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domingo, 13 de janeiro de 2013

Crítica de Filme


Onde o Ouvir é Ver        
Não Vejo Ouço
 Jose Sette

Não dê ouvidos a eles é como me parece ser o clamor da dicotomia entre o ser e o saber, muito bem expressa em imagens e som no filme de Leonardo Esteves. Tudo é de um realismo extremo, quase documental. A cidade, o homem e o corpo desnudo, são radiografados, estereotipados, esmiuçados, anarquizados por estas duas entidades sociais e culturais: o cinema e o teatro. Espetáculo da desconstrução onde todos os personagens, em todas as cenas, se repetem e praticamente invadem o quadro cinematográfico. Estão eles conforme o meio, muito bem caracterizados nas suas interpretações e em suas performances coletivas, registradas pela audácia e com a segurança de quem sabe o que quer. Não é a câmera que nos persegue, mas ao contrário, nós é que invadimos o espaço dela, com muito prazer em uma bela composição de edição. Leonardo Esteves me faz gozar de suas obsessões,  dos seus erros e acertos, dos seus vícios e virtudes e também de toda fragmentação da montagem autobiográfica do seu filme. Gosto das tomadas, da câmera livre, das angulações documentais, dos movimentos verticais, descritivos sobre os corpos sólidos de concreto armado, em contra ponto as formas femininas de belas e assoberbadas curvas da luxúria que de fato esconde, nas partes intimas de cada um de nós, os distúrbios sociais existentes entre o povão brasileiro futebolístico e o pálido escritor solitário, confuso e tarado, vivendo em sua caverna platônica. Filme dos contrários! O diretor e o produtor, que são os mesmos, disputam um mundo onde ninguém se entende, onde tudo é possível e onde as pessoas navegam nuas por ruas e pracinhas. Só o poeta Leonardo Esteves é capaz disso – retirar o luxo do lixo e nos vender biscoitos finos. Os atores amadores estão sensacionais. A edição da minha amiga Marta Luz é correta. A fotografia é boa. O ator e comediante Rogério Skylab, que eu tenho certeza de ser um grande ator, ou uma puta louca, foi muito pouco usado pelo nosso diretor, o que é uma pena. Vejo o que ele fez e digo que nestas circunstâncias qualquer um poderia ter feito o mesmo... Se o cara não fosse ele, eu teria adorado o filme, mas eu sempre fico, vendo o filme inteiro, esperando mais do protagonista. Mais esta única implicância, pode ser porque eu quero mais e mais ver o cinema do cineasta brasileiro Leonardo Esteves.


O grande cineasta Fábio Carvalho lança em Tiradentes (MG) o seu livro de estréia com um texto inovador (alguns publicados aqui no blog) e ainda se da ao luxo de nos presentear com esta deliciosa capa. Em breve nas melhores livrarias.

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