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sexta-feira, 28 de janeiro de 2011

Matemática e Cinema

LOUCURA POUCA É BOBAGEM

Este ano vamos experimentar quatro datas incomum .... 1/1/11, 1/11/11, 11/1/11, 11/11/11 e Tem mais!!! Agora vão descobrir, pegue os últimos 2 dígitos do ano em que nasceu mais a idade que você vai ter este ano e será igual a 111 para todos! ALGUEM EXPLICA O QUE É ISSO ????..


Meu Cinema Brasileiro.

No final de 2010 o meu primeiro filme “Bandalheira Infernal”(1975) comemorou os seus 35 anos de existência e o meu filme mais premiado “Um Filme 100% Brazileiro” (1985) faz 25 anos.

Em 1975 fiz o meu primeiro filme de longa-metragem, Bandalheira Infernal, sem roteiro, experimentando, provocando, instigando, anarquizando a linguagem cinematográfica imposta pelo regime militar, repressor e predador, e por uma elite brega, ignorante e pretensiosa.

Trabalhei financiado pelos amigos e amantes do cinema. Há trinta e cinco anos mantenho o meu sonho por um cinema de arte, livre, poético, inventivo, antropofágico e mnemônico. Por um cinema que provoque a nossa memória, nossa inteligência e nosso existir.

Para definir a minha trajetória na arte cinematográfica é preciso saber da minha geração. Saber que no país invadido, há mais de cem anos, por manifestações cinematográficas de todas as espécies e gêneros, temos hoje, como predominância estética, os pequenos e os grandes lixos novelescos proveniente de toda uma produção estrangeira, principalmente a americana, a de roliude, com suas novidades tecnológicas, efeitos especiais, para contar historietas e influenciar o mundo dos colonizados, injustiçados, em sua grande maioria, a adorar o deus bestial do sucesso, do dinheiro, do consumismo doentio, da fome do mercado, a qualquer custo, onde poucos mandam, e quase todos são vendidos e obedecem por força da mídia, submissa aos grandes interesses, com os investimento na cultura direcionado as produções que seguem a métrica reboante do pior que se faz na indústria do entretenimento, tornando-nos, novamente, imbecilizados pelo paradigma do sucesso estrangeiro e pela incipiente conquista do mercado nacional, tanto no cinema quanto na televisão.

Depois do movimento cinemanovistas dos anos 50 e 60 e do jovem cinema de resistência dos anos 70 e 80, a partir 1990, o cinema brasileiro vem buscando, como um todo,com raríssimas exceções, esse modelo conformista imposto pela política cultural servil dos nossos incautos governantes, e pelo deslumbre dos burocratas de plantão, dos produtores e exibidores comprados, na maioria por dinheiro de fundações de capital estrangeiros, imaginando assim, pelo excesso imagens e sons de quinta categoria, convencer os nossos jovens estudantes, futuros cineastas, que trabalhando com esta linguagem inocente, muitas vezes beirando o ridículo, conquistará o seu espaço perdido com público.

Ledo engano, deles e nosso, de ficarmos cegos, calados, surdos e sem voz, isolados, como uma grande ilha, prestes a ser varrida por uma onda gigante.

A maioria dos filmes nacionais é de pequena produção, os mais privilegiados vêm sendo financiados com orçamentos médios pelas leis de incentivo. Todas essas “fitas” produzidas ou são mal exibidas, ou não são exibidas, por falta
de interesse dos produtores e de seus patrocinadores. Assim, algumas centenas de latas de bons e raros filmes, são guardadas nas prateleiras das produtoras, quando existem, ou em casa, quando se têm, na espera de salas específicas - cineclubes, festivais, etc., para que, pelo menos, possam ser exibidos.

Esses raros filmes de arte têm a simpatia de um público específico, composto de pessoas que lêem, que apreciam a boa arte, que gostam de poesia,de serem instigados pela criação, pela invenção, pela inteligência degustando o mistério de composições, as vezes bizarras, sem fanfarras de produção, mas sempre criativas e transformadoras.

Sem a mínima remuneração, este cinema de resistência, faz com que muitos de seus bons diretores, produtores, atores e técnicos, sem aposentadoria, sem economia, a cada dia que passa, sentirem-se mais ainda encurralados pelo sistema predador.

- Vivemos como mágicos, sem renda, endividados. A cada filme produzido, ficamos mais pobres e só permanecemos ainda em pé, pela força da crença na arte e pela necessidade mortal de poder criar novamente.

Mas como criar sem ter o direito de viver com alguma dignidade? Todos os dias encontro bons artistas que estão a beira de um ataque de nervos por falta de uma política justa na produção, distribuição e exibição do verdadeiro cinema brasileiro

Aos grandes produtores, as verbas milionárias da renúncia fiscal, verbas
que são distribuídas através dos editais e leis, pelas empresas e simpatizantes empresários, que querem se aproximar das estrelas e astros da última revista da moda, ou a todos aqueles que participam desta ou
daquela turma, simpáticos a este ou aquele produtor de tevê, ou melhor: todos aqueles que tem a benesse desta importada estética, cópias sem a menor
importância, que domina as novelas e os filmetes das grandes redes da televisão brasileira.

Nas universidades, jovens sedentos de saber buscam o conhecimento necessário para que possam rodar, filmar, o seu primeiro curta-metragem. Tudo tem de ser financiado pelo Estado? Eles são milhares de entusiastas da sétima arte, são estudantes e artistas que pensam e vivem o sonho de um dia fazer o seu primeiro longa-metragem.O que eles podem fazer? Onde eles podem chegar?

O velho cinema, outrora revolucionário, hoje milionário, sonha com o Oscar, com roliudi e com a América, que é a do norte.

O jovem cinema tem que abandonar esta vontade cega de estar incluso no sistema estabelecido pelos padrões dominantes. É preciso ser rebelde e transformador da arte, buscando a nossa identidade cultural no conhecimento e no descobrimento, para podermos criar uma imagem livre das amarras dominantes.

O meu Cinema Brasileiro nasceu desta prática: um filme feito e distribuído no cinema e para a televisão, com as mãos e com a cabeça, independente e de baixíssimo custo, digital ou não,onde se valorizará principalmente uma nova estética cinematográfica, uma nova idéia, novos atores. Um cinema que seja instigante, transformador, que não veja, mas que tenha visão, que seja lentes especiais para um enquadramento total e abrangente do homem e das artes brasileiras escondidas no contexto da vanguarda do novo e do que é universal.

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