ABAIXO TEXTOS - CRÍTICAS - ENSAIOS - CONTOS - ROTEIROS CURTOS - REFLEXÕES - FOTOS - DESENHOS - PINTURAS - NOTÍCIAS

Translate

domingo, 22 de janeiro de 2012

MEMÓRIAS DO RIO ANTIGO

Conheci o escritor João Carlos Rodrigues, faz muito tempo, como Joãozinho da Aníbal. Ele sempre foi um cara misterioso para mim. Sabia que ele gostava de cinema e do “underground” carioca. Tínhamos a mesma idade e vivíamos as mesmas angústias de nossa época. Amigos comuns, nós tínhamos muitos, mas nesta longa coexistência conversamos pouco. Minha irmã, Ana Sette, é quem se tornou grande amiga dele e, por ela, (através dela), tornei-me a encontrar com o velho amigo distante. Foi só agora que eu encontrei no Joãozinho o escritor, o cineasta, o crítico mordaz, vendo os seus filmes e lendo os seus livros editados. Li com enorme prazer o livro sobre o grande João do Rio “Vida, Paixão e Obra”, editora Civilização Brasileira, que é uma biografia escrita com tanto empenho e amor, que eu, logo no primeiro capítulo, com o passeio pelo Rio antigo, apeguei-me tanto ao talento narrativo do texto que dificilmente conseguia parar de ler, independente de suas 300 páginas.




Mas quero apresentar aqui, para quem ainda não conhece, parte do seu trabalho no audiovisual e alguns textos elucidativos retirados do facebook sobre este grande compositor da música brasileira na época da bossa nova... É imperdível! Viva! Johnny Alf e palmas para o escritor João Carlos Rodrigues.
Johnny Alf por João Carlos Rodrigues

“Na véspera da gravação no Vinicius eu saquei que, embora com duas câmeras, não havia quase nenhuma possibilidade de movimentação por falta de profundidade da sala, e a iluminação tb deixaria a desejar. Bem, dei uma de produtor mesmo: puxei o talão de cheques e contratei uma mesa de som de 30 tantos canais, mais um profissional, e isso possibilitou fazer os dois cds (depois que mixei num estúdio substituí no vídeo o som da câmera por esse novo som). Esses outros vídeos que o Vicente falou das cantoras tem a imagem mais definida (mais luz, além do Hélio Silva) mas o som não é tão bem mixado, embora saia da mesa de som, e não diretamente das câmeras. Volta e meia vou postar o pedacinho de um por aqui, outro ali, de vagarinho... Quanto ao cd, é realmente cult: ele toca até Villa Lobos e homenageia Dick Farney. Tem faixa com 10 minutos de duração, um atrevimento. Já ofereci a várias gravadoras e nenhuma quis relançar. Enfim, é o Brasil...”



“Trecho do meu vídeo "Um retrato de Johnny",1997.Johnny Alf fala de suas primeiras gravações,em 1952,antes portanto de "Orfeu negro" e do João Gilberto.Mas como o Brasil é pátria madrasta,só fez seu primeiro LP em 1961,depois dos outros.Na renovação da música popular brasileira do pós-guerra e na bossa nova,podemos detectar duas correntes diversas.A fusão do samba com o bebop, feita pelo Alf.E a fusão do samba com o cool jazz,feita pelo João Gilberto.Podemos afirmar sem muito erro que se o João Gilberto é a linha reta,o Alf é a linha sinuosa.No instrumental e tb no canto.E é com as duas que desenhamos o mundo.O Tom Jobim,mais eclético,curtiu as duas com o maior desembaraço,mas sua origem está mais em Debussy,Ari Barroso e Villa-Lobos”.



“Johnny Alf continua a falar de sua discografia (final),entrevistado por mim,também produtor e diretor do video "Um retrato de Johnny",1997. Há poucas entrevistas dele e em quase nenhuma fala tanto e tão desembaraçadamente como aqui. Do meu baú particular para vocês e o mundo. Raro e interessante. Vejam. Depois dessa entrevista ele ainda gravou quatro cds: um da Lumiar com Leandro Braga sobre Noel Rosa; os dois ao vivo produzidos por mim; e mais um para o mercadão japonês que saiu aqui pela Guanabara Records com o título pouco imaginativo de "Mais um som"”.

http://youtu.be/Z-WMevW9qpM


“Esse post vai para Lulu Librandi, por tudo que fez pelo Alf e pouca gente sabe. Ele de certa maneira foi mestre e exemplo para o Tom Jobim, João Gilberto, João Donato, Roberto Menescal e toda turma da Bossa Nova. Muitos o chamam de precursor. Eu prefiro chamar de fundador do movimento, que os outros desenvolveram, pois ele já cantava e compunha assim em 1952, um pouquinho antes. Mas ele mesmo dizia que não era, embora a cronologia e outros fatos o desmintam. Convenhamos que era inteiramente inusitado para a época, quando ainda imperavam Chico Alves, Orlando Silva e Vicente Celestino. Em suma, era muito bom e merece ser melhor conhecido. No youtube tem muita coisa gravada já depois dele doente, com a voz fraca, magro. Aqui ele está no auge, já com setentinha, mas em ótima forma. Aproveitem. Escrevi uma biografia dele, cheia de particularidades interessantíssimas, para a prestigiada Coleção Aplauso, da Imprensa Oficial de SP. Está pronta, aprovada e diagramada desde novembro de 2010 e a editora não lança, assim como dezenas de outros títulos. Que coisa! Faço aqui um apelo, uma reclamação etc. etc. e tal...”

Nenhum comentário: