ABAIXO TEXTOS - CRÍTICAS - ENSAIOS - CONTOS - ROTEIROS CURTOS - REFLEXÕES - FOTOS - DESENHOS - PINTURAS - NOTÍCIAS

Translate

sábado, 9 de novembro de 2013

INTERASAS NA WEB PARATY




 A utopia como realidade .
Flavio Pettinichi 
<flaviopettinichi@gmail.com>


Pareceria que o homem de hoje tem vergonha de falar dos seus sonhos, que as utopias são coisas de outro mundo discursos de esquerda tão fora de moda.
Pareceria que o homem de hoje esqueceu que foi ontem a sua idade das pedras, o seu destino de barbárie e pestes de todo tipo semeando a escuridão na humanidade.
Pareceria que o homem de hoje esqueceu que sem sonhos ainda estaríamos vendo estrelas com os pés fincados na terra , que ainda escreveríamos na areia alguns signos de comunicação e que o único importante era comer.
Claro, hoje é o hoje e por ser isto uma realidade não podemos sonhar com imposiveis que já foram superados, só que muitas vezes esquecemos que muita coisa ainda não o foi e que milhares de pessoas, seres humanos, como nós, ainda sonham com comer ao menos um prato de comida recente.
Então as utopias são sonhos de uma noite de verão?
Acho que não, lendo um livro velho, sobre o MERCOSUL e a integração latinoamericana, TVE a sorte de acordar para alguns questionamentos que eu , pensei, já tinha superado.
Dentre eles a questão das utopias, porque é tão difícil falar delas ou analisar a possibilidade de que estas sejam e tenham um plano de estudo e cultural para as novas gerações?
Porque pensamos que o mundo, America latina especialmente, carece de uma ideologia, vim por este livro a refrescar a memória e entender que não é falta de ideologias e sim uma ideologia imposta , neoliberal, que pareceria que não dá opção para outras tão verdadeiras como esta ou tão utópicas como a razão humana de existir.
Dentre os textos que achei nesse livro vou citar este que achei de uma lucidez impecável e de extrema relevância.
 “A Universidade, forja da ciência e da consciência, é o campo de
semeadura e germinação das utopias, que é a antítese da realidade enquanto
pretende destruí-la e superá-la porém, não se nutre da realidade enquanto esta
tem de positivo e de negativo, de dinâmico e de estático, de propício para a
transformação ou de resistência à mudança. Ainda que pareça extremamente
paradoxal, não há modo de interpretar a realidade senão através da formação
de utopias; não há possibilidades de avançar no conhecimento sem o apoio de
uma criação utópica. A ciência não pode ser uma reprodução da realidade –
seja esta física ou social – senão da imaginação da realidade, da criação da
realidade, em cuja essência há algo de dever ser, de modelar, de querer que
seja como modelo, ou como abstração, ou como característica, ou como
probabilidade que é algo colidente com o reino da utopia. Reproduzir
simplesmente a realidade, além de tarefa impossível, é cientificamente estéril.
Em lugar de reproduzir há que interpretar e transformar, há que recriar, há que
fazer o mundo a cada dia, e disso se trata na Universidade...”
Domingo Mazza Zavala- Pensador venezuelano –
 Disto se trata, entendermos que só nós somos e temos a obrigação de moldar as nossas utopias, nossos sonhos, nossos anelos mas pueris ou obsenos, porque não esqueçamos, o que ontem era visto de uma maneira hoje não o é, não vejo nada de obseno na possibilidade dos sonhos , vejo sim como obseno e aberrante a possibilidade de perpetuar nossos medos e nosso comodismo em nome de um individualismo cada vez mais profundo e assustador.
Para fechar este texto que espero só esteja começando vou citar um textinho de Ortega y Gazet , neste mesmo livro,
“ Eu sou eu e a minha circunstância.
 Ninguém nos dará respostas ao que não possamos responder nós mesmos, . A humanidade é dinâmica , transforma-se e se distancia de nós. As mudanças não são casuais. As mudanças devem ser provocadas e dirigidas pelos homens.”
O livro citado é : “As teorias da integração e o Mercosul- estratégias-“1997
Autor: Eduardo C. Shaposnik-
este livro foi retirado do projeto Livro de graça nos terminais de Florianópolis, uma das tantas utopias que alguma vez pensou- sonhou  Monteiro Lobato!
Flavio Pettinichi- Nov. 2013

Nenhum comentário: