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terça-feira, 24 de fevereiro de 2009

AMAXON

A descoberta de uma grande atriz.

A atriz Vera Barreto Leite distinguiu-se de outras atrizes com quem já trabalhei pela sua maneira de andar, de ir de um canto ao outro da ação com os passos firmes e cuidadosos no domínio do movimento de seu corpo esbelto de manequim.
Andar cinematográfico e no tempo certo. Conhecimento perfeito das possibilidades dos gestos. Força dramática e espontânea nas expressões do rosto marcado pelo tempo. Rosto que guarda ainda todo esplendor de vida e beleza de quando a conheci.

Reencontrei Vera no Teatro Oficina representando, muito mais com o corpo do que com a voz, os espetaculares Sertões do Euclides revistos pelo genial José Celso.
Vera sempre foi uma guerreira, uma mulher de fibra, que viveu entre castelos e palácios da moda européia e hoje se entrega de corpo e alma no trabalho e experimento de uma arte maior. Ela é transformadora, rebelde e revolucionária, mensageira da paz e da liberdade, conselheira dos perseguidos e dos massacrados por um sistema ainda selvagem e belicista. Vera é antes de tudo amiga de verdade, companheira de todas as horas.
Eu sabia de tudo isso quando acabei de escrever o roteiro de AMAXON. O que eu não sabia é se ela encararia o texto literário, poético, cinematográfico, na interpretação dificílima e no domínio dramático da sua voz em um monólogo de mais de uma hora.
Mas o pior de tudo é que quando ela chegou aqui em Cabo Frio eu havia modificado grande parte dos textos que lhe apresentei quando conversamos sobre o filme. Texto que seria novamente modificado, nos dias subseqüentes, tornando-o mais coloquial e menos barroco. Um tratamento final, um último corte, dado por mim e por Emiliano, meu assistente de direção e co-autor da trilha musical juntamente com o músico Jose Luiz Vieira.
O que já era difícil ficou mais ainda sinistro com a total falta de tempo que ela dispunha para entender e interpretar páginas de textos totalmente modificados. No cinema independente, de autor, de invenção, trabalhamos com o casual, com a poesia da arte, quando tudo tem e precisa acontecer. Até um milagre! Vivemos eles todos os dias da semana em que filmamos com Vera.
Ela surpreendentemente entre um truque e outro de mnemônica e magia, sabia de todos os textos na hora de gravarmos as cenas. Sua voz segura e sua interpretação dos sentimentos contidos nos arcabouços da história ela as tinha todas em perfeição absoluta guardadas na sua alma de atriz. De uma grande atriz!
Vera Barreto Leite é para mim hoje a melhor intérprete da arte de vanguarda que se faz neste país, uma mulher surpreendente e inesquecível, incansável e sem trégua no trabalho, encantamento sem o qual não existiria o filme AMAXON. Vera foi a melhor de todas as coisas ocultas que aconteceram durante a realização deste filme que em breve estará sendo exibido nas telas brasileiras.

Veja AMAXON e depois me diga se eu não tenho razão.


Você já assistiu o trailer do filme AMAXON?

http://video.google.com/videoplay?docid=-9048805111654506440

2 comentários:

CINE-IMBROGLIO disse...

Querido Zé Sette,
eu já tive a grande sorte de ver Amaxon e, consequentemente, Vera Barreto Leite em Amaxon. Surpreendente mesmo sua atuação, uma atriz madura e ao mesmo tempo uma novidade - parece que se guardou para esse papel. Fico emocionada de lembrar do filme que já quero ver muitas outras vezes e posso imaginar a emoção que foi fazê-lo.
Grande beijo e parabéns pelo texto que mostra bem o seu grande amor pela arte da atuação.
Isabel Lacerda

Anônimo disse...

a sua grande atriz agradece
eu vera quero é ver
fotos belissimas belo texto
amaxon? me mande
bjs
vera