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quinta-feira, 31 de março de 2016

REVENDO


QUANDO A POLÍTICA É INEVITÁVEL
LUIZ CARLOS MACIEL


Já escrevi outras vezes, que, de jeito nenhum, a Política pode ser considerada uma das mais nobres manifestações da atividade humana. Pelo contrário: é das mais rasteiras. Não pode ser comparada às manifestações superiores do espírito humano, como a Arte e o Pensamento que sondam, cada um à sua maneira, o abismo do Ser, o próprio sentido de nossa presença neste Universo supostamente físico, a maravilha e o terror do ser humano. Nada disso. A Política, nem Arte nem Ciência, é apenas um trabalho que responde à necessidade primária de simplesmente arrumar a casa, ou seja, nosso espaço físico. Foi uma suposta solução criada pelos gregos para organizar a Polis, a cidade, sendo esta, aliás, uma invenção que alguns apontam como simplesmente desastrosa, um acúmulo excessivo de gente num espaço exíguo, situação que estimula a fofoca, a inveja, a falta de higiene, a imundice e, em consequência, a enorme variedade de doenças físicas e psíquicas que, aparentemente, pelo passar do tempo, só aumentam em número e gravidade. A Política é pobre pela própria natureza. Certos espíritos superiores, na sua juventude, tendem a simplesmente desprezá-la, achando que a tal arrumação da casa poderia ser entregue satisfatoriamente a cérebros inferiores. Aconteceu, por exemplo, com Jean-Paul Sartre; ainda muito jovem revelou-se um grande artista – ficcionista e dramaturgo – e, ainda por cima, um grande filósofo. Ignorava a política. Foi preciso uma guerra mundial e a dolorosa situação de prisioneiro para que ele percebesse a necessidade da ação política que ele passou a exercer, com energia e inteligência, até o fim de sua vida, na velhice. Enfrentou a atividade política com sua pletora de cérebros inferiores, suas intrigas incessantes (o poeta Allen Ginsberg apontou na fofoca pura e simples a essência da atividade política), suas traições repugnantes (como a recente, entre nós, do Michel Temer), seus conchavos e suas mentiras deslavadas e totalmente comprometidas com objetivos inconfessáveis pela posse do poder (como acontece com a maioria absoluta dos políticos profissionais). Sartre reconheceu que, infelizmente, a Política é inevitável como, aliás, está acontecendo agora em nosso País. A iminência da consumação de um Golpe, seja na forma da falsificação de um impeachment absurdo da Presidente de República, tanto no Legislativo quanto no Judiciário, ou em qualquer outra forma venal que se apresente, é uma circunstância que deve ser enfrentada por todo cidadão decente. Eu não poderia me omitir, em que pesem todas as palavras que abrem esse texto. Enganam-se os que acham que eu mudei, de minha juventude para cá. Ao contrário, tanto meu pensamento quanto minha posição em relação à contracultura só se aprofundaram. Não sou, nem nunca fui, o guru da contracultura, expressão que considero ridícula porque é uma contradição em termos. Sou, como sempre fui, um homem livre e tenho minha maneira livre de ver e optar. Agora, no caso, contra o Golpe. A favor da Democracia. Dilma fica

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