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terça-feira, 6 de novembro de 2012

Amigos Famosos


Histórias contadas com o olho
Publicado no Jornal OTEMPO em 04/11/2012

OFotojornalismo é linguagem indissociável na vida do fotógrafo mineiro Leo Drumond. Ele é um dos sócios da Agência Nitro, que se dedica, em grande parte, a abastecer a imprensa nacional com a cobertura de acontecimentos em Minas. Paralelamente, desenvolve um trabalho autoral como fotodocumentarista. Leo acaba de faturar o Prêmio Jabuti de Fotografia com o livro “Os Chicos” feito com o também jornalista Gustavo Nolasco.

Agora em outubro, o projeto ganhou o Prêmio Jabuti na categoria Fotografia. O que essa premiação traz para o projeto e para você, como fotógrafo? Joga luz, de alguma outra forma, sobre "Os Chicos"?
Para mim foi uma enorme honra, pois foi um reconhecimento não só às fotos feitas, mas ao trabalho de todos os envolvidos na linda tarefa que é editar um livro. Todo o cuidado que tivemos sobre os aspectos estéticos, que foi desde cor de capa à tamanho e escolha das fontes, foi recompensado, e isso é muito gratificante. E creio que, para quem já possui o livro e ficou sabendo do prêmio, a obra passa a ganhar um significado maior, e isso é muito bom também.

As questões acerca do rio São Francisco - como a importância ambiental e econômica - estão frequentemente em pauta, mas a forma como o projeto "Os Chicos" conta, em textos e fotos, traz uma outra forma de narrar aquele universo todo, trazendo histórias de Franciscos e Franciscas que vivem, literalmente, às margens do rio. Pelo resultado, o leitor sente que houve um processo de imersão da equipe envolvida nessa narrativa... Então, como foi, de fato, esse processo e a vivência com esses personagens? Houve alguma mudança no olhar entre o começo do projeto e a conclusão, ainda mais levando em conta que vocês estiveram envolvidos com essas histórias durante anos até que o projeto fosse finalmente lançado? E o processo de finalização do projeto, como foi?

Foi realmente intenso. A primeira etapa de seleção das fotos vislumbrava uma obra casada com fotos e textos. Foi um período onde ouvir opiniões foi fundamental. Levei uma amostra da edição para os professores e fotógrafos Eugenio Sávio e Arnold Borgeth. A partir desse encontro me liberei de algumas amarras, que eram fruto da minha vida de fotojornalista. Mas foi após a decisão de publicar os conteúdos em volumes separados, feita pelo editor Mário Drumond, que a narrativa foi se consolidando e ao mesmo tempo se inspirando no texto e ganhando uma personalidade mais condizente com o que eu queria mostrar. Minha4 narrativa, como não poderia ser diferente, tinha um aspecto que passava por captar não só fatos e imagens correlatas à vida dos Chicos, mas também a luz de cada local e a situação, e essa luz muitas vezes me guiou a rumos que eu nem esperava, e só foram ser percebidos no momento da edição. Agora, com tanto material produzido, realmente fica difícil chegar nas imagens finais, e chegou uma hora que o designer Diogo Droschi, amigo desde a época da faculdade, me deu um ultimato: é preciso fechar o trabalho! Aí entrei na ultima e exaustiva etapa, que foi acompanhar a impressão na boca da máquina. Nada menos que 15 dias passando 10, 12 horas diárias vendo cada parte do livro sair. Cansativo, mas compensador.


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