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segunda-feira, 13 de junho de 2016

POESIA


MUNDO MAU
jose sette

Ele nasceu osso duro de roer - suposto delito deleite de poucos sabores - branca luz dos seus seios a lambuzar coisas pequenas.
Ele nasceu sorrindo e depois chorou o charme discreto enlameado da cidade nas obras menores do divino em sangue e areia.
Ele nasceu contradição e descaso - televisão desligada - antena quebrada pela força dos ventos.
Ele nasceu sombras que rodeiam o meio-dia explodindo a luz do pensamento num caos colérico de alegria.
Ele nasceu parabólico das imagens - por todos os lados se envergado em busca do saber e como um ser alado em busca do sol massacrado das necessidades - néscio do mar louco de viver. Porta negra sem casa.
Navegando no nada.
Afogando-se.
Vir a ser.
Ele nasceu só como um tigre cego ao natural sem bengala e sem mortalha e sem querer.
Lembrando-se sempre que és pó e só um simples mortal pode ao pó retornar.
Ele eterno pó - pérola pré-fabricada de plástico - mulher indesejável
un trapo sujo no pescoço social
passa correndo atrás do osso
que foi duro de roer...
Ele que nunca foi ninguém deixa hoje de ser Ele - um anjo louco barroco das catedrais criatura de chaga e gozo - um semideus vivo de fogo que passa pelos portais do inferno rindo da ironia que atrai e conduz ao retorno
Antes de morrer
Ele é aquele rapaz que veio ver ao lado do pai, observador enfraquecido, o velho astuto ensandecido satanás.

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