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sexta-feira, 5 de novembro de 2010

Manifesto


REVOLUÇÃO

Por uma rebeldia sem ideologia.
Por uma juventude sem causa.
Por uma geração sem mácula.

Nos dez anos passados do novo século do progresso, observa-se uma destruição, uma desinformação cultural neste nosso quintal das Américas. Ah! Cegos de espírito e pobres de prazer, ricos de matéria no abastado reino e no abstrato mundo dos neófobos. Os prepotentes do universo fazem do veneno das serpentes e dos bichos peçonhentos as víboras da terra, os vermes tropicais, o juramento dos crentes, óbolo dos dementes. São os eternos senhores que sussurram em suas alcovas a uma puta quaisquer teorias de uma nova escravidão das massas populares. Empresários enriqueçam! Sindicalista uniu-vos! Poetas e proxenetas fodam-se! Artistas conformados são pardos personagens urbanos que como ratos passeiam nos telhados alheios e com prazer passam pisoteando levemente a patuléia. Pelas antenas desligadas dos televisores de cento e noventa milhões de vítimas o artista brasileiro, que anda rico, morre na onda de quem já foi rei e hoje, destruído, destituído, sem nenhuma nobreza, perdeu a majestade e torna-se vassalo da mídia e, enganado por todos, balançando no poste dos espíritos enforcados, sem identidade, mas louco de prazer. Coitado, enquanto a platéia aplaude o fracasso à nossa esquerda, ele sorri, abraçado a direita, ao político mais canalha e ao empresário mais cremoso e naturalmente, completamente, corrompido pelas perdas internacionais. Quando vai ter fim (enfim) o movimento alienígena do massacre nacional. Não podemos pedir vitória imediata de quem iniciou a marcha revolucionária... Podemos? A humildade está para o reconhecimento assim como o saber para a vontade. A morte sentada nas asas negras de um morcego gigante nos persegue. O medo da fome e da bala amarga de um fuzil imprime no corpo um saber misterioso sob o véu estúpido da ignorância de quem atira. Ontem os poetas, os artistas subiam o Araguaia, assaltavam os bancos, invadiam as terras, cercavam as fábricas. Hoje os atores dessa farsa milenar, os artistas e autores vigaristas de séculos, os conformistas de todos os tempos, aqueles para que tudo está bom se eu estou bem, cultivam o fodam-se todos, na glória publicitária do industrial financeiramente autoritário, bem sucedido, que não tem piedade nem compaixão com ninguém. Mundo cruel que domina o poder das comunicações onde as nossas almas são vendidas aos interesses inconfessáveis de um império globalizado.

É ainda menino
a sociedade rejeita

Em sonoro não
chamando-te revolução

Para quem obliterou seu destino
só abandono e morte

Dado as vezes da sorte
quando a tortura é gorjeta

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