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sexta-feira, 19 de novembro de 2010

Poesia de Cinema

Matéria Inséctil

De tempo em tempo
De páginas em páginas
Dos contos aos cantos
Das sombras as sombras
Só espero a partida que vem.

Esta luz de néon invade o cosmo
vinda do fundo de um cabaré.
Na minha alma um sonho
um átomo , um corpo estranho
tamanha luz , incêndio que não é.

Estranha entranha de caminho róseo
ideário vermelho a procura de ação
que insistentemente e sem nenhum propósito
rouba da escuridão o insólito ar do meu pulmão

Desejo insone do meu quarto chorinho.
Declamo tristes trovas de paixão e ódio
Lutando para não transformar em negócio
O resto da luz em matéria

É que o seu amor me conduz
entre a paz e a guerra
No princípio o caminho da artéria
e no fim o martírio da cruz

Luto o luto torto no contra mão da glória
Enigmas de um pobre poeta maluco
Preso no cipoal da história

Eu sei que te constrange o sopro do meu coração
Por esse seu sexo molhado quente tenho tesão
Gosto infinitamente de te passar a mão

Lavo minha língua solta nos seus ouvidos
Afasta-me aos gritos de horror
Palavras de dor e de prazer...
Minha língua fala e isto te assusta
Consola-me Amor
Tu tens um furor de menina
Tara animal ser uterina
Sem sexo sem nexo
Sou seu menino
Lambuzando-me em você.

Oh! Pode ser que eu me fodo
No batuque e na mandinga
No choro de uma cuíca dentro do trem da Central
No Brasil cineral...
No soluço de uma fêmea agasalhando o meu todo
Isto não é normal!

O grito do zagueiro no ritmo imortal de uma pelada
Um samba afina o cortejo que passa vai e volta mal
Uma entoada marchinha de meninas sacanas e abusadas
Tudo isso é carnaval!

No meio do povo o gringo trôpego penetra com
alma vadia o corpo da morena brejeira deixando
o bravo guerreiro explodir
nos sentimentos e na porra
de um mundo velho
repleto de fodas livres.

Que esta felina maldita
logo queira ao som de um grito
o fogo de graves e agudos
grunhido no tempo infinito
a música universal
súbitos sussurros
cai de novo de quatro
o animal em seu louvor
gesticulando o meu apêndice expele
navegando por gotas d`água
o gozo na perna esperma
aflito de vida bandida.

Rio, janeiro de 1978

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