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sexta-feira, 4 de outubro de 2013

Um Conto de Reis


NADA COMO VALSA PARA LEMBRAR AMIZADE

 Fábio Carvalho

Bom dia! Chegou a Primavera, junto com ela o sol. Adoro este coro de cantoras com bocas negras legitimando o Soul. Plus le concert. A Puta mais Linda da Cidade, tenho certeza que esse era o título, nem sempre as coisas andam como merecem. Só tenho pensado em mim. O triste fim do era apenas o começo. Fiz questão de conclamar o circunflexo vulgo chapeuzinho, que a nova ortografia que nada, baniu sem nenhuma consulta prévia do baú. Do que me falavas? Ou ainda me falas. Interrogação. Aproximo-me das palavras nesse momento que antecede apenas mais um almoço de domingo. Não tenho nenhuma certeza. A pergunta não deve ser óbvia. Viragem de sépia. Tiures. Tive uma caída de tarde esplendorosa e perfumada, no final de Setembro exato no ultimo Sábado somente porque era Sábado sem piano. O trombone de vara introduzia o desafinado que eu era no tempo do mar daquele meu teatro de sombras. Tudo de dentro do sonho suspirando as cores translúcidas. Do outro lado da rua secretamente vi toda a entourage sentando à mesa naquela fornicada esquina antiga que minhas panturrilhas sempre passaram indo e vindo. Eu estava atrás da pilastra de dentro do Pastel. Através dos binóculos, ainda assim pressionado a encoxar todas escanhoadas mini-saias que por ali esperavam não sei o que. Eram jovens. Examinei todas as bolsas abertas com penetração manual. Entrei novamente no automóvel muito bem estacionado na zona do Agrião, quando novas listras se descortinaram roliças como uma perna convidativa e rechonchuda que sem sapato apontava para Sergipe e assim voltei a ouvir Debussy. A saia de guizos era vermelho sangue. Gosto muito da palavra saia, ainda que esteja com o riso frouxo. A semana foi frutífera como a imaginação, e por reciprocidade proporcional aquilo que constitui a força da imagem é o humor. Bela e frondosa. Comparem duas imagens ao acaso e hão de sentir-se poeira, coisa que também nelas se explica o envelhecer. Queixaram-se os vizinhos. Sei que não serei mais o mesmo, daqui para frente tudo vai ser diferente, vou encontrar outra motivação na música que imprime o filme que estou a fazer. Insensatez. Continuo escrevendo quando chego ao grau me libertando pelo menos um pouco, dela mesma, a própria liberdade. A disciplina necessária para a perfeita confusão. Por hoje cheguei lá. Chega. Diante dessa nova tarde de Quarta- Feira, já em Outubro escureceu com um clima fresco ameno depois do temporal, tudo pode melhorar sonhando Guignard e Hendrix. As guitarras vem me perseguindo no transcorrer desse período alugado do estúdio. Naturalmente. Em compensação, porém, não serei eu quem, falando do meu amor fiel pelas imagens, as estudará com um grande reforço de conceitos. Quem se entrega com entusiasmo ao pensamento racional pode se desinteressar das fumaças e brumas das quais os irracionalistas tentam colocar suas dúvidas em torno da luz ativa dos conceitos bem associados. Brumas e fumaças, objeção do feminino. Monaliza. Comecei este texto achando que era outro que pensava escrever, era pensadamente sobre meus atores e também sobre meus moradores de Rua. Era eu outro. Cabe só a mim terminar, ou não, o interminável sem contar o que se sucedeu me desviando do assunto. É que sou preguiçoso. Não perdôo a mim. Achei um livro branco com coração no degrau em frente à vitrine da loja de instrumentos musicais, na calçada por onde caminho todas as manhãs. Já li.

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