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quinta-feira, 8 de dezembro de 2011

EU JOGANDO TÊNIS COM POLANSKI
Fabio Carvalho

É que desta vez o tema proposto não passava de um simples pretexto,
um ponto de partida, e Vigo se apegara a uma questão em que se empenhava
profundamente e de coração: o respeito pela sua liberdade.
Paulo Emilio Salles Gomes


De novo me encontro no mundo negro. SOUL. WOMAN IS THE NIGER OF THE WORLD. Que beleza saber seu nome. Logo ao meio dia desta segunda-feira chuvosa. Tenho que aproveitar este estado aliterado para fazer alguma coisa. Cumprir esta etapa. Deve ser legal ser negão no Senegal. A caveirinha à corda que comprei na banca de manhã, debaixo da chuva, vai ser o início do filme que procurava. Está fácil. Tenho que complicar um pouco. Resta apenas um contato. Que bom. Apenas um contato. Que cara de pau. PICK POCKET. Beleza sem igual. E figurou onde o inesperado ainda não figurava. Era a transfigura, ao menos imagino que era. Jamais vou interromper a imaginação, quando toca o celular. Ao mesmo tempo chega uma mensagem, a culpa é desta música. Driblei as duas, de súbito retornei ao craque que sou pelo lado esquerdo, mesmo sendo destro. Que bomba de trivela tenho na canhota. Completamente autônoma. Agi por si só ao seu bel prazer. Antes de qualquer comando meu. Será que ela é minha? Esta velha perna. PILAR ZAMORA. Que belo nome. Será que ela é argentina ou boliviana? Pseudônimo de uma atriz ou guerrilheira urbana? Sem cerimônia vou para Paris. Cidade luz. Cantada por uma bela mulher negra, forte, altiva e dona de um corpo que só ela teria. Com a elegância além da excelência, ornada no esplendor daquele momento sem repetição. Subiu junto com a escada rolante. E como brilhava. Que bela boca. Fez o vento quente esfriar. Nenhuma delas, por mais que me ocupassem, conseguia me desestabilizar ao ponto de não mais seguir o movimento do zigue-zague. Tento sempre assobiar. A lição é bem passada. Sei não. A dúvida é minha parceira. E o que é pior: gosto dela. Alguém já viu um golfinho macambúzio. Cada vez estou mais intransigente e irresponsável com as relações que não sejam de ordem natural. Deve ser a IDADE DA TERRA e suas influências que invariavelmente são recorrentes. Lembrei neste instante da sintaxe. Boa lembrança. Amanhã é domingo. Gosto e não gosto. Enfim, temos e habemos de atravessar mais este. Com uma satisfação imponderável. Ainda é fácil. É só saber. Disse o mágico para sua PARTNER com PIERRE CLEMENTI. Menti. Só um pouquinho. Finalmente uma luz cinematográfica. Esta é a minha e sua missão. Desta altura já não mais podemos escorregar. Também escolheria imediatamente o sândalo. Irrefutável. Que admirável é esta palavra. Como negar seu significado absoluto? A certeza não existe da necessidade desta interrogação me imposta, segundo o jovem crítico, me auto imposta. Quer queiram ou não. Senti uma sombra me assombrando, vou fumar um cigarro ainda. São coisas que acontecem ouvindo MOZART. AMADEUS. Apenas uma loucura momentânea e continuada, também o vizinho está fazendo uma festa para crianças, e nós do lado de cá fazemos filmes para adultos. Agora a pergunta é: nós quem? Tantos nós. Quantas horas são? Acabou de perguntar a outra personagem. E vou lá saber, acho que são meio dia para as quatro. Muito cheirosa. Mesmo assim, esta forma de perguntar vai rebaixá-la à condição de uma das primeiras coadjuvantes para figurante, sem dó nem pena, acho que ela necessita levar uns anos de aprendizado conquistado e merecido. Novamente a mente, mentirosa. Ela gosta, quer e precisa, estou aqui para isto. Esta tarde vai ser boa, amanhã ao acordar melhor ainda após ter sido desenterrado no Père Lachaise e navegado ao vento para essa posição de visão. Achei. É o quadro. Ela gosta de se exibir. A entrada é fazer sua felicidade. Delicadamente. Aplaudida a morena carnuda recoloca o vestido vermelho na sua exuberância, em seguida, calça os sapatos pretos e impolutamente mente, para agradar, que vai conseguir dormir na casa da sua amiga recente naquela alcova ali desarrumada. Vamos ao cinema. Juntos para ser melhor a ilusão. Por onde andarão meus óculos?

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