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domingo, 11 de setembro de 2011

O TEMPO PASSA

Vício Incontrolável

Comecei a querer fazer cinema quando morei na cidade de Belo Horizonte em 1966. Foi durante os estudos do vestibular para escola de medicina que escrevi o meu primeiro roteiro: “Cidade Sem Mar”. Produzi o primeiro filme do meu amigo Neville de Almeida, recém chegado de Nova York: “O Bem Aventurado” e fiz em seguida o som para os filmes: “Joãozinho e Maria” de Márcio Borges e “Dona Olímpia” de Sartori. Em 1969, eu e Geraldo Veloso, editamos e sonorizamos o filme do Sylvio Lanna: “Sagrada Família”. Sai e retornei ao Brasil no início de 1970 e só consegui realizar o meu primeiro filme em 1975: “Bandalheira Infernal”.

Faço essa introdução biográfica para dizer que nesses 45 anos nunca arredei o pé do meu compromisso inicial com a arte, a cultura e a identidade mnemônica e cinematográfica do meu país. Realizei, com produção própria, 22 filmes entre curtas e longas-metragens. Todos esses filmes abordam temas relacionados aos grandes personagens da nossa história que, de uma maneira ou de outra, estavam esquecidos ou mal interpretados no meu tempo. Revisitei assim com o meu cinema Osvaldo de Andrade, Blaise Cendrars, Machado de Assis, Augusto dos Anjos, Murilo Mendes, P.W.Lund, Pedro Nava, Goeldi, Krajcberg, Daibert, Camargo Guarnieri, Geraldo Pereira, Nunes Pereira, Tancredo Neves e outros tantos autores nacionais citados em quatro filmes de ficção experimentais: Misterius, Inside, Bandalheira Infernal e Amaxon.

Meus filmes foram premiados e participaram dos festivais de cinema no Brasil e na Europa. De todos os meus filmes só três tiveram financiamento públicos. Primeiro foi pela Embrafilme. Depois um curta pelo Ministério da Cultura e um longa musical pela Cemig e Prefeitura de Juiz de Fora. Hoje eu consegui, com muito sacrifício, digitalizar doze desses meus filmes para fita Beta digital. Na esperança de exibi-los na televisão remeti há quase um ano os 12 DVD com os filmes para o Canal Brasil e até hoje não obtive nenhuma resposta. Não consigo exibi-los. Meu último filme “Amaxon” continua inédito. Imagino que eles não querem os meus filmes da mesma maneira que nunca mais consegui um financiamento para os meus projetos. Às vezes fico pensando: o que pode mais acontecer contra um artista que dedicou sua vida ao cinema brasileiro, este vício incontrolável e sem vergonha?

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