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sexta-feira, 18 de janeiro de 2013

NOTÍCIAS NOVAS



O JARDINEIRO URUGUAIO

Mauro Santayana
O New York Times publicou, no fim de semana, um perfil do presidente do Uruguai, José Mujica. Não é a primeira vez que seus hábitos modestíssimos ocupam alguns importantes jornais do mundo. Mais instigante do que o estranho chefe de Estado e de governo, que doa quase todos os seus subsídios presidenciais aos pobres, e que cultiva crisântemos, é o próprio Uruguai, que chegou a ser comparado com a Suíça nas primeiras décadas do século passado.
A comparação foi injusta para com o Uruguai, embora o país meridional tenha servido também de paraíso fiscal para os meliantes de sempre: lavadores de dinheiro e ladrões de recursos públicos dos países vizinhos.
O Uruguai se destacou, na América Latina, pela coragem de um grande presidente, José Battle y Ordoñez. Quando o continente se encontrava sob a influência reacionária da Igreja Católica, ainda em 1906, o presidente, que era homem da poderosa oligarquia uruguaia (seu pai foi presidente da República e a família continuou poderosa até recentemente), mandou retirar os crucifixos dos hospitais, promoveu a legislação que instituiu o divórcio, e proibiu a evocação de Deus e dos Evangelhos nos juramentos oficiais.
Mais ainda: determinou o sufrágio universal, reformou, ampliando-o, o sistema de ensino, na confessada e obstinada decisão de construir uma poderosa classe média. Em seu segundo mandato, de 1911 a 1915, Battle se declarou contra o imperialismo, estabeleceu o seguro desemprego, com a lei de compensação contra a falta de trabalho, ao mesmo tempo em que acabou com os grandes monopólios privados, estatizando-os.
UM PAÍS PRIVILEGIADO
O Uruguai era, e continua a ser, país privilegiado pela fertilidade de suas terras, o que o fez um dos maiores exportadores de carne e de lã do continente. A população sempre foi reduzida, e urbana: no campo só ficavam os vaqueiros e os cultivadores de trigo. Isso favoreceu a evolução do país, e contribuiu para que a sua sociedade fosse a menos desigual do continente, até a onda golpista dos anos 60 e 70 na nossa América Latina, promovida pelos norte-americanos, e a adesão ao neoliberalismo.
Com os recursos obtidos no comércio internacional, o Uruguai foi o pioneiro no mais exitoso sistema de bem-estar social do hemisfério. A aposentadoria era precoce para os trabalhadores mais sacrificados, fosse pelas condições físicas da atividade, fosse pela sua pressão psicológica (como os pilotos de aviões, por exemplo).
José Mujica talvez exagere em seus hábitos, ao desprezar a residência oficial dos chefes de Estado e mesmo, como fez, usá-la como abrigo para os moradores de rua, que o neoliberalismo está produzindo em seu país. Mas, com isso, ele – como de alguma forma já fizera seu antecessor, Tabarez Vázquez – despe o poder de seus ornamentos costumeiros. Constantino, o grande imperador, vestia roupas novas e cobertas de ouro, todos os dias. Mujica, o antigo guerrilheiro tupamaro, que passou 14 anos preso, não usa gravatas.
Ao receber, em sua casa (sem empregados domésticos) o repórter que o entrevistou, Mujica ofereceu-lhe um trago de cachaça uruguaia, enquanto demonstrava a sua cultura, citando Spinoza. Lembrou uma passagem de Dom Quixote e Sancho Pança, que, hóspedes de pastores de cabras, bebem vinho e comem cabrito assado, com seus anfitriões, e observou que os pastores são os homens mais pobres da Espanha.
“Provavelmente, por isso mesmo, sejam os mais ricos”, completou o presidente, que é contra a reeleição, e pretende voltar a plantar flores, quando seu mandato terminar.

 

Empresa chinesa compra salas de cinemas nos EUA e vira líder mundial

Sílvio Guedes Crespo
A indústria americana de cinema, que está mais acostumada a se expandir rumo a outros países do que a ser engolida por concorrentes externos, teve nesse fim de semana uma experiência de inversão de papéis.
A AMC Entertainment, rede com 5.028 salas de cinema nos Estados Unidos e Canadá e público anual de 200 milhões de espectadores, foi comprada por um conglomerado privado chinês, o Dalian Wanda Group, por US$ 2,6 bilhões. A companhia americana é a segunda maior de seu país no setor; a chinesa é líder na Ásia e, com o negócio, tornou-se a maior rede de salas de cinema do mundo.
O grupo chinês disse que vai usar parte do dinheiro para pagar dívidas e ainda investirá mais US$ 500 milhões na empresa dos EUA, elevando o valor do negócio para US$ 3,1 bilhões.
O jornal Los Angeles Times notou que esse foi o maior investimento já feito por uma empresa chinesa na indústria de entretenimento dos EUA.
Normalmente, nesse setor o capital faz o caminho inverso: sai dos EUA e vai para a Ásia. Por exemplo, as americanas News Corp,Walt Disney e DreamWorks fizeram investimentos na China recentemente.
Para o LA Times, o negócio entre o grupo Wanda e a AMC vai aumentar o poder de barganha da China nas negociações com os estúdios de Hollywood “ávidos por se expandirem em um mercado de crescimento rápido como o chinês”.
Os grandes estúdios de cinema dos EUA tentam aumentar a exibição de seus filmes na China, país com 1,3 bilhão de habitantes. Porém, os chineses ainda têm restrições a esse movimento. Uma reportagem recente do New York Times informava que o governo dos EUA estava investigando pelo menos três empresas de Hollywood suspeitas de  subornar autoridades chinesas.

‘Filmes seguem a bandeira’
O investimento do grupo Wanda não representa simplesmente mais dinheiro no caixa de uma empresa asiática, mas, principalmente, a possibilidade de levar filmes chineses a outros países.
No anúncio oficial da compra da AMC, o grupo Wanda frisou que investe fortemente na indústria cultural, inclusive na produção de filmes. Agora, terá mais salas para exibir suas produções. Como já foi dito nos EUA, e o chineses certamente não ignoram isso, “films follow the flag” (os filmes seguem a bandeira), ou “aonde vão nossos filmes chegam nossos produtos“.

 


China se torna o segundo maior mercado de filmes do mundo


Os cinéfilos da China gastaram 17 bilhões de iuanes (2,7 bilhões de dólares) em ingressos de cinema no ano passado, transformando o país no segundo maior mercado de filmes do mundo, informou nesta quarta-feira a agência de notícias Xinhua.

As vendas subiram 30% desde 2011, informou a agência, citando a Administração Estatal de Rádio, Cinema e Televisão (SARFT) e ressaltando o rápido crescimento que há muito tempo atrai Hollywood, apesar das fortes restrições na China aos filmes estrangeiros.

Depois de anos de pressão, a China concordou em 2012 em aumentar o número de filmes provenientes dos Estados Unidos - que é o maior mercado de filmes do mundo - de 20 para 34 anuais, enquanto 893 obras nacionais foram produzidas no ano passado.

No entanto, os filmes estrangeiros geraram 51% das receitas, superando a venda de ingressos para filmes nacionais pela primeira vez em nove anos, e a parcela do cinema de Hollywood na China cresceu de 18% para 25%.
Mas Tong Gang, chefe do departamento de cinema na SARFT, disse à Xinhua que a porcentagem de filmes nacionais nas bilheterias "ainda excede as expectativas do mercado".

O vice-ministro da SARFT, Tian Jin, pediu em novembro de 2011 que os cineastas nacionais "aumentem a criatividade", afirmando que os filmes chineses enfrentavam grandes pressões e precisavam ser mais competitivos.

A China impõe regras estritas sobre quais filmes podem ser vistos pelo público, banindo tudo o que considera uma imagem negativa da política contemporânea ou questões que, segundo o governo, podem levar a protestos sociais.

Mas "Perdido na Tailândia", uma comédia de baixo orçamento chinesa, superou as expectativas em dezembro ao acumular 1,2 bilhão de iuanes (190 milhões de dólares) em um mês e se tornar o maior sucesso de bilheteria do país, disse a Xinhua.

 

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