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quinta-feira, 21 de maio de 2009

Crítica Natural

Paraíso Quase Perdido
Foto de Damião Lopes

Moro em Cabo Frio, região do Brasil onde existem as mais belas praias. Região dos lagos. Passeio de barco em Arraial do Cabo, quando posso. Raramente vou à praia. Fui criado à beira mar. Para encarar o sol preciso de um chapéu pra tampar minha careca.
Na época apocalíptica, desnaturada, sôfrega, em que vivemos, por algum esquecimento do empresariado predador, ainda é possível andar arrastando com os pés as águas salgadas e transparentes que as ondas levam até a areia em dias nublados a praia onde se banhavam, na época do descobrimento, os selvagens amigos dos franceses.
O sol na região é causticante. Já se foram os tempos em que eu passava o dia seminu, tal qual índio, às vezes acompanhado, nas praias virgens, intocadas, de Búzios.

Mineiro ama o mar. Eu também sou mineiro. Quantos poemas, romances, roteiros, a ele foram dedicados? Quantos filmes foram feitos? Quando aqui cheguei pela primeira vez e vislumbrei a beleza natural do grande canal que corta a cidade, quarenta e cinco anos atrás, eu me lembro perfeitamente que ao acordar naqueles dias quentes de verão íamos ora andando, ora nadando, da praia do camping, recém inaugurado, onde estávamos, em suas águas cristalinas até quase a ponte, que víamos surgir sobre as águas, majestosa.

Hoje já não posso me aventurar a tanto. A ponte foi destronada e as águas que alimentam a lagoa estão turvas e mal cheirosas. Não tenho mais aquele fôlego juvenil. Tudo mudou.

Os jovens que herdarão a terra precisam acordar. Estamos a cada dia que passa perdendo o melhor. Nada mais se reivindica. O mundo é dos boçais?

A natureza, no seu dinâmico processo de transformação e equilíbrio, tende a acomodar em suas entranhas o lixo acumulado da civilização. Até quando? Tudo passa despercebido pela grande maioria dos desavisados cidadãos enquanto o planeta segue o seu destino inexorável.

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