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domingo, 6 de julho de 2014

Memória

Folhetim Elétrico

“Longos são os caminhos da verdade...”.

Organizando e limpando o meu computador pensei no que eu poderia fazer com aqueles bons roteiros que ficaram na memória em busca do tempo perdido e que embora tratassem de temas importantes ao nosso abismo cultural, seriam, quando eu morrer (falo isso por que alguns dos meus diletos amigos já começaram a partir) esquecidos, comidos pelas traças, destruídos pelos vírus deste cérebro eletrônico. Assim, no desespero de ver todo um trabalho perdido, procurei descobri uma maneira de torná-los visíveis sem ter de editá-los, gastar papel e dinheiro que não tenho. Foi lendo o grande Aluisio de Azevedo que descobri o folhetim que tanto sucesso fez na imprensa do século 19. Heureca! Esse novo Folhetim, hoje Elétrico, permitirá, a partir de agora, com periodicidade, a quem se interessar um passeio nos textos de roteiros que poderia ter sido um dia imagens em movimento, cinema. Acrescentarei prefacios com algumas reflexões do dia-dia que intitulei de folheteadas.


Qual seria o primeiro filme, o primeiro roteiro do folhetim?... Vale a pena este esforço? Sei lá! Não seria melhor deixar ele guardado? Não fazer mais cinema? Fiquei atormentado com a ideia de que alguém, como diria o meu amigo Guará, vampirizasse o tema, a luz, a ideia e depois não me desse o crédito merecido. Isso já me aconteceu várias vezes, a última foi no filme sobre o Vinícius de Moraes, onde fotografei várias cenas com o poeta, no antigo filme dirigido por sua filha Suzana, que foram reutilizadas novamente neste novo filme e o meu nome não apareceu, nem agradecimento... Tudo é possível no Brasil. Valeu a pena?  Depois de tudo isso pode ser que apareça alguém reclamando que as listas não possuem espaço e não são liberadas para esse tipo de mensagem... - Crie um site! Um blog... Dirão outros... Tem outros espaços onde se publica roteiros... Etc. Mas essa ideia me surgiu pensando nas listas que eu recebo! - E se outro da lista fizer outro folhetim? Qual é o problema? Espero que não tenha problema. As listas são jornais diários de assuntos com os quais estou ligado. Não quero perder tempo e provocar uma tremenda polêmica democrática onde eu teria que gastar horas preciosas ora na defesa, ora no ataque, de sei lá o quê... Esse primeiro folhetim é pra saber se vale à pena este esforço. A idéia da Rosário do Almanaque é muito boa, faz parte desse grande jornal eletrônico que são as listas da Internet, lê quem quer. Aviso aos navegantes: Não participarei de nenhuma polêmica sobre o que não quero discutir. Se os textos conseguirem iluminar alguém, que seja dele a luz. E se alguém não gostar, não precisa abrir, é só apagar, faço isso todos os dias... Quem?  Sei lá! Você de repente...

Fui ao Festival de Berlim em 1987 exibir o meu primeiro filme, um longo poema rebelde, em 1987 e lá encontrei 2 outros cineastas brasileiros com seus primeiros filmes: Sérgio Toledo e Jorge Duran. Não sei o que aconteceu com o Sérgio, mas do Jorge Duran soube que havia terminado o seu segundo filme este ano. Vinte anos sem realizar um novo projeto de cinema... O Limite! Uma vida inteira num único filme.

segunda-feira, 30 de junho de 2014

TEXTO DE CINEMA

O fantasma dentro da máquina
Está sendo lançado esta semana o livro Narrativas Sensoriais: ensaios sobre cinema e arte contemporânea, Editora Circuito, uma coletânea organizada por Osmar Gonçalves. São reflexões de treze artistas (fazem vídeos, instalações, experimentos kinoplásticos) que também são teóricos e atuam no mundo acadêmico. Já conhecia vídeos e textos de alguns e algumas, como as doutoras Beatriz Furtado, Consuelo Lins, Patrícia Moran, Kátia Maciel (“não filmo o que vejo, vejo o que filmo”) e os doutores Cristian Borges e André Parente, esse último de longa data, desde quando seu livro Imagem-máquina, a era das tecnologias do virtual, de 1993, me conquistou.
Essa turma transcinematográfica pensa o presente e o futuro da arte audiovisual e de toda a arte a partir dos progressos da inteligência artificial, uma realidade coetânea que alimentou ficções delirantes de Karel Capek e Isaac Asimov. Na década 1920 o checo Capek escreveu a peça de teatro RUR, onde inventa a palavra robô (do checo robota, trabalho forçado) para as máquinas inteligentes e narra o surgimento não programado de sentimentos nessas máquinas: os robôs começam a se amar uns aos outros. Décadas depois, no best seller Eu, Robô, o russo Asimov cria as Três Leis da Robótica, uma prevenção contra ataques de robôs a humanos, e também o “fantasma na máquina”, definição enevoada da disfunção (ou transcendência) que causaria a humanização dos robôs. A propósito, nenhum fotógrafo tem explicação para a fotogenia, o mistério por trás da predileção das câmeras por determinadas pessoas, porque as câmeras realçam “o caráter moral”, como disse Jean Epstein, de certas pessoas e de outras não. Meu livro Máquinas eróticas é uma homenagem secreta a Capek e Asimov.
As Narrativas Sensoriais me remetem, ao mesmo tempo, ao avanço da inteligência artificial no século XXI e aos cineastas puristas do início do século XX, principalmente a Dziga Vertov, tão russo como Asimov. Os puristas defendiam uma especificidade absoluta do cinema com relação às outras artes, um “específico fílmico” que não deveria ser contaminado por influências das artes cênicas, plásticas, sonoras ou literárias. Vertov dizia que a literatura é a pior inimiga do cinema (anos depois o italiano Pasolini classificou o cinema como “de poesia e de prosa” e o russo se mexeu no túmulo).
A proposta de Vertov para a preservação do “específico fílmico” era uma colaboração integral entre a câmera e o artista. Sonhava chegar a um ponto em que fosse possível a câmera filmar independente da interferência e da influência humanas, filmar tudo que lhe desse na centelha. E o ser humano organizaria essa visão da máquina na montagem, na edição. Em seu filme-manifesto O homem com a câmera há uma cena em que uma câmera sai de sua caixa, se articula sobre um tripé e vai trabalhar sozinha, livre e solta.
Os pensadores vanguardistas de Narrativas sensoriais refletem sobre “obras que se sustentam na autonomia da imagem”, uma primazia sobre a narração e qualquer outra estratégia de linguagem. Falam de uma  “lógica do sensível” em contraposição às narrativas racionais. Pensando o cinema do futuro, retomam e resignificam a ideia recorrente de que a linguagem audiovisual é subaproveitada desde quando se transformou em um veículo apenas para contar histórias, que suas infinitas potencialidades expressivas vão muito além disso. 
Há muito alguns pensadores esperam do audiovisual um papel bem mais significativo do que o atual no que se refere à filosofia, a um entendimento contemporâneo da existência, da verdade, da morte, dos valores humanos fundamentais. As tecnologias da comunicação de que dispomos, e seu progresso, apontam para a possibilidade do audiovisual transformar-se na mídia mais apropriada para filosofar, desbancando a literatura. Enfim, façam vocês mesmos suas viagens a partir desses estímulos, leiam o livro. 
Por Orlando Senna

terça-feira, 17 de junho de 2014

REDESCOBRINDO O OCULTO


DIREITO A PREGUIÇA
Estou cansado das disputas existenciais. Tive na vida três escolhas de trabalho para as quais tinha talento. A primeira foi de músico aprendendo com Dona Zinha, minha avó paterna, dedilhar o piano de ouvido, instrumento que ela tinha perfeito domínio. Depois foi com a minha tia Zizinha os primeiros estudos com pauta. Não tive a necessária disciplina e parei. Passei a gostar de fotografia e de cinema e comecei a estudar artes-plásticas observando grandes artistas e me apaixonei pela pintura. Mas tinha que estudar para o vestibular, veio o golpe e tudo mudou. Passei a ler mais e frequentar os cineclubes. Queria agora fazer cinema. Em 1966 escrevi o meu primeiro roteiro sobre a vida de um jovem casal em Belo Horizonte, intitulado de “Cidade Sem Mar”. Neville filma o curta “Bem Aventurado” e ali no set em vi que minha vida seria dedicada a sétima arte. Só fui realizar o meu primeiro longa-metragem “Bandalheira Infernal” em 1975. Aos trancos e barrancos, para ter a liberdade de criar um cinema de autor, poético, (oswaldiano-modernista-antoprofágico) e de invenção, realizei, com muito trabalho, mais de 20 filmes. Creio que deixei um legado aos jovens cinéfilos.  Mas, ultimamente, ando cansado de criar, pois uma enorme preguiça me alcança e confesso que ficava sempre preocupado com o que estava acontecendo comigo. Culpado pela inércia constante do meu dia-dia deparou-me o livro escrito no século 19 pelo cubano francês  Paul Lafargue, genro de Karl Marx, mudando a minha cabeça por completo em relação aos meus momentos de ócio.  Como poderia ficar indiferente a tão fortes pensamentos: “A nossa época é, dizem, o século do trabalho; de fato, é o século da dor, da miséria e da corrupção. O trabalho é o mais terrível flagelo que já atacou a humanidade”. ” Os filósofos da Antiguidade, por exemplo, ensinavam o desprezo pelo trabalho, essa degradação do homem livre; os poetas cantavam a preguiça, esse presente dos Deuses”. “Sejamos preguiçosos todo o tempo e em tudo, exceto em amar e em beber, exceto em sermos preguiçosos”.

QUEM FORAM PAUL LAFARGUE E LAURA MARX

Jenny Laura Marx (nascida em 26 de setembro de 1845) foi a segunda filha de Marx e Jenny von Westphalen. Em 1868 ela se casou com Paul, nascido em Santiago de Cuba de família Franco-Caribenha, sob nome de Pablo (16 de junho de 1842), com quem passou a maior parte de sua vida na França, e um período na Inglaterra e Espanha.
Lafargue foi militante, sucessivamente, da Associação Internacional dos Trabalhadores (AIT, a 1ª Internacional) Communard, fundador da Internacional Operária (a 2ª Internacional) e do Partido Socialista Francês. Ao longo desta vida agitada, Paul Lafargue escreveu vários artigos e folhetos para defender entre os trabalhadores a teoria da emancipação, o materialismo histórico e a crítica da economia política marxista, como ele a entendia.
Por sua militância abnegada, Paul converteu o ciúme inicial do sogro em simpatia. Contra a supervalorização das diferenças entre Karl Marx e Paul Lafargue recomendamos a leitura do longo e apaixonado relato do próprio Lafargue entitulado "Recordações pessoais sobre Karl Marx", escrito em 1890, um documento tão magnífico que inspira-nos a colocá-lo no prelo das publicações da LC.
Obviamente, hoje o imperialista PS francês não reivindica a figura de Lafargue, o que nos dá um motivo a mais para celebrarmos por este combatente pela causa da luta revolucionária internacional dos trabalhadores e do comunismo.
Paul e Laura casaram-se em 1868, e se empenharam em várias décadas de trabalho político juntos, traduzindo a obra de Marx para o francês e na divulgação do marxismo na França e na Espanha. Na maior parte de suas vidas, assim como Marx, Laura e Paul foram apoiados financeiramente por Friedrich Engels, que os legou sua herança quando faleceu em 1895.
Em 1871, sob as perseguições políticas desencadeadas com a derrota da Comuna de Paris, o casal é forçado a fugir para a Espanha e se estabelece em Madrid, onde Lafargue é designado como dirigente da Internacional. Ao contrário de outras partes da Europa, onde o marxismo exercia maior influência no pós-Comuna, na Espanha a maioria da Internacional possuía uma forte tendência anarquista de Bakunin. Lafargue tratou de impulsionar as concepções marxistas sob a direção de Engels por meio de artigos assinados no jornal La Emancipación, onde defendia a atuação política dos trabalhadores na luta de classes e a necessidade de criar um partido político da classe trabalhadora contra as concepções anarquistas.
Todavia, a imensa força da Internacional foi conduzida à esterilidade porque os anarquistas rechaçavam qualquer atuação prática para além do mero anarco-sindicalismo e defendiam que não se devia intervir em nenhum processo revolucionário que não se encaminhasse imediatamente para a emancipação completa da classe operária, rechaçavam a participação organizada dos trabalhadores nas eleições burguesas e a luta pela tomada revolucionária do poder pelos trabalhadores se apegando ao fetiche da desaparição instantânea do Estado. Como diz Engels:
“A Espanha é um país muito atrasado industrialmente e por esse fato não se pode falar de uma emancipação imediata e completa da classe operária. Antes que isso possa acontecer, a Espanha terá que passar por etapas prévias de desenvolvimento e deixar para trás uma série de obstáculos. A República oferecia a oportunidade para tornar mais curtas essas etapas para liquidar esses obstáculos. Mas esta oportunidade só podia aproveitar-se por intermédio da intervenção política, ativa, da classe operária. A massa do operariado pensou desse modo e em todas as partes pressionou para que houvesse intervenção nos acontecimentos, para que se aproveitasse a ocasião para agir, em vez de deixar o campo livre para as manobras e para as intrigas. O governo convocou eleições para as Cortes Constituintes. Que posição deveria adotar a Internacional? Os dirigentes bakuninistas estavam mergulhados na maior perplexidade. O prolongar da inatividade política tornava-se cada dia mais ridículo e mais insustentável; os operários queriam fatos. E, por outro lado, os aliancistas [bakuninistas da Aliança Internacional de Democracia Socialista] tinham durante anos seguidos, pregado que não se devia nunca intervir em nenhuma revolução que não fosse encaminhada para a emancipação imediata e completa da classe operária, que o fato de empreender qualquer ação política implicava no reconhecimento do Estado, a grande origem do mal e que, portanto, e, muito especialmente, a participação em qualquer classe em eleições era um crime que merecia a morte. O referido relatório de Madri conta-nos como se saíram desta situação:
‘Os mesmos que desconhecendo os acordos firmados no Congresso Internacional de Haia sobre a ação política das classes trabalhadoras, e rasgando os Estatutos da Internacional, introduziram a divisão, a luta e a desordem no seio da federação espanhola; os mesmos que não vacilaram em nos apresentar aos olhos dos trabalhadores como políticos ambiciosos que, sob o pretexto de colocar no poder a classe operária, lutavam para tomar o poder em benefício próprio; os mesmos homens, esses mesmos que a si próprios se dão o título de anárquicos, autônomos, revolucionários, lançaram-se nesta altura a fazer política, mas a pior das políticas – a política da burguesia; não trabalharam para dar o poder político aos trabalhadores mas para ajudar uma fração da burguesia, composta por aventureiros e ambiciosos, que se denominam republicanos intransigentes.’” (Os bakuninistas em ação, Friedrich Engels, Publicado no jornal “Der Volksstaat” em 3 de Outubro, 2 e 5 de Novembro de 1873).
Esta conduta dos bakuninistas foi publicamente criticada por Lafargue no La Emancipación. Os bakuninistas que se proclamavam “libertários” e arautos defensores da “democracia socialista” trataram de expulsar Lafargue da Federação de Madri por delito de opinião, precipitando a partir de então a ruptura e liquidação da I Internacional.


quinta-feira, 12 de junho de 2014

ARTIGO

Você está preparado para a guerra nuclear?



Paul Craig Roberts
Tradução Anna Malm* 
Correspondente de Pátria Latina na Europa



http://www.paulcraigroberts.org/2014/05/30/lethality-nuclear-weapons/

Preste bem atenção à coluna de convidados de Steven Starr “A letalidade das armas nucleares”: 
Washington pensa que a guerra nuclear pode ser ganha e planeja um primeiro ataque nuclear contra a Rússia, e talvez contra a China como forma de prevenção a qualquer desafio a sua dominância mundial. Esse plano já está num estado bem avançado enquanto a implementação do mesmo também já está em curso. Como eu relatei anteriormente a doutrina estratégica americana foi modificada, e o papél dos mísseis nucleares foi elevado de um papél de retaliação a um papél ofensivo de primeiro ataque.  Bases de mísseis antibalísticos (MAB) foram estabelecidas na Polônia nas fronteiras com a Rússia, enquanto outras bases foram sendo projetadas. Quando tudo  estiver completo, a Rússia estará completamente cercada por bases militares americanas de mísseis antibalísticos, MAB.
Os mísseis antibalísticos, conhecidos também como a “guerra das estrelas”, são armas feitas para interceptar e destruir os mísses balísticos inter-continentais, ou seja os mísseis de longa distância, (ICBM na sigla inglêsa). Na doutrina de guerra de Washington, os Estados Unidos atacariam a Rússia com um primeiro ataque, e qualquer que fosse a força retaliatória ainda disponível da Rússia, essas seriam impedidas de alcançar os Estados Unidos pela proteção dos mísseis antibalísticos, MAB.
A razão dada por Washington para mudar a sua doutrina de guerra foi a possibilidade de que terroristas pudessem vir a obter armas nucleares com as quais pudessem vir a destruir uma cidade norteamericana. Uma tal explicação não faz nenhum sentido. Quanto a terroristas trata-se de indivíduos, ou um grupo de indivíduos,  não de um país com um poder militar ameaçador. Usar armas nucleares contra terroristas iria destruir muito mais que os próprios terroristas, e seria inútil na medida em que um ataque por mísseis convencionais, carregados por um drone, seria o suficiente.
A razão dada por Washington para as bases dos mísseis antibalísticos, MAB, na Polônia seria a proteção da Europa contra MBIC, mísseis balísticos inter-continentais, do Irã. Washington e os governos europeus sabem muito bem que Irã não tem nenhum MBIC, e que esse país nunca apresentou a mínima intenção de atacar a Europa. 
Nenhum governo acredita nas razões invocadas por Washington. Cada um deles compreende que as razões de Washington não são mais que pequenas tentativas de disfarçar o fato de que eles estão a caminho de criar uma capacidade, de fato consumado,  que os permita ganhar uma guerra nuclear.
O governo russo compreende que a mudança da doutrina de guerra americana, e a construção de bases de mísseis antibalísticos nas suas fronteiras, são dirigidas mesmo é contra a Rússia, e que essa seria uma clara indicação de que Washington estaria planejando um ataque ofensivo contra a Rússia, e isso com armas nucleares.
A China também já compreendeu que as intenções de Washington contra ela são as mesmas. Como eu relatei a vários mêses atrás, em resposta as ameaças de Washington a China então tinha chamado a atenção do mundo quanto a sua capacidade de destruir os Estados Unidos, no caso de Washington iniciar um tal conflito.
De qualquer modo, Washington acredita que ele poderá ganhar uma guerra nuclear, com pouco ou nenhum dano, para os Estados Unidos. Essa crença faz com que uma guerra nuclear apresente-se como provável.
Como Steven Starr deixou bem claro, essa crença baseia-se na ignorância. Uma guerra nuclear não dá a vitória a ninguèm. Mesmo se as cidades americanas pudessem ser salvas de um ataque retaliatório da Rússia ou da China pelos mísseis antibalísticos, os efeitos da radiação e do inverno nuclear que viria depois de uma tal colisão com a Rússia ou China iria destruir os Estados Unidos também.
A mídia, que foi convenientemente concentrada em poucas mãos durante o corrúpto governo de Clinton, é cúmplice por ignorar a questão. Os governos dos países subjugados por  Washington, tanto na Europa ocidental como na Europa do Leste, assim como os do Canadá, da Austrália e do Japão também são cúmplices, porque aceitam os planos de Washington e fornecem as suas bases militares para a realização desses planos. O governo da Polônia, do qual já não há duvidas quanto a insanidade mental, já terá provavelmente assinado a autorização de morte da humanidade, por procuração. O congresso dos Estados Unidos também é cúmplice, porque nenhuma investigação está sendo feita a respeito dos planos do poder executivo de iniciar uma guerra nuclear.
Washinton criou uma situação muito perigosa. A Rússia e a China estando claramente ameaçadas por um ataque nuclear poderiam muito bem atacar primeiro. Porque deveriam sentar e esperar passivamente o inevitável enquanto seus adversários constroem uma capacidade de proteger a si mesmos através dos mísseis antibalísticos? Uma vez que esse sistema esteja concluido, a Rússia e a China podem estar certas de que serão atacadas, ao menos que se entreguem incondicionalmente de antemão.   
Essa reportagem de 10 minutos aqui abaixo vem da Russia Today, RT. Ela esclarece que o plano secreto de Washington para um primeiro ataque ofensivo contra a Rússia não é na realidade uma coisa secreta. Essa reportagem também esclarece que Washington está se preparando para poder eliminar qualquer líder político europeu que não se alinhe com Washington .http://rt.com/shows/the-truthseeker/162864-us-plans-strike-russia/  A transcrição foi encaminhada pela  Global Research :http://www.globalresearch.ca/us-plans-first-strike-attack-on-russia-or-china/5384799
Os leitores poderiam me perguntar. “Mas o que poderemos fazer?” Aqui está o que poderia ser feito. Você poderia por um fim ao ministério da propaganda não assistindo  Fox News, CNN, BBC, ABC, NBC e CBS. Você poderia se recusr a ler o New York Times, o Washington Post e LA Times. Deixe simplesmente de lado toda a mídia oficial. Não acredite numa palavra dita pelo governo. Não vote.
Compreenda que o problema, o mal, está concentrado em Washington. Nesse século XXI (treze anos e meio), Washington já destruiu em parte, ou completamente, 7 países. Milhões de pessoas foram assassinadas, aleijadas e deslocadas. Washington não mostrou até agora absolutamente nenhum remorso que fosse quanto a isso, e tampouco o fizeram as igrejas “cristãs”. A devastação inflingida por Washington é apresentada como um grande sucesso.
Washington prevaleceu até aqui e está determinado a se manter em dominância enquanto a perversidade, a desgraça, e o mau absoluto que Washington representa dirige o mundo à destruição.
Copyright Material - Artigo original : Are You Ready for Nuclear War ? - de 3 junho de 2014 / Mondialisation.ca
Anna Malm* - http://artigospoliticos.wordpress.com

terça-feira, 10 de junho de 2014

Deformação artística

VER COM OLHOS LIVRES


É preciso conhecer a atriz Maria Gladys para depois não falar qualquer coisa sobre ela. Mulher guerreira, libertária, atriz de primeira grandeza, sempre a frente do seu tempo, não pode ser desprezada, principalmente pelos seus pares artistas, que, de uma forma ou de outra, estão perto dos poderosos da mídia. Eles precisam saber se são pessoas sensíveis e talentosas, que podem transformar realidades e mudar histórias, ou nada são.

Quero crer que essa extraordinária atriz, como tantos outros talentos perdidos por esses brasis afora, não precisa de esmola, precisa é de trabalho!                                                                                                     

O verdadeiro artista trabalha até morrer em sua arte.                 

Portanto, autores da dramaturgia nacional, produtores, realizadores: Maria Gladys é a imagem de um Brasil que esta se perdendo, não é como uns e outros estereótipos do povo brasileiro que hoje domina a cena, ela é peça única no mercado de arte e, no mínimo, merece mais respeito por todo o seu trajeto histórico. Uma pessoa de tão grande importância para a cultura e identidade brasileira merecia ser tratada como um patrimônio da cidade do Rio de Janeiro. Foi o que fez o Deputado Estadual Roberto Henriques quando lhe honrou com a medalha de Tiradentes em nome da sua grande contribuição a nossa cultura.

Para quem não conhece segue um resumo de sua talentosa história.
Nascida na zona norte carioca, começa sua carreira no teatro, sob as ordens de Gianni Ratto e Kleber Santos.
Seu primeiro papel importante é em 1959, numa ponta na peça "O Mambembe", apresentado no Teatro dos Sete.
Em seguida atua no Teatro Jovem, no Mesbla e no Dulcina, onde tem como mestre, Ziembinski.
Estréia no cinema em 1959 no filme Um Canalha em Crise, dirigido por Miguel Borges, que acaba proibido pela censura e só estréia em 1963.
Faz mais de trinta filmes, destacando-se Os Fuzis (64), Copacabana Me Engana (69), A Família do Barulho(70),  Sem Essa Aranha(70), Cuidado Madame (70), Bandalheira Infernal (75)Um Filme 100% Brazileiro(86)e Matou a Família e Foi ao Cinema (90) entre outros.
De personalidade forte e grande talento, é uma das grandes atrizes da geração anos (60)
Ultimamente tem se dedicado à televisão, atuando em inúmeras telenovelas pela TV Globo, como "Brilhante" (81) e "Vale Tudo" (88).
Ao lado de Helena Ignez, Maria Gladys é uma das musas eternas do Cinema poético, de resistência e invenção, corrente da vanguarda do cinema brasileiro que surgiu no final da década de 60.

quarta-feira, 28 de maio de 2014

EM MEMÓRIA



CARTOGRAFIA DA AMIZADE
 Fábio Carvalho

Estive pela primeira vez com o Ricardo no Cine Unibanco da Rua Augusta em Sampa, ele então morava por lá. Era como se há muito já tivéssemos nos conhecido. Lembro agora dessa estranha sensação, um reconhecimento através dos olhos.  A senha para a aproximação era a amizade que eu já desenvolvia com seu parceiro e irmão de fé cinematográfica Paulo César Saraceni. Na sexta feira bem cedo, dia 28 de Março do ano 14, íamos para o Aeroporto dos Confins, embarcar num avião rumo ao Rio de Janeiro. Prestes a se levantar, ainda na cama, a Isabel me conta que sonhara a noite inteira com o Ricardo e o Saraceni em um parque. O Sarra, embora muito envelhecido e enrugado, corria e pulava como se fora ainda um menino, e o Ricardo sentado ao seu lado, cochichava repetidas vezes no ouvido dela o seguinte: ele é doido, ele é doido. O avião atrasou, estávamos na lanchonete da sala de embarque, quando o post da Helena Ignez nos atingiu feito um raio: “nosso amadíssimo e insubstituível Ricardo Miranda morreu.” Como assim? Era a pergunta. A verdade. Um corte seco desferido por um golpe de cutelo. Naquela manhã de mudança de planos, temerosos de dar a terrível notícia por telefone ao Rosemberg, Bárbara Vida e o Gabriel se encaminharam para o apartamento dele carregando a triste missão. Lá chegando ao abrirem a porta do elevador, encontram com o Rosemberg que ia ao correio postar uma carta para o amigo que não mais a receberia. Estou aqui nas alturas recolhendo os cacos da memória. Antes, quando estivemos pela primeira vez juntos na bela Cataguases, ficamos hospedados na pequena Miraí e, nas idas e vindas pela Avenida Ataulfo Alves de taxi ou de Van, selamos nossa amizade que se evoluiu filosoficamente. Estivemos outras vezes em Cataguases, uma delas na cachoeira do Humberto Mauro, reunidos a um grupo extraordinário, logramos realizar o filminho chamado Casa do Polanah. A aparente tranquilidade com o entendimento do desenrolar do tempo, vinda de sua estatura intelectual e sofisticação como pensador montador, sincronizou as expectativas, que enfim descobri que tinha. Falo de mim para falar dele. Continuo me dirigindo a ele. De outra vez em Itu, me colocou na condição de jurado, coisa que nunca tinha aceitado, talvez para aprender a perder um pouco de minha recôndita empáfia. Confesso que nessa função presidido por ele, vi que no cinema tudo pode ser devidamente escrutinado sem parcialidades de outra ordem. Pode-se e deve-se levar em conta o cinema, ele mesmo o organismo vivo em questão. Das três ou quatro vezes em que estivemos no Festival de Cinema de Brasília, guardo comigo os papos noturnos depois das sessões dos filmes, nas mesas da piscina do Hotel Nacional. Seu sotaque arrastado e pausado de Araribóia e a maneira de nunca falar sem antes pensar eram para mim bastante peculiares. Mesmo calado o seu olhar falava muito. De outras feitas, os passeios matinais friorentos pela barroca cidade Ouro Preto, acompanhados pelos amigos mineiros e por sua assistente naquele momento, a bela morena carioca Litza. Continuei apreendendo cinema por vários anos luz. Hoje, depois que saí do meu bureau secreto, só vi mulheres andando pelas ruas, todas muito bonitas, embora ainda não se soubessem, determinadas e altaneiras em busca de tesouros perdidos, carregando suas grandes bolsas, onde seus mundos e fundos eram guardados. Era como a Cidade das Mulheres do Fellini, apenas elas existiam e regiam a sinfonia do anoitecer. A hora da Ave Maria. Ainda tinha a lua cheia de Maio ali presente, a histeria estava no ar. O Ricardo nasceu no dia 10 de Maio, dia da primeira exibição em BH do filme Guignard Imaginário, apenas mais uma coincidência inexplicável. Podemos perder as manias. Reunidos em torno do mistério da existência e da finitude, mais um ciclo se fechou, outro se inicia. Agora resta uma mesa na sala. Trabalho muito melhor com o frio. Ontem à noite recebi um telefonema do Otávio Terceiro, me falando de maneira bastante eloquente, como ele bem sabe, sobre a cópia que acabara de rever de O Filme da Montagem, onde o Saraceni e o Ricardo são os protagonistas de uma espécie de registro dos bastidores da montagem do filme O Gerente, que veio a ser a última parceria dos dois velhos amigos. Não resisto e transcrevo aqui um parágrafo da crônica do Carlos Drummond de Andrade, intitulada Declarações à Colegial que veio Entrevistar-me. “Confesso que meu trabalho de ser é afetado pela necessidade de dar satisfações aos outros, seja sob a forma de deveres políticos e sociais, seja para explicar porque não admiro, digamos, os filmes do Bergman. Cercado de prazos, papéis, condicionamentos, cortesias e outros empecilhos, não sei me explicar bem. Donde os juízos críticos: é selvagem, é pueril, é espertíssimo, está escondendo alguma coisa”.  O Ricardo detestava o artigo nos títulos. Não se faz cinema com boas intenções. Tudo é tudo e nada é nada diante do movimento do mar. Voltamos a Minas, das caminhadas dificultosas pelas pedras dos becos de Tiradentes, às Janelas de Belo Horizonte cercados por diversas Joanas. A Palavra Exata nos levou de novo para as ladeiras e catedrais da velha Ouro Preto, onde o pintor Ronaldo, seu único irmão, viveu por algum tempo, as imagens imaginantes fizeram a ponte até Guignard. O cais da paz interior. No litoral do nosso Rio de Janeiro, me apresentou o Botafogo, região até então desconhecida por mim, a não ser por Famas e Cronópios. Integrei-me naquelas ruas estreitas que sentia mais machadianas que as do próprio Cosme Velho, pelos quatro apartamentos em que o Ricardo me hospedou durante os últimos anos. Dois na  Voluntários da Pátria, um na Alzira Cortes onde morei por temporadas maiores e por fim na Desembargador Burle, pertinho do quadrilátero de bares e restaurantes, onde ainda perdura o Aurora e também da Cobal. Uma vez o Ricardo foi para Europa e me confiou seu apartamento na Alzira Cortes. Como chovia aos cântaros no Rio e eu estava em meio de uma crise de misantropia, fiz um estoque alimentar para todos os níveis de fome, assim enfurnei-me durante três dias naquela cinemateca-biblioteca rara. O amor nos foge pela janela. Depois destes dias, cresci alguns centímetros imensuráveis na minha média estatura. Voltei a caminhar pelas ruas com alguma altivez. Os cafés da manhã na Padaria Imperial da Real Grandeza, os cozidos do Bismarck quase no fim ou no começo da Voluntários perto da praia, onde conversávamos com o cineasta David Neves, tendo eu chegado anos depois que o David já não estava, afora os ótimos restaurantes, especialmente portugueses, com as melhores comidinhas que localizava com sabedoria. Mesa Brasileira. O Largo dos Leões. Enfim tudo é muito perto do pouco que não tivemos tempo de realizar: um filme. O samba é pai do prazer. Agradeço ao mistério da vida o privilégio desta convivência que, embora cumprida a passagem por este plano, sinto que jamais terminará. Vamos lá.



terça-feira, 27 de maio de 2014

Vamos Reformar o Brasil (homenagem ao trabalhismo)


AS REFORMAS
Este texto é uma simples contribuição de um artista sonhador.
Gostaria de contribuir com os políticos candidatos para tornar algumas dessas ideias possíveis.
O Brasil precisa das reformas gerais que ainda não foram feitas pelos governos eleitos nestes 30 anos em que vivemos o estado democrático.
A consciência da Liberdade, no conjunto das regras que compõem a sociedade brasileira, é a gênese, a ideia fundamental, o primeiro passo, para se reformar o nosso sistema político.
Como imagino as reformas:
A reforma educacional. 
Todas as crianças nas escolas de tempo integral aos moldes imaginados por Darcy Ribeiro e Brizola.
Criar as Universidades Federais livres para os estudos de arte, aonde os alunos, de qualquer idade, dependendo de seu talento, podem escolher as matérias que queiram estudar.
Criar e incentivar as escolas técnicas direcionadas as necessidades da região onde serão implantadas.
Criar centros de cultura dentro de todas as escolas, aonde os alunos, além do ensino acadêmico, tenham contatos e conheçam a fundo a sua identidade nacional, contida na nossa centenária cultura, através da literatura, do cinema, do teatro e das artes brasileira de todos os tempos.
A Reforma na mídia nacional, Rádios e TVs.
O Estado brasileiro deve estar atento aos meios de comunicação, rádio, tevê (aberta e fechada), e deve aumentar significativamente a sua presença na mídia nacional, porque sem o auxílio e a compreensão da mídia não há reforma que resiste.
Devem-se criar leis de proteção a cultura brasileira na mídia, pois ela é a alma da nação.
A reforma política.
Todo brasileiro pode ser candidato a qualquer mandato sem necessariamente estar filiado a nenhum partido.
Todos os candidatos terão um tempo de mídia igual ao menor tempo instituído para todas as outras candidaturas.
Os partidos e os candidatos avulsos terão suas campanhas financiadas só pelo erário.
Serão eleitos os que obtiverem mais votos em uma única eleição de cinco em cinco anos.
Ficam abolidos os votos de legenda e também a reeleição.
Os Senadores passam a representar o país e serão votados em todo o território nacional.
Fica abolida a eleição de vice. Na morte do presidente, assume a presidência o senador que tenha sido o mais votado com um único compromisso que é convocar imediatamente novas eleições.
Nos Estados e Municípios, assume o deputado ou o vereador mais votado, na falta do governador ou do prefeito.
Fica abolido o segundo turno, é eleito o mais votado.
A maioria dos senadores pode propor um plebiscito e o povo passara a ter o direito, pelo voto, de derrubar o presidente, o governador ou o prefeito que não está cumprindo o prometido em campanha.
A Reforma na Saúde Pública
O Estado deve ser o único responsável pela saúde do povo brasileiro.
Centenas hospitais de urgência devem ser construídos por todo país, hospitais regionalizados, grandes centros de saúde de excelência, com número de leitos compatíveis com sua localização, dispondo da melhor equipe de profissionais (todos os médicos que se formaram nas universidades federais tem uma dívida com o país) e também dos mais novos equipamentos disponíveis no mercado, tratando a saúde do cidadão com toda a dignidade que ela merece.
Médicos e dentistas nas escolas de tempo integral.
Médico de família.
A Reforma nos meios de reprimir todas as formas de violência.
Liberação das drogas conforme estudo já existente.
Urbanização dos morros e periferias das cidades.
Unificação das polícias civil e militar.
Fortalecer e apoiar a polícia federal.
Privatizar as cadeias – preso tem de trabalhar.
Reforma Urbana
Saneamento básico e despoluição das águas dos rios que cortam as cidades.
Criar impostos progressivos para imóveis que permanecem fechados, ou são produtos de especulação imobiliária nas grandes e médias cidades.
Nenhum brasileiro sem casa.
Reforma agrária
Nenhum brasileiro, que queira viver no campo, pode ficar sem um pedaço de terra para tirar o seu sustento e dos seus filhos.
Incentivar os proprietários de pequenas extensões de terra, a estudar as teorias sobre as aplicações da biodiversidade em seus sítios.
Reforma dos meios energéticos
Suspender de imediato à extração desordenada, abrupta, sem a segurança ambiental, necessária e absoluta, do petróleo no pré-sal.
Encerrar as atividades das usinas nucleares.
Incentivar a energia solar e eólica para compensar as perdas com as desativações.
Reforma dos meios de transporte
Incentivar o transporte coletivo de passageiros e cargas por trilhos.
Incentivar o transporte fluvial nos grandes rios do Brasil.
Incentivar o transporte aéreo popular por todo nosso interior.
Reforma do Judiciário
Tornar céleres todos os processos, rompendo com a burocracia excessiva dos tribunais.
Reforma administrativa
Desburocratizar e assim agilizar a máquina administrativa.
Reforma Tributária
Diminuir ao máximo os impostos sobre as pequenas empresas.

Aumentar ao máximo os impostos sobre as grandes empresas.