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quinta-feira, 10 de novembro de 2011

DIURNO

Capa do artista-plástico Tunga

Ontem fui assistir ao lançamento do Cd AVA no Jardim Botânico e fiquei encantado com a performance do quarteto e com a frequência de centenas de amigos, jornalistas, artistas que encheram com entusiasmo o belo espaço oferecido. O Rio de Janeiro é uma festa e essa noite de quarta-feira ficará na história da música brasileira como o dia da apresentação da mais moderna e revolucionária banda que se tem notícia nos últimos tempos. Embora o disco, todos vendidos nesta noite, fosse o primeiro do que me parece ser a mais inovadora criação musical de que tenho notícia, outros na certa serão produzidos pela gravadora que acreditou nessa garotada que muito ainda tem a oferecer.
Para se ter uma idéia da repercussão que esse Cd vêm obtendo no universo da música brasileira, reproduzo aqui um texto que recebi pela internet de um conhecido crítico musical de São Paulo chamado DJ Zé Pedro.
A Filha da Ira
E de repente entro numa loja de shopping para confirmar quais serão as besteiras comerciais que irão vender aos milhões nesse Natal e dou de cara com uma capa estranha e original onde cabeças cortadas aparecem jogadas na beira de um mar indeterminado e dou um grito de pavor e alegria: o primeiro disco de Ava Rocha acabara de chegar ao Brasil.
Glauber Rocha, este maldito e abençoado cineasta brasileiro, deixou como herança por aqui mais que onze filmes determinantes e controversos. Fruto do casamento desse baiano genial com a artista plástica e cineasta Paula Gaitán, Ava Rocha chegou ao mundo e logo entendeu à qual universo rico e conturbado pertenciam suas raízes e imediatamente se pôs a colaborar com as estranhezas mais produtivas desse mundo: trabalhou como atriz na tribo de Zé Celso, se misturou com Macalé, virou cineasta e desaguou na arte de cantar e compor.
Eu já tava de olho nela. Foi Adriana Calcanhotto quem primeiro me chamou a atenção antes que eu vacilasse e cometesse o descuido de ficar atento à essa voz extremamente grave e genuinamente dramática. Seus rascunhos publicados no MySpace eram inquietantes e viscerais mas não davam a nítida idéia do que viria por aí. Esse seu primeiro álbum chamado “Diurno” é ironicamente noturno e descaradamente emocionante. Não dá para ouvir outra coisa essa semana. A música de Ava não pode e nem deve se misturar num shuffle maluco de Ipod. Tem começo, meio e fim como um espetáculo que você aplaude em frenesi no final.
Canções inéditas em estado bruto que dimensionam a importância de seu canto (“Doce Explosão” e “Só Uma Mulher”), regravações bem longe de arranjos premeditados e comerciais (“Bons Momentos” e “Prá Dizer Adeus”) ao lado de vinhetas contundentes, jogam esse disco na prateleira dos grandes e fundamentais lançamentos de 2011. Seus companheiros de trabalho também não fazem por menos nesse álbum: Emiliano 7, Daniel Castanheira e Nana Carneiro da Cunha confirmam e emolduram as experimentações vitais desse álbum.
Agora esse texto precisa terminar. Quero voltar imediatamente para esse “Diurno” de Ava Rocha que foi encontrado por mim numa loja de shopping burguesa e acomodada. Será o fim dos tempos ou o início de uma nova era? Perguntas sem resposta. Ava Rocha para muitos é o que eu desejo.

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