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terça-feira, 24 de julho de 2012

NOTA E INFORMAÇÃO

Meus caros leitores amigos, por estar envolvido em uma campanha política, eu não poderei manter a periodicidade deste blog. Peço desculpa aos meus amigos e prometo estar retornando diariamente com novas postagens a partir de outubro. Enquanto isso vou postando quando o tempo ocioso me permitir novamente este prazer.



O inesquecível Jece Valadão carrega nos braço a maravilhosa atriz brasileira Norma Bengell no filme Os Cafajestes do diretor Rui Guerra de 1962 (se não me engano).
O DINHEIRO OCULTO
Em um momento em que muitas das principais economias do mundo enfrentam duras medidas de austeridade, um estudo mostra que alguns poucos cidadãos continuam se dando ao luxo de manter suas fortunas intactas, longe das garras afiadas das autoridades tributárias.A elite global super-rica somou pelo menos US$ 21 trilhões escondidos em paraísos fiscais até o final de 2010, segundo o estudo The Price of Offshore Revisited, escrito por James Henry, ex-economista-chefe da consultoria McKinsey, e encomendado pela Tax Justice Network.A valor é equivalente ao tamanho das economias dos Estados Unidos e Japão juntas.Segundo Henry,o valor é conservador e poderia chegar a US$ 32 trilhões.O estudo também lista os 20 países onde há maior remessa de recursos para contas em paraísos fiscais. No topo da lista está a China, com US$ 1,1 trilhão, seguida por Rússia, com US$ 798 bilhões, Coréia do Sil, com US$ 798 bilhões, e Brasil, com US$ 520 bilhões (ou mais de US$ 1 trilhão).James Henry usou dados do Banco de Compensações Internacionais, do Fundo Monetário Internacional, do Banco Mundial e de governos nacionais.Seu estudo trata apenas de riqueza financeira depositada em contas bancárias e de investimento, e não de outros bens, como imóveis e iates.O relatório surge em meio à crescente preocupação pública e política sobre fraude e evasão fiscal. Algumas autoridades, inclusive na Alemanha, têm até pago para obter informações sobre supostos sonegadores de impostos.Henry disse que o movimento de dinheiro dos super-ricos em todo o mundo é feito por "facilitadores profissionais nas áreas de private banking e nas indústrias de contabilidade, jurídica e de investimento"."As receitas fiscais perdidas são enormes. Grandes o suficiente para fazer uma diferença significativa nas finanças de muitos países"."Por outro lado, esse estudo é realmente uma boa notícia. O mundo acaba localizado a uma pilha enorme de riqueza financeira que pode ser chamada a contribuir para a solução dos nossos mais prementes problemas mundiais", disse ele.John Christensen, diretor da Tax Justice Network, afirmou à BBC Brasil que as elites de países que hoje enfretam crises, mais especificamente a Grécia, têm uma longa tradição de envio de recursos para paraísos fiscais.Segundo ele, os tributos que poderiam ser recolhidos sobre o dinheiro em paraísos fiscais seria "mais do que suficiente para manter os serviços públicos e erradicar a pobreza nestes países""Eu e outros economistas vimos dizendo que austeridade é uma questão de escolha. Há muitos anos, os governos sabem que há recursos em paraísos fiscais. Nós apenas quantificamos isso. Mas muitos governantes optam por não taxar estes recursos. Até porque eles próprios estão entre os que remetem para os paraísos fiscais".

segunda-feira, 23 de julho de 2012

Resposta Não Remetida


Meu caríssimo amigo,
Quando outro dia sai de casa e fui tomar café, um só pensamento me atormentava a cabeça: na cidade: com a eleição se aproximando, não é possível conceber que os vários segmentos sociais não se pronunciem sobre as suas mazelas – habitação, saneamento, segurança, saúde, educação, cultura, etc., são questões sociais que merecem serem discutidas. No meu caso, a política cultural é a que mais me assusta. Preocupa-me pelas visões distorcidas que sobre ela possam existir. Assim passei a nortear o rumo da nossa conversa sobre o que ele achava importante em uma reforma cultural para o próximo governo. Foi ele que me instigou a escrever um manifesto, ele não escreveria, disse-me. Estávamos conversando quando você chegou. Falamos e falamos... Voltei para casa e, de um fôlego só, escrevi aquele texto que lhe mandei. Não achei que estava ali o Manifesto que todos deveriam assinar. Longe disso. Por conhecer o meio em que convivo a mais de 40 anos, sei que é muito difícil, se não impossível, atender a todos os sonhos utópicos de todos os artistas. Mais calar-me jamais!
Quanto as suas observações a respeito de ideologias, não as tenho, elas estão na minha cabeça em constantes mutações. Não acredito em partidos, templos, exércitos e outras seitas... Penso sempre em Trotski e na sua revolução permanente quando observo a vida com a ótica da política de esquerda.
Participei de milhares de reuniões durante toda a minha vida e, da mesma maneira que você informa-me na sua resposta, não acredito no saber cultural do homem político, entregamos cartas, manifestos, com reivindicações e projetos que nunca foram postos em prática. Mas enquanto estivermos vivos continuaremos tentando, não é?
Eu só quis manifestar, no texto remetido, os 7 itens que julgo agora importante de serem discutidos para um projeto novo de política cultural.
Sei que é preciso dar aos candidatos (independente das ideologias de cada um) os caminhos das reformas verdadeiras no necessário incentivo a todas as manifestações culturais da cidade, mesmo sabendo que dificilmente eles conseguirão entender a importância destas reivindicações.
O meu texto (Itajuru) é só um estopim para uma carta urgente dos artistas ao futuro prefeito, nada mais que isso. Pode ser que como todas as outras ela não seja persuasiva e não emocione ninguém, mas não custa novamente tentar fazer a diferença.
Estou à disposição para qualquer conversa e assino qualquer carta e ou manifesto que contenha e defenda os interesses de uma classe tão massacrada como a nossa.
Um grande abraço

domingo, 22 de julho de 2012

Achados e Perdidos

Livro profano editado pela Bertrand portuguesa me chegou por emeio. Fique escandalizado!

OREMOS IRMAÕS........

NOTA: Alguém se esqueceu aqui de fazer referências aos BORGIA'S.... E há um erro grosseiro: João XXIII (1415)
São mais de 300 páginas com centenas de histórias pouco santas sobre a vida sexual dos Papas da Igreja Católica. O livro do jornalista peruano Eric Frattini, recém-chegado às livrarias portuguesas e editado pela Bertrand, percorre, ao longo dos séculos, a intimidade secreta de papas e antipapas, mas não pretende causar "escândalo". Apenas "promover uma reflexão sobre a necessária reforma da Igreja ao longo dos tempos".
O escritor admite, aliás, que alguns dos relatos possam ter sido inventados, nas diferentes épocas, por inimigos políticos dos sumos pontífices. Lendas ou verdades consumadas, no livro "Os Papas e o sexo" há de tudo. Desde Papas violadores e zoofílicos a Papas homossexuais e fetichistas, além de Santos Padres incestuosos, pedófilos ou sádicos, passando por Papas filhos de Papas e Papas filhos de padres.
Alguns morreram assassinados pelos maridos das amantes em pleno acto sexual. Outros foram depostos do cargo, julgados pelas suas bizarrias sexuais e banidos da história da Igreja. Outros morreram com sífilis, como o Papa Júlio II, eleito em 1503, que ficou na história por ter inventado o primeiro bordel gay de que há memória.
Bonifácio IX deixou 34 filhos, a que chamava, carinhosamente, de "adoráveis sobrinhos". Martinho V encomendava contos eróticos, que gostava de ler no recolhimento do seu quarto.
Paulo II era homossexual e Listo IV, que cometeu incesto com os sobrinhos, bissexual. Inocêncio VIII reconheceu todos os filhos que fez e levou-os para a Santa Sé. Um deles tornou-se violador. João XI (931-936) cometeu incesto com a própria mãe, violava fiéis e organizava orgias com rapazes.
Sérgio III teve o infortúnio de se apaixonar por mãe e filha e não esteve com meias medidas: rendeu-se à prática da ménage à trois. Bento V só esteve no Governo da Igreja 29 dias, por ter desonrado uma rapariga de 14 anos durante a confissão. Depois de ser considerado culpado, fugiu e levou boa parte do tesouro papal consigo.
João XIII era servido por um batalhão de virgens, desonrou a concubina do pai e uma sobrinha e comia em pratos de ouro enquanto assistia a danças de bailarinas orientais. Os bailes acabaram quando foi assassinado pelo marido de uma amante em pleno acto sexual. Silvestre II fez um pacto com o diabo. Era ateu convicto e praticava magia. Acabou envenenado.
Dâmaso I, que a Igreja canonizou, promovia homens no ciclo eclesiástico, sendo a moeda de troca poder dormir com as respectivas mulheres. Já o Papa Anastácio, que tinha escravas, teve um filho com uma nobre romana, que se viria a tornar no Papa Inocêncio I (famoso pelo seu séquito de raparigas jovens). Pai e filho acabaram canonizados.
Leão I era convidado para as orgias do Imperador, mas sempre se defendeu, dizendo que ficava só a assistir. Mesmo assim, engravidou uma rapariga de 14 anos, que mandou encerrar num convento para o resto da vida. Bento VIII morreu com sífilis e Bento IX era zoófilo. Urbano II criou uma lei que permitia aos padres terem amantes, desde que pagassem um imposto.
Alexandre III fazia sexo com as fiéis a troco de perdões e deixou 62 filhos. Foi expulso, mas a Igreja teve de lhe conceder uma pensão vitalícia, para poder sustentar a criançada.
Gregório I gostava de punir as mulheres pecadoras, despindo-as e dando-lhes açoites. Bonifácio VI rezava missas privadas só para mulheres e João XI violou, durante quatro dias, uma mãe e duas filhas. Ao mesmo tempo.
(continua)
1. João Paulo II
Acusado de ter um filha secreta
Em 1995, o norte-americano Leon Hayblum escrevia um livro polémico, em que dizia ser pai da neta de João Paulo II. Durante a oupação nazi da Polónia, Wojtyla terá casado, secretamente, com uma judia. Do enlace nasceu uma rapariga, que o próprio pai entregou, com seis semanas, a um convento local. No seu pontificado especulou-se muito sobre as namoradas que teve antes do sacerdócio. O Papa admitiu algumas, mas garantiu nunca ter tido sexo. No Vaticano, fazia-se acompanhar por uma filósofa norte-americana, Anna Teresa Tymieniecka, com quem escreveu a sua maior obra filósofica. Acabaram zangados, supostamente por ciúmes.
2. Paulo VI
Homossexual?
Assim que chegou ao Vaticano, Paulo VI mostrou-se muito conservador em relação às matérias ligadas à sexualidade. Em 1976, indignado com as declarações homofóbicas de Paulo VI, um historiador e diplomata francês, Roger Peyrefitte, contou ao mundo que, afinal, o Papa era homossexual e manteve uma relação com um actor conhecido. O escândalo foi tremendo: Paulo VI negou tudo e o Vaticano chegou a pedir orações ao fiéis do mundo inteiro pelas injúrias proferidas contra o Papa. Paulo VI morreu em 1978, aos 81 anos, depois de 15 pontificado, vítima de um edema pulmonar causado, em boa parte parte, pelos dois maços de cigarros que fumava por dia.
3. Inocêncio X
Amante da cunhada
Eleito no conclave de 1644, Inocêncio X manteve uma relação com Olímpia Maidalchini, viúva do seu irmão mais velho - facto que lhe rendeu o escárnio das cortes da Europa. Inocêncio X não era, aliás, grande defensor do celibato. Olímpia exercia grande influência na Santa Sé e chegou a assinar decretos papais. A dada altura, o Papa apaixonou-se por outra nobre, Cornélia, o que enfureceu Olímpia. Mesmo assim, foi a cunhada quem lhe valeu na hora da morte e quem assegurou o funcionamento do Vaticano quando Inocêncio estava moribundo. Quando morreu, em 1655, Olímpia levou tudo o que pôde da Santa Sé para o seu palácio em Roma, com medo de que o novo Papa não a deixasse ficar com nada.
4. Leão X
Morreu de sífilis
Foi de maca para a própria coroação, por causa dos seus excessos sexuais. Depois de Júlio II ter morrido de sífilis, em 1513 chega a Papa Leão X, que gostava de organizar bailes, onde os convidados eram somente cardeais e onde jovens de ambos os sexos apareciam com a cara coberta e o corpo despido. O Papa gostava de rapazes novos, às vezes vestia-se de mulher e adorava álcool. "Quando foi eleito tinha dificuldade em sentar-se no trono, devido às graves úlceras anais de que sofria, após longos anos de sodomia", escreve Frattini. Estes e outros excessos levaram Lutero a afixar as suas 95 teses - que lhe garantiram a excomunhão em 1521. Leão X morreu com sífilis aos 46 anos.
5. Alexandre VI
O Insaciável
Gostava de orgias e obrigou um jovem de 15 anos a ter sexo com ele sete vezes no espaço de uma hora, até o rapaz morrer de cansaço. Teve vários filhos, que nomeou cardeais. Assim que chegou ao Papado, em 1431, trocou a amante por uma mais nova, Giulia. Ela tinha 15 anos, ele 58. Foi Alexandre VI quem criou a célebre "Competição das Rameiras". No concurso, o Papa oferecia um prémio em moedas de ouro ao participante que conseguisse ter o maior número de relações sexuais com prostitutas numa só noite. Depois de morrer, o Vaticano ordenou que o nome de Alexandre VI fosse banido da história da Igreja e os seus aposentos no Vaticano foram selados até meados do século XIX.
6. João XXIII
Violou irmãs e 300 freiras
Não aparece na lista oficial de Papas e acabou preso em 1415. O antipapa conseguia dinheiro a recomendar virgens de famílias abastadas a conventos importantes. Mas violava-as antes de irem. Tinha um séquito de 200 mulheres, muitas delas freiras. Criou um imposto especial para as prostitutas de Bolonha. Tinha sexo com duas das suas irmãs. Defendia-se, dizendo que não as penetrava na vagina e que por isso não cometia nenhum pecado. Foi julgado, acusado de 70 crimes de pirataria, assassinato, violação, sodomia e incesto. Entre outros factos, o tribunal deu como provado que o Papa teve sexo com 300 freiras e violou três das suas irmãs. Foi deposto do cargo e preso. Voltou ao Vaticano, anos mais tarde, como cardeal.
7. Bento IX
Sodomizava animais
Chegou a Papa em 1032 com 11 anos. Bissexual, sodomizava animais e foi acusado de feitiçaria, satanismo e violações. Invocava espíritos malignos e sacrificava virgens. Tinha um harém e praticava sexo com a irmã de 15 anos. Gostava, aliás, de a ver na cama com outros homens. "Gostava de a observar quando praticava sexo com até nove companheiros, enquanto abençoava a união", escreve Eric Frattini. Convidava nobres, soldados e vagabundos para orgias. Dante Alighieri considerou que o pontificado de Bento IX foi a época em que o papado atingiu o nível mais baixo de degradação. Bento IX cansou-se de tanta missa e renunciou ao cargo para casar com uma prima - que o abandonaria mais tarde.
8. Clemente VI
Comprou bordel
Em 1342, com Clemente VI chega também à Igreja Joana de Nápoles, a sua amante favorita. O Papa comprou um "bordel respeitável" só para os membros da cúria - um negócio, segundo os documentos da época, feito "por bem de Nosso Senhor Jesus Cristo". Tornou-se proxeneta das prostitutas de Avinhão (a quem cobrava um imposto especial) e teve a ideia de conceder, duas vezes por semana, audiências exclusivamente a mulheres. Recebia as amantes numa sala a poucos metros dos espaços em que os verdugos da Inquisição faziam o seu trabalho. No seu funeral, em Avinhão, foi distribuído um panfleto em que o diabo em pessoa agradecia ao Papa Clemente VI porque, com o seu mau exemplo, "povoara o inferno de almas".
9. Xisto III
Violou freira e foi canonizado
Obcecado por mulheres mais novas, foi acusado de violar uma freira numa visita a um convento próximo de Roma. Enquanto orava na capela, o Papa, eleito em 432, pediu assistência a duas noviças. Violou uma, mas a segunda escapou e denunciou-o. Em tribunal, Xisto III defendeu-se, recordando a história bíblica da mulher que foi apanhada em adultério. Perante isso, os altos membros eclesiásticos reunidos para condenar o Papa-violador não se atreveram a "atirar a primeira pedra" e o assunto foi encerrado. Xisto III foi, aliás, canonizado depois de morrer. Seguiu-se-lhe Leão I, que também gostava de mulheres mais novas e que mandou encarcerar uma rapariga de 14 anos num convento, depois de a engravidar.
10. João XII
Morto pelo marido da amante
Nos conventos rezava-se para que morresse. João XII era bissexual e obrigava jovens a ter sexo à frente de toda a gente. Gozava ao ver cães e burros atacar jovens prostitutas. Organizou um bordel e cometeu incesto com a meia-irmã de 14 anos. Raptava peregrinas no caminho para lugares sagrados e ordenou um bispo num estábulo. Quando um cardeal o recriminou, mandou-o castrar. Um grupo de prelados italianos, alemães e franceses julgaram-no por sodomia com a própria mãe e por ter um pacto com o diabo para ser seu representante na Terra. Foi considerado culpado de incesto e adultério e deposto do cargo, em 964. Foi assassinado - esfaqueado e à martelada - em pleno acto sexual pelo marido de uma das suas várias amantes.

sábado, 21 de julho de 2012

ACHADOS & PERDIDOS

UM DISCO IMPERDÍVEL
http://www.warnermusic.com.br/portal/AVA
Texto encontrado com uma grande entrevista com AVA ROCHA
http://bandadesenhada01.blogspot.com.br/2012/07/rebento-substantivo-abstrato.html
( No link acima você encontra a entrevista completa)
...
 BD – Havia me esquecido! Que nome formidável! Mas voltando à banda, como é o processo criativo de vocês? O que é delegado a cada um?
Ava Rocha – Cara, o processo não é assim linear, hierárquico, sabe? No caso especifico deste disco, do nosso primeiro trabalho, eu comecei me encontrando com o Emiliano e com a Nana, separadamente. Mas logo eles se conheceram. Mostrei minhas canções para o Emiliano, como “Só Uma Mulher”, que ele harmonizou, e outras, que ele desenvolveu no violão. Além de compor e ser muito generoso, o Emiliano também me ajudou a escolher várias canções que iriam compor o repertório da banda. Já a Nana, tem uma musicalidade muito especial. Ela trata o violoncelo com rebeldia, o que acabou incitando muitas descobertas sonoras. Nós nos identificamos muito, pela força feminina mesmo. Foi a Nana que propôs “Pra Dizer Adeus”. Ficamos por um tempo com este núcleo, só nós três. Trabalhamos muito, nos encontrávamos diariamente, amadurecendo as canções. Durante este processo, tivemos o Edson Secco, um músico e designer sonoro que inseria uns elementos eletrônicos. Depois, chamamos o Daniel. Eu pessoalmente não queria bateria, estava afim de algo mais estranho. O Emiliano então sugeriu o Daniel porque ele tem uma grande força inventiva. É um cara que pesquisa som, tem uma sensibilidade enorme, e já tinha uma ligação com a gente. Antes de formarmos a banda, tínhamos feito uma gravação de uma música do Emiliano, “Infinito Azul”, onde o Daniel fez as programações. Bom, então quando o Daniel veio, ele processou todo o repertório que já estava na mão e sugeriu uma canção sua, “Acorda Amor”. Depois o Edson saiu e o Daniel assumiu seu lugar. No fundo, são muitas nuances. Não tínhamos baixo. Durante um tempo nossos shows foram sem baixo, salvo em dois momentos que o Daniel saía da bateria e tocava. Nas apresentações, a Nana também abandonava o cello e tocava piano. Com o processo de gravação do disco, inserimos estes dois instrumentos, fomos agregando outras sonoridades. Agora estamos em uma nova etapa: os shows. O palco também é um campo fértil de experimentação e temos algumas novidades. Apresentamos canções que não entraram no disco e outras que ainda estão em fase de amadurecimento.
....
Ava Rocha – Para começar, acho que estou cantando melhor, parece que estou no mundo de um outro jeito e isto me ajuda a cantar, a estar, a ser... é uma outra sensação. Também estou muito inspirada e reflexiva. É muito difícil passar por esta fase de forma indiferente. Isso não quer dizer que as coisas estão diretamente ligadas à gravidez. Mas acabei de dirigir um clipe com o meu irmão, o Eryk Rocha, da canção “Filha da Ira” que é uma homenagem à minha filha, que vai se chamar Uma. Antes mesmo de engravidar, fiz uma canção [ainda inédita] para ela. Um dia, quando você escutar, você vai entender... Fora isso, é um momento de muito amor na minha vida, onde eu e meu marido [o músico Negro Leo] nos preparamos para a chegada de Uma, além de estarmos vivenciando uma união criativa muito intensa.

quinta-feira, 19 de julho de 2012

AMANHECER

VERDE QUE TE QUERO VERDE

Sabe aqueles dias que você acorda e não tem vontade de levantar da cama e ao abrir os olhos tudo em volta parece contribuir para o caos real de um mundo que se acaba embora imóvel e nada mesmo mais interessa a não ser dormir e sonhar. Sabe? Pois é, acordei assim.
Levanto com muito esforço o corpo cansado. Durmo sem roupa. Vou andando nu até a varanda e contemplo a vida. Estou cercado de várias tonalidades de verde. Verde do terreiro repleto de árvores e plantas floridas em contraste com o branco da casa que moro. Verde da mata que cobre no outro lado o morro sinuoso. Mais distante da casa, na garganta do vale, posso ver ainda o verde do mar. Respiro fundo e vou tomar café com leite e comer pão com manteiga e queijo do serro mineiro com geléia de goiaba.

quarta-feira, 18 de julho de 2012

POESIA

Stéphane Mallarmé


(Le tombeau d’Edgar Poe)

Tal que a Si-mesmo enfim a Eternidade o guia,
O poeta suscita com o gládio erguido
Seu século espantado por não ter sabido
Que nessa estranha voz a morte se insurgia!


Vil sobressalto de hidra ante o anjo que urgia
Um sentido mais puro às palavras da tribo,
Proclamaram bem alto o sortilégio atribuído
Sobre à onda sem honra de uma negra orgia.


Do solo e céu hostis, ó dor! Se o que descrevo
A idéia sobe – não esculpir baixo-relevo
Que ao túmulo de Poe luminescente indique,


Calmo bloco caído de um desastre obscuro,
Que este granito ao menos seja eterno dique
Aos vôos da Blasfêmia esparsos no futuro.

terça-feira, 17 de julho de 2012

VEJA O LIVRO E LEIA O FILME

Acabou de sair, e já está nas livrarias a Revista Filme Cultura com uma página dedicada ao meu filme AMAXON com texto do Luis Rocha.


Livro revela que a ditadura executou 41 guerrilheiros no Araguaia



(E eu quase participei desta aventura épica com meu amigoe poeta  Adriano Fonceca que lá ficou pra sempre a beira de um igarapé, não me arrependo de ter ido para Europa, não acreditava na luta armada, eu não mato nem barata!...)

Enquanto acontecia, entre 1966 e 1974, a Guerrilha do Araguaia esteve envolta pelo manto do silêncio imposto pela censura da ditadura militar. Mais tarde, com a redemocratização, a história começaria a ser contada em reportagens e livros. Publicações como a "Guerrilha do Araguaia: a esqueda em armas", de Romualdo Pessoa Campos Filho, deram um passo importante para o conhecimento do que ocorreu nas matas do Pará, com a avaliação do resultado de toda a ação de repressão há época.
Sob a ditadura militar implantada em 1964, diversas organizações e partidos de esquerda buscavam maneiras de resistir à violência do regime. A perseguição nas cidades e a necessidade de se arregimentar um contingente disposto a lutar pela democracia e pela igualdade levaram dezenas de militantes do PCdoB às matas da região do Araguaia. Nascia assim, no começo dos anos 1970, a principal resistência guerrilheira ao autoritarismo, somente derrotado depois de as Forças Armadas deslocarem para a selva o seu maior efetivo desde a Segunda Guerra Mundial.
O Livro "MATA! O MAJOR CURIÓ E AS GUERRILHAS NO ARAGUAIA" resulta da pesquisa do jornalista, Leonencio Nossa, que ouviu dezenas de depoimentos que reveleram a ação militar de Sebastião Rodrigues de Moura, o Curió, "um dos cem homens da política de extermínio" do presidente Emílio Garrastazu Médici (1969-1974).
Segundo o autor, a obra foi concebida a partir do acesso ao arquivo pessoal de Curió, 32 pastas, cinco mapas, seis álbuns de fotografias e muitos papéis soltos, tudo guardado numa mala de couro vermelho. O livro é ancorado nesse material, "o único que se conhece sobre fuzilamento de presos políticos na ditadura militar".
A obra revela que teria havido pelo menos 41 execuções, e não 25, como se imaginava. O livro traz a lista dos nomes das vítimas, com data e local das mortes. São informações relevantes, sobretudo porque emergem logo após a instalação da Comissão da Verdade.

segunda-feira, 16 de julho de 2012

EXERCÍCIO DE MEMÓRIA


Norma Bengell e Oscarito em filme de Carlos Manga

ANTIGA ENTREVISTA COM A ATRIZ E DIRETORA NORMA BENGELL QUE INFELIZMENTE HOJE, IDOSA, MACHUCADA, SEM TRABALHO, ESTÁ ABANDONADA A SUA PRÓPRIA SORTE. É ASSIM QUE O BRASIL TRATA OS SEUS ARTISTAS...

A entrevista foi feita por Marcos Manhães Marins –CinemaBraZINE – há alguns anos atrás...
CBZINE - O Cinema brasileiro está num momento de virada mercadológica, mas a
virada ideológica e estética ainda não se deu. Somente o debate intenso pode
reverter este quadro de continuidade e provocar uma ruptura vanguardista,
pós-cinemanovista, pós-neoliberalista.
A polêmica contribui para a qualidade total de nossos filmes, para a
formação de uma mentalidade realmente nova, em todos os aspectos. Produção,
distribuição, exibição, inserção no cenário internacional, também estão em
pauta.
Estariam os críticos certos ao deflagrarem este processo de difamação dos
filmes da nova safra? Como você vê, Norma, toda esta questão?
NORMA BENGELL - Acho que os críticos atuais são preconceituosos e não
entendem nada de cinema, de dramaturgia, de câmera, de direção. Os grandes
críticos não estão escrevendo muito, como é o caso do Wilson Cunha, Ely
Azeredo e tantos outros. Na minha opinião, são alguns focas que escrevem
contra o cinema e querem dar uma diretriz o que devemos ou não devemos
filmar, e não são honestos no que escrevem. Vide a porcaria do crítico da
revista Veja, que diz que saiu no meio do filme e que o filme era trash e
ele, um velho roqueiro decadente. Ele fez isto com O Guarani, mas não nos
afetou. O filme é lindo, já está em vídeo e vocês podem alugá-lo. É o
primeiro vídeo brasileiro com a tecla de Dolby.
CBZINE - O cineasta Neville D'Almeida, um dos mais participativos de nossa
comunidade cinematográfica disse certa vez em uma reunião cultural:
"Não existe o novo cineasta e o velho cineasta. O que existe é o cineasta de
resultados."
Mas e os cineastas que estão despontando, como eles vêem este processo?
Os sonhos, afinal de contas, será que eles envelhecem, amadurecem, ou não
têm tempo nem idade?
NORMA BENGELL - Acho que num país como o nosso que não tem mercado, salas,
público para nos assistir, o cineasta de resultado é aquele que consegue
produzir e dirigir o seu filme e levá-lo ate o fim como é o caso neste momento.
CBZINE - Se a vida é curta, e a Arte longa, então porque estamos perdendo
tanto tempo? Os recursos cinematográficos empregados nos filmes recentes,
recursos de linguagem, de edição, de narrativa estão em sintonia com a era
em que vivemos? O que você acha desta nova lista de discussão CINEMABRASIL,
que agora surge?
NORMA BENGELL - Marcos, estou te respondendo rapidinho, mas quero dizer que
adorei as perguntas e que vou respondê-las hoje à noite num texto mais
extenso para a Lista.Quero me inscrever para poder participar deste encontro com vocês. As minhas respostas são, creio eu, bem democráticas, não são?
CBZINE - A gente tem tentado se libertar do entulho autoritário. Mas o
Brasil parece repetir ainda a atitude de outros tempos em relação ao Cinema.
O Estado nos tutela por um lado, mas não se cerca de todas as variáveis para
preservar um mercado saudável. As empresas com olhos apenas em vantagens
financeiras imediatas. E quem ama o Cinema, no meio, tentando sobreviver
nesta selva tupy-guarany. Há certamente os bem intencionados, mas...
NORMA BENGELL - Quando existia o stalinismo na Rússia, tinha uma cineasta
que filmava mas a KGB não deixava exibir os seus filmes. Mas não a proibiam
de filmar.
Estive num encontro em Paris com ela, que tinha uma filmografia enorme. A
explicação que ela deu foi que, como eles não entendiam os seus filmes por
serem filmes existenciais, eles não deixavam passá-los. Mas não a impediam
de filmar.
Creio que este seja o nosso caso, em outras proporções. Não temos salas pois
estão ocupadas com filmes americanos. Não temos produção ainda para
encararmos os exibidores. Então creio que devemos inundar o mercado com
nossos filmes de todas as tendências para termos produtos.
Como os clássicos não envelhecem, podemos filmar dos clássicos aos filmes
atuais, dos filmes caros aos mais modestos de orçamento, até virarmos uma
indústria.
Acho que temos que fazer filmes de qualidade técnica dentro do que podemos.
E temos grandes profissionais . Eu sei que temos.
CBZINE - E projetos novos, fala um pouco deles pra gente.
NORMA BENGELL - Meus próximos projetos são: um documentário para a TV sobre
Machado de Assis, um longa baseado na minha biografia, e vou produzir uma
estória de Campos Carvalho para duas jovens cineastas dirigirem se chama O
PÚCARO BÚLGARO.
CBZINE - Obrigado, Norma. Parabéns, pelo belo filme O GUARANI, que agora foi
escolhido pela pesquisa nacional do programa INTERCINE para ser exibido na
TV GLOBO, no horário nobre.
Bem, mas muito há para discutirmos ainda. O Cinema Brasileiro que
surpreendeu o mundo na década de 60 com o Cinema Novo, com a filosofia da
câmera olho, agora precisa de uma nova revolução brainstórmica
sócio-ético-estético-cultural. Ou será que paramos com a câmera na mão,
estabilizada por um steady-cam?
Ou será que retornamos aos travellings, gruas, tripés hidráulicos, ao filme
pirotécnico helicopterizado?
Que mais formas além do cinema-olho e do cinema-espetáculo podemos
descobrir, desvendar neste final de século?

Marcos Manhães Marins edita o CinemaBraZINE e é responsável pelo projeto
cultural CINEMA BRASIL NA INTERNET. Atualmente está preproduzindo o filme
CHATEAUBRIAND - Cabeça de Paraíba.

Norma Bengell dirigiu também o filme ETERNAMENTE PAGU (10 prêmios recebidos,
e um internacional no festival de Biarritz, e os outros no Brasil: de melhor
filme prêmio Leon Hirshman; de melhor atriz e música no festival de Gramado;
melhor filme júri popular no Rio Cine) que teve 700 mil espectadores e ficou
36 semanas em cartaz. Norma ganhou, por sua interpretação em A IDADE DA
TERRA, de Glauber Rocha, prêmio especial do júri como melhor atriz no
festival de Veneza em 1981.

domingo, 15 de julho de 2012

Poesia

NA CAVERNA DO MEU QUARTO


Não gosto de carnaval
É repetitivo

Não gosto de futebol
Tornou-se monótono

Não gosto de filmes
Besteirol

Não gosto das notícias
Truncadas

Não gosto do fácil
Do nada

Histórias de amor e ódio
Não mais me convencem
Todas já foram escritas
Repetem-se na vida
Ideologias ocultas

Não sou romântico
Não tenho religião
Não tenho lógica


Todas falam a mesma língua
Quero viver o paraíso agora

Não gosto do ontem
Nem do amanhã

Estou só
Para sempre

Gênese
Ciência dos números
Humana senha

Não gosto dos homens santos
Não gosto da dor do ser
Martírizado

Gosto dos mistérios
Sempre quero decifrá-los

Gosto de tudo que é livre
Liberdade para todos
Amar e gozar sempre

Não gosto do dinheiro
Nada tenho para comprar
Não sei vender nada

Sou uma ficção
Uma sombra
Não tenho conta
Não tenho banco

Na praça depredado
Sou sempre
Repetidamente

Não me importando
Em ser

Não preciso de nada
Vivo das minhas fantasias

Aqui na terra
Sou um caçador
Não passo fome

Não jogo bola
Não faço filmes
Nada me permitem

Mas sou feliz
Alto astral
Preso
Na minha caverna

sábado, 14 de julho de 2012

EXERCÍCIO DE MEMÓRIA


Havana (Prensa Latina) O general Vo Nguyen Giap soma às derrotas de três poderosos exércitos de potência mundiais a vitória contra o tempo, ao ultrapassar um século de vida e um destacado trabalho intelectual, pouco conhecido pelos admiradores de suas históricas façanhas bélicas.

Considerado como um dos maiores militares de todos os tempos, por sua estratégia de não retroceder jamais, este herói vietnamita representa toda uma lenda viva.
Ainda que não tenha conhecido Che Guevara, se comunicava com ele por cartas, leu seus discursos e o livro Guerra de Guerrilhas, que qualificou de ensino metodológico imprescindível para os novos combatentes, segundo disse a este jornalista em entrevista que ofereceu em Hanói pelo 30 aniversário da batalha de Dien Bien Phu, que pôs fim ao colonialismo francês na Indochina.
Giap tinha nesse momento 73 anos, com uma energia e lucidez espantosas. As sequelas da guerra pareciam não ter deixado impressões. No afã pela entrevista que lhes foi negada a destacados colegas de outros países, li o questionário, e o entreguei com um gesto amigável, como para não machucar.
Depois de uma pausa, falou e me olhou sorrindo. Agora só umas fotos no pátio da chancelaria e depois que conheça Dien Bien Phu, continuamos o trabalho, disse, e foi a melhor maneira de explicar que tinha exercido o ofício desde jovem e durante anos.
De origem camponês, Giap nasceu na aldeia de An Xa, província de Quang Binh, no dia 25 de agosto de 1911. Em sua etapa de estudante, foi expulso da Escola Nacional de Hue, antiga capital imperial, por participar em greves estudiantis.
Foi o primeiro homenageado como aluno eminente de toda Indochina ao se graduar em filosofia, para mais tarde se licenciar em Direito com Diploma de Ouro e iniciar seu trabalho como professor em vários centros até obter uma cátedra de professor de História no Instituto de Hanói.
Como jornalista, escreveu para os rotativos Notícias, Nossa Voz e Trabalho, entre outros meios de imprensa e em 1939, foi editado seu livro: A questão camponesa, primeiro dos mais de 70 que escreveu ao longo de sua vida de mais de século, publicados em diferentes idiomas e impressos em muitos países.
Ascendido a general em 1948 por Ho Chi Minh, por suas vitórias contra os invasores, conseguiu mais tarde pôr de joelhos três poderosos impérios: Japão, França e Estados Unidos.
Como escritor, soube combinar a temática militar com a economia e a política, exposta de maneira brilhante em uma de suas obras mais famosas, Guerra Popular (1961), na qual qualifica esses fatores de trilogia necessária para poder atingir o triunfo.
Em seu livro O caminho para Dien Bien Phu, descreve a odisseia de passar um exército por intrincadas montanhas com todos seus equipamentos militares, incluídos canhões, audácia que os franceses consideravam impossível. Poliglota, amante da poesia e da música, o longevo general do eterno sorriso se desempenhou em 1978 no setor científico e de educação, com o cargo de vice-ministro desses ramos. Seu livro Assuntos da ciência e a educação, resulta uma obra de grande valor para as novas gerações.
Seu pensamento tático-estratégico se resume em um axioma que desenvolveu em vários de seus escritos: "Graças ao poder de sua cultura tradicional, os vietnamitas sabem combinar seu resolvido espírito de combate em defesa do país com a arte criativa, para construir um princípio militar original que é a doutrina militar do Viet Nam".
Dedicou recentemente ao povo cubano sua obra Guerra do Povo, Exército do Povo, como uma saudação de solidariedade e vitória, exposta na Feira Internacional do Livro de Havana, com grande acolhida dos leitores.

sexta-feira, 13 de julho de 2012

Um  poema do Inconfidente Alvarenga Peixoto escrito na prisão para a mulher e filha.
PARAÍSOS DEVASTADOS


Texto que expressa, com contundência, o pensamento reacionário, centralizador e colonialistas dos estrangeiros e suas famílias brasileiras que se acham donos das transmissões de imagens no Brasil. (publicado em um jornal de São Paulo)

GOVERNO NO CONTROLE REMOTO?

"O governo aprovou, com seu habitual excesso de forças, o projeto de lei nº 116, com a intenção aparente de abrir o mercado de TVs por assinatura. Mas o que começou como um agrado às teles terminou com um "Frankenstein" jurídico e doutrinário que, se a presidente Dilma sancionar, o Supremo Tribunal Federal vai ter de impedir.
Constitucionalistas enfileiram agressões, de tolher a liberdade de expressão a invadir a propriedade privada. Ao instituir cotas na programação fechada, o Planalto demonstra o desejo de ter todos os controles, inclusive o remoto.
Reserva, por semana, três horas e meia no horário nobre à produção nacional, metade delas feita pelos considerados independentes, além de canais obrigatórios, mesmo fora do pacote pretendido. No tempo imposto para o "canal de espaço qualificado", a lei diz que não é qualificado o espaço ocupado por política, esportes, jornalismo, religiosos e shows de auditório.
Filmes, só os nacionais não realizados por emissoras. Veta o Brasileirão, aprova as Brasileirinhas. Obriga quem comprar um canal de notícias a seu gosto a levar outro que não pretendeu. Paga pelo que quer, assiste ao que não quer.
Se a emissora infringir as normas, recebe sanções próximas ao chavismo. Quem vai decidir tudo é a Agência Nacional de Cinema, que passa a exercer os três Poderes: Legislativo (vai escrever as regras que os envolvidos terão de cumprir), Judiciário (punir e executar quem desrespeitar suas normas) e Executivo (fiscalizar e administrar, inclusive dinheiro). Para isso, sai do projeto inchada, como se sinecura formasse herói não macunaímico.
Superpoderosa, a Ancine é onipotente na regulação e no fomento, ambos desnecessários -o bom não precisa de reserva de mercado nem de afago de ministério, o ruim deve ficar longe dos dois; sempre há investidor para o que presta, só o erário crê no que não presta. Amplia os comerciais nos canais pagos para 15 minutos por hora, mas somente os anúncios de agências de publicidade brasileiras.
Escândalo à vista: a última vez em que o governo se misturou com empresas do ramo deu no mensalão. Responsável pela doutrinação audiovisual do país, a Ancine chefia um esquema que começa na arrecadação para um fundo que vai financiar produção de fundo de quintal dos colegas.
Numa ponta recolhe, na outra entrega o numerário para espécies de ONGs e Oscips aliadas, o que resultará em filmagens de baixíssimo nível e abrirá a porta para a corrupção, e completa o triângulo empurrando o lixo para a casa do cliente. A desculpa é proteger a cultura nacional, mas o texto se preocupa com capital, não com conteúdo.
Feito por inscritos na Ancine, qualquer produto dispõe de verba e de horário. Mas se a americana MGM oferecer longa 100% nacional, será considerado estrangeiro.
Se o consumidor adquirir a obra da MGM para ver seus astros favoritos, brasileiros, tem de guardar o estômago para as produções aprovadas pelos comissários da Ancine.
Embutido nos carnês da vítima, o dirigismo cultural presente em cada detalhe. Xenofobia e uniformidade cultural compõem a doutrinação que persegue o estudante das aulas à telinha: as cotas valem também para atrações infantojuvenis.
À noite, em vez do seriado hollywoodiano que, repita-se, escolheu e comprou, lhe será oferecido algo bancado pelos filhos do Brasil.
O telespectador é desrespeitado em suas diversas formas de liberdade. Vai pagar em dobro, como cliente da TV e como vítima dos tributos, por atrações que não valem a metade. Se estiver mesmo promovendo faxina ética, a presidente tem o dever de vetar esse conjunto de absurdos."

quinta-feira, 12 de julho de 2012

CAMÕES LUSÍADAS CANTO 1

“No mar tanta tormenta e tanto dano,

tantas vezes a morte apercebida;


na terra tanta guerra, tanto engano,

tanta necessidade aborrecida!


onde pode acolher-se o fraco humano,

onde terá segura a curta vida,


que não se arme e se indigne o céu sereno

contra um bicho da terra tão pequeno?”



LOUCURA POUCA É BOBAGEM

quarta-feira, 11 de julho de 2012

Marighella, o filme
Por José Carlos Ruy

Carlos Marighella é um herói do povo brasileiro. Começou sua atividade de revolucionário ainda como estudante secundarista, na Bahia da década de 1930. Filiado ao Partido Comunista do Brasil (PCB) em 1934, dirigiu a Aliança Nacional Libertadora (ANL) na Bahia em 1935, foi preso e torturado em 1936 e depois em 1939, só saindo da cadeia em 1945. Dirigente do PCB, foi um dos 14 deputados constituintes do partido eleitos naquele ano, tendo uma atuação destacada na Assembleia Nacional Constituinte.
Baiano da Baixada do Sapateiro, em Salvador, filho de um imigrante italiano e de uma negra descendente de escravos hauças, foi um homem de múltiplos talentos - político, poeta, teórico marxista, dirigente guerrilheiro na década de 1960. Seu nome tornou-se uma lenda e a ditadura militar de 1964 o considerou seu inimigo número 1.
Rompeu com o reformismo do PCB (Partido Comunista Brasileiro) em 1967, organizou a Ação Libertadora Nacional (ALN) para a resistência armada contra a ditadura e foi autor do célebre Manual do Guerrilheiro Urbano, traduzido mundo afora. Não tinha completado 60 anos de idade quando foi assassinado na alameda Casabranca, em São Paulo, em 4 de novembro de 1969, em uma emboscada da repressão política da ditadura, dirigida pelo torturador e assassino político Sérgio Fleury.
Sua história está contada agora no filme Marighella, dirigido por sua sobrinha Isa Grinspum Ferraz, com estreia prevista para outubro. "Um dia, faz 40 anos, eu estava indo com meu pai para a escola e ele disse: 'Vou te contar um segredo: seu tio Carlos é o Carlos Marighella'". O filme começa com esta declaração da sobrinha Isa, que é também socióloga. "Tio Carlos era casado com tia Clara”, conta ela. “Eles estavam sempre aparecendo e desaparecendo de casa. Era carinhoso, brincalhão, escrevia poemas pra gente. Nunca tinha associado o rosto dele aos cartazes de 'Procura-se' espalhados pela cidade", continua a voz de Isa, no filme. Sua ideia foi " desfazer o preconceito que até pouco tempo atrás havia contra meu tio. Era um nome amaldiçoado, sinônimo de horror. Além da vida clandestina e do ciclo de prisões e torturas, procuramos mostrar também o poeta, estudioso, amante de samba, praia e futebol, e acima de tudo o grande homem de ideias que ele foi".

terça-feira, 10 de julho de 2012

AMÉRICA LATNA


UM DOCUMENTÁRIO SOBRE A REVOLUÇÃO BOLIVARIANA DA VENEZUELA E SEU LIDER HUGO CHAVES
http://www.youtube.com/watch?v=MTui69j4XvQ&feature=share


O IMPÉRIO CONTRA-ATACA

Escrito por Flávio Lyra, via Agência Alba Notícias

Só ingênuos podem admitir que o golpe parlamentar que destituiu o presidente Lugo do Paraguai, não tem o dedo do Pentágono. Essa nova modalidade de golpe, inaugurada em Honduras em 2009, que destituiu o presidente Zelaya, articulada na base aérea que os Estados Unidos mantém naquele país centro-americano, teria sido mais uma vez aplicada com sucesso, ao menos, por enquanto.
É uma grande coincidência que tais fatos ocorram contra governos de esquerda que tentam realizar reformas em favor dos segmentos mais pobres da população, particularmente reformas agrárias. Tanto Zelaya, quando Lugo vinham tentando melhorar o acesso à terra a camponeses secularmente explorados por grandes latifundiários e realizar ações de proteção social aos segmentos mais pobres da população.
Não surpreende a atitude ambígua que o governo dos Estados Unidos adotou, inicialmente, no caso de Honduras e, posteriormente, favorável à substituição do presidente Zelaya. Agora, a história repete-se com o governo dos Estados Unidos achando que a destituição abrupta do presidente Lugo respeitou as regras do jogo democrático, quando nitidamente tratou-se de um conluio dos partidos derrotados na última eleição para livrar-se de um presidente vinculado a causas populares.
É muito provável que o pequeno Paraguai se dispusesse a confrontar as regras do Mercosul e da Unasul, entrando em conflito com seus dois vizinhos Argentina e Brasil, se não contasse com o estímulo e proteção do governo norteamericano.
Certamente, que os governos do Brasil e da Argentina vacilaram claramente ao não acompanharem o desenvolvimento da conjuntura política no Paraguai, mormente quando se sabe que Washington estreitou muito suas relações com o Chile, depois do governo direitista de Piñera, e vinha realizando gestões para construir uma base militar no Paraguai. Tem sido denunciada a intenção de estabelecer um cerco a Brasil e Argentina.
Do ponto de vista da oligarquia paraguaia nada mais conveniente do que buscar apoiar-se no grande irmão do Norte para manter seus privilégios em desfavor da maioria do povo paraguaio, pois certamente não contaria com a boa vontade de Brasil e da Argentina, cujas políticas econômicas têm forte conteúdo social.
Agora, o problema está criado, pois estamos ameaçados em interesses muito concretos como é a manutenção dos acordos regionais do Mercosul e da Unasul, sem contar que existe a empresa binacional de Itaipu, importante fornecedora de energia para o Brasil, construída na fronteira entre Brasil e Paraguai.
Washington pode muito bem estar contando com o isolamento do Paraguai, no âmbito da região, para estreitar suas ligações com esse pequeno país e transformá-lo em ponta de lança contra as pretensões de maior autonomia de Brasil e Argentina.
No mundo atual, em que é notória a ação intervencionista generalizada, explícita e oculta, das grandes potências, especialmente dos Estados Unidos, nos países mais frágeis, especialmente os mais dotados de recursos naturais estratégicos, qualquer descuido dos organismos responsáveis pela segurança interna em relação ação dos órgãos do Departamento de Defesa dos Estados Unidos e outras potências pode acarretar funestas conseqüências para a segurança nacional.
Não me admiraria se algum dia vier a ser constatado que a crise do “mensalão”, durante a qual foi ensaiada uma tentativa de golpe, visando a destituição do presidente Lula, tenha contado com o apoio dos Estados Unidos. O denunciante do esquema, o deputado federal Roberto Jeferson, conhecido por sua atuação em episódios obscuros, poderia muito ter sido cooptado pelo departamento de Defesa dos EUA, para dar a sua denúncia o teor que assumiu. Suspeito fortemente que o que se denominou mensalão foi uma das operações, ilegais, porém freqüentes, com que tem sido financiadas as campanhas eleitorais no país, mediante o uso de “caixa 2” de empresas privadas ou públicas.
Não há por que não admitir que as ações que os Estados Unidos e as grandes potências vêm realizando de desestabilização dos governos de vários outros países, como acontece no Oriente Médio, inclusive com o fornecimento de armamento, não possam estar em vias de acontecer na América do Sul. Portanto, senhores governantes, não nos deixamos enganar pela cordialidade aparente dos ministros e governantes das grandes potências. Seus interesses, como tais, estão sempre em primeiro lugar e eles não hesitam em mobilizar meios, nem sempre os mais lícitos, para defendê-los.
Os Demóstenes Torres, Carlinhos Cachoeira e muitos outros infiltrados nas altas esferas do poder público e do setor privado e da grande imprensa, são candidatos naturais a montar esquemas de desestabilização dos governos democráticos, em associação com os serviços secretos das grandes potências e grupos políticos internos ameaçados em seus privilégios. É preciso combatê-los com toda a energia, sob pena de “só fecharmos a porta depois que o ladrão esteja dentro de casa”.

domingo, 8 de julho de 2012

UM PRESENTE DO MEU AMIGO TOTONHO QUE ESTOU LENDO COM UMA CERTA CURIOSIDADE

As Forças Financeiras na Divisão do Poder

São duas as Forças Financeiras que se contrapõem na dinâmica política da sociedade capitalista que domina o sistema republicano: a Governamental e a Empresarial, mas ambas se complementam em determinados momentos da história para combater as Forças Populares.
Na política, as Forças Financeiras são previsíveis, as Forças Populares são incontroláveis. Os estudiosos da história e os sociólogos sabem disso. Você pode controlar, por exemplo, a quantidade de dinheiro que, matematicamente, será aplicado em um determinado projeto político, mas não há matemática que explique e que se aplique na desconstrução do teorema da revolta popular que se alastra como praga mundo afora.
O Estado, representado pelo pensamento conservador das elites financeiras que sustentam o país, financia os pequenos burgueses da política, homens que sonham com a glória de um dia desfrutar da corte e que, se eleitos fossem, estruturariam a divisão das classes e das bases sociais, o contato direto, a ponte segura, da nobreza endinheirada e empresarial, com o povo carente de tudo, alimentando-os pelos sonhos consumistas televisivos apregoados e abençoados pelas novas igrejas do sucesso a qualquer custo em nome do senhor. E tudo isso para que mais uma vez eles possam, a elite nacional, permanecer no poder por décadas e seus poderosos mandatários, os financistas internacionais, por séculos.
Faz parte do grande teatro que algumas forças políticas do sistema fingem que se digladiam nesta arena democrática, mas, uma vez ou outra, quando os seus interesses mesquinhos deixam de ser supridos, eles se revoltam. Num pulsar constante da política capitalista do “toma-lá-da-cá”, pouco tempo depois, eles tornam-se amigos novamente unindo-se para derrotar, mais uma vez, as Forças Populares. É preciso ousar para vencê-los. É preciso rebelar-se, fugir do que parece certo e no tempo certo, mesmo parecendo errado, provocar a utopia e assim revolucionar o novo mundo.
Não existe o bem, muito menos o mal. Neste mundo o que impera não é a política partidária ideológica, da esquerda ou da direita, o homem tornou-se um escravo do sistema, onde aquele que está em baixo cospe no de cima; onde a sua companheira predileta é a televisão, o celular e a internet, o cinema besteirol, a literatura canhestra, a música dos surdos, a violência sobre os mais fracos, a morte da princesa, a explosão das torres, os massacres dos inocentes, a fome negra, as mil e uma noites de terror que estão por acontecer, e a quem tudo isso provoca fetiche, pelo seu charme vendido em todas as imagens do mundo? Há um ser invisível, volátil, mas com grande poder, um ser chamado de Capital Internacional. É ele quem domina o dinheiro que está dividido, emprestado, injuriado, amaldiçoado, mercantilizado pelos banqueiros das Forças Financeiras do sistema e pelo individualismo mesquinho e financista em que o novo homem está sendo criado.

NOTÍCIAS DE BELO HORIZONTE
LAGOA SANTA

sábado, 7 de julho de 2012

INTERNACIONAL II

1001 NOITES DE TERROR 

É armado o golpe dos Estados Unidos contra a Síria



Manlio Dinucci (Il Manifesto)

“Profundamente preocupados com a escalada da violência”, que ameaça converter o conflito em guerra regional, eles exigem “a cessação da violência armada em todas as suas formas.” Mas… quem são eles? Quem são esses pacifistas?
São os membros do “Grupo de Ação pela Síria”, reunido em Genebra, dia 30/06, no comunicado de encerramento da reunião. Chefiando o coro de pacifistas, lá estão os EUA, condutores, de fato, da operação de guerra em andamento, os quais, depois de destruir [o Iraque, onde tudo começou] e o estado líbio, ano passado, tentam agora desmantelar o estado sírio.
Agentes da CIA, segundo o New York Times, operando clandestinamente no sul da Turquia, estão recrutando e armando mercenários para lutar contra o governo da Síria. Mediante uma rede clandestina transfronteira, na qual também está operando o Mossad israelense, recebem rifles automáticos, munição, foguetes antitanques e explosivos. Com um vídeo em YouTube, eles mostram que sabem usar as armas: a explosão de uma poderosa bomba, detonada por controle remoto, destrói um caminhão de transporte de civis, que passa frente à uma loja.
A Turquia também manifestou sua “oposição à crescente militarização do conflito”, que deve ser solucionado “mediante diálogo pacífico”. Mas a Turquia fornece o centro de comando, em Istambul, que dirige a operação, e as bases militares nas quais grupos armados são treinados, antes de serem infiltrados na Síria.

TURQUIA AMEAÇA
Usando o pretexto de a Síria ter abatido um jato militar turco, que voava a baixa altitude sobre a costa da Síria para testar as defesas antiaéreas sírias a Turquia está reunindo tropas na fronteira e ameaça “intervenção defensiva”. Depois, estaria aberto o caminho para ataque de larga escala pela Otan, nos termos do artigo 5º da Carta da Organização, desempoeirado exatamente para a ocasião (contra a Líbia, bastou inventar um não-artigo 5º).
Os demais membros do Grupo de Ação pela Síria – França, Grã-Bretanha, Arábia Saudita e Qatar – proclamam-se “comprometidos com defender a soberania, independência e unidade nacionais da Síria”. Essas mesmas forças estão fazendo agora contra a Síria a mesma operação que puseram em ação contra a Líbia: treinando e armando um “Exército Sírio Livre” e mais de 100 outros grupos recrutados em vários países, pagos com dinheiro da Arábia Saudita.
E também usam militantes islamitas reacionários e grupos islamitas armados, antes declarados perigosos terroristas, agora infiltrados com forças especiais na Síria, como os que o Qatar despachou ano passado para a Líbia, fantasiados como grupos da oposição interna.
E os membros do Grupo de Ação, que pregam “liberdade de movimento no país para os jornalistas”, são os mesmos que manipularam fotografias e vídeos, enquanto movem incansável campanha de propaganda, com jornalistas, jornais e televisões, em que culpam o governo sírio pelos massacres. São os mesmos que organizaram o ataque terrorista que matou três jornalistas sírios, quando um grupo armado atacou a rede de televisão al-Ekhbaria, em Damasco, usando foguetes para explodir o prédio.
Também gostariam de explodir os argumentos de Rússia e China, membros do Grupo de Ação, que insistem em afirmar que nenhum agente externo deve tomar decisões que cabem exclusivamente ao povo sírio. Mas as potências ocidentais já decidiram – ao ativar sua máquina de guerra – mais uma vez anexar a Síria ao seu império.

sexta-feira, 6 de julho de 2012

INTERNACIONAL



1001 NOITES DE TERROR


O Irã já possui planos detalhados para destruir as 35 bases dos EUA no Oriente Médio, no Golfo Pérsico e na Ásia Central caso seja atacado, afirmou nesta quarta-feira o general Amir Ali Hayizadeh, comandante da Força Aeroespacial dos Guardiões da Revolução."Tomamos todas as medidas necessárias para situar essas bases e desdobrar mísseis para destruir todas elas nos primeiros minutos de um possível ataque (contra o Irã)", advertiu Hayizadeh em declarações divulgadas pela agência localFars.Hayizadeh fez essas declarações, que detalhava os planos do Irã diante de um eventual ataque dos Estados Unidos contra seu território, no final de um exercicio militar de três dias. Neste, os Guardiões da Revolução testaram diversos tipos de mísseis de fabricação nacional.O comandante explicou que os Estados Unidos "tem 35 bases ao redor do Irã" e acrescentou que "todas elas estão ao alcance dos mísseis, assim como a terra ocupada da Palestina (Israel)".Segundo ele, as manobras de mísseis que foram realizadas nos últimos dias tinham o objetivo de destruir réplicas de hipotéticas bases dos EUA na região, assegurando que o resultado dos testes tinha sido um grande êxito.O site dos Guardiões da Revolução Sepah News informou nesta quarta que dentro dessas manobras foram usados mísseis do tipo "Golfo Pérsico" (antinavios) contra alvos marítimos, com o apoio de aviões de combate e aeronaves não tripuladas.Ontem, os guardiões da Revolução asseguraram que tinham destruído sete hipotéticas bases das "forças alheias à região" em manobras aéreas e com lançamento de mísseis de até 1,3 mil km de alcance, embora Hayizadeh tenha feito questão de ressaltar que o país dispõe de mísseis que superam 2 mil km.O Irã está submetido a sanções da ONU, dos EUA e da UE por causa de seu programa nuclear, sendo que Washington e Tel Aviv ameaçaram atacar o território iraniano caso não haja uma paralisação de suas atividades atômicas. Neste caso, Teerã respondeu que daria uma resposta "arrasadora" e que também poderia fechar o estratégico Estreito de Ormuz.Enquanto alguns países, liderados pelos EUA, suspeitam que o programa nuclear iraniano possui uma vertente armamentista destinada a fabricação de armas atômicas, Teerã assegura que seu programa é exclusivamente civil, pacífico e ainda respeita o Tratado de Não-Proliferação (TNP) nuclear.Ontem, em sua entrevista coletiva semanal, o porta-voz do Ministério das Relações Exteriores, Ramin Mehmanparast, comentou as manobras realizadas e disse que a mensagem desses exercícios é que "Irã tem total autoridade e preparação para garantir a segurança no Golfo Pérsico e no tráfego de petroleiros no Estreito de Ormuz".O presidente da Comissão de Segurança Nacional e Política Externa do Parlamento do Irã, Alaedin Boruyerdi, disse que Teerã considera a presença de forças estrangeiras na região "prejudicial" para a segurança, acrescentando que as manobras com mísseis mostram a capacidade do Irã para manter a estabilidade na área.

quinta-feira, 5 de julho de 2012

É PRECISO CONHECER ...


                    Emiliano, Nana, Ava, Daniel
BANDA AVA
Texto de Carlos Vasconcellos

Onírico. Essa é apenas uma das palavras que podem descrever a atmosfera do CD Diurno, disco de estreia do grupo Ava. À frente da banda está a vocalista Ava Gaitán Rocha, de 32 anos, cineasta e cantora, filha mais nova do mítico diretor de cinema Glauber Rocha. Uma trilha sonora para um sonho, misturando composições próprias, versões de ícones como Edu Lobo e Jards Macalé, tudo temperado com literatura, MPB, música latina e toques levemente psicodélicos. “Onírico. Gosto muito dessa expressão, que remete a sonho e a coisas que extrapolam os limites da linguagem. É uma referência de liberdade”, diz Ava, reunida com os companheiros de banda, o violonista Emiliano 7, o baterista Daniel Castanheira e a violoncelista Nana Carneiro da Cunha, no apartamento do produtor do disco, Felipe Rodarte, no Jardim Botânico, zona sul do Rio de Janeiro.

Uma liberdade que não reconhece gêneros ou fronteiras. “Construímos o disco a partir de um repertório formado no palco, ao longo do tempo. A falta de restrições já estava presente nas músicas”, explica Ava. “Por isso, sabíamos que o disco não podia ser ligado a gêneros definidos.” Perguntada sobre onde colocaria o CD na prateleira de uma loja, ela ironiza: “Na letra A”. Castanheira intervém: “Podemos colocar na seção ‘Discos para Pessoas que Ainda Querem se Surpreender’”. Para Emiliano 7, o CD está ancorado nas diferenças entre os integrantes do grupo. “Foi um trabalho de dissenso, o resultado das nossas apostas, desejos e diferenças”, afirma. “Como uma espécie de montagem dialética”, completa Castanheira.

Metade colombiana, metade brasileira

Como não podia deixar de ser, o cinema é uma referência permanente para Ava, a banda. Isso vai muito além da bela capa criada pelo artista visual Tunga, uma menção ao clássico Cabeças Cortadas, filme de Glauber Rocha de 1970, que também remete um pouco ao disco de estreia dos Secos & Molhados. “Eu penso tudo como montagem de cinema, eu me expresso assim”, explica Ava, a cantora. “E esse trabalho não pode ter compromisso com regras. É preciso construir uma linguagem própria para cada situação. Dou vazão a isso também na música. Para suprir uma falta de formação convencional, uso essa ideia. Mas pretendo melhorar”, ressalta.

Ava enumera suas influências musicais: “Todos os grandes da MPB, como João Gilberto, Tom Jobim, Caetano Veloso, Gilberto Gil. E também Villa-Lobos e alguma coisa de música experimental, como John Cage”. Ela revela que não curte muito a música americana, embora se renda a Janis Joplin e Billie Holiday. “Também gosto de muita coisa da música latina, como Bola de Nieve, Chavela Vargas, Victor Jara, Chabuca Granda, Yma Sumac. Sou metade colombiana, metade brasileira. Ouvi muito rock em espanhol na adolescência”, conta ela, que é neta do poeta colombiano Jorge Gaitán Durán. O caldeirão de influências, misturado às preferências dos companheiros de banda, ajuda a entender o resultado do disco. “Eu curto muito Jimi Hendrix, embora essa influência não seja muito evidente à primeira vista”, diz Emiliano 7. “A mais roqueira aqui é a nossa violoncelista, a Nana. Nana Hagen”, brinca Castanheira.

No palco, a cantora deixa qualquer resquício de timidez do lado de fora. “Já fui tímida, acho que não sou mais. A coragem está aí, já apanhei muito”, diz. Até 2005, o lado musical era conhecido apenas da família e dos amigos mais próximos. Foi quando coordenava as gravações em DVD da montagem teatral de Zé Celso para Os Sertões que o diretor descobriu e revelou a todos sua voz, que é descrita por muitos como uma força da natureza.

O encenador convidou Ava para interpretar e cantar “Luar do Sertão”, o que se tornou um dos momentos mais marcantes da série de quatro peças baseadas na obra de Euclides da Cunha. “Não me interesso pela atuação, mas trabalhar com o Zé Celso é mais do que simplesmente atuar, é uma verdadeira universidade”, diz Ava, que não pôde atender ao convite do diretor para acompanhar, com os músicos do grupo, a turnê de As Bacantes pela Europa, no início deste ano, por causa do lançamento do disco.

Como cineasta, Ava dirigiu o curta Dramática, em 2005, e finalizou no ano passado Ardor Irresistível – longa-metragem realizado durante a viagem com o elenco da peça Os Sertões, em 2007, com codireção de Evaldo Mocarzel. Dificilmente o filme entrará em circuito comercial, mas a diretora estuda possibilidades com distribuidoras alternativas e outros canais de divulgação. “Vamos rodar com o filme em escolas, talvez exibi-lo no Canal Brasil”, diz. Apesar disso, ela conta que o foco da carreira no momento é a música. “Dediquei muitos anos ao cinema, agora é hora de dar um tempo. Vou retomar, mas não sei quando.”

Exercícios imagéticos

Ainda assim, é impossível deixar totalmente de lado a linguagem visual. A cineasta-cantora é responsável por clipes da banda que são lançados semanalmente na internet. “São exercícios imagéticos”, explica. Os meios digitais e a proliferação de celulares são vistos por ela como uma forma maravilhosa de democratizar o acesso ao audiovisual. “É claro que nessa profusão de imagens há invasão de privacidade, humilhações, fofocas, mas, ao mesmo tempo, esse fenômeno pode permitir que apareça um Cartola do cinema”, argumenta, citando o gênio intuitivo do compositor mangueirense.

Ava conta que, enquanto prepara os shows para divulgar o CD, o grupo também começa a trabalhar em novas composições. “O primeiro disco já foi todo apresentado em shows, então estamos garimpando material para as próximas apresentações”, diz. Canções que podem estar nos próximos trabalhos: a banda assinou um contrato com a Warner Music em que consta a opção de lançamento de mais quatro CDs.

Lançar um projeto tão ousado por uma grande gravadora chegou a surpreender a banda. O produtor Felipe Rodarte lembra que ao mostrar o material aos executivos houve interesse de todas as majors. “As músicas arrebataram o Sérgio [Fernandes, presidente da Warner Music Brasil]”, conta Emiliano 7. Castanheira acrescenta: “O disco chegou pronto para eles e tivemos liberdade total. Na verdade, o mercado sente a necessidade de se reinventar, e o fato de um disco como o nosso sair por uma grande gravadora é uma prova disso”.

O que nos leva de volta ao início da conversa, sobre liberdade artística e surpresa. “O ser humano é ávido por isso”, diz Ava. “O problema é quando se subestima o público para enquadrá-lo nas categorias socioeconômicas A, B ou C, em gêneros e tendências precondicionadas.” A tese vale para qualquer tipo de arte, ressalta a artista. “Quando participei de um programa para formação de público levando filmes para populações ribeirinhas na Amazônia, os envolvidos no projeto escolheram obras muito ruins”, lembra. “Eu programei Câncer, do Glauber, em um presídio; e exibi Um Cão Andaluz, do Buñuel, e O Acossado, do Godard, que é um thriller pop maravilhoso, e as pessoas amaram. Sei que o nosso disco não vai agradar todo mundo, como tudo na vida, mas sei que também é por isso que agrada tanta gente”, conclui.

terça-feira, 3 de julho de 2012

EMEIOS INUSITADOS

EMEIO ABERTO PARA O ARTISTA PAULO LAENDER E SUA OBRA EXPOSTA ABAXO


http://www.google.com/url?q=http%3A%2F%2Fwww.laender.com.br%2Fgravuras_relevos_2012___S&sa=D&sntz=1&usg=AFQjCNEz16UW3YKQiwbPpCZKehygZ2BKTA

Meu querido amigo Paulo Laender,
sempre gostei muito do seu trabalho,
das suas criações românticas e barrocas,
mais mineiras, impossíveis!
Devo-lhe uma profunda reflexão sobre
a sua obra, mas sempre que penso em
escrever me surge a ideia de um filme com
um texto poético pautado por uma guitarra solo.
As suas "Memórias do Mar" me lembram instrumentos
musicais, aliais, a sua obra se constitui, para mim, em
partituras - pinturas, esculturas, gravuras de beleza singular.
Todo o seu trabalho de arte é possuidor de grande harmonia no
seu conjunto.São peças sinfônicas e todas ressoam, vibram,
composições polifônicas como se fossem oboés, fagotes, tumbas,
harpas e cordas que se misturam e entrelaçam a madeira, as telas,
os pinceis, buris, o cobre, a prata e ouro.
Não duvide do seu gênio privilegiado e trabalhe muito, porque o que
fica é o objeto, a tela, o papel, a obra de arte. O resto passa.
...
Um abraço saudoso e apertado do
seu sempre amigo e admirador

EMEIO RECEBIDO DE UM AMIGO NO MÉXICO

PARA NÃO FALAR QUE EU NÃO FALO SOBRE AS BOAS COISAS QUE SE CULTIVA NAS TERRAS DOS GRINGOS APRESENTO-LHES A BOA MÚSICA SWINGADA QUE ELES FIZERAM COM OS PRETOS PARA ALEGRAR A ALMA DE NÓS BRANCOS LATINOS GOZADORES E A DELES ANGLOS-SAXÕES DESESPERADOS...

Recebo de um amigo fascinado com New Yok, o melhor lugar do mundo que eu nunca quis visitar, uma lista de velhos cantores de jazz (americanos) de graves profundos, com ele descreve os mesmos, que eu não conhecia. Retiro desta pequena lista o velho Eckstine, um cantor que todo mundo conhece.
Vale a pena conferir...

Eckstine,
http://www.youtube.com/watch?v=VWuGF-Xh-RM
http://www.youtube.com/watch?v=nJjCaURqmEg

Dick Haymes,
http://www.youtube.com/watch?v=YKdDJhC8QQg

Herb Jeffries,
http://www.youtube.com/watch?v=UHaCKPTIl90
http://www.youtube.com/watch?v=5nP_8CV5HtQ&feature=related
http://www.youtube.com/watch?v=ORaSnWF2SX4&feature=related
http://www.youtube.com/watch?v=3q3h1sw4cEM
http://www.youtube.com/watch?v=CvM2hVMPXwQ

Billy Daniels,
http://www.youtube.com/watch?v=9g_Y2GufZbk&feature=related

Bobby Short,
http://www.youtube.com/watch?v=Bo3xumxEno8&feature=related

Blossom Dearie,
http://www.youtube.com/watch?v=bBKqDXqSBp0&feature=related

Hugh Shannon,
http://www.youtube.com/watch?v=VxPC9tfn7PE

Bobby Troup,
http://www.youtube.com/watch?v=kLUYf6cekMA
http://www.youtube.com/watch?v=CLGAXEWWLHM
http://www.youtube.com/watch?v=oMYAmYzlhvI

segunda-feira, 2 de julho de 2012


SORTILÉGIOS DO TEMPO

“A arte é tudo que produzimos com poesia”. O filme “Febre do Rato”, que eu chamo de “O Decameron de Pernambuco”, é feito da arte pura e popular brasileira. Não vou escrever muito agora, mas me sinto devedor de um texto profundo ao poema cinematográfico do pernambucano Cláudio Assis. Faz muito tempo que não assisto (no cinema) a um filme poético e revolucionário como este.  A poesia e a revolução das ideias são suas únicas quimeras. Precisa dizer mais alguma coisa neste momento tétrico por que passa a arte cinematográfica mundial?... Só mais uma coisa, me permitam:  este é um filme de invenção poética, regido pelo conflito dos contrários, registrado em belíssima fotografia clássica do Walter Carvalho, europeia e em preto e branco cinemascope, que me provocou, ao vê-lo e ouvi-lo, no dia de sua estreia no Rio, um grande choque de linguagem, uma machadada na cabeça.  Ao observador atento, o filme explode na dicotomia entre o realismo panfletário do ator Irandhir Santos, o poeta Zizo,  que está vigoroso em cena e é possuidor de uma fórmula dramática, única, messiânica de representar,  contrapondo-se  a morte sequencial do personagem, expondo-se a vida. O ator demonstra a mais pura contradição cênica e filosófica recitada pela miséria material do seu povo e, no mais coloquial, elevando-se, quando passa a sofrer, como um grande interprede de sua angústia, a desconstrução da geologia da fome, através das belezas fotográficas do seu mundo cruel  nas tristezas do texto poético do caranguejo do mangue. Assim, o impactante ator, chega ao extremo da arte na sua irretocável  interpretação  cinematográfica, vê-lo em cena é estonteante e definitivo, é o povo brasileiro dando vida ao seu extraordinário personagem. Só posso dizer agora: se por milagre ele passar nas salas de cinema de  sua cidade, não deixe de ver esse filme. Viva o nordeste e sua gente!

Escrevendo a mão, faço algumas anotações sobre diversos assuntos e situações que me tocaram nestas últimas semanas. Não tenho vontade de tocar no programa de  texto do meu computador. Eu sei o motivo: nestes dias não estou vivendo na tranquilidade da minha caverna de leitura e de trabalho, onde moro e me coloco diuturnamente, num sacerdócio de indagações, frente a todas as reflexões dos fatos, pensamentos e outras revelações feitas pela mídia escrita, televisada e eletrônica, a que tenho acesso.  Assim é:  vivendo agora preso por necessidade financeira de sobrevivência, na realidade desse mundo, desse sistema que desprezo, eu tenho que me afastar do que me é mais caro.  O sopro fresco da brisa da criação poética, que só o ócio me proporciona, foi substituído pela fornalha descontrolada da necessidade do negócio, que é preciso ser feito para se  obter o mínimo de dignidade existencial a que todos nós somos impostos. Primeiro pelo regime comandado pelo capital e depois pela especulação social do simples fato de existir. O resto agente controla.

Tenho lido nestes últimos dias das barbaridades cometidas pelos órgãos de repressão e seus homens secretos escondidos no passado pelo poder bélico ditatorial das armas nacionais. O caso da casa de Petrópolis, onde aconteciam as festas regadas a sangue; a história do comandante – capitão vulgo coronel – da Oban em São Paulo, que torturou a Presidenta; o absurdo dos milhões de dólares doados pelo desgoverno Garrastazu-Geisel em armas ao assassino ditador do povo chileno; e tantas outras bizarrices que precisariam de páginas e paginas para enumerá-las. Não há como ficar impune quando o espírito se revolta com tantas atrocidades, violência cometida contra os mínimos direitos dos homens, hoje ditos civilizados. Mas não foi com a redemocratização que as causas e os efeitos sociais mudaram a vida do homem latino-americano. O mundo continua sendo irracional e é dominado pela mesma política-polícia intervencionista do velho estado totalitário,  só que agora pautada em força maior, pois a tortura é a financeira, onde a intervenção dos mais poderosos oprime, às vezes,  de maneira desumana os que nada têm, ou marginalizam  os que querem reformas radicais no sistema vigente. Abaixo a ditadura financeira a que estamos submitidos. Viva a liberdade do homem em escolher o seu destino.

domingo, 1 de julho de 2012



DE REPENTE NUM CINEMA
                               Fabio Carvalho
“Chega de poetas brochas.
Salve o poeta bruxo.”
Roberto Piva                                                                   

Só tenho pensado no filme que tenho que terminar o mais rápido possível. Ou no impossível rápido. Uma doença, velho. Tenho absoluta certeza que é ela: a obsessão. Minha dominatriz. O Manga-Rosa e o Silvério vinham subindo a Rua do Ouro. O que já era uma situação suspeita por si só. O agravante era que o Silvério levava em uma das mãos espalmada, como um garçom, um bolo branco enorme coberto por uma cúpula redonda de plástico transparente. Acho que todas as cúpulas são redondas, nem sei. Enquanto eu atravessava a pouca rua para muitos carros, eles entraram no Bar da Tia, que era o meu destino. Todos estavam lá dentro, era o dia do aniversário do Primo. Naquela noite. Quando de surpresa apagaram as luzes, acenderam a vela e cantamos parabéns pra você, ele chorou como uma criança. Cheguei na hora certa. Senti o quadro bonito. O Amadeu serviu filé de peixe que ele pescou, frito na farinha e acompanhado de molho rosê na cumbuca. Estórias de pescador. Nada mais agradável para atravessar mais aquela noite de crise financeira. Aproveito a maré e tomo mais uma. Fazer o quê? Amanhã vou jogar no bicho. Mais uma vez converso dançando com o Paulinho Brabeque sobre os vários mortos deste primeiro semestre. Parecia um retake, tinha a nítida impressão que era a mesma cena e o mesmo diálogo de algum tempo, com os mesmos personagens, exceto outros que já não puderam comparecer visíveis. Os mesmos de ontem. Comecei a ouvir cantoras extraordinárias no programa Vozes do Brasil da rádio Inconfidência. Movimento dos barcos. O galo cantou, é de manhã. Tenho que encontrar o Biro-Biro. Aquela luz da aurora do inverno nos trópicos. Céu de brigadeiro. Estranha expressão. Desço a rua na calçada do lado esquerdo, para tomar um solzinho. Hoje só volto amanhã. A estrela da manhã chegou e me lembrou de todas as últimas, comecei a ouvir mais uma Coisa do Moacir Santos. Com a voz dele no final. Que coisa meu, diria o Otávio. Fiquei vendo a Catarina e depois vi outra Catarina que é filha do meu amigo Nino, na pousada Nello Nuno. Assim viajei com a personagem Maria Madalena que desejo que a Ana Maria faça no meu filme. Duas Catarinas na mesma manhã.  Mais à noite, fiquei vendo a sobrinha-neta do mestre escritor e sua filha. Visões que me deixaram siderado. Se é que isto existe. Sei que dormi muito bem. Revendo agora nesta nova manhã pela milhonésima vez após um espaço de tempo, O Fantasma do Cinema, percebi com um prazer secreto e incontido que a todo custo desviei a atenção da estória que eu mesmo escrevi. Jamais quero ser um contador de estórias. Ave Maria de Gounod.



OBRAS DO ARTISTA PAULO LAENDER À VENDA

 Segue um link com a minha produção mais recente (maio/junho).
Tem uma pintura, relevos da série "Memórias do Mar" e uma coleção de gravuras em metal.  http://www.laender.com.br/gravuras_relevos_2012___S
Todas as peças estão disponíveis e se houver algum interesse, em qualquer dos trabalhos, basta me responder, por email,  paulo@laender.com.br, especificando a, ou as, peça(s) que deseja ver, que eu entro em contato e posso enviar as mesmas num endereço escolhido.
Os valores das gravuras em metal já incluem "passe-partout" com 3 a 4 cm  em volta da imagem, moldura preta (2.5 cm - larg.) e vidro ante reflexo.