ABAIXO TEXTOS - CRÍTICAS - ENSAIOS - CONTOS - ROTEIROS CURTOS - REFLEXÕES - FOTOS - DESENHOS - PINTURAS - NOTÍCIAS

Translate

domingo, 1 de julho de 2012



DE REPENTE NUM CINEMA
                               Fabio Carvalho
“Chega de poetas brochas.
Salve o poeta bruxo.”
Roberto Piva                                                                   

Só tenho pensado no filme que tenho que terminar o mais rápido possível. Ou no impossível rápido. Uma doença, velho. Tenho absoluta certeza que é ela: a obsessão. Minha dominatriz. O Manga-Rosa e o Silvério vinham subindo a Rua do Ouro. O que já era uma situação suspeita por si só. O agravante era que o Silvério levava em uma das mãos espalmada, como um garçom, um bolo branco enorme coberto por uma cúpula redonda de plástico transparente. Acho que todas as cúpulas são redondas, nem sei. Enquanto eu atravessava a pouca rua para muitos carros, eles entraram no Bar da Tia, que era o meu destino. Todos estavam lá dentro, era o dia do aniversário do Primo. Naquela noite. Quando de surpresa apagaram as luzes, acenderam a vela e cantamos parabéns pra você, ele chorou como uma criança. Cheguei na hora certa. Senti o quadro bonito. O Amadeu serviu filé de peixe que ele pescou, frito na farinha e acompanhado de molho rosê na cumbuca. Estórias de pescador. Nada mais agradável para atravessar mais aquela noite de crise financeira. Aproveito a maré e tomo mais uma. Fazer o quê? Amanhã vou jogar no bicho. Mais uma vez converso dançando com o Paulinho Brabeque sobre os vários mortos deste primeiro semestre. Parecia um retake, tinha a nítida impressão que era a mesma cena e o mesmo diálogo de algum tempo, com os mesmos personagens, exceto outros que já não puderam comparecer visíveis. Os mesmos de ontem. Comecei a ouvir cantoras extraordinárias no programa Vozes do Brasil da rádio Inconfidência. Movimento dos barcos. O galo cantou, é de manhã. Tenho que encontrar o Biro-Biro. Aquela luz da aurora do inverno nos trópicos. Céu de brigadeiro. Estranha expressão. Desço a rua na calçada do lado esquerdo, para tomar um solzinho. Hoje só volto amanhã. A estrela da manhã chegou e me lembrou de todas as últimas, comecei a ouvir mais uma Coisa do Moacir Santos. Com a voz dele no final. Que coisa meu, diria o Otávio. Fiquei vendo a Catarina e depois vi outra Catarina que é filha do meu amigo Nino, na pousada Nello Nuno. Assim viajei com a personagem Maria Madalena que desejo que a Ana Maria faça no meu filme. Duas Catarinas na mesma manhã.  Mais à noite, fiquei vendo a sobrinha-neta do mestre escritor e sua filha. Visões que me deixaram siderado. Se é que isto existe. Sei que dormi muito bem. Revendo agora nesta nova manhã pela milhonésima vez após um espaço de tempo, O Fantasma do Cinema, percebi com um prazer secreto e incontido que a todo custo desviei a atenção da estória que eu mesmo escrevi. Jamais quero ser um contador de estórias. Ave Maria de Gounod.



OBRAS DO ARTISTA PAULO LAENDER À VENDA

 Segue um link com a minha produção mais recente (maio/junho).
Tem uma pintura, relevos da série "Memórias do Mar" e uma coleção de gravuras em metal.  http://www.laender.com.br/gravuras_relevos_2012___S
Todas as peças estão disponíveis e se houver algum interesse, em qualquer dos trabalhos, basta me responder, por email,  paulo@laender.com.br, especificando a, ou as, peça(s) que deseja ver, que eu entro em contato e posso enviar as mesmas num endereço escolhido.
Os valores das gravuras em metal já incluem "passe-partout" com 3 a 4 cm  em volta da imagem, moldura preta (2.5 cm - larg.) e vidro ante reflexo.

Nenhum comentário: