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terça-feira, 29 de julho de 2014

ATUALIDADE

Brics e América Latina
Desde os primeiros movimentos do Brics (Brasil, Rússia, Índia, China, África do Sul), na década passada, ficou claro que o Brasil estava no grupo não apenas pelas características desses países: maiores economias emergentes e enormes populações. Também caberia ao Brasil, já se dizia em 2007, ser a porta de entrada para toda a América Latina participar do ousado projeto Brics, que propõe um novo equilíbrio de poder planetário e almeja, como se pode apreender das declarações de seus líderes na Reunião de Cúpula realizada no Brasil, “a prosperidade do mundo como um todo” e não de apenas algumas regiões.
A definição desse papel do Brasil foi a ignição para o convite à África do Sul para compor o grupo, em 2011, fato que surpreendeu os analistas porque o país sul-africano tem apenas 50 milhões de habitantes e seu PIB é de apenas 50 bilhões de dólares, o 29º do mundo. Os quatro Brics iniciais argumentaram que se trata de um PIB em franco crescimento (outra característica do grupo), da maior economia do continente e que a África do Sul seria o “portal” para a África, da mesma maneira que o Brasil com relação à América Latina.
Com as ações anunciadas na Cúpula do Brasil, o Brics está sendo comentado e analisado em todos os quadrantes por políticos, economistas e pela mídia com uma nova perspectiva, com um sentimento de “caiu a ficha”, do Financial Times da Inglaterra a Fidel Castro (com inesperada e surpreendente concordância dessas duas entidades em alguns pontos). As notas do som da ficha caindo foram as iniciativas econômicas (Novo Banco de Desenvolvimento e fundo de reserva anticrise), o posicionamento político (reformas do FMI e da ONU, fim do sistema financeiro internacional de Bretton Woods, que está completando 70 anos de existência) e a ação prática de iniciar uma nova qualidade e uma nova dimensão nas relações com os países latino-americanos.
Para ficarmos nas duas entidades midiáticas mencionadas, o Financial Times aponta para a perda de poder de Washington como fator preponderante do avanço anunciado do Brics na América Latina, tida durante décadas como o Quintal dos EUA: “o mundo está se ajustando a um poder minguante estadunidense”. Culpa o presidente Obama pelo estremecimento das relações atuais com China, Rússia, Índia e Brasil, mais um combustível estimulando os projetos do grupo: “só África do Sul tem relações que podem ser consideradas normais com EUA”.
Fidel Castro publicou artigo no Granma, É hora de conhecer um pouco mais a realidade, onde diz que os EUA impuseram à América Latina “o sistema mais desigual do planeta” e que a intervenção do Brics é uma sólida esperança para que se alcance “o desenvolvimento sustentável e a erradicação da pobreza” na região. Nem mesmo a mídia dos EUA apresentou opiniões divergentes dessas duas, diante das reuniões de cúpula do Brics com a Celac- Comunidade dos Estados Latino-Americanos e Caribenhos e a Unasul-União das Nações Sul-Americanas e as dezenas de acordos de cooperação assinados ou projetados. O tom na mídia estadunidense é que o Brics está tentando ocupar um “espaço vazio”, um vácuo deixado por estratégias malogradas dos EUA. 
Uma nota interessante na caída da moeda: o único chefe de estado dos países da Celac que não compareceu aos encontros no Brasil foi Enrique Peña Nieto, presidente do México. Correm piadas entre diplomatas e jornalistas, uma delas perguntando quem impediu a viagem dele, se o narcotráfico ou Obama. É como diz o conhecido ditado popular mexicano, “tão longe de Deus e tão perto de vocês sabem quem”. 
Por Orlando Senna
* Link para outros textos de Orlando Senna no Blog Refletor    http://refletor.tal.tv/tag/orlando-senna

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