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quarta-feira, 30 de maio de 2012

Roteiro de cinema completo



UM ROTEIRO DE INVENÇÃO EM CAPITULOS
Quero fazer novamente cinema e ninguém pode me impedir.                                                              

CAPÍTULO I
Posso colocar um único personagem lendo um texto interminável, com horas de projeção, dentro de um único quadro em um único plano sequência, feito com dois celulares fixos em angulação opostas, de tal maneira que em um ele está de frente e no outro de perfil. Posso colocá-los em um suporte preso ao pescoço, na mesma angulação anterior a observá-lo e um terceiro celular preso em outro suporte escondido no seu chapéu, virado com sua lente para frente a observar os outros lhe observando, com curiosidade, pelo caminho seguido. Posso também colocar um quarto celular nas suas costas observando quem está lhe seguindo. É importante que esta traquitana que ele carrega não seja registrada pelas lentes dos 4 celulares. Ai está o mistério e a poesia do cinema de invenção. Assim, em uma rua movimentada da cidade, o nosso personagem sai para um passeio envolvido por essas quatro câmeras com 2 gigas de memória cada,  andando lentamente por um caminho pré-determinado anteriormente e só pára esse passeio quando as memórias dos celulares forem totalmente preenchidas.

AÇÃO:
No começo ele não sabe quem ele é, está perdido em um mundo estranho onde todos olham insistentemente para ele. Ele anda olhando distraído para os prédios, de um lado e do outro na rua e para as pessoas que passam por ele, como se tudo ali fosse uma grande novidade. Um mendigo sai de uma esquina e passa a segui-lo por trás.

Mendigo, falando alto, nas suas costas: - Aonde você pensa que vai?... Esse aqui não é o seu mundo... Porque você voltou?... (O mendigo desaparece da visão do celular)

Surge na sua frente à figura de uma menina toda vestida de branco. A menina pára o seu caminhar e lhe diz: - Onde você estava? Estou te procurando faz tanto tempo...

Nosso personagem: - Não sei... Não sei onde estou e nem quem é você. O que aconteceu? Que pessoas são essas? (A menina desaparece da visão do celular)

CAPÍTULO II

Nosso personagem continua o seu passeio pela cidade.

Ele pergunta para as pessoas que passam: - Estou com medo! Onde ficou a lógica? Onde eu perdi o meu caráter?

Retornando a cena, agora aparecendo saltitante em sua frente, o mendigo: - O caráter do homem é o seu demônio, repete três vezes e desaparece.

A menina vestida de branco reaparece caminhando atrás do personagem: - E se um dia ou uma noite um demônio se esgueirasse em tua mais solitária solidão e te dissesse:  -Esta vida, assim como tu a vives agora e como a viveste, terás de vivê-la ainda uma vez e ainda inúmeras vezes; e não haverá nela nada de novo, cada dor e cada prazer e cada pensamento e suspiro e tudo o que há de indizivelmente pequeno e de grande em tua vida há de retornar, e tudo na mesma ordem e sequencia - e do mesmo modo esta aranha e este luar entre as árvores, e do mesmo modo este instante e eu próprio. A eterna ampulheta da existência será sempre virada outra vez - e tu com ela, poeirinha da poeira!

O mendigo salta novamente em sua frente: - Pode acordar, abre o olho, rapaz. Ninguém é tão santa, nem tão demônio quanto aparenta.

Personagem: - O demônio tomou conta da minha vida com esse perfume enjoativo!

A mulher aparece caminhando em sua frente:
- Que demônio benévolo é esse que te deixou assim envolto em mistério, em silêncio, em paz e perfumes?

Personagem: - Que paz vive-se  neste inferno?

O mendigo: - Aqueles que repudiaram o seu demônio importunam-nos com os seus anjos.

A Mulher: - Quando pensamos, estamos com os Anjos... Os Anjos são serem inteligentes e manifestam-se nos homens através de pensamentos e ideias. Eles jamais nos abandonam. Não se alimentam e não se refazem através do sono e se quer sofrem a ação do tempo...

O Nosso Personagem tira do bolso um revólver e mata o mendigo e a mulher e logo em seguida é preso por dois policiais...

CAPÍTULO III

A Sequência final é livre com os policiais rodeando o Nosso Personagem.

O Nosso Personagem: - Vocês estão me prendendo?

Polícia 1: - O cidadão mata um homem e uma mulher e ainda faz essa pergunta...

Personagem: - Estou salvando a humanidade dos demônios que nos perseguem...

Polícia 2:  - Não dá trela a esse terrorista, deve ser mais um desses fanáticos que se dizem emissários de deus...

Personagem: - O fanatismo é a única forma de força de vontade acessível aos fracos.

Polícia 2: -  O fanatismo se torna uma Arte poderosa quando corretamente aplicada, sendo admirada por muitos, mas realizada por poucos. Essa arte faz da nossa organização militar o melhor exemplo de padrão de conduta, disciplina, honra e ética.

Personagem: - Não há limites para tal arte e para tal conduta...

Policial1: - Sem limite não há cidadania. Sem polícia não há limites.

Personagem: - A faca brilha a caveira sorri, eu não tenho medo de ti, a pele do bandido pus no mastro da bandeira, por isso sou chamado de FACA NA CAVEIRA.

Policial1: - Além de fanático deve ser drogado, vamos logo para a delegacia.

Personagem: - Nunca tive problemas com droga. Só com a polícia...

Policial 2: - Do fanatismo à barbárie não há mais do que um passo. Todos os crentes parecem escandalosos e indiscretos: sempre procurei evitá-los!

Personagem: - Na escuridão da selva urbana, sois os guardiões da tranquilidade, e eu estou pronto para o combate, pois o inimigo nos observa atentamente, esperando o primeiro descuido. Nesta vida não levaremos nada, nem gloria, nem fama, apenas solidão… isso não importa, o importante é que não iremos sozinhos, o inimigo deve ser neutralizado, caso contrario se torna uma praga... Quero salvar o próximo, sem ter medo de perder a mim mesmo...

Polícia 1: - Esse sujeito é louco, nunca teve pai, mãe e muito menos educação, é como dizia meu pai: - Que não apanha dos pais, apanha da polícia. Não vamos perder mais tempo com esse assassino..

Personagem: - Quem mata o tempo não é um assassino: é um suicida. Não sou louco, embora eu creia que quase sempre é preciso um golpe de loucura para se construir um destino. Todos nós nascemos loucos. Alguns permanecem. Mas a pior das loucuras é, sem dúvida, pretender ser sensato num mundo de doidos.


CITAÇÕES (dos textos usados) EM TODO O ROTEIRO

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