Hoje nós só queremos o triunfo da liberdade e do amor.
"Sopra um vento de revolta em todos os lugares".
"A revolta é
aqui a expressão de uma ideia, lá o resultado de uma necessidade; com mais frequência
ela é a consequência de uma mistura de necessidades e de ideias que se
engendram e se reforçam umas às outras. Ela se desencadeia contra a causa dos
males ou a ataca de modo indireto, ela é consciente e instintiva, humana ou
brutal, generosa ou muito egoísta, mas de qualquer modo, é a cada dia maior e
se amplia incessantemente. É a marcha da história. É, portanto, inútil perder
tempo a lamentar quanto aos caminhos que ela escolheu, pois estes são traçados
por toda a evolução anterior. Quando o povo se submete
docilmente à lei, ou o protesto permanece fraco e platônico, o governo se
acomoda, sem se preocupar com as necessidades do povo. Quando o protesto é
vivo, insiste e ameaça, o governo, segundo seu humor, cede ou reprime. Mas é
preciso sempre chegar à insurreição, porque, se o governo não cede, o povo
acaba por se rebelar; e, se ele cede, o povo adquire confiança em si mesmo e
exige cada vez mais, até que a incompatibilidade entre a liberdade e a
autoridade seja evidente e desencadeie o conflito".
JIMI HENDRIX E A FONOAUDIÓLOGA
Fábio Carvalho
Eu me
empenho muito para fazer o que faço; no meu trabalho há coisas boas e ruins,
mas esta mistura sou eu. Tenho a impressão de estar sempre atrasado em relação
a mim mesmo e de não conseguir nunca fazer o que tenho para fazer, antes do
fim.
Robert
Bresson
O Prometeu
acorrentado. Fui à missa de sétimo dia da minha tia Daisy na igreja da Boa
Viagem, hoje, Sexta Feira dia 28 do mês 6 do ano 13. Tenho sofrido um
romantismo exacerbado, portanto me emocionei. Bela construção. Uma menina linda
com um coração enorme, feito de isopor tingido de vermelho dependurado em cima
do vestido de cetim branco, pegou o microfone sem fio ao meu lado na entrada da
nave e cantou lindamente uma canção de louvor desconhecida. Seguiu até o altar
e finalizou seu espetáculo olhando para nós os súditos enfileirados e
embasbacados, diante de tanta formosura. Não me lembro de ter visto coisa
igual. Muito lindo. Não sou religioso e já se iam muitos anos que não assistia
uma missa, porém desde sempre gostei de conhecer as igrejas e os templos,
admiro suas edificações. A fantasia da mulher. Heitor dos Prazeres. Meu
pensamento está preso naquele carnaval. Ando na praça vazia. A noite da Bahia
preta, queria tanto você aqui. Na próxima Sexta Feira é o aniversário de vinte
e dois anos da minha filha caçula. Que coisa meu. Nem mesmo eu posso crer. Que
farei. Cabia aqui uma interrogação a banhar as tardes. A minha gata branca
sentou ao meu lado ouvindo a música. Gostei, ela é meu cosmético na carícia que
gostas. Festa, você devia talvez enganar a ela e a sua testa, no melhor da
programação da cidade. Dentro de outro olhar. Rio de Janeiro. Um realizador
deve ser pintor, fotógrafo, romancista, músico, arquiteto, filósofo e depois
ser cineasta, escreveu assim, certa vez, com destemor Alexandre Astruc. Sutil
transfigurador da existência, Bresson. Vou ler Borges. Tantas palavras que ela
gostava. Afinal para que amar? Onze horas e vinte nove minutos. Ah se a brisa
que essa juventude canta, ficasse aqui comigo um pouquinho, talvez, quem sabe,
o inesperado traga uma surpresa. Oh brisa fica. Carreguei na ilusão de novo. O
Encontro. O filme é feito de encontros. Um colorido convida. O parágrafo que
transcrevo a seguir escrito pelo cineasta David Neves, foi a minha resposta
audiovisual e desnecessária para uma pergunta inaudível: a causa-pretexto,
entretanto, tem outra dimensão e, em termos cinematográficos, penetra pelos
caminhos da ficção científica. Que sentimento especial, vivo, de voyeur ou de
reveur deve ter assolado o primeiro cosmonauta a sentir diretamente a brisa do
cosmos ao defrontar um objeto familiar num mundo diferente e talvez hostil? O
pequeno satélite artificial manufaturado pelo homem que encontrou o cosmonauta
nesse histórico ato turístico de que forma teria agido sobre sua pisicologia?
Certamente teria provocado de Leonov a seguinte expressão: Oh! Você por
aqui?... Hoje Segunda Feira, voltei finalmente ao chorinho do Bar
do Salomão. Todas as sobrancelhas estavam lá e o Madeira e seu bandolim também.
A lourinha dos cabelos cacheados tirou o gesso do pé esquerdo, e de sandália
baixa com uma tira só, mostrou que tem samba no pé e pernas para que te quero,
em um jogo de cintura sem artifícios. Disposição e juventude para toda e
qualquer prova. Costas nuas com sardas naquele vestido sem lei. As coroas se
admiraram e suspiraram enquanto eu também, era um inverno sem frio nesse
planeta. Aí na seqüência apareceu uma cantora morena com uma flor amarela no
cabelo liso e antes que ela cantasse de repente não pude ficar mais, depois do
filme secreto ter rolado na tela grande era muita coisa para um dia só. O filme
é feito de tesão. Tenho que parar de fumar escondido. Girl! Bordados e algodão
doce. Se não fosse ela, jamais me lembraria dessa imagem tingida de rosa, quero
sempre poder tentar morder essas nuvens do desejo. Com as mesmas intenções,
encontrar-me com ela no parque de diversões às quatro da tarde de um dia útil
sem atrasos nem talvez. Transbordante. Orson Welles disse uma vez: o que me
interessa no cinema é a abstração. O filme é feito de pensamento. O Estevão me
emprestou um CD com a gravação do programa de rádio Cacofonia do nosso amigo
Marcos Kacowitz, que naquela uma hora de duração enfocava um pretenso disco
inédito do Jimi Hendrix, intitulado People Hells and Angels. Quando ouvi
imediatamente pensei em fazer um filme me utilizando e partindo deste programa
como trilha sonora. A expressão do pensamento é o problema fundamental do
cinema. A criação dessa linguagem preocupou todos os teóricos e autores de cinema
desde Eisenstein, até os roteiristas e adaptadores do cinema sonoro (sic).
Quando iniciei meu tratamento com a fonoaudióloga Cynthia, e ela se dispôs a
ser filmada por mim, vi que tinha conquistado a imagem. Imagem + som = cinema.
Bastante simples, não? O evento fundamental destes últimos anos foi a tomada de
consciência que está se concretizando sobre o caráter dinâmico, isto é
significativo, da imagem cinematográfica. Todo filme, por ser um filme em
movimento, ou seja, que se desenrola num tempo, é um teorema. Ele é um ponto de
passagem de uma lógica implacável, que vai de uma extremidade a outra dela
mesma, ou melhor ainda, de uma dialética. Todo pensamento, como todo sentimento
é uma relação entre um ser humano e um outro ser humano e de certos objetos que
fazem parte do seu universo. É explicitando essas relações, desenhando as
tangentes, que o cinema pode ser verdadeiramente o lugar de expressão de um
pensamento. A voz do autor. Como num passe de mágica encontro com o Kacowitz,
quem não via há pelo menos dez anos, exatamente no meu bar na Serra.
Magistralmente consegui filmar ele e o Paibará falando sobre outros mundos e
sobre as dimensões não visíveis das quais ele é mestre. Ao nosso redor se
formou uma platéia jovem e interessada. O filme é feito de desejos. Os jovens
desejam e exigem um Brasil justo e eu também. Vamos juntos, essa é a hora. São
sete horas da manhã, o homem desce a rua decidido no contra-luz. Entra no
botequim de três portas na esquina, se dirige ao seu velho conhecido do outro
lado do balcão, e diz: ô meu me bota um conhaque! No que o outro responde
perguntando: ô sem bom dia, diga qual você quer?
A resposta
firme e objetiva: o pior, nas prega! Notava-se que depois do primeiro gole só
restava partir para o segundo e dar início aos trabalhos, abrir o escritório. A
sensação é complexa. E o tempo morto naquele abrigo torna necessária a segunda
dose. O filme é feito de crônicas. O Filme-Crônica, o gênero que definiu exato
o ator Mário Camargo, por entre o jardim de espinhos do Cabral, num plano muito
bem iluminado. É o mesmo senso de economia de recursos, o mesmo gosto por
aquilo que é sensual, o mesmo jogo com as ondas dos sentidos. A vida à deriva,
arrastando tudo no seu fluxo imprevisível e vigoroso. As imagens, os sons
tornan o real perceptível por um instante: “traduzir o vento invisível através
da água que ele esculpe passando”. No êxtase dessa tarde lenta de inverno,
enquanto tudo está atrasado e demorando a fazer-se possível, aqui de dentro
rola uma emoção sinfônica e confortável trazendo uma maré borbulhante e
criativa do encantamento de uma cachoeira cercada de árvores, e que por entre
suas folhagens atravessam alguns trêmulos raios de claridade do sol. A língua
se mostra na boca entreaberta. O filme é feito de linguagem.
Um comentário:
PARABÉNS PELA MATÉRIA NO BLOG !!
AGORA, NOVAS MANIFESTAÇÕES POPULARES EM SETE DE SETEMBRO DE 2013 !!
A CAUSA DE TANTA CORRUPÇÃO É A POSSIBILIDADE DE UM PARTIDO ADMINISTRAR CIDADES, ESTADOS E O PAÍS. PARTIDO DEVE SER UMA ASSOCIAÇÃO QUE DEFENDE PRINCÍPIOS. O POVO JÁ PODE SE GOVERNAR !!
Gente, o nome já diz : PARTIDO : Partido só parte, não reparte. Só desune, não une. E a divisão só interessa a quem quer explorar ou a classe que quer continuar explorando classe. PARTIDO parece democrático porque representa os vários pensamentos e posicionamentos da sociedade. O absurdo erro é um partido mandar na sociedade. Por isso, partidos podem continuar existindo, mas como associações que defendem princípios CONT....
http://jornaldosgruposambiente.blogspot.com.br/search/label/7%20de%20setembro%20%3A%20o%20povo%20de%20novo%20nas%20ruas
OU COPIE E COLE NA PESQUISA GOOGLE : NA INFOERA, O BRASIL DE NOVO NAS RUAS
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