ABAIXO TEXTOS - CRÍTICAS - ENSAIOS - CONTOS - ROTEIROS CURTOS - REFLEXÕES - FOTOS - DESENHOS - PINTURAS - NOTÍCIAS

Translate

sábado, 19 de maio de 2012

NOTÍCIAS

POLÍTICA DA PROVÍNCIA
Recebi hoje para almoçar, em um bom restaurante da cidade, o meu amigo deputado Roberto Henriques, prestigiado político da cidade de Campos e a sua querida esposa, Jô Garavine, nascida na minha Ponte Nova. Foi uma tarde agradável onde tratamos da direção do audiovisual da campanha a Prefeitura da sua cidade, além de recordamos os bons momentos vividos nas terras do rio Piranga, fincado nas montanhas de Minas, quando o meu pai foi dali prefeito e ele Secretário de Ação Social. Roberto tem em suas veias a força ideológica dos obstinados. A consciência forjada no seu passado e no seu saber político, o credenciam a disputar a próxima eleição municipal e eu estou com ele pelo seu conhecimento das necessárias transformações sociais e das fundamentais reformas urbanas que sua cidade tanto necessita.

COMEMORAÇÃO CENTENÁRIA
Hoje, 19 de maio, o genial poeta português Mário de Sá-Carneiro (1890), que influenciou o grande Fernando Pessoa, estaria completando 122 anos.

Quase

Um pouco mais de sol – eu era brasa,
Um pouco mais de azul – eu era além.
Para atingir, faltou-me um golpe de asa...
Se ao menos eu permanecesse aquém...

Assombro ou paz? Em vão... Tudo esvaído
Num baixo mar enganador de espuma;
E o grande sonho despertado em bruma,
O grande sonho – ó dor! – quase vivido...

Quase o amor, quase o triunfo e a chama,
Quase o princípio e o fim – quase a expansão...
Mas na minha alma tudo se derrama...
Estranho nada foi só ilusão!

De tudo houve um começo... e tudo errou...
- Ai a dor de ser-quase, dor sem fim... -
Eu falhei-me entre os mais, falhei em mim,
Asa que se enlaçou mas não voou...

Momentos de alma que desbaratei...
Templos aonde nunca pus um altar...
Rios que perdi sem os levar ao mar...
Ânsias que foram mas que não fixei...

Se me vagueio, encontro só indícios...
Ogivas para o sol – vejo-as cerradas;
E mãos de heróis, sem fé, acobardadas,
Puseram grades sobre os precipícios...

Num ímpeto difuso de quebranto,
Tudo encetei e nada possuí...
Hoje, de mim, só resta o desencanto
Das coisas que beijei mas não vivi...

Um pouco mais de sol – e fora brasa,
Um pouco mais de azul – e fora além.
Para atingir, faltou-me um golpe de asa...
Se ao menos eu permanecesse aquém...

Mário de Sá-Carneiro, Paris, 13 de maio de 1913

Nenhum comentário: