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segunda-feira, 11 de novembro de 2013

UM CONTO DE REIS


DIANTE DA BIFURCAÇÃO FINALMENTE VOLTEI A MIM
 Fábio Carvalho

Entre mil você, era o nome da música do Jacob do Bandolim que nunca tinha ouvido, antes daquela Segunda sem lei no chorinho do Bar do Salomão. Maravilhosa música. Ela ainda estava com os cabelos soltos lavados e cheirosos. Vamos transformar o que eu digo, voltei sem saber do por que ao plural. Viajo Cinema. 
Vi a tarde cair no beiral, rapidamente ela se acabou, abrindo espaço para a lua da noite âmbar e fotográfica. Não resisto em falar da tua sombra a se multiplicar. Gostaria de saber e poder escrever o que essa música me diz. Sem Letra, apenas desenhando. O Milton Banana cantando Tom parece o Saraceni falando. Se ao invés de só minha sombra nesta estrada, eu visse ao longo desta estrada outra sombra a me seguir. A necessidade de ser profissional. Mariposa e fedegosa ela ainda não voltou, enquanto eu toco teclado com um balanço inimaginável para qualquer um, mesmo para mim.  Contemporâneo. Estranha palavra. O insofismável poeta músico Lou Reed morreu e o Galo perdeu para o Botafogo, por outro lado amanhã na parte da manhã, começo montar Jimi Hendrix e a Fonoaudióloga, na parte da tarde Guignard Imaginário e a noitinha me encontrar com a Música na nova Segunda que já chegou. 
Que vida meu. Bom Também. O melhor é reconhecer amigos, emoção e prazer do amor bem menos trabalhoso que o sexo. Vamos praticar com os doutores. Brindar água à nova era. Regional Cordas que Falam. Ouvi uma Ave Maria em alemão as vinte e uma e quarenta e seis na Classic and Jazz, cantada por uma tão redolente cantora que jamais esquecerei, enquanto ventava muito lá fora. Logo depois veio o milagre em bela chuva criadeira, ainda com o Sol, que não durou mais que uma hora, era a Primavera. Beco da Tecla. 
Imersão total no som do Jimi Hendrix e na imagem das alunas do Guignard, podendo acontecer de eu vir a ficar muito doido, a vida é arriscada, já disse com razão alguém. Ontem era Sexta Feira, dia de todos os Santos e hoje Sábado de Finados, a volúpia de escrever me abandonou por alguns dias, também pudera, estávamos filmando direto de uma maneira que há muito não faziamos: com equipe e elenco numerosos, figurinos, maquiagem, deslocamentos, enfim tudo que um filme profissional deve ter. Agora na montagem ela voltou. Na minha cabeça ronda recorrentemente a lição em forma de carraspana que um dia me deu. Ela me disse exatamente o seguinte: minhas atitudes devem fazer diferença e trazer satisfação interior. Não é suficiente cumprir com todos os deveres e responsabilidades, mas é importante que tudo o que faça tenha a marca da dedicação profunda. Tenho me remoído nessa dedicação. Toda diáfana a Luiza de cabelos soltos e penteados sentou na cadeira de braços coberta por um pano lilás. A expressão imprimiu. Em 1934 Bertold Brecht escreveu: hoje, o escritor que deseje combater a mentira e a ignorância tem de lutar, pelo menos, contra cinco dificuldades. É-lhe necessária a coragem de dizer a verdade, numa altura em que por toda parte se empenham em sufoca-la; a inteligência de reconhecer onde por toda parte a ocultam; a arte de torna-la manejável como uma arma; o discernimento suficiente para escolher aqueles em cujas mãos ela se tornará eficaz; finalmente, precisa ter a habilidade para difundir entre eles. Estas dificuldades são grandes para os que escrevem sob o jugo do fascismo; e até os que escrevem num regime de liberdades burguesas não estão livres de sua ação. A terceira dificuldade: a arte de torna-la manejável como uma arma, me encantou sobremaneira. Mandamento muito sedutor. Esplendorosa esta entrada de noite de Domingo no alto da Serra com visão panorâmica das luzes da cidade se acendendo, ouvindo Oscar Peterson e Joe Pass com belas companhias em altíssimo grau. Falemos de virtudes. Acordei meio mal na nova Segunda, só me lembrando das obrigações. Vamos às dedicações. 
Meu amigo grego Eleusis contou, enquanto a morena cor jambo de óculos com lenço de oncinha no pescoço abria sua bolsa enorme em cima do balcão de mármore falso, que tinha ido a um restaurante que sempre ia e viu na parede do outro lado um quadro que ele nunca tinha visto por lá, nem em lugar algum, ficou com preguiça de ir ver que quadro era aquele que ele nunca tinha visto. No dia seguinte, foi lá só para ver o quadro. E viu que o quadro que nunca tinha visto, nunca esteve lá, era inexistente. Havia sido uma alucinação. Que dizer de tal inexistência? Os quadros têm se perdido da visão. Sem me ver sempre ilusório, podemos apertar um pouquinho ela a visão. Não sei ao certo para quê, hora do almoço com o sol a pino, tornei a ficar siderado. 

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