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terça-feira, 20 de dezembro de 2011

Poesia

SOLIPSISMO
Mais um ano chega ao fim.
A sociedade se entrega ao delírio do nada
Tudo é motivo de festa – até a hipocrisia comemora-se
E no FIM
Nada disso importa nós estamos condenados
A viver, ano após ano, escravos de um sistema ultrapassado
Corrompido na sua base de sustentação – a educação
A busca sem fim do saber, do ser perfeito
Da felicidade de ser livre para pensar e agir como um deus
Viajando no universo da imaginação
Rompendo os espaços paralelos
Esticando e encolhendo os limites do tempo
Navegando em si mesmo
Recompondo a imagem no sextante
Olhando as estrela no cérebro
Compreendendo o que não se pode ver
Vendo o inextricável ser
Lendo todos os livros da biblioteca de Borges
Revendo os inesquecíveis filmes
Fazendo cinema
E no FIM
Compreender que outros anos se passaram
Amigos partiram e inimigos ficaram
Apertam-se os torniquetes econômicos
Mais um ano sem trabalho
O que eu posso comemorar é o que não se compra
A minha liberdade é o seu presente
A arte e o estado criativo é a consagração
Não consigo ver o mundo de outra maneira
E no FIM
Sobra o caroço
O osso
O pão nosso de cada dia...
Nada
Assim mesmo devo ser feliz
Tanta fome e tanta miséria ao meu redor
Não passo fome mas às vezes eu perco o apetite
Tenho costume de não jogar nada fora
Não se joga nada fora
Tudo fica aqui mesmo
Como sempre foi
O mundo gira
Os cachorros ladram
A caravana passa
E no FIM
Desamparo
Abandono
SOLIDÃO

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