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terça-feira, 30 de março de 2010

Homenagem

Neste dia em que finalizo minhas tarefas de assistir a todos os filmes concorrentes da Mostra do Filme Livre, eu quero agradecer ao jovem diretor da Mostra, o cineasta Guilherme Whitaker, que tem se mostrado um nobre, um diplomata na delicadeza do trato e no empenho em honrar os seus compromissos, coisa rara hoje em dia. A recuperação do meu filme 100% Brazileiro, para ser exibido com qualidade, tanto trabalho lhe deu, com tantas idas e vindas, latas e mais latas, só foi possível essa produção com muita paciência e abnegação, trabalho extra, foras de suas muitas atribulações, que ele conseguiu chegar com perfeição ao fim.

Fazer cinema é uma tarefa complicada, fazer cinema no Brasil então..., é um dilema.
Assim ando-me sentindo na posição de jurado da Mostra Livre de Cinema, que este ano homenageia os meus 35 anos de trabalhos realizados no cinema brasileiro.
Vi nesta jornada prazerosa, cheia de encontros e surpresas, a maior quantidade de filmes que já assisti de um fôlego só - trinta curtas e sete longas. Estou até agora espantado. Uma massa de cinema experimental, em todos os seus aspectos estéticos, bombardeou minha cabeça. Alguns deles têm produção requintada, outros, produção nenhuma. Mas, aos meus olhos, todos esses filmes têm uma mesma dinâmica: todos foram feitos por pessoas que amam o cinema como expressão máxima das suas criações artísticas. Eu, depois de quase tudo, posso dizer que para um filme existir como cinema, é preciso se sacrificar muitas vezes. Como então posso julgar, entre todos aqueles filmes ali presentes em suas singularidades, qual seria o melhor filme. Tarefa, a meu ver, quase impossível... O que posso dizer dos filmes que mais gostei, é que realmente o cinema de invenção, como diria o Jairo Ferreira, está influenciando de sobremaneira toda uma nova geração de cineastas, que novamente buscam, através de um variado leque de temas, a linguagem estética de um cinema 100% brasileiro.

Conheci e encontrei algumas pessoas interessantes, durante essas duas semanas, o Marcelo Ikeda, a Tetê Mattos, mas a presença do cineasta pernambucano Camilo Cavalcante, pelos salões do CCBB, foi uma surpresa inesperada de acontecer. Ele se apresentou com o seu linguajar coloquial, com a objetividade dos seus comentários, com a sua conversa cantada, sonora, às vezes engraçada, espirituosa e a sua visão política da arte. De cara me simpatizei e pude notar que antes do artista existe ali uma grande figura humana. A arte é o seu reflexo, por isso também humana e grande. Senti falta do Santeiro, do Noilton, do Mourão, mas para equilibrar grandes ausências, tive o prazer de me aproximar, um pouco mais, de outro pernambucano singular, transgressor de dogmas, o cineasta Claudio Assis, que por merecimento e grande luta pessoal, está produzindo o seu terceiro filme de longa-metragem. Salve Pernambuco!

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