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quarta-feira, 5 de maio de 2010

ATLÂNTDA (II)


(A Lenda e o Mito)
... Naquele tempo, muito além das Colunas de Hércules, existia uma ilha do tamanho de um continente que se chamava Atlântida, em honra de seu primeiro rei e fundador, Atlas, filho de Poseidon.
Conforme a lenda, nos primeiros tempos, os deuses helênicos fizeram entre si a partilha do mundo, a cidade de Atenas pertencia à deusa Atena e Hefesto, mas Atlântida tornou-se parte do reino de Poseidon, deus dos mares.
Fala Crítias que o primeiro homem a habitar Atlântida fora Evenor, junto de sua esposa Leucippe. Desta união nascera Cleito, a qual Poseidon viera a se apaixonar. Poseidon viveu na ilha por longo tempo em companhia da jovem Clito.
Para proteger a seus filhos e separar a amada dos restos dos mortais, o deus decide fortificar o território por meio de um canal de 100 metros de largura, outro tanto de profundidade e 10 quilômetros de comprimento, que conduzia a outro canal interior, que fazia às vezes de porto, no qual puderam ancorar os maiores navios da época. Em seguida foram abertas eclusas para atravessar os outros dois cinturões de terra que rodeavam a cidadela situada na ilha central, de forma que somente poderia passar um navio de cada vez. Esses canais estavam cobertos com tetos, pelo que a navegação se fazia por baixo da superfície, que estava elevada com relação ao nível do mar.
Após dividir a ilha em dez áreas anelares, cedendo-as a cada um dos dez filhos (cinco pares de gêmeos), Poseidon autorizou supremacia a Atlas, seu filho mais velho (primogênito), dedicando-lhe a montanha, de onde Atlas espalhava o seu poder sobre o resto da ilha. Atlas tornou-se a personificação das montanhas ou pilares que sustentavam o céu. A palavra grega Atlantis (Atlântida) significa “a ilha de Atlas’, assim como a palavra Atlântico significa “o oceano de Atlas”.
Em cada um dos distritos, reinavam as monarquias de cada um dos descendentes dos filhos de Clito e Poseidon. Estes se reuniam uma vez por ano no centro da ilha. A reunião marcava o início de um festival cerimonioso em que cada um dos monarcas dispunha-se à caça de um touro; uma vez o touro caçado, beberiam do seu sangue e comeriam da sua carne, enquanto sinceras críticas e comprimentos eram trocados entre si à luz lunar, com a participação de seus cidadãos; isso servia para resolver todas as disputas de forma equilibrada.
Nos cinturões externos de terra, foram construídos ginásios para práticas esportivas e hipódromos, bem como moradia para soldados, hangares para barcos e armazéns para todas as modalidades conhecidas de artigos náuticos. O canal principal que servia de entrada para embarcações era muito movimentado, tanto de dia como de noite, o que demonstra ter sido Atlântida um grande centro comercial de seu tempo.
A capital da cidade de Atlântida era uma maravilha de arquitetura e engenharia. A cidade tinha um muro coberto por um desconhecido metal, o oricalco, que etimologicamente quer dizer “cobre das montanhas”, e que somente era inferior ao ouro. Bem no centro havia um monte, e no topo do monte um templo para Poseidon e outro dedicado a Clito, ambos rodeados de uma cerca de ouro. O Templo de Poseidon tinha seu interior de oricalco, com artesanato de marfim e adornos de ouro e prata (Não se sabe ao certo o que era o oricalco. Pode ser uma liga de ouro/cobre, cobre/estanho ou cobre/zinco/latão, ou metal desconhecido). Presida o templo uma estátua do deus, sobre um carro puxado por 6 cavalos alados, todo ele em ouro maciço. O palácio real era segundo os relatos “uma verdadeira obra prima de encantar a vista, por suas dimensões e beleza”.
O templo dedicado a Posseidon era cercado por um muro de ouro. Todo o templo era forrado de prata, com exceção dos acrotérios, que eram de ouro. No interior, a abóbada era de marfim, com ornamentos de ouro, prata e oricalco. Havia também no templo estátuas dedicadas a diversas divindades, bem como outras que homenageavam os reis e suas esposas, além de um altar cuja beleza e magnificência não encontrava paralelo conhecido.
Geograficamente, Platão descreve a Atlântida desta forma: “toda a região era muito alta e caía a pique sobre o mar, mas que o terreno à volta da cidade era plano e cercado de montanhas que desciam até a praia, de superfície regular, era mais comprida do que larga, com três mil estádios na sua maior extensão, e dois mil no centro, para quem subisse do lado do mar. Toda essa faixa da ilha olhava para o sul, ao abrigo do vento norte. As montanhas das imediações eram famosas pelo número, altura e beleza, muito acima das do nosso tempo…“.
Atlântida possuía a capacidade de prover seus habitantes com todas as condições de sustento, apesar de receber de fora muito do necessário, provavelmente, através do comércio. Havia na ilha grande abundância de madeira que com certeza foram utilizadas nas imensas obras lá construídas, bem como imensas pastagens, tanto para animais domésticos, como para selvagens, incluindo aí a raça dos elefantes, que teriam se multiplicado pela ilha. Por sua vez, toda sorte de frutos, legumes, flores e raízes existiam ali, sendo que o fabrico de essências e perfumes era corriqueiro. A extração de minérios, em particular o ouro, ocorria fartamente em Atlântida. As águas jorravam no centro da ilha, em suas imediações foram construídas “cisternas para banhos quentes no inverno”. Havia, contudo, locais próprios para os banhos dos reis, bem como modalidades específicas para as mulheres. Sua flora era exuberante.

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