Do meu amigo poeta, jornalista e escritor
Carlos Figueredo
Segue um poema que vou incluir em meu novo livro "A Arquitetura da Ausência", que envio para V., porque quando estava fazendo a seleção me lembrei de V., porque V. também amava aquele velho.
Com carinho.
Carlão
A noite que Nunes Pereira morreu
Não eras para morrer, velho Nunes, não eras.
O branco de teu cabelo era um branco de fogo.
Bebeste junto com Kurt Nimuendaju altas alquimias Ticunas.
Tocandiras dentro de um cofo morderam o teu braço.
E a cocaína te fez o mais perfeito amante.
Parecias imune á morte.
Finalmente a notícia veio
À noite pela televisão
E apareceu também um gato
E a marca da quilha de uma canoa
No boqueirão
Da Bahia de São Marcos
Indo pra Ponta D’areia.
Morreste, velho Nunes
tu que inventaste novamente
Quando tudo em tua volta era naufrágio,
a idéia do descobrimento.
Vem, agora, amigo
dizer-me o que acontece
quando se morre.
Tu que sabes
O segredo das vudunces
Poderias dizer-me.

Segue um poema que vou incluir em meu novo livro "A Arquitetura da Ausência", que envio para V., porque quando estava fazendo a seleção me lembrei de V., porque V. também amava aquele velho.
Com carinho.
Carlão
A noite que Nunes Pereira morreu
Não eras para morrer, velho Nunes, não eras.
O branco de teu cabelo era um branco de fogo.
Bebeste junto com Kurt Nimuendaju altas alquimias Ticunas.
Tocandiras dentro de um cofo morderam o teu braço.
E a cocaína te fez o mais perfeito amante.
Parecias imune á morte.
Finalmente a notícia veio
À noite pela televisão
E apareceu também um gato
E a marca da quilha de uma canoa
No boqueirão
Da Bahia de São Marcos
Indo pra Ponta D’areia.
Morreste, velho Nunes
tu que inventaste novamente
Quando tudo em tua volta era naufrágio,
a idéia do descobrimento.
Vem, agora, amigo
dizer-me o que acontece
quando se morre.
Tu que sabes
O segredo das vudunces
Poderias dizer-me.
Sou um artista moderníssimo que trabalho no presente com imagens, desenhos, películas, fitas, vídeo, arte e muito raramente cinema. Explico, ao possível leitor e ao desconhecido amigo, que este sonhador não pretende ser um poeta a mais neste mundo. Ele despreza esse mundo, suas convenções, suas regras e assim, muitas vezes incompreendido, é tratado mal e dito como um revoltado, um louco sem cura, pelas instituições política, sociais e culturais, que não conhecem o seu trabalho. Querem destruí-lo, antes pela força, agora pela miséria. Assim dedica a esses neófobos, só uma única edição, uma única metralha e nada mais. No passado, dedica à memória de uma velha senhora, uma intelectual rural nascida de família tradicional em Santa Cruz do Escalvado, pequena cidade no interior de Minas, essa coletânea de textos. Foi ela quem o conduziu pelos engenhosos mistérios da música, da poesia, da literatura e de todos os segredos das artes vividas. Essa senhora passou grande parte de sua adolescência trocando poesias com alguns dos mais interessantes brasileiros do início do século. São poemas e dedicatórias que aqui, audaciosamente ao seu lado, ele publica. Alguns textos políticos e datados desse autor foram escritos revolucionando a adolescência perigosa em uma época onde o Brasil insistia em lhe fazer sofrer.

