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terça-feira, 27 de julho de 2010

NOTÍCIAS


Eu nunca tinha visto uma foto de um gato tão expressiva. Embora familiar, parece-me um deus de olhos penetrantes com visões filosóficas de nossa insignificância. Vocês também não acham?

Até que enfim alguma coisa, que esperamos seja nobre, será feita para lembrar a revolucionária menina de Oswald de Andrade, a indômita Pagu. Para celebrar o centenário de nascimento de Patrícia Galvão, a Pagu, um livro será lançado neste ano reunindo a ainda desconhecida produção cultural de seus últimos anos, na cidade de Santos, de 1954 a 1962, quando morreu. A pesquisadora Márcia Costa levantou mais de 300 textos, publicados no jornal "A Tribuna", que mostram o envolvimento da eterna musa do movimento modernista com a cena cultural local, seja como jornalista, poeta ou escritora. "Muitos pensam que ela parou de atuar quando deixou São Paulo", diz a pesquisadora. "Pelo contrário: Pagu foi, antes de tudo, uma amante da cultura e morreu produzindo e difundindo arte.

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Assim caminha o mercado de livro em nosso país. A maioria dos donos de livraria tem apenas um estabelecimento no Brasil. É isso o que mostra o Diagnóstico do Setor Livreiro, que será divulgado. Os que possuem uma loja correspondem a 63% do total de livrarias do país; já os que têm duas representam 11% e os que têm de 3 a 10 lojas são 8%. Na faixa de 41 a 100 lojas são 3%, e as redes que têm de 101 a 200 estão nas mãos de 6%. O estudo, encomendado pela Associação Nacional de Livrarias (ANL), revela também que a maior concentração de livrarias está no Sudeste: São Paulo lidera com 864 lojas. Depois vem o Rio, com 298 livrarias, e Minas, com 268. Não serão lançados antes do mês que vem os oito fundos setoriais que o Ministério da Cultura criará neste ano, atendendo a áreas como música, artes visuais e audiovisual. Entre os principais entraves está o contingenciamento de 50% do orçamento da pasta, já que, sem a liberação desses recursos, não será possível anunciar os cerca de R$ 300 milhões para a empreitada. O fundo das artes cênicas deve receber em torno de R$ 80 milhões.
Acabo de receber alguns poemas escolhidos do agrado do meu filho de Juiz de Fora, MG, o músico Jose Luiz Vieira. São, que ao meu ver, escolheu os melhores dos grandes poetas conhecidos que ele recolheu nas páginas da internet e nos seus livros, que eu repasso para os meus leitores.

Dedução

Vladimir Maiakóvski
Não acabarão nunca com o amor,nem as rusgas,nem a distância. Está provado,pensado,verificado. Aqui levanto solene minha estrofe de mil dedos e faço o juramento: Amo firme,fiel e verdadeiramente.

COMUMENTE É ASSIM

Vladimir Maiakóvski
Cada um ao nascer traz sua dose de amor, mas os empregos, o dinheiro, tudo isso, nos resseca o solo do coração. Sobre o coração levamos o corpo, sobre o corpo a camisa, mas isto é pouco. Alguém imbecilmente inventou os punhos e sobre os peitos fez correr o amido de engomar.
Quando velhos se arrependem. A mulher se pinta. O homem faz ginástica pelo sistema Muller. Mas é tarde. A pele enche-se de rugas. O amor floresce, floresce, e depois desfolha.

ARTE DE AMAR

(Manuel Bandeira)
Se queres sentir a felicidade de amar, esquece a tua alma.A alma é que estraga o amor. Só em Deus ela pode encontrar satisfação.Não noutra alma. Só em Deus - ou fora do mundo.As almas são incomunicáveis.Deixa o teu corpo entender-s com outro corpo.Porque os corpos se entendem, mas as almas não.

A Cópula

(Manuel Bandeira)
Depois de lhe beijar meticulosamente o cu, que é uma pimenta, a boceta, que é um doce, o moço exibe à moça a bagagem que trouxe: culhões e membro, um membro enorme e turgescente. Ela toma-o na boca e morde-o. Incontinenti, Não pode ele conter-se, e, de um jacto, esporrou-se. Não desarmou porém. Antes, mais rijo, alteou-se E fodeu-a. Ela geme, ela peida, ela sente Que vai morrer: - "Eu morro! Ai, não queres que eu morra?!" Grita para o rapaz que aceso como um diabo, arde em cio e tesão na amorosa gangorra E titilando-a nos mamilos e no rabo (que depois irá ter sua ração de porra), lhe enfia cona adentro o mangalho até o cabo.

MEDO
Raymond Carver (1938-88), escritor e poeta americano

Medo de ver a polícia estacionar à minha porta.
Medo de dormir à noite.
Medo de não dormir.
Medo de que o passado desperte.
Medo de que o presente alce vôo.
Medo do telefone que toca no silêncio da noite.
Medo de tempestades fulminantes.
Medo da faxineira que tem uma pinta no queixo!
Medo de cães que supostamente não mordem.
Medo da ansiedade!
Medo de ter que identificar o corpo de um amigo morto.
Medo de ficar sem dinheiro.
Medo de ter demais, mesmo que ninguém vá acreditar nisso.
Medo de perfis psicológicos.
Medo de me atrasar e medo de ser o primeiro a chegar.
Medo de ver a letra dos meus filhos em envelopes.
Medo de que eles morram antes de mim, e que eu me sinta culpado.
Medo de ter que viver com minha mãe em sua velhice, e na minha.
Medo da confusão.
Medo de que esse dia acabe em um bilhete infeliz.
Medo de acordar e ver que você partiu.
Medo de não amar e medo de não amar o bastante.
Medo de que o que amo se prove letal para aqueles que amo.
Medo da morte.
Medo de viver demais.
Medo da morte.
Já disse isso.

Infância
Edgar Allan Poe

Não fui, na infância, como os outros e nunca vi como os outros viam. Minhas paixões eu não podia tirar das fontes igual à deles;e era outro o canto, que acordava o coração de alegria Tudo o que amei, amei sozinho

Com usura
(Ezra Pound)
Com usura homem algum terá casa de boa pedra cada bloco talhado em polidez e bem ajustado para que o esboço envolva suas faces, Com Usura homem algum terá paraíso pintado na parede de sua igreja harpes et luzou onde a virgem receba a mensageme um halo projeta-se do inciso, com usura homem algum vê Gonzaga seus herdeiros e concubinas pintura alguma é feita pra ficar nem pra com ela conviver só é feita a fim de vender e vender depressa Com Usura, pecado contra a natureza, sempre teu pão será rançosas códeas sempre teu pão será de papel seco sem trigo da montanha, sem farinha forte com usura uma linha cresce turva com usura não há clara demarcação e homem algum encontra sua casa. O talhador não talha sua pedrao tecelão não vê o seu tear Com Usura não vai a lã até a feira carneiro não dá ganho com usura a usura é uma peste, usura engrossa a agulha lá nas mãos da moça E só pára a perícia de quem fia. Pietro Lombardo não veio via usura Duccio não veio via usura Nem Pier della Francesca; Zuan Bellini não pela usura nem foi pintada 'La Calunnia' assim. Angelico não veio via usura; nem veio Ambrogio Praedis, Não veio Igreja alguma de pedra talhada com a incisão: Adamo me fecit. Nem via usura St. Trophime Nem via usura Saint Hilaire. Usura oxida o cinzel Ela enferruja o ofício e o artesão Ela corrói o fio no tear Ninguém aprende a tecer ouro em seu modelo; o azul é necrosado pela usura; não se borda o carmesim A esmeralda não acha o seu Memling A Usura mata o filho nas entranhas Impede o jovem de fazer a corte Levou paralisia ao leito, deita-se entre a jovem noiva e seu noivo...................contra naturam Trouxeram meretrizes para Elêusis Cadáveres dispostos no banquete às ordens da usura.


SAUDAÇÃO

(Ezra Pound)

Oh geração dos afetados consumados
e consumadamente deslocados, Tenho visto pescadores em piqueniques ao sol, Tenho-os visto, com suas famílias mal-amanhadas, Tenho visto seus sorrisos transbordantes de dentes e escutado seus risos desengraçados. E eu sou mais feliz que vós, E eles eram mais felizes do que eu; E os peixes nadam no lago e não possuem nem o que vestir.

(tradução de Mário Faustino)

Maiakóvsky - A todas vós que já fostes ou que sois amadas como um ícone guardado na gruta da alma qual uma copa de vinho à mesa de um banquete ergo meu crânio repleto de versos. Freqüentemente me indago: talvez fosse melhor dar à minha vida o ponto final de um balaço.Todavia hoje dou meu concerto de despedida. Memória! Junta na sala do cérebro as fileiras das inumeráveis bem-amadas. Derrama o riso em todos os olhos! Que de passadas núpcias a noite se paramente! Derrama alegria em todos os corpos! Que ninguém possa esquecer esta noite. Hoje tocarei a flauta de minha própria coluna vertebral.

Telefone depois da meia-noite
23:56
de Jose Luiz Vieira
on line?
23:56
na vida?
23:56
a vida é insuportável pra quem a vive,
23:57
assim como a morte é incômoda pra quem a
23:58
vivencia.
Sendo assim,
23:58
abocanho a tua boca na esperança de matar minha sede
23:59
na tua saliva.Mas ao contrário, tua saliva :
23:59
me desseca,me ressaca
0:00
me rechaça
0:00
me seca .
Teu leite qualho,
0:00
oriúndo dos aquários, áridos , ardidos e
desprovidos de vida,
me afogam nas águas do real.
Da insuportável realidade que insiste em ser real

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