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quarta-feira, 9 de maio de 2012

Cinema Brasileiro

Mais um filme brasileiro milionário chega às telas dos cinemas.
Um filme alucinógeno "Paraísos Artificiais", de Marcos Prado, e da mesma produtora de "Tropa de Elite" que custou aos cofres públicos R$11.000.000,00 (onze milhões de reais).
Premiado no festival de Pernambuco, ele rendeu na primeira semana de exibição um mísero público, sabendo que precisaria de no mínimo 2 milhões de espectadores para começar a se pagar. Mas, como o filme foi incentivado, a produtora não tem nada a pagar, para ela tudo acima de zero é lucro.
Esta é a história atual do cinema brasileiro, tipo Xingu e muitos outros, que na sua grande maioria não se paga, mas todos ganham fortunas em suas produções.
O cinema está entregue aos interesses oportunistas das grandes produtoras e todos que participam desta ciranda financeira, é claro, não querem largar a roda da fortuna.
Tudo bem! Vive-se uma democracia capitalista e o cinema no Brasil é arte das elites sociais que por falta total de espaço de exibição e prestígio não conseguiu ainda conquistar o seu público, formatar a sua indústria, mas se depender do besteirol apresentado na maioria das suas últimas produções, ele tem tudo para se tornar uma arte de sucesso popular, pois é formado pelos personagens exibidos nas novelas da televisão, só que no cinema são retratados com mais liberdade de ação em um tempo menor de exibição e ainda mantém uma mesma estética e a mesma linguagem dos piores filmes norte-americanos nas construções dos seus enredos.
Vivemos aqui uma roliúdi estatal, improvisada e paradoxal, onde se produz filmes 10 vezes mais baratos que na matriz, mas que, com raras exceções, não rendem nada pois precisam de um mercado de exibição e de um marketing de mídia que até hoje não lhes pertence ou não lhes são disponíveis.
Esta dinâmica produtiva que está vivendo o cinema brasileiro não cria uma indústria, como é o discurso dos produtores privilegiados, mas estabelece e oficializa um massacre cultural, pois todos os privilegiados acreditam que seus filmes farão um grande sucesso de público com os ingredientes globais neles apresentados e ao serem muito bem exibidos amargam grandes fracassos de bilheteria.
Esse cinema de madame, por incontrolável ganância financeira, elimina a possibilidade da existência de outro cinema de arte e de invenção, a poesia não é mais produzida , pois não se tem financiamento público para um produto de vanguarda cultural fora do mercado. Só que com 11 milhões se produzem 22 filmes de arte com 500 mil para cada produção.
Não seria um ato revolucionário que alimentaria por um tempo os vermes da criação?
O maior público que assistiu ao cinema brasileiro, em raríssimos filmes que ultrapassaram os milhões de espectadores, foi ao cinema assistir o que a televisão não pode ou não teve coragem de mostrar em suas novelas de sucesso.
Se o cinema brasileiro não souber conquistar o seu espaço de exibição, ele está condenado a ser extinto na sua própria casa.

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