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terça-feira, 1 de novembro de 2011

Cartas Elétricas

Recebi do meu amigo o cineasta Sérvulo Siqueira um emeio que demonstra um total desconhecimento da mídia televisiva estatal sobre a história dos bastidores da nossa cinematografia.

Sérvulo esses esquecimentos são quase propositais, creio eu, como foi intencional a retirada do meu nome do filme sobre o Vinicius de Moraes e de outro onde fotografei o parangolé do Hélio Oticica no morro da mangueira e também de outros filmes onde fui esquecido, mas não me importo... É como eu disse ao Neville, que omitiu o meu nome em um filme indígena que ele realizou: – meu amigo você esqueceu o meu nome só para não me comprometer...

Prezado...
Há umas três semanas, fui procurado pela produção do programa Segue o Som da Tv Brasil, com uma proposta para a exibição de trechos do Milagre dos Peixes que continha um texto nos seguintes termos:

EM 1974 MILTON PARTE PARA UM PROJETO AINDA MAIS AMBICIOSO. MILAGRE DOS PEIXES AO VIVO GRAVADO NO TEATRO MUNICIPAL DE SÃO PAULO. SOB OS ARRANJOS DE WAGNER TISO, PAULO MOURA E RADAMÉS GNATALLI, E ACOMPANHADO DA BANDA SOM IMAGINÁRIO, TODO O PROCESSO DE GRAVAÇÃO DO DISCO FOI REGISTRADO PELAS LENTES DE MÁRCIO BORGES E SÉRVULO SIQUEIRA. AQUI NO SEGUE O SOM, O DOCUMENTARIO QUE FAZ PARTE DA HISTÓRIA DA MÚSICA BRASILEIRA. PRESTA ATENÇÃO!

Como o seu nome foi referido na resposta, mando-lhe a parte referente a ela:
Permita-me fazer um reparo ao texto de apresentação do filme elaborado pelos redatores do programa. A direção de fotografia, assim como a câmera de primeira unidade do documentário Milagre dos Peixes, é do cineasta José Sette de Barros Filho, prolífico diretor de dezenas de documentários, entre muitos outros sobre o naturalista Lund, os compositores Camargo Guarnieri e Geraldo Pereira, os artistas plásticos Franz Krajcberg e Goeldi, o poeta Murilo Mendes, além de autor de vários longa-metragens, entre eles uma adaptação de Blaise Cendrars. A câmera de segunda unidade foi operada por Errol Sasse e a gravação em som direto foi feita por Geraldo Veloso.
A contribuição do Márcio Borges e a minha residiu mais na ideia de registrar em sons e imagens este inesquecível espetáculo.
Isto é apenas para o seu conhecimento. O que me espanta é que certamente iria para ao ar se a correção não fosse feita e a proposta de exibição dos fragmentos – sem nenhuma compensação financeira - recusada.
O episódio me lembra uma entrevista de Ernest Lehman, roteirista de North by Northwest,em que ele conta que sempre se espantava quando alguém perguntava ao Hitchcock:
- Como foi que você inventou aquela cena no filme?
E o Lehman lamentava: - Mas fui eu que escrevi isto no roteiro!
Parece que muita gente ainda não percebeu que o cinema é uma criação de equipe!
Um abraço do
Sérvulo

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