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quinta-feira, 19 de abril de 2012

POESIA

 A BUNDA
Carlos Drummond de Andrade


A bunda que engraçada

Está sempre sorrindo

Nunca é trágica

Não lhe importa

O que vai pela frente do corpo

A bunda basta-se

Existe algo mais?

Talvez os seios.

Ora, murmura a bunda

Esses garotos, ainda lhes falta muito que estudar

A bunda são duas luas Gêmeas

Em rotundo meneio

Anda por si na cadência mimosa

No milagre, de ser duas em uma, plenamente.

A bunda se diverte, por conta própria

Na cama agita-se, montanhas avolumam-se, descem

Ondas batendo numa praia infinita

Lá vai sorrindo a bunda.

Vai feliz, na carícia de ser e balançar

Esferas harmoniosas sobre o caos

A bunda é a bunda, redunda.

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