, pois tiveram contato permanente com Theo, Elaine e Fred dentro do teatro e fora dele e não se conformam com a falta de eco de seus protestos.Porque tudo isso ?
A revolução cultural da liberdade que uma grande parte dos seres humanos vem conquistando determina uma reação absolutamente inquisitorial, fascista, como é o caso dos homofóbicos da Av. Paulista e no caso, não do Estado Brasileiro, mas da própria Sociedade Reacionária incorformada, querendo novamente impor censura à Arte, aos costumes, e pior à vida dos que escolheram viver livremente o Amor.
E é incrível aqui, a liberdade de imprensa tão fervorosa em escândalos moralistas, se cala totalmente diante de um atentado a dois seres humanos, Elaine, a Mãe, e Theo seu filho, e a um teatro de 52 anos como o Oficina, e não toca no assunto, como se fosse o Partido Comunista Chinês, os Republicanos dos EEUU e os fundamentalistas islâmicos do Irã.
Tenho feito inúmeras reportagens sobre as DIONIZÍACAS, e falado no assunto, mas a divisão ainda tayloriana de trabalho impede que os jornalistas levem a sério o que estou dizendo, por não estar no limite das matérias que estão fazendo comigo.
Enquanto isso uma mulher, ELAINE CESAR, praticamente corre risco de vida na UTI e o Teatro Oficina censurado estreia as DIONIZÍACAS tendo por exemplo de fazer sua propaganda para a TV com material ainda filmadas no edifício do Teatro Oficina, pois as imagens do Teatro de Estádio erguido pelo Brasil em 2010 estão sequestradas pela Vara da Família.O moralismo desta instiuição, que parece odiar os Artistas como criminosos, dá proteção a um macho ciumento, invejoso, doente, mordido de ciúmes, que está tendo delírios sexuais, projetando em ações discricionárias como as que tem praticado, e pior com apoio da injustiça.
Fazendo um ensaio corrido de BACANTES, que conta a história de Dionisios e da luta de seu adversário moralista, que quer impedir o culto do Teatro em sua cidade, percebi o óbvio. Tudo que Penteu acusa nas BACANTES e em DIONISIOS é projeção de coisas que seu ciúme provocou em sua cabeça.
Elaine, muito tempo depois que se separou deste ex-marido, teve o privilégio de encontrar um novo amor no ator Fred, que é homem muito bonito e muito livre. O macho, ex-Hare Krishna, ciumento, invejoso, então endoidou e começou a imaginar em sua cabeça cenas de pedofilia, sexo de Elaine e de seu novo maravilhoso amor com seu filho, repressão ao TEATRO OFICINA. Elementar, Freud diria.
Os desejos de pedofilia, até de pederastia em relação ao atual marido de Elaine estão nele. Por isso o menino de 3 anos Theo, corre perigo nas mãos deste irreponsável. Uma tia procuradora aposentada, de Brasília, rica, e um deputado devem estar auxiliando o rapaz com seus contatos reacionários aqui na Vara de Família.
Nem sei os nomes das pessoas porque os autos não estão na minha mão. Elaine não tem pai nem mãe, estão mortos. Fred está sem dormir há dias, agora preocupado acima de tudo com a sobrevivência de Elaine. Segunda feira havia uma audiência com o Juiz de família, para copiarmos o absurdo de mais de 400 horas de vídeo dos HD’s. Nenhum de nós nem pôde aparecer, pois estávamos preocupados com a vida de Elaine, hospitalizada na UTI. Fred doi buscá-la no aereoporto, onde voltava de Brasília, para onde tinha ido ver o filho, sob a vigilância de uma babá contratada pela tia. Na despedida Theo o menino chorava, querendo voltar para os braços da mãe em São Paulo, segundo relato de Elaine, que do aeroporto, passando muito mal, teve de ser hospitalizada, e em estado grave o hospital resolveu colocá-la na UTI.
Não sei o que fazer para acordar a mídia, esta Justiça Injusta que, querendo defender a Família, destreoi a vida de uma Mãe, de uma Criança e atormenta todo nosso trabalho maravilhoso neste momento vitorioso do Oficina Uzyna Uzona. Este “taylorismo”, (divisão de trabalho e competências do século 19) da vida contemporânea, esta insensibilidade aos direitos humanos que me é revelada agora neste momento, me faz dedicar as DIONIZÍACAS á todos que lutaram em 30 anos por este momento, mas sobretudo a ELAINE CESAR E THEO.Que esse filho volte imediatamente para os braços da MÃE antes que aconteça o PIOR.
E que o material apreendido retorne imediatamente ao Oficina Uzyna Uzona.
É uma Obra de Arte sequestrada em nome de uma atitude mesquinha provocada pelo Ciúme de um Ególatra, de uma Justiça cega e de uma Sociedade, Mídia, conivente como a de São Paulo.
Por favor acordem os trabalhadores da difusão do que acontece de bom e de mau no Mundo e revelem isso a todos. Peço a todos, seja quem for, que façam esse favor de amor aos direitos humanos e batam seus tambores.
Me dirijo especialmente a Ministra da Secretaria Especial de Políticas para as Mulheres, Nilcéa Freire. Médica, Professora da UFRJ, Nilcéa ocupa o Ministério há quase 8 anos. Tem feito um excelente trabalho. O endereço da Secretaria Especial de Políticas para as Mulheres da Presidência da República é: Esplanada dos Ministérios, Bloco L, Edifício Sede, 2º andar – Brasília/DF. CEP: 70047-900. Fones: (61) 2104 – 9377 e 2104 – 9381. Faxes: (61) 2104 – 9362 e 2104 – 0355.
A OTAVIO FRIAS, na FOLHA, aos diretores do ESTADÃO, do GLOBO, das TV’S, Rádios, que apurem os fatos. Nós estamos envolvidos nos trabalhos de estrear dia 17 as DIONIZÍACAS, um marco na história do TEATRO MUNDIAL, e nos sentimos impotentes diante da gravidade do assunto, de uma VIDA HUMANA CORRENDO O RISCO, POR SEUS SENTIMENTOS DE DIREITOS HUMANOS TEREM SIDO AGREDIDOS.
Colaborem conosco, estamos sobrecarregados dos trabalhos das DIONIZÍACAS, mas não podemos parar pois é a ARTE somente que temos para dar Vida a Elaine nestes dias.
José Celso Martinez Corrêa14 de dezembro de 2010, 07:40

Loucura Pouca é Bobagem


O Acelerador de partículas e o buraco negro.

sexta-feira, 17 de dezembro de 2010

Poesia


O filme que não se acaba...

O tempo passa e rápido
mas sua presença é eterna
em nossos grandes momentos
e tivemos muitos.deles

Eu e você particularmente
estamos ‘INSIDE’ na voz do Brasil

A loucura sempre rondou a nossa porta
A porta cinematográfica de nossas vidas

O cinema Pirajá em noite de chuva
Tempestade das almas

Raios impetuosos impressos
em celulóide revolucionária

Corpos e corações distantes
Nunca perdidos e muito menos malditos.

A história sempre está ao nosso favor
Os ventos é que são às vezes contra

Vai meu amigo
Segue o seu caminho envelhecido
tal qual vinho de incomparável sabor

Ao Baco reverencio a sua memória
Ao Deus o seu amor.

quinta-feira, 16 de dezembro de 2010

ROTEIRO CINEMA

SOLITUDE

Releio, nestes dias de tédio, um livro que me marcou muito quando o li pela primeira vez na minha adolescência: Trata-se do melancólico texto “Dublinenses” de James Joyce.

Sempre quis filmar o conto “As Irmãs” em contraponto a outro conto “Um Caso Doloroso”. Sairia dessa união, acredito, um filme extraordinário de longa metragem sobre a solidão humana – SOLITUDE – roteiro que acabo de escrever e que o autor na certa aprovaria.

SOLITUDE - Um decifrador de imagens em um só enigma literário chamado cinema.

A supressão do movimento, a paralisia - antítese do cinema - que faz parte de sua estética literária, tornou os escritos de Joyce, por sua densidade narrativa, sua inventividade lingüística, até hoje uma novidade, como assim também o é Guimarães Rosas, os dois são de difícil adaptação cinematográfica.

Filmar os dois contos, os dois textos, adaptados para os dias de hoje, em uma mesma história, é um desafio que sempre me excitou. Nunca pude fazê-lo.

No meu filme Amaxon, tratei o mesmo tema da solidão só que do ponto de vista poético-feminino. Porque não agora usurpar toda a carga emocional do bancário James Duff, misturado ao fracassado padre James Flynn, nesta nova história onde se mistura de amor, rebeldia, inércia e solidão?

Vocês que conhecem o livro e já leram esses dois contos, acreditam que o senhor Duff é a mesma criança que visita o padre Flynn e que depois de velho, na solidão do seu quarto, revive as duas histórias..., você acha ser isso possível?

Pois bem, meus amigos, eu achei aqui, se me permitem, saídas para outras concepções de linguagens cinematográficas ainda não experimentadas na construção desta idéia.

Aguçando a visão, da mesma maneira que fez Jonh Huston no seu introspectivo e último filme "Os Vivos e os Mortos", baseado no livro “Finnegan`s Wake” de James Joyce (depois descobri que o filme foi baseado no conto "Os Mortos" do mesmo ivro Dublinense) e com a grande lente de aumento do cinema de invenção, revivendo uma fotografia de claros e escuros, realçando uma representação expressionista, posso filmar os atores de “SOLITUDE” da mesma maneira que Huston, sem perder a alta carga dramática, o calor humano e a mais profunda lucidez encontrada nos textos inconfundíveis deste grande autor irlandês.

O Roteiro está pronto e registrado, só me falta agora um produtor de visão que se possa se interessar em investir na liberdade da boa arte cinematográfica expressa neste filme poético do reconhecimento humano que se chamará “SOLITUDE”.

Espero que pessoas inescrupulosas não se apossem desta idéia, mas se outros não resistirem e surgir ai algum filme, me dêem muitos créditos, façam justiça ou financiem os meus projetos.

terça-feira, 14 de dezembro de 2010

POESIA

Kimura Schetino - na peça EU E OS ANJOS

VINDO

MORTO

Deste dantesco novo mundo
Com os sortilégios de sempre
Quero me apresentar
Aos portais do inferno.
Mefistófeles
minha alma
Metrópoles
meu corpo
Acrópoles
meu desígnio
Fausto
meu louco
Amigo
universal
Deus
desta festa
Na terra

Deuses soltos
EVOE
E para você
de mente aberta
minha meta
Indecente
É
ser ninguém
Meu inferno
ultimamente
É
o meu céu.
Amém.

1976

domingo, 12 de dezembro de 2010

MEMÓRIA VIVA

A Verdade Desconhecida
Parte III

Era tudo previsível quando recebi da mão do poeta Pedro Maciel e li a coletânea dos poemas mineiros que deveria ser publicada no jornal, isso foi feito depois de muita insistência dos poetas para serem publicados, estavam se sentindo rejeitados, já que o periódico estava se tornando a Ponta de Lança da arte de vanguarda que se fazia em Minas. Todos queriam estar nele, era o único órgão informativo do estado que professava a liberdade de expressão nos seus editoriais.
Não tínhamos compromissos com nada a não ser com a arte do bem fazer.
Eu sabia de cara, quando li, que o poema do Sebastião era uma bomba de efeito retardado, um teste de caráter, ele não acreditava que eu fosse publicá-lo e assim poderia dizer que sofreu censura do jornal, mas o que ele não sabia é que a publicação do seu poema evidenciava uma situação de conflito que já existia quando fui convidado a assumir aquela diretoria, ato este que não agradou a elite mineira que havia se apossado, na figura de Ângela Gutierrez, da Secretaria de Cultura do Estado.
Eu estava chegando do Festival de Cinema de Berlim quando fui convidado pelo governador. Pensei que seria a época propícia para me lançar na política, ali poderia dar os primeiros passos, me fazer conhecido, preparar a minha candidatura a deputado ... Não seria uma madame empreiteira, muito menos um governador analfabeto que interromperia a seta libertária do Jornal Ponta de Lança. Eles teriam de me colocar na rua e fechar o jornal. Teria assim o apoio dos artistas, criaria o debate e tentaria uni-los em torno do meu nome. Depois de transformar aquele cemitério das artes, com a colaboração das melhores cabeças da minha relação, em um centro de cultura viva, onde se respirava o ar puro da livre criatividade, não deixaria de lado a minha equipe, as minhas convicções, por um projeto pessoal e político.

O pau ia quebrar enquanto muitos queriam ficar no quartel da saúde. Não abandonaria o jornal, seria a nossa bandeira no campo de batalha. Aos poucos fui percebendo que estaria sozinho nesta guerra.Ameaças bisonhas e rancorosas eu sofri dos eternos comensais da burocracia que queriam me ver longe do pequeno poder que eu exercia... Entrei apimentado no gabinete do Dalton e as palavras foram jorrando da minha boca: - Quando muitos tentam me sabotar unindo-se contra o jornal Ponta de Lança, contra a liberdade no espaço de criação que implantei aqui na Fundação, preparo-me para o conflito que já se avizinha. Sempre achei que é chegada a hora de transformar o velho no novo introduzindo o visto pelo não visto nesta polêmica que se inicia. Estão nos forçando a uma censura velada, escondida, e vocês querem sumir com toda essa edição histórica? Pondo fim no jornal, vocês vão queimar mais uma vez o professor Darcy Ribeiro, que está nele presente com alguns fragmentos do seu próximo livro. É um desrespeito com todos que neles escreveram e trabalharam, vocês vão queimar o dinheiro do contribuinte só para satisfazer uma falsa moral palaciana? Estamos dando o primeiro passo no lamaçal da política. Não vamos aceitar o jogo dessa gente! São oportunistas de plantão que na calada da noite procuram uma maneira de exterminar a luz das idéias que tanto lhes incomodam... Assumo todos os riscos em nome da minha posição de independência, sem fugir das minhas responsabilidades... Não se apavorem, vocês não serão os enforcados, eu criei o jornal Ponta de Lança em homenagem a Oswald de Andrade e a nossa liberdade, não posso trair nem um, nem outro. O jornal será distribuído e nada vocês podem fazer para impedir e vocês continuarão limpos com o governo...ninguém vai perder o seu empreguinho! Dalton, estatelado, boquiaberto, ouvia a tudo no mais lúgubre silêncio e assim que terminei, ele olhou primeiro para seu amigo Paulo e depois para seu assessor Luiz Carlos e sem dizer uma palavra levantou o ombro, esfregou as mãos e sentou-se na poltrona do gabinete onde reza o silêncio, a prudência e não o saber.
O jornal não conseguiu a distribuição de antes, mas foi disputado no câmbio negro a tapas. Mais de 1000 jornais que ficaram na minha sala sumiram tal qual pão quente, cada um que chegava na sala carregava um fardo, a edição evaporou-se. Foi um sucesso. O que não devia ter sido lido, foi amplamente divulgado por toda uma cidade sedenta de culpados. Passou-se uma semana e os jornais só falavam disso, eu já cheio daquelas lorotas de salão sobre as cabeças cortadas, aporrinhado pelas demissões dos meus amigos que se fazia a pedidos daquela madame coberta de ouro e colecionadora da memória alheia, resolvi não ir mais a Fundação. Fui para o Rio de Janeiro para terminar o meu filme sobre o maestro Camargo Guarnieri, que havia feito quando o maestro Airton Escobar o convidou para um concerto comemorativo dos seus 80 anos na Fundação.
Nesta manha de quarta-feira abro o caderno de cultura do jornal Estado de Minas e como sempre não havia nada de novo, mas folheando o resto do jornal, vi estampado na manchete da página 5 do primeiro caderno, os primeiros acordes do grotesco absurdo que se seguiu...
Estou voltando novamente para o Rio de Janeiro e faço como fez o poeta Carlos Drumond com Itabira, dependuro o seu retrato na parede e vejo a praia de Copacabana... Mas como dói.

O POEMA DO SEBASTIÃO NUNES

Deitado de costas o presidente ronca.
Deitada de bruços a senadora sua.

Ajoelhado no tapete o ministro chupa.
De pernas abertas a deputada goza.

O líder do governo propõe uma suruba.
Em regime de urgência o plenário aprova.

Pelo buraco da fechadura o secretário.
Enrolado nas cortinas o mordomo.

A afilhada do prefeito sobe a rampa.

Poetas que participaram da página maldita da edição Ponta de Lança de maio de 1988.
Sebastião Nunes; Márcio Almeida; Laís Corrêa de Araujo; Pedro Maciel; José Américo; Afonso Ávila e Carlos Ávila.

Jornal Ponta de Lança – artistas que participaram da sua curta existência: J.E.Ferola; Leonardo Fróes; Eid Ribeiro; Helvécio Ratton; Sérgio Lara; Mario Drumond; Wilson Simão; Nise da Silveira; Teodoro Rennó; Éolo Maia; Tonico Mercador; Adão Ventura; Carlos Herculano Lopes; Uilcon Pereira; Oscar Nieneyer; Jose Paulo Paes; Maria do Carmo Arantes; Marcus lontra Costa; Moacyr Laterza; Fernando Peixoto; Nivaldo Ornelas; Rogério Sganzerla; Silvio Potestá; Floriano Martins; Tomie Ohtake; Antonio Beneti; Denise Stoklos; Marcelo Dolabela; Adélia Prado; Darcy Ribeiro; Augusto Boal; Ciro Barroso; Ricardo Bada; Paulo Augusto de Lima; Carlos Scliar.
Corpo editorial: Pedro Maciel; Osvaldo Medeiros; Jose Sette; Fernando Tavares; Daniel de Oliveira.

MEMÓRIA VIVA



Numeros 2 & 3

A Verdade Desconhecida

Parte II

Eu sabia quando li, que o poema do Sebastião Nunes ia criar um alvoroço, mas lutei muito pela Liberdade para não aceitar nunca mais qualquer tipo de censura! – Vamos tomar um café no gabinete do Dalton Canabrava que tenho certeza que o Paulo Navarro vai te divertir com suas preocupações mundanas... Neste momento aproxima-se de nós, a passos largos o neurótico Daniel Oliveira, a quem eu chamava de mate-leão, pois já vinha queimado, com a cara feia de quem sofrera uma grande descompostura, emburrado, o que não me causava espanto, pois é assim que ele sempre se apresentava. Mas hoje o que ele trazia no verbo não era o diário pedido de aumento de salário, nem as suas brigas íntimas... Eu já estava fora do carro quando ele chegou gesticulando com um jornal enrolado entre os dedos. Trazia nos lábios certo tremor, pois não conseguia falar o que queria... – O que houve Daniel? Perguntei... Podíamos sentir no ar o cheiro da carniça. Antes mesmo que ele pudesse me responder entrou em cena, com seu andar lento e pausado, o artista plástico Fernando Tavares, diretor e programador da grande e das pequenas galerias da casa. Ele surge como um gato por detrás das colunas que sustentam o foyer do grande teatro, me pega pelo braço e leva-me até a porta da sala do cineminha Humberto Mauro. Afasta-me dos outros para comentar o fato que agitava os corredores da Fundação: - Olha Mestre, o jornal Ponta de Lança foi distribuído para todos os departamentos aqui da Fundação e também da Secretaria de Cultura, ninguém sabe por quem e já tem gente dizendo que ele vai ser o motivo da sua exoneração..., agora todo cuidado é pouco. Pedro se aproxima e depois vem o Daniel, sempre querendo me dizer alguma coisa, mas primeiro ouvindo, espionando o teor de cada palavra... ele enche o peito e diz: – Estive agora com o Dalton e ele me disse estar preocupado com o que possa acontecer com todos nós se este jornal for distribuído. Ele me pediu para antes de você tomar alguma atitude precipitada ir ao seu gabinete... O nervoso Daniel conseguia finalmente passar o recado do chefe e ficou espantado quando dei uma gostosa gargalhada já entrando em minha sala de trabalho... Aproximo do meu amigo e digo – Pedro, onde se meteu o Wadin? Para onde foram os jornais que vieram da gráfica? – Estão chegando quentinhos... Entra na sala Osvaldo, artista plástico e o diagramador do jornal dizendo que estava no carro a edição completa do jornal Ponta de Lança sendo descarregada pelos funcionários da Fundação até a minha sala. Eram mais de 2.500 exemplares empilhados um por cima do outro ocupando, no final do carregamento, grande parte da sala. Ouve um silêncio tumular quando o ultimo fardo de jornais pousou em cima de minha mesa. Todos os funcionários estavam constrangidos, todos já haviam lido ou ouvido sobre o poema (dito pornográfico) do Sebastião Nunes. - O que devemos fazer com esses jornais? Perguntou um funcionário... Luis Carlos Pires, velho comunista produtor de cinema e que ora assessorava a superintendência junto com o Paulo Navarro, entrou na minha sala transmitindo a ordem que veio de cima: - Todos os jornais devem ser recolhidos e nada poderá ser distribuído... Essas são as ordens da Ângela Gutierrez para o Dalton! Ela é a nossa secretária da cultura e prestem atenção que neste momento ela está almoçando com o governador e na certa está lendo para ele o poema do Sebastião, não há nada que possamos fazer, disse-me constrangido... – Abaixo a censura! Gritou Osvaldo Medeiros. – Porcos chauvinistas! Repicou Fernando Tavares... Todos começaram a falar - inicia-se uma algazarra, pensei um tempo, me levantei de supetão e pedi silêncio e falei: – Quero dizer que não venho construindo a minha história com atitudes covardes, ou como se diz aqui em Minas, cautelosas. Não vamos deixar que a burrice do governo censure um poema, um jornal, ou qualquer outra coisa, se é que é em um estado democrático de direito que pretendemos viver e trabalhar. Por isso peço aos meus funcionários que mantenham a rotina, distribuam por toda a parte, por tod os meios, o jornal, eu sou o único responsável por essa ação, essa afronta ao sistema em nome da nossa liberdade fica por minha conta.
Enquanto saiam os jornais para as bancas tradicionais da cidade, livrarias e a postagem para o correio pela mala direta da Fundação, eu peguei um dos pacotes com 50 exemplares, como sempre fiz em cada edição que saia do forno e caminhei para o gabinete do jovem superintendente. O Dalton só tinha notícias do jornal quando ele já estava pronto. Assim que eu chegava com o pacote no gabinete, ele, o Paulo e o Luis retiravam alguns exemplares cada e mandava a secretária remeter o resto para os amigos e admiradores.
Caminhei lentamente pelo corredor que separava a minha sala da superintendência como quem caminhava para o cadafalso. Dizia pra mim mesmo, me convencendo: - Basta de tamanha mediocridade! Muitas rainhas e poucas saúvas os males dessa casa são! A cada passo eu tinha a certeza do meu caminho. Romper as barreiras do servilismo e sair em defesa de uma utopia cultural, mesmo que isso custasse a mim o meu generoso salário mensal.
Não seria a primeira vez, nem seria a última.

sábado, 11 de dezembro de 2010

MEMÓRIA VIVA


número 0 & número 1

PONTA DE LANÇA

Remexendo em velhos papeis guardados no meu baú, deparei-me com a edição completa do jornal mensal Ponta de Lança que criei quando fui diretor do Palácio das Artes em Belo Horizonte no ano de 1988.
Estavam ali pois, depois de 22 anos guardados, o tablóide que revolucionou, em suas 5 edições, o panorama cultural belorizontino a tal ponto que foi censurado e provocou a minha demissão.
O governador de Minas era então o senhor Newton Cardoso, que começou o seu governo convidando Darcy Ribeiro para implantar as escolas de tempo integral no estado. Depois me convidou para ser o diretor da Fundação Clovis Salgado. Hesitei, a princípio, pois estava envolvido nos meus projetos de cinema, acabava de voltar do Festival de Cinema de Berlim, mas achei também que era uma oportunidade única para colocar na prática muito das minhas teorias sobre a importância da divulgação e consolidação da vanguarda criativa que havia conseguido sobreviver aos 20 anos de ditadura militar.
Antes mesmo de ser nomeado, a pressão contrária ao meu nome era grande nos meios políticos e administrativos do governo. Hoje sei que meus inimigos eram muitos – alguns por medo e outros por covardia, mas a maior parte era por inveja e ciúmes.
Não me arrependo de nada que fiz. Nunca fui um radical, em qualquer circunstância. Quando recebi o telefonema do governador me comunicando da impossibilidade de me manter no cargo, compreendi o seu medo e o seu recuo. Ele já havia desistido de renovar os quadros do Estado, havia dispensado o professor Darcy Ribeiro e se alinhava ao que de pior havia em Minas.
Fiz como fez o professor Darcy, não dei asas à polêmica e voltei para o Rio de Janeiro, ao meu cinema. Mas na época escrevi um texto que hoje encontrei junto com a coleção.

A VERDADE DESCONHECIDA

Terça-Feira, maio de 1988, tudo parecia normal. Abri os jornais de Minas e pelas notícias e manchetes, pude notar que o Governo de Minas, para quem eu trabalhava, ia de mal a pior.
Tive vontade de ficar em casa. Acendi um cigarro enquanto tomava o meu cafezinho pingado. Um pássaro do peito amarelo pousou na minha janela e pareceu-me dizer que todos estavam de olho em mim. - Seria um presságio? Perguntei-me estarrecido em voz alta espantando o pássaro que saiu batendo as fortes asas contra o vento frio da manhã na Rua Gramogol do bairro Sion.
Lia todos os jornais disponíveis para me informar sobre o renascer, em um país agora democrático, o espírito libertário do nosso povo. Mas tudo me parecia ser como antes fora, era como se nada houvesse mudado. Só não mais me sentia perseguido pela polícia do Dops – Ah! A nova república e os mesmos enganos do passado, nada de novo, que merda! Pensava enquanto dirigia meu velho carro no trânsito agitado da capital mineira. Chovia uma garoa fina paulista em todo Belo Horizonte quando cheguei aos portões de ferro da Fundação que ficava encravada no belíssimo Parque Municipal. Assim que os portões foram abertos, pude reparar a agitação do meu editor, produtor, jornalista e poeta Pedro Maciel, que estava molhando-se na garoa e agitadando-se nas nuvens, com seu andar elétrico, caminhando de um lado ao outro do jardim interno onde ficava o estacionamento. Quando ele me viu agitou-se mais ainda estendendo para cima seus longos braços para mim saudar. Apressado aproximou-se do carro e antes que eu pudesse sair, abriu a porta e sentou-se ao meu lado e foi logo dizendo que estava assustado com a recepção interna dessa nova edição do jornal Ponta de Lança . Mostrava-me o exemplar que estava em suas mãos: - Esta edição mal saiu do forno e já provoca uma estrondosa polêmica... Estou preocupado Zé! – Tenha calma! Estamos fazendo história, disse a ele saindo do carro.

sexta-feira, 10 de dezembro de 2010

Poema


Confissão

posso ser morto
tenho grande dívida com o sistema
não posso pagar
assim vou morrer de fome
fome de desejos novos
nos dejetos recolhidos no lixo
há fome na tevê
nos despejos
do artista sem ter onde morar
na família ressentida perdida
na praça ou debaixo da ponte
há fome mesmo
nas lavouras abandonadas
nas matas e nas queimadas
nos cenários das cidades esquecidas
há fome nos fornos de carvão
há crianças perdidas numa montanha de fezes
pintadas de preto
tornando-se polibandidos
massacrados inocentes aflitos
neófitos de mentes arrasadas
há fome de tudo quanto o choro
de todos derramado pela fome da vida
possamos ter ou seja quase nada
quando sabemos que muitos vivem muito bem
conservados nas distantes tradições oligárquicas
com seus bens absurdos e de mal gosto
cercados por um batalhão de escravos mal pagos
brancos índios negros e mestiços pouco importa
que comem de segunda a segunda
o resto desta industria suculenta
feijoadas e sangrentos churrascos
plebe ignara e arrependida desejando ser burguês
robôs que vagam nos diversos níveis do tempo eterno
nos labirintos palacianos e nas cachoeiras de serpentes
mundo que cai no lamaçal do seu espaço-tempo
remexendo a informação
dirigida aos débeis mentais
todos jornais e todas as mídias
mentem com a verdade dos fatos
maldosamente mentem
a favor do cruel capital
o maioral do norte
dando o troco para o otário de plantão
dementes nas primeiras flores do capital
nos juros invariavelmente mente até a morte
imenso e insano continente
ganância e dívida que não posso pagar
amém!

quarta-feira, 8 de dezembro de 2010

Império da bandalheira

Paulo César Pereio 1975 - Filme Bandalheira Infernal
Opinião

Destrua esse cara antes que ele desmoralize todo o sistema...
Não estou espantado com o desespero e com a contra ofensiva dos países que professam o capitalismo neoliberal como a única forma democrática de governo e que são considerados símbolos do poder, do luxo e da nobreza, pois é ali que vivem os mandatários de tão cruel missiva que os Estados Unidos e a Inglaterra armaram com o apoio da Suécia, contra um homem só. Criaram um mal estratagema para prender o cara, o louco Julian, o destemido herói australiano que colocou na imprensa livre da internet as correspondências secretas dos prepotentes embaixadores americanos espalhados pelo mundo. O pânico invadiu os gabinetes do pentágono. Muitos mais documentos comprometedores podem surgir de repente, em qualquer momento, que criem situações muito mais constrangedoras para o sistema de dois países que há mais de séculos dominam o mundo monetário internacional. Morei um ano em Londres e sei muito bem como a elite financeira de Bank trata os negros e os latinos de Nothing Hill Gate.

Memórias

Remexendo em velhos papeis chegou-me aos olhos dois poemas de Waly Salomão. Um deles é propício ao momento vivido.

(Publicado no Suplemento Literário n.73 julho 2001, Secretaria de Cultura - MG, com interferência de Guilherme Mansur)

Arte Anti-Hipnótica

Mal a barra do dia rompia
saía pra rua
a caçar trabalho.
Lavrador desempregado
morador de casebre
3 cômodose
em Araçatuba
cumpre pena de prisão domiciliar
por furto de luz
do programa de energia rural
para população de baixa-renda
4 lâmpadas
sendo que duas queimadas
e uma geladeira imprestável.
Sem dinheiro para pagar a conta
teve o marcador de quilowatts arrancado.
Um compadre compadecido armou o “Gato”.
70 anos incompletos
Não compareceu ao fórum
pois só possuía chinelo
despossuia sapato e roupa decente.

Aqui firma e dá fé um Bertold Brecht de arrabalde:
o sumo do real extraído da notícia do jornal:
a arte ilusória
idílica
hipnótica
do fait divers.

terça-feira, 7 de dezembro de 2010

Crônicas do Cotidiano

Até amanhã.

É uma sensação entrar, flanar, flertar nos salões da vida ao lado de quem a seu lado estiver quanto mais tempo melhor. Pode até ser quanto mais tempo de conhecidos apenas. Acredito que o que mais vivemos plenamente é um ciclo de gerações e realmente cada um no seu e na sua. Sempre defendi o conceito de geração desde que o aprendi na sociologia americana.Acho que é a única forma de recortarmos sem perdê-lo o conceito de classe, a grande criação do gênio humano nos estudos sociais. Ler Marx é uma revelação. Opositores pressurosos só sabem dizer besteira a respeito. Os usuários políticos para o bem ou para o mal tampouco não o conhecem ao todo, pescam ali e aqui o que lhes interessa no momento e mandam ver a seu modo e vício.O projeto, a perspectiva de uma vida igualitária elimina qualquer possibilidade em nenhuma instância de submissão de qualquer um a qualquer outro. A liberdade humana individual é intangível e irrefreável como a água que sempre corre para onde quer, debalde botar-lhe paredes.Não li tudo, na verdade muito pouco. Não posso ser massivamente inundado por revelações. De preferência uma a cada década. Não combina com os acelerados dias de hoje mas também não sou de agora. Nascido em 44 e socialmente em 64 mantenho a cabeça de lá neste corpo de cá. Vamos os dois muito bem, envelhecendo sem envilecer. Nem por um segundo fui vil.Errar é humano, perseverar no erro é ser burro, reza a tradição, as tradições me são muito caras. Não posso, ninguém deve arrepender-se de nada que vivemos, não seria justo, não se tem outra vida, é só uma, só essa. Estamos bem empatados com os desafios da vida.Perdi ganhei meu dia, diz o poeta. Tá de bom tamanho. Chega o tempo das reminiscências não para reclamar, nem para louvar, apenas para seguir na busca ao imaginário fio da existência, o fio da memória. Ajuda-me demais o fio marxista ele mesmo que, como se sabe, Marx precisou dizer a todos que não era marxista pois, claro, era ele o próprio, era o criador, não a criatura.Nunca li e provavelmente nunca lerei seus escritos de economia, conheço minhas limitações. Tive enorme prazer nos estudos históricos e sociais. É uma bem aventurança as palavras irem abrindo os escaninhos de nossas mentes e então podemos ver o mundo com todas as múltiplas cores sendo iguais que o compõem.Nada é apenas aquilo. Cada aquilo desdobra-se em miríades de aquilos que giram como planetas ou como átomos no sistema local, mundial ou planetário. Assim como as pessoas, as espécies, a vida e a natureza se transformam, uma coisa virando outra, por que seria diferente com as sociedades ou os grupos sociais?A história se move. Não como a queremos cada um mas no conluio bélico ou pacífico de todos os habitantes do planeta. Nem tudo é possível, há que contentar-se com o tempo e a hora. Nada acontece de fora pra dentro, a não ser a indesejada das gentes. A que não se deve nomear, sob pena de atraí-la, a morte.Destaco a simplicidade do 18 Brumário e sua descrição da consciência como surge na realidade. O real é a única instância do universo. Parente da outra peça notável que é a sua correspondência jornalística que narra a guerra de independência americana, aquele aqui e agora em que a colonia bate a metrópole. Dia a dia como o jornal podemos acompanhar a batalha da guerra econômica, é lindo.Superada para mim a questão do determinismo graças a Althusser, antecipado entre nós no Brasil pelo Giannotti. Não encontro o livro, aliás não encontro nada quando quero, papéis e livros espalhados e empilhados aleatòriamente pela casa. Depois achei, nem tudo está perdido: José Arthur Giannotti, ?Origens da dialética do trabalho?, DIFEL, São Paulo, 1966. Também de 66 é meu primeiro filme ?Paixão?.A determinação que é real se dá somente em última instância na composição das forças econômicas, históricas e sociais. Lance de gênio: é a sobredeterminação que não é previamente determinada, ela é a resultante. Quando duas pessoas distantes descobrem a mesma coisa é porque é real. E vê-la e ver-nos em movimento é preciso, senão ficamos como paquidermes no pântano, e nós humanos em certas horas ao invés deles nem devemos fazer marola senão nos entram as coisas pela bôca.O único luxo a que não pode permitir-se a civilização é estagnar-se e no entanto vivemos socialmente como há muito tempo, como há tanto tempo. Aqui e ali nada mudou. Corremos muito, somos muito mais velozes, mas para onde corremos? Para a indesejada das gentes, a que não se deve nomear, sob pena de atraí-la, a morte?Todo ser humano é em tudo e por tudo igual a qualquer outro ser humano em qualquer parte do mundo. Se isto não é uma premissa teórica indispensável, minha avó é bicicleta. Não deixa de ser; a bicicleta foi e volta a ser um veículo extensivo do corpo humano e dificilmente mata embora se bobear mate.Não me digam que também o é o carro ou o avião. Fossemos feitos para voar nasceríamos com asas. Inventá-lo foi a proeza extraordinária de um nativo visionário que morreu de desgosto ao ver sua invenção a serviço da indesejada das gentes, a que não se deve nomear, sob pena de atraí-la, a morte.Saio da vida para entrar na história: mané! Saímos todos da vida, otário, nós e você que em vida foi um matador cruel e minucioso de vidas. Entraste sim para a história, para a história do genocídio humano geral e individual a exclusivo critério destas mentes satânicas desviadas do mínimo respeito à convivência e à sociabilidade que são as mais básicas componentes da nossa condição humana.Ao promovermos a inominável deixamos de ser humanos, de ser animais. Viramos plantas ou pedras? Não! Nelas enxergo mais vida que nos carrascos, os que se atrevem ao maior pecado que é infligir violência ao semelhante e na vida sobre a terra somos em tudo assemelhados. Talvez até no sistema planetário, nas galáxias, enquanto houver luz ou até nos buracos negros além dos nossos.Escrevo a história de uma vida, a que mais e melhor conheço, a minha. Se não traí-me revelo para todos um pé da vida. Se trair-me, bem, também terá sido minha a vida. Descuidei-me, o cabelo cobriu-me a cara, pensei que estava sonhando.Um estalo com os dedos despertou-me como se tivesse sonhado. Não sonho. Dizem que sim, todo mundo sonha, apenas não lembro que sonhei. E se não lembrar, não sei. Despeço-me de quem sou? Não, de quem fui, sem deixar de ser o ter sido. Para mim está bom, está muito bom, está ótimo. Até amanhã.
Sergio Santeiro
(santeiro@vm.uff.br).

NOTÍCIA DO RIO DE JANEIRO

NEBLINA 68

Em 1968 jovens estudantes da Associação Cristã de Moços, da Lapa, Rio de Janeiro, fizeram um curta metragem em 16mm, intitulado Neblina. O filme foi premiado no Festival de Cinema do Jornal do Brasil - 68, realizado no Cine Paissandu.
Era uma obra de ficção mostrando o impacto dos primeiros anos da ditadura militar sobre a juventude brasileira. A maior parte das cenas foram rodadas onde hoje é o
Parque das Ruínas, em Santa Tereza.
Neblina sumiu. As cópias e os negativos sumiram... De repente, um dos atores do filme descobre, no armário do seu pai recém falecido, uma cópia em película.
No dia 12 de dezembro de 2010, às 16 horas,
42 anos depois, o Parque das Ruínas vai mostrar essa raridade.
Um filmemória que espelha o passado desse local encantado da nossa maravilhosa cidade.
Local que acolheu a magia de artistas inesquecíveis.
Espaço preservado, aberto como um presente, para cariocas e visitantes.

RUA MURTINHO NOBRE - SANTA TEREZA

Não percam.

NEBLINA

Ficha Técnica:
Obs. a cópia salva não tinha os créditos finais. Quem puder colaborar para completar a lista abaixo e também passar contatos de pessoas que participaram do filme, agradecemos.
Direção: Noilton NunesProdução: Anselmo Serrat - Luis Octávio - Fotografia: Flavio Chaves Musica: Paulo Cesar Willcox - Zé Bola

(Melhor Musica Original - Festival JB 68)

Elenco:
Ana Maria Belucci - Kleber Lesaige - Francisco José Freire - Ana Maria Freire - Ana Lúcia Avelino - Nely - Odilon Correa Noelton Nunes - Carmem - Nancy - José Luis - Geraldo Macarrão - Clarisse - Djalma - Cesar - Tetê - Tânia - Natan

noiltonunes@hotmail.com21
parquedasruinas@gmail.com

domingo, 5 de dezembro de 2010

Opinião


LIBERDADE AGORA

Respondendo aos emeios recebidos, muitos me criticando, quero explicar como na prática formaliza-se, através de uma estória, o conceito da palavra Liberdade.

Tenho um velho amigo, que bebe muito pouco, se alimenta com equilíbrio, não gosta de esportes, andar e correr no calçadão, academias de ginásticas, etc., mas todo o dia, depois do trabalho, vai tomar um banho de mar. O cara tem 65 anos e tem uma saúde de ferro. Acorda por volta de 11.00 horas, toma um suco de frutas e vai para o trabalho. Ele é professor, dá aulas de 13.00 as 22.00 horas. Durante os períodos das aulas ele se alimenta com sanduíches naturais, sucos e café com leite. No intervalo do dia para noite ele almoça, come arroz, feijão, verduras e as vezes um ovo cozido ou um filé de peixe. Terminado o período noturno ele vai religiosamente ao boteco, onde encontra alguns amigos e toma a sua cerveja, pois a sua boca geralmente está muito seca. Chega em casa por volta das 24.00 horas. Dorme por volta de 5.00 horas da madrugada no máximo, diz que tem horror de dormir depois que o dia amanhece. Seria uma história comum se ele não fumasse dois cigarros de maconha por dia. Um baseado antes de sair de casa e outro quando retornava.Um dia, comprando algumas gramas em uma boca de fumo, que era a sua reserva mensal, foi surpreendido por um tiroteio entre os bandidos e a polícia e quase sai dali morto ou preso. Resolveu então fazer uma plantação em seu apartamento e quando os pezinhos da cânabis tomaram vida, um amigo seu, também professor, teve o seu apartamento invadido pela polícia e foi preso com o filho. Ele ficou, a partir desse caso, paranóico e amedrontado com a repressão e arrancou todos os doze pezinhos das selecionadas sementes vindas da Holanda, triturou todos os pezinhos no liquidificador, bebeu um pouco daquele xarope verde de gosto amargo, colocou o resto na geladeira e foi, chateado com o acontecido, dar as suas aulas. O professor fumava tabaco desde a sua adolescência, na sua juventude trocou de cigarros – fumava mais de vinte cigarros de tabaco por dia e passou a fumar dois de maconha – e não podia ficar agora, depois de tantos anos, sem o seu prazer predileto... Teria que correr o risco e voltar à maldita boca de fumo.

Conto esse caso para dizer o quanto a nossa civilização é escrava de um sistema preconceituoso, repressivo e fascista quando o assunto é a Liberdade.

O professor gostava de dizer que só devia ser proibido roubar e matar - Embora matar é também roubar a vida, dizia ele: - O estado deveria libertar os seus cidadãos destes grilhões e libertar os seus contribuintes deste atentado contra a sua liberdade individual. Se não sou bandido, se trabalho, se pago meus impostos, se estudei e tenho perfeito domínio de meu intelecto, tenho o direito sagrado de fazer comigo, com meu corpo, o que eu quiser. Quem pode me proibir de me matar? Mas sei que não posso roubar a vida de ninguém. Eu acho que se o homem quiser beber até cair; fumar até se entupir; se drogar até sucumbir; é seu direito e ninguém tem o direito de reprimir. Pode-se aconselhar o suicida a se tratar, mas nunca levá-lo a força a um hospital se ele tem plena consciência daquilo que ele é, pois, se não, ele acaba fazendo como fizeram o poeta português Mario de Sá Carneiro e o compositor brasileiro Assis Valente. Um se matou com veneno em um hotel de Paris e o outro no Rio de Janeiro tomando formicida com guaraná num boteco da Lapa. Dois gênios da arte. Quantos outros mais fizeram o mesmo? É chegada à hora de se libertar o homem aos seus mais íntimos desejos. Legalize tudo que ainda não foi legalizado e estaremos dando um passo fundamental rumo a Liberdade de se ter a desejada consciência do imponderável.

sábado, 4 de dezembro de 2010

Notícia

Visite a Biblioteca Digital Mundial

Reúne mapas, textos, fotos, gravações e filmes de todos os tempos e explica em sete idiomas as jóias e relíquias culturais de todas as bibliotecas do planeta.Entre os documentos mais antigos há alguns códices precolombianos, graças à contribuição do México, e os primeiros mapas da América, desenhados por Diego Gutiérrez para o rei de Espanha em 1562", explicou Abid.Os tesouros incluem o Hyakumanto darani , um documento em japonês publicado no ano 764 e considerado o primeiro texto impresso da história; um relato dos azetecas que constitui a primeira menção do Menino Jesus no Novo Mundo; trabalhos de cientistas árabes desvelando o mistério da álgebra; ossos utilizados como oráculos e esteiras chinesas; a Bíblia de Gutenberg; antigas fotos latino-americanas da Biblioteca Nacional do Brasil e a célebre Bíblia do Diabo, do século XIII, da Biblioteca Nacional da Suécia.

A Biblioteca Digital Mundial já está disponível na Internet, através do sítio: www.wdl.org

O acesso é gratuito e os usuários podem ingressar directamente pela Web , sem necessidade de se registrarem. Permite ao internauta orientar a sua busca por épocas, zonas geográficas, tipo de documento e instituição. O sistema propõe as explicações em sete idiomas (árabe, chinês, inglês, francês, russo, espanhol e português.

Visite Arqueologia Histórica em:http://arqueologiadigital.com/groups/group/show?id=1988290%3AGroup%3A813&xg_source=msg_mes_group