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quarta-feira, 23 de maio de 2012

CRÔNICA


O Caranguejo do Cachoeira


É no mínimo bizarra a situação ridícula desta comissão parlamentar de inquérito onde o réu se nega a responder quaisquer perguntas feitas pelos seus inquisidores.

Se os parlamentares já sabiam que o depoente estava preparado pelos advogados a nada responder, porque insistiram em convocá-lo a depor?

É como diria o meu avô – Debaixo deste angu tem carne...

Dentre todos os vícios do sistema capitalista, o poder financeiro, conquistado historicamente pelas formas mais cruéis e manipulado por homens dotados de uma ganância incontrolável, é a meta e o costume mais comum entre todos afortunados pelas circunstâncias, larápios de todos os níveis, de todos os tempos, que sistematicamente vampirizaram o estado.

Até para furtar é preciso ter arte, diria o Padre Vieira há séculos passados - para furtar o reino é preciso agradar o rei – eis o primeiro conhecimento da lei e da arte do meritório usurpador. - Não há punição para quem é amigo do rei! Exclama o inocente político pelo telefone ao governador... – Não me comprometa! Você não sabe que as conversas estão sendo gravadas?

A corda acaba roendo pelo lado mais fraco.

Nesse sistema democrático capitalista de distribuição das altas verbas públicas as grandes empresas, se perdem nos corredores do poder, não se tem como fiscalizar a ação dos lobistas e de outros apaziguados do poder, perde-se o controle, engana-se a lei, a voracidade é o fator dominante deste clube de afortunados, a para confundir na ignorância dos destinos da bendita verba, o extra que fica, o lucro, se dispersa em segundos, é como colocar açúcar na porta do formigueiro.

Todos querem o seu naco neste grande butim e no fim forma-se um grande saco de caranguejos, onde um está agarrado no outro e no outro, etc., passando a não interessar a ninguém do sistema político-empresarial abrir esse saco e mostrar os caranguejos dependurados ao deleite da opinião pública como foi a última CPI do mensalão.

Eu não acredito na isenção do sistema e não vejo solução para os casos estúpidos de corruptos e corruptores que nunca deixarão de existir enquanto a ganância e o culto aos valores do mercado, dos juros sobre juros, a posse do ser e do não ser no poder, o acúmulo fácil do dinheiro ilícito, a disputa entre a vaidade e a soberba, dominar os interesses mesquinhos do homem contemporâneo.

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