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quinta-feira, 6 de maio de 2010

ATLÂNTIDA (III)

O tema da Atlântida tem dado origem a diferentes interpretações, umas mais cépticas, outras mais fantasiosas. Segundo alguns autores, tratar-se-ia de uma metáfora referente a uma catástrofe global (identificada, ou não, com o Dilúvio), que teria sido assimilada pelas tradições orais de diversos povos e configurada segundo suas particularidades culturais próprias. Sua existência foi cogitada e investigada sobre os mais variados aspectos, dentro e fora dos limites daquele oceano, mas nada de definitivo foi descoberto até hoje.
A Atlântida era governada em paz, era rica em comércio, avançada em conhecimento e dominava as ilhas e começou a expandir seu domínio: “Agora nesta ilha de Atlântida havia um grande e maravilhoso império que governou em toda a ilha e em várias outras, e em partes do continente”, ele escreveu “e depois, os homens da Atlântida dominaram as partes da Líbia dentro das colunas de Hércules até o Egito e a Europa, até a Tyrrhenia”.
Platão adverte repetidamente que tudo o que conta ocorreu de verdade, inclusive avisando que os fatos podem parecer irreais por sua magnitude. Somente muda os nomes originais para aproximar mais o relato à vida cotidiana da Grécia.
Aquilo que, há dois milênios, Platão relatou a respeito da Atlântida, cabe em pouco mais de 20 páginas impressas. Pouco mais se sabe de Atlântida!
Em muitos pontos nos diálogos, os personagens de Platão referem-se à história da Atlântida como uma “história real”. Platão também parece colocar na história muitos detalhes sobre a Atlântida que seriam desnecessários se ele pretendesse usar isso apenas como um instrumento literário.
A Atlântida teria desaparecido há mais ou menos 10.000 ou 12.000 anos atrás em um só dia e uma só noite, e as causas podem ter sido várias. A mais conhecida é a do continente ter sido submerso devido ao fim da última glaciação pelo qual o planeta passou (há cerca de 80.000 anos atrás começou esse período, e acabou justamente entre 10.000 e 12.000 anos atrás). A conseqüência do fim do período glacial é o derretimento de grande parte do gelo acumulado e o conseqüente aumento do nível dos Oceanos. Daí a submersão do continente.
As obras de Platão não são os únicos relatos que existem de um país perdido no meio do oceano Atlântico, que, por certo, deve seu nome a este continente desaparecido. Para aqueles que alegam que a Atlântida de Platão era uma analogia velada sobre a corrupção da Atenas, argumenta-se que o renomado filósofo não escreveria uma parábola tão complexa, em três volumes, criando toda uma civilização, tecnologia e cultura, que em nada faz paralelo com o mundo grego, envolvendo o nome de um grande líder político (Sólon) e seu neto (Crítias), com a real possibilidade de contrariar os interesses de seus descendentes. Além do mais suas descrições da tecnologia de Atlântida se encaixam perfeitamente nas descrições do MahaBahata hindu.
Outros pensadores gregos, como Aristóteles e Plínio, argumentaram sobre a existência da Atlântida, enquanto que Plutarco e Heródoto, considerado por alguns como o maior dos historiadores antigos, escreveu sobre a misteriosa civilização da ilha no Atlântico como um fato histórico. Um manuscrito intitulado “A Respeito do Mundo” e atribuído a Aristóteles evidencia a crença em outros continentes. O antigo historiador grego Diodoro da Sicília (séc. I a.C.), escreveu que milhares de anos antes dos fenícios, havia uma imensa ilha atlântica (no local em que Platão descreveu que a Atlântida estava), e os atlantes eram vizinhos dos líbios; também mencionou que eles tiveram uma guerra com os amazônicos! Dentre outras afirmações e registros, descreveu a Atlântida como uma “ilha de tamanho considerável e situada no oceano a uma distância de alguns dias de viagem da Líbia (entende-se Líbia a África conhecida até então) para o oeste e cujo povo era chamado Atlatioi.
Homero (sec. VIII a.C.) em sua Odisséia, refere-se a Scheria, uma ilha afastada no oceano, que ficava depois das Colunas de Hércules a oeste, onde viviam os faécios, “os mais famosos homens”… Faz também uma outra referência à cidade de Aleino, a qual segundo suas descrições, lembra em muito a Atlântida de Platão. Também em sua Odisséia, Homero se refere a duas tribos, uma chamada Atarantes e a outra Atlantes, a qual o nome derivada de uma montanha cônica e arredondada chamada Atlas. Dizem que era tão alta, que seu cume nunca poderia ser visto, pois as nuvens jamais o permitiriam.
Tucídides (460 – 400 a.C.) nas Guerras do Peloponeso descreveu terremotos e inundações as quais destruíram cidades e ilhas e menciona uma terra a qual também fora atingida chamada Atalante.
E mais dezenas de outros registros de historiadores famosos assim como Heródoto (século V), Apolodoro (século II), Teoponipos (século IV a.C.), Tertuliano (160 – 240), Philo Judaeus (20a.C. – 40 a.D.), Aelius (Claudius Aelianus – século III). Como podemos ver, era crença comum os habitantes do antigo mundo mediterrâneo acreditar no afundamento de uma grande ilha continente a oeste dali e também em invasões e dominações de um povo mais desenvolvido.
A Atlântida se tornou parte do folclore em todo o mundo, foi colocada em mapas oceânicos e buscada pelos exploradores.
Também na Bíblia, Ezequiel dedica várias passagens de seu livro a um arquipélago ao qual denomina de “Ilhas Tarsis”. Fala de suas riquezas, e de uma completa decadência, e por último o aviso de Deus: “farei subir por ti o abismo e muitas águas te cobrirão” (Ez. XXVI-19). E prosseguindo com o texto de Ezequiel (XXVI e XXXII): “… Disse o senhor: E fazendo lamentações sobre ti, dir-te-ão: como pereceste tu que existias no mar, ó cidade ínclita, que tens sido poderosa no mar e teus habitantes a quem temiam? Agora passarão nas naus, no dia da tua espantosa ruína, e ficarão mergulhadas as ilhas no mar, e ninguém saberá dos teus portos; e quanto tiver feito vir sobre ti um abismo e te houver coberto com um dilúvio de água, eu te terei reduzido a nada, e tu não existirás, e ainda que busquem não mais te acharão para sempre…”. Também o profeta Isaias fala do desaparecimento da Atlântida com palavras bastante diretas: “… Ai da terra dos navios que está além da Etiópia; do povo que manda embaixadores por mar em navios de madeira sobre as águas. Ide, mensageiros velozes, a uma gente arrancada e destroçada; a uma gente que está esperando do outro lado, e a quem as águas roubaram suas terras…“(Is XVIII , 1-2).
O Dilúvio narrado no Gênesis era um mito comum tanto aos babilônios, assírios, persas, egípcios, gregos, italiano quanto às cidades-Estado da Ásia Menor – sem mencionar os povos do Mediterrâneo, Golfo Pérsico, Mar Cáspio e até mesmo Índia e China. A lenda de Tamandaré, dos índios guaranis, também retrata um dilúvio e a salvação de um casal no alto de uma montanha;
O Livro de Enoch consagra 105 capítulos aos “anjos” descidos do céu para desposar as belas terrestres. Quem eram esse “anjos?
No fim do século passado foram descobertas, na colina de Kuyundjik, no Kazaquistão, doze placas de argila, escritas em acádico, que descrevem uma epopéia heróica: o Poema de Gilgamés, tido como o texto mais antigo da humanidade escrita por volta de 2.500 anos antes de Cristo. Gilgamés foi rei de Uruk na Babilônia, hoje Iraque. O vitorioso herói seria dois terços deus e um terço homem, realiza uma série de proezas e feitos fantásticos. O poema contém o relato exato do dilúvio, precedendo em séculos as primeiras versões manuscritas da Bíblia e do mito de Noé. Na epopéia de Gilgamesh, Noé é chamado de Utnapisti. É considerada como fonte de onde deriva o texto do Gênesis hebreu.
O caso é que em quase todas as civilizações, incluída a tibetana, a egípcia, a hindu, a mesopotâmica, maia, pré-inca e chinesa sempre aparece um povo desaparecido sob as águas do mar, cujos sobreviventes, que se anteciparam à eminente catástrofe, se espalharam pelo mundo.
Os índios, especialmente os maias e astecas, diziam ter vindo de uma ilha situada no meio do oceano, mais além do Golfo do México, à qual os astecas chamavam Aztlan, na qual reinava um soberano conhecido como Atlanteoltl, e os maias de Tollan.
Artistas maias e astecas esculpiram elefantes, quando na América nunca existiram estes animais [Platão descreve um animal similar ao elefante na Atlântida]. As lendas maias falam de um povo que chegou por mar para a fundação de uma civilização. Antigos escritos dos astecas e dos maias, como o Chilam Balam, Dresden Codex, Popuhl Vuh, Codex Cortesianus e Manuscrito Troano também foram traduzidos como histórias da destruição da Atlântida e Lemúria.
Os sacerdotes Maias tinham tabelas para prever os eclipses. Mas há algo muito estranho sobre os Maias: aparentemente, eles nunca dominaram o uso da roda. Eles visualizavam a eternidade como nenhum outro povo. Pensavam em milhares de anos adiante, mas nunca aprenderam a pesar um saco de grãos. Essa sofisticada civilização foi extinta por não desenvolver métodos básicos de agricultura de subsistência. O que pergunto é: se eles herdaram uma parte de seu conhecimento de uma civilização mais antiga e sábia?
O Popol Vuh, o livro sagrado dos Maias, fala de ondas gigantes, dilúvios, céus escuros durante meses, uma chuva escura e gelada, e granizo.

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