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quinta-feira, 24 de dezembro de 2009

Respostas na linha

OLHAI BEM ESSA BANDEIRA E VEJA SE ELA POSSUI O TOM AMARGO DA ABJEÇÃOAlguns emeios recebidos a respeito do filme Amaxon e dos Festivais de Cinema que o reusaram...

Sérgio Santeiro – cineasta

infelizmente é verdade, estamos aprisionados na máquina oficial de fazer dinheiro no cinema com o dinheiro de nossos impostos. Não é um acaso, é o que nos priva de conhecer a revelação dos filmes feitos para nos revelar o mundo que é pra isso que o cinema foi criado.Entretenir sim mas não com a mecânica repetição do sempre visto, precisamos do nunca visto para continuar a ver. A mecânica implantada pelo poder no cinema brasileiro com a complacência e a cumplicidade de muitos dos nossos afunila e exclui quase tudo em favor do muito pouco.Muito pouco é muito pouco, nenhum filme substitui nenhum outro. Se querem a bobajada de vocês precisam também veicular a nossa, e então veremos qual a que fica.Lamento muito, há muito tempo, que as mirabolantes peripécias oficiais fiquem aí espalhando recursos públicos um pouquinho pra cada lado e um tantão pros que esbanjam no simulacro festivo e macabro que acham que é o que vale.O que vale é o que se faz e se cria, não é o que estes poucos carinhas escolhem. O papel do estado é veicular o que se cria. Vigindo um mercado aberto para o cinema que se faz no país, nem precisaria dos funis burrocráticos. Cada filme se ajustaria a seu público.No ano por vir, 2010, será que enfim poderemos ver os filmes que esses manés escondem? Se não, ou desde já, é preciso uma rebelião declarada, precisamos juntar-nos, e invadir seus palácios, somos nós que os estamos pagando.. s.

Pedro Maciel – Poeta

Não desanime, meu amigo... Busque a sua alma
nas profundezas das águas do mar...
Há sempre um tempo ou um mundo
para ser redescoberto... O tempo é de ninguém...
abraçosempre de quem muito o admira, Pedro
PS: Rimbaud diz que a eternidade é o sol misturado ao mar.
Nós Estamos Aqui: O Pálido Ponto Azul (Legendado)

http://www.youtube.com/watch?v=EjpSa7umAd8&feature=player_embedded

Guilherme Vaz - Músico

Bom , eu conheci o Sette apresentado pelo Eliseu Visconti autor do extraordinário " Os Monstros de Babalao " , o maior ensaio psicanalítico e social sobre o Brasil que conheço , de longe mais adiante que os do Glauber _ sem pena nenhuma _ é verdade . A verdade faz bem . Bom , nada de novo , nada de novo , na indecência dos fatos que o Sette cita , o pais é indecente , no mais perfeito sotaque , com raras exceções aqui e ali . Podem acontecer a todos " é sociologia genérica brasileira e não particular , nem pessoal " , o Eduardo Mascarenhas me falou , memorável , " que a mente voa mas a alma é uma tartaruga " _ e é mesmo o que é . Vejo mesmo que as próprias sinfigurações da Guerra dos Alfaiates na Bahia não mudaram , nem da Inconfidência , nem de Guararapes , a violência sempre acompanha os que pensam neste mandiocal de abandonados . Um abraço , Guilherme Vaz _ .
http://opiniaoenoticia.com.br/cultura/entretenimento/tamboro-de-sergio-bernardes/?ga=dtf

Eduardo Barioni - cineasta (que trabalha na Escuela Internacional de CIne y TV de San Antonio de los Baños – Cuba)

Olá José, bem, estive no Festival de Habana, e se te consola, o nível dos filmes estava não mais que medíocre. De fato, o nível do festival está caindo mais e mais, e já não entendo a lógica de seleção de seus filmes.Trabalho na Escuela Internacional de CIne y TV e lá temos uma grande filmoteca, na qual gostaria de ver AMAXON presente. Há possibilidade de você me enviar essa cópia aqui para São Paulo, onde passo férias, para levá-la no dia 10 de janeiro?Creio que é absolutamente necessário para quem está estudando cinema, para ampliar sua visão sobre as possibilidades do fazer cinematográfico.Se tiver legendas em espanhol, melhor ainda.um grande abraço Eduardo

Geraldo Veloso - cineasta

Querido José
Estou chocado com o teu relato e, prá variar, tentando organizar a minha cabeça para pensarmos numa estratégia de reação a isto. O nosso encontro em Ouro Preto (além de ameno e afetivo) teve, para mim, um significado histórico. Saí dali elucubrando uma forma de buscarmos um projeto político (e porque não empresarial) e poético que desse a oportunidade de muitos (e são muitos, tenho certeza) espectadores verem nossos filmes. Em função disto estou criando um projeto que chamei de Consórcio Mineiro de Audiovisual que tem um elemento fundamental na sua operação: a DISTKINO Audiovisual. Há, em torno desta idéia, a criação de um circuito (liderado pelo velho CEC) de cineclubes digitais. A idéia é apresentar, semanalmente, em espaços com projetores digitais (há já muitos pelo Brasil afora e onde não houver proporcionaremos um tipo de atuação que os dê a chance de se aparelharem), filmes "fora do programa" (só numa primeira conta, relacionei uns cinqüenta títulos que nunca chegaram ao público potencial formado por uma rede que poderá se concretizar com esta iniciativa). Não temos de ficar esperando uma chance dessa comunidade de micro poderes sedimentados em grupos ignorantes e mal informados. Nós não estamos na pauta deles. Precisamos criar a nossa pauta. E impô-la de forma agressiva (para que seja vista voluntariamente por um público que, como disse, tenho certeza ser de milhares pelo país - e pelo exterior - afora). ... Um abraço do amigo que o admira Geraldo Veloso


Mario Drumond – Editor – Roteirista – Produtor

Respondo, pela Gazeta, ao seu texto de justo desabafo, que segue na íntegra (e com os erros corrigidos), porque creio que o papo seja de interesse geral e as informações nele contidas são importantes e devem ser divulgadas. Suprimi apenas a crítica de Luiz Rosemberg, pois já a publiquei aqui. Começo por uma frase que o saudoso Rogério Sganzerla gostava de citar, parafraseando Fidel Castro, mesmo sabendo que ela não diminuirá o seu desânimo e até corro o risco de que ela o aborreça ainda mais.
Mas vou insistir: “a História está a nosso favor”.
Com ela, eu quero lembrá-lo de que você não está só, que o seu caso não é único e que eu me considero tão penalizado quanto você e os demais companheiros que atravessamos o interminável deserto sem miragens (isto é, sem visões, sem cinema) em que se transformou a comédia desumana da criação nacional, na infeliz quadra das três últimas décadas.
Não é que antes estivéssemos em terras férteis; já nos havíamos com um deserto, mas, com belas miragens e alguns oásis. Lembro-me bem que, juntos, no último oásis em que se constituiu a Oficina Goeldi, quando, em 1980, abrigou o Encontro de Cinema Independente que o Sylvio Lanna agitou aqui em BH, tentamos – e conseguimos – plantar coisas, e fazê-las vingarem. Nós, que na juventude recusamos vender nossas almas ao diabo acreditando que seríamos capazes de resgatar o mundo de suas mãos, enfrentávamos de peito aberto todas as tormentas, e de muitas saímos vitoriosos – e como! E foi assim, cada um por sua via, mas ambos crédulos, sem mais nada a não ser a confiança em si mesmos, é que adentramos corajosamente o deserto, esse labirinto sem paredes, em que ainda permanecemos buscando uma saída.
Quando, depois de alguns passos irreversíveis na aridez espinhosa em que nos metemos quase sozinhos, percebemos a derrota, até tentamos negociar com o diabo, mas era tarde... Eu, mudando-me com a Oficina Goeldi para São Paulo e, anos depois, para o Rio. Você, entregando de mão beijada a sua obra cem por cento brasileira e a sua própria carreira de cineasta nas mãos de Mefisto em pessoa, na doce crença, talvez por não ver outra alternativa no horizonte, de que, por um milagre que jamais aconteceu, ele se tornaria o seu anjo da guarda. A ambas, obra e carreira, Mefisto desde então sequestrou do público (pagante e não pagante). O inferno só negocia com carne fresca e tenra, José, e nós já estávamos para lá de maduros. Mesmo sabendo que este inferno latino-americano é um inferno subdesenvolvido, morno e que só tem para negociar mal resolvidas questões de pecúnia (nunca a Glória – esta é capital exclusivo dos diabos do norte), nós queríamos, sim, e tentamos negociar. E só conseguimos a lista negra, compadre.
No entanto, se não podemos culpar a ninguém, exceto a nós mesmos, pelos dissabores que sofremos, não caminhamos em vão: se ainda não vingaram nem deram frutos os nossos plantios dessa quadra, a verdade é que em nenhum momento deixamos de cultivar sementes raras, bravas e resistentes que haverão de brotar mesmo no deserto e alimentar os passos peregrinos dos que virão depois de nós. É a História. Nós enganamos o diabo, José. Amaxon é filme para uma platéia futura, a que um dia renascerá da que morreu com Glauber Rocha, em 1981.
Cuba tem sérios problemas estratégicos para enfrentar e não pretende aumentá-los escolhendo filmes brasileiros para seus festivais de cinema. Mais fácil para Cuba é deixar que o diabo daqui o faça. Por sinal, o mesmo que decide quais filmes entram no festival potiguar, no das peruas de Tiradentes e no de Quixeramobim. Você crê que alguém decide o que da produção nacional vai ser exibido nas telas, as pequenas e as grandes, daqui e de fora, a não ser ele (ou “eles”, como diria o Fredera)?
Recordo-me que, no Encontro de Cinema Independente, era forte o espírito do Glauber, mesmo sem que estivesse presente, e o Sérgio Santeiro fez uma inesquecível defesa da obra dele, desfazendo muitos dos aspectos negativos da criativa polêmica que então se travava entre Glauber e os independentes, com as proas de Júlio e de Rogério.
O Festival de Brasília de 1981, que, com Um Sorriso Por Favor, ganhamos com valentia oswaldiana e glauberiana, foi o primeiro sem Glauber, que fora assassinado há poucos meses, e ali percebemos, como nunca antes, a falta que ele fazia (e faz!). Glauber possuía o dom inigualável de denunciar, desmascarar e desmontar, com impiedosa habilidade, toda a charlatanice velhaca dos que tentam frustrar, fraudar ou mudar a História, como os atuais organizadores de festivais que nada sabem ou não aprenderam daqueles que os antecederam e que deveriam reverenciar - para citar só alguns: Cosme Alves Neto, Wilson Coutinho, Frederico Morais, Ronaldo Brandão, entre outros mestres em arte e cinema que tivemos o privilégio de conhecer de perto, e recebendo deles a consideração e a admiração com que sempre contemplaram a nossa ousadia criadora.
O que já é definitivamente História e que muito nos orgulha. Por que alguém tentaria frustrar, fraudar ou mudar a História, se nenhuma dessas pretensões é possível de realizar-se, uma vez que o passado é imutável?
Elementar, meu caro leitor: é que a História está contra “eles”.
José, receba a solidariedade deste seu companheiro de sucessos e desditas; você, exímio escritor audiovisual, não precisa se desculpar por erros de ortografia e digitação.
Um forte abraço do Mario Drumond

Fábio Carvalho - Cineasta

Querido José Sette,
você não precisa de justificativas nem de correções para seu desabafo.
Eu que estou excluído até das listas das abds - o quê significa isso mesmo? Te digo que a coisa está feia. Também acabo de ser recusado
para Tiradentes com o "O Filme Da Montagem" "Facebook" uma abstração
sobre à música de Jimmy Hendrix e do Tim Maia e "Nevillle de Bracher"
este feito em Ouro Preto durante o outro festival delas mesmas.
Mandei para o festival do "filme Livre" estes mesmos e um outro dedicado à você "100% Phoênix", vamos ver o que dá. No mais vamos passar o réveillon no Rio, vamos nos ver? Grande abraço Fábio

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