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quinta-feira, 9 de outubro de 2014

MALDITO VÍCIO



POR QUE NÃO FAZER CINEMA NO BRASIL ?
Nasci No Lugar Errado
(diálogos da internet)
Um título que diz muito sobre essa situação.
Não tenho distribuição, nem apoio financeiro muito menos sala de exibição para grande parte da minha produção independente de cinema...                                                                                     
Mas primeiro é preciso fazer uma correção.
Existe sim uma política de apoio à distribuição de filmes brasileiros.
Trata-se da Linha D (PRODECINE 03), através da qual a distribuidora pode financiar o P&A (custo de comercialização) do filme.
Podemos discutir se é suficiente.                                                   
Está claro que não é.

57% dos filmes de longa-metragem brasileiros que são lançados em salas não atinge nem 10 mil espectadores.Isso é um desperdício criminoso, não apenas de dinheiro, mas de cultura.  As Majors não querem produto nacional. Quando querem, é pelo art3o, em troca de direitos patrimoniais.
As distribuidoras brasileiras com melhor colocação de mercado (DTF,PARIS,ETC) não se interessam pelo cinema independente. Essas distribuidoras estão capitalizadas e não faz sentido para elas dividir rendas e,principalmente, abrir mão do controle e retenção de receitas.
Elas também não podem, sozinhas, resolver o problemas dos cerca de 50 filmes por ano que são abandonados no mercado.
O resultado disso é que essa linha é magra e, temo, pode acabar descontinuada.
Não deveria, porque é a única esperança de um lançamento descente para pequenos distribuidores de pequenos filmes (no sentido econômico do
termo).E também porque pequenas distribuidoras estão surgindo, o que é positivo.
Mas há ainda um outro aspecto, muito mais cruel.
O investimento público não resolve a questão do poder de mercado. O fator preponderante para o sucesso de um laçamento é o poder e a
influência do distribuidor e do produtor.
Os outros filmes são rebocados pelas estratégias agressivas da Globo Filmes e,em geral, isso custa muito caro ao produtor. Lembremos que o GF não é um distribuidora, ela é... o que mesmo?
Pequenas distribuidoras tem menor poder de barganha na ocupação das salas e isso não se resolve apenas com dinheiro.
O que ocorre com o filme "No Lugar Errado"?
É um filme produzido fora do esquemão de financiamento público, o que já o coloca fora do mapa do "mercado". É um filme de fora do eixo RJ-SP, o que também não ajuda.Enfim, é um filme que não tem por trás de si uma máquina política e
mercadológica que consiga produzir a repercussão de mídia e o P&A necessários para que os exibidores sejam convencidos ou constrangidos a dar-lhe espaço.
Essa é a história da produção doméstica de longas.
Trata-se, no fim das contas, daquela mesma lógica que determina o investimento do Minc em desfile de moda. O argumento da influência, do poder e da autoridade. Ou: "Você sabe com quem está falando?"
Em resumo:
Se o interlocutor não sabe de antemão quem é você, você está "no lugar errado". E para mais da metade de nós, nosso próprio país se tornou o lugar errado.

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