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segunda-feira, 19 de dezembro de 2011

Do nosso cineasta colaborador


GIRANDO EM UM PEQUENO DESLIZE
Fábio Carvalho

Não fui eu que fiz.
Domínio público

O baterista é histriônico. E como toca. Vou ver qual é a deste baixista. Antes de cara a impressão era boa. Não posso me esquecer da filha do Viana. Como descobrir esta música sem utilizar os claros atalhos que me soam aleatoriamente sem concessão descendo pelo corrimão e ainda encontrando a evolução do plano na cabeça daquela correnteza. Ciências exatas. Tenho que terminar este líquido e tudo mais hoje. Finda a noite, amanhã é outro dia. Se bem que começo a entender que a noite pode continuar até amanhã. Se é que vale a pena, depende desta voz. Que é boa. Várias possibilidades se apresentam. Cada uma melhor que a outra. Mas é ela a melhor. Essa mesma aí bem visível, e como canta sem letra. Só dá ela. Quando vou chegar vendo-a linda dançando nua. Nunca ou talvez já sabendo, vejo através da janela desta limousine insuportável. A dália negra. Nem acredito no que tenho chance de ver com cheiro, som e balanço.Toda para mim. Me foi dada, que privilégio tenho tido. Também nunca cri. Quero poder aprender mais. É sim. Vamos lá atrás desta mesma melodia aprimorada. A emoção musical que ficou. Lhe diz logo em surdina com o vento da madrugada. Todas as suas luzes que não posso esquecer mesmo querendo. Ainda como chegar a nenhum dia. Deve caber aí mais uma vez uma interrogação. Nossa ela voltou e cantou. Como a deformação me impele a só nas horas vagas pensar em CINEMA, alguns anos depois do meu professor RICARDO MIRANDA ter me aplicado da MAIA DEREN, tenho visto repetidas vezes os filmes dela na internet. Descobri sem saber dizer por que, que ela é a única cineasta mulher que verdadeiramente gosto. Não me lembro de outra. Ou seja, estou ferrado. Já sabia. Como esquecer o inesquecível. Esta chuva me trás alguma falta daquela corda do violão arrebentada sem ser ainda reposta por mim. Eu nunca toquei nela a corda rebenta. Quero um dia poder tocá-la, para isto preciso amarrá-la. Deixa a índia criar seu curumim. O recebimento do e-mail do ALAIN BISGODOFU, me trouxe novamente para O MONGE DEVASSO, bom sinal para a inspiração chuvosa nesta sexta-feira antes da meia noite. Que venha. Não tenho mais como correr da ariana lição tentadora que me aguarda: OS CARRASCOS TAMBÉM MORREM. Não sei por que falo só dentro de mim.Vou tentar pensar nos outros. Apenas uma piada. Estou aqui a aumentar a frase para aportuguesar a prosa que anda resoluta demais e repleta de lições curtas, inúteis e bastante desprezíveis no momento que o relógio traduz. A hora é esta. Meu caro. Que faremos CAROLINO amigo? A noite vai ser boa. Na onda sonora ela surge bem branquinha com os cabelos pretos, lisos e desalinhados num corte moderno fora de moda, inesperadamente linda cantando águas DE MARÇO em francês, très sensual, sem defeitos aparentes. Bonita. Talvez bonita demais. Abre a janela. Bel prazer. Flor morena que mora no jardim, logo ali ao lado. Desejo te ver já vendo, e vendo bem, enquadrando de maneira inteiramente original só para te agradar. LANG e BRECHT. Noite alta é meu dia. Que dupla. A jardineira da floresta. A ANTA. Não falem desta mulher perto da mim. Para não lembrar da minha cor. Em homenagem ao meu longo périplo sem farol. Vou mantê-las longe errando no baixo acústico, e ainda tendo à carregá-lo. Ou não. Bom para divagar sem o guada-chuva, nem a sombrinha que desapareceu como nasceu, para ser perdida. Tenho aos poucos detestado o Surrealismo. A tendência sempre foi e é da boca para fora, detestar tudo de que me aproximo, é triste e tem sido. El Cid. Gosto com distância de pensar assim. Vi uma barriga hoje, nunca assim vista por mim, como vinha um homem era pontuda e a mãe jovem bonita e magra, me disse o quanto lhe faltavam posições, naquela etapa gerativa. Sonhei conseguir imaginar. Mas é claro, pensei em outras coisas neste momento. Imaginativo como nem me lembrava desde ontem. Aconteceu na mercearia do português. Ela comprou leguminosas. E ainda me disse que o tomate é uma fruta. Nunca pude imaginar tal verdade. O instrumento é difícil, mas a forma é minha. Por enquanto. A luz da manhã. Voltou a chover, não saio mais, desconfio que há uma vida me rondando aqui mesmo, pelo menos até amanhã com a procura do encontro com a minha bela frase perdida. Enfim conquistamos os desertos. Logo com ela mesma. Parece que é a primeira vez com a tensão dos caminhos conhecidos. Fica como se fosse melhor. Apenas para chover. Tantos cigarros e quantas cachaças na minha vista. Sem catarata. Chega! Finalmente cheguei a esta palavra e a esta exclamação. E hoje como continuar? Não termino mais com interrogações. Passei destas curvas, vou estudar esta nova condição para arriscar de novo como dedilhá-la, parece que para achar sua trilha pelo faro é só e apenas voltar para dentro, descobrir as entranhas entre as camadas das ondas e das espumas, suas páginas sobrepostas rosas e avermelhadas na medida do andamento interior. Molhada e quente. Esquecendo os pareceres e a pedra do muro. Peço para mim alguma perícia, sob o sol do maracujá. Levo sempre pelo ar da viagem a dúvida companheira e gostosa. Com fome sem bula.

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