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segunda-feira, 14 de novembro de 2011

Texto de Fabio Carvalho (Belo Horizonte)

A IMATERIALIDADE NÃO CHEGARÁ


Pietro, fala com os seus amigos:
- Há aqui muitas mulheres; bom será que não as assustem.
Com ar irônico e benévolo, sorriu.
Lampedusa



Por pouco posso me desviar, preciso me segurar, o pouco que digo é sempre o dinheiro, acontece nas melhores famílias, não comigo ainda por tão pouco, pouquinho mesmo. Vi demais Dom Luis, me formei cedo no surrealismo do Monsier Breton, então não pude mais aceitar qualquer defeito de conduta. Jamais. Que palavra definitiva. Devo sempre lembrá-la, não perdê-la de vista nunca. Que belo baixo. Atenciosamente considerá-la. Nunca mais perderei a condição de chegar lá nela. Poderia por uma vírgula depois do lá, deixo para a música colocá-la em seu lugar. Triste lembrança, me obnubilou a visão do que sei que não vai mais acontecer, depois daquela partida, que a distância fez ser para mim surpreendente, logo hoje, um do onze do onze. Tantos uns para um só dia, e que dia frio triste e bom. Tenho sofrido e aprendido. A distância quando é mais curta acaba ficando maior, numa progressão enigmática e atraente, qual será o formato da duração? Chega de falar de Cinema. Cantar quem sabe um novo assunto, com uma figuração adolescente, ironicamente inconseqüente. Intangível. Aquelas artistas e a difusão, ou então a infusão, vou me esbaldar com as duas no centro da cidade. Pedindo pela radiação, que mesmo atrasada é sempre bem vinda, inescrupulosa e ainda sinuosa, é exatamente o que interessa quando se fala de curvas. Como elas são gostosas. Sabe o que isto significa? Nada. Temos que dar uma oportunidade às palavras, dizia em voz baixa o dicionário. São poucos os ouvidos para as ressonâncias apresentadas coloquialmente. Quando nasci já devia ser assim. Mudei hoje minha distância focal. Mesmo ali no bomBARdeio, no limite da Princesa Isabel, depois de atravessá-la só pude ir no dia seguinte ao Belo Bar, velhos conhecidos da velha vida carioca, e sempre a mesma pergunta: trouxestes as chaves? Meu histórico é péssimo, vamos ver o que dá para fazer, a partir deste momento, pode ser que não tenha mais solução. Maria do Socorro. Todo o mundo clamava. Bate saudade no meu corpo inteiro. Lascívia, ela é a bela palavra. A mais procurada e renegada que cabe na minha mão, é sempre e apenas um pensamento terremoto. E é estranha esta frase. Ainda temos a respiração. Vou sempre procurá-la. Finalmente não falei no plural. Neste final de semana voltei ao Bar Satélite, em Ouro Preto. Lá , com uma satisfação há muito esquecida, assisti a rodada do campeonato brasileiro. Como joga o Neymar, inacreditável. Será que ele é mulher? Depois compareci no Bené da Flauta, para um evento que me foi muito agradável naquela noite mais que agradável, tortuosa. Não vi a portentosa. Mais uma vez, não posso reclamar. Minas não há mais. Só que terminei quatro e meia da manhã na Rua das Flores como um delinquente senil da resistência. Tem ficado cada vez mais difícil recolher os farrapos no dia seguinte. Preciso visitar uma cachoeira. A aporia decorrente das filmagens de O LEOPARDO do LUCHINO VISCONTI me deixou esgotado. Vou beber Champagne na suíte do hotel Exelsior com a Claudine para tentar me curar. Quem sabe me divirto um pouco com a linda negra Rebeka? Pode ser uma boa para encarar de frente o novo montador deste filme. Tinha terminado este escrito exatamente no último ponto final. Voltei atrás. Como se voltar não fosse para trás. Tudo bem, amanhã estou no Rio, isto já basta por hoje. Não consigo terminar sem pensar na Dominique Sanda, quando jovem, que é só uma ilustração linda, sabendo que a verdade mora na Maria, na Isabel, na Ana, na Helena, na Raquel, na Inês, na Letícia, na Beatriz, na Rita e naquela que me esqueci lembrando. Nunca esquecerei dela a lascívia. Vou ver se mando com música. Shirley Valentine.

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