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sexta-feira, 1 de janeiro de 2010

95 anos atrás

Para abrir o ano com o amor passado. O parnasiano Emilio de Meneses, encontrou a minha avó Zinha Sette Câmara no Rio de Janeiro e, apaixonado, escreveu para ela uma quadrinha que tenho comigo guardado:

Zizinha
é um nome pequenino e altivo,
que de tudo que é grande tem a palma,
Pois que este nome assim diminutivo,
é aumentativo da grandeza d`alma.

Emílio de Meneses 1915
Emílio Nunes Correia de Meneses nasceu em Curitiba, Paraná. Jornalista e poeta, foi eleito para a Academia brasileira de Letras mas faleceu antes de tomar posse. . Escreveu sonetos e poemas satíricos tão mordazes que o comparavam a Gregório de Mattos. Considerado boêmio e excêntrico para os padrões da época.

Obras publicadas: Marcha fúnebre - sonetos – 1892; Poemas da morte -1901; Dies irae - A tragédia de Aquidabã – 1906; Poesias – 1909; Últimas rimas – 1917; Mortalha - Os deuses em ceroulas - reunião de artigos, org. Mendes Fradique – 1924; Obras reunidas – 1980.


NOITE DE INSÔNIA

Este leito que é o meu, que é o teu, que é o nosso leito,
Onde este grande amor floriu, sincero e justo,
E unimos, ambos nós, o peito contra o peito.
Ambos cheios de anelo e ambos cheios de susto;

Este leito que aí está revolto assim, desfeito,
Onde humilde beijei teus pés, as mãos, o busto.
Na ausência do teu corpo a que ele estava afeito.
Mudou-se, para mim, num leito de Procusto!...

Louco e só! Desvairado! A noite vai sem termo
E, estendendo, lá fora, as sombras augurais.
Envolve a Natureza e penetra o meu ermo.

E mal julgas talvez, quando, acaso, te vais,
Quanto me punge e corta o coração enfermo,
Este horrível temor de que não voltes mais!...


(Poesias, 1909.)

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