PRIMEIRA IMPRESSÃO
TEXTOS E REFLEXÕES
UM NOVO FILME
DE FICÇÃO POLÍTICA
REALIZADO AGORA
REALIZADO AGORA
UM ATOR/DIRETOR
MAIS
UM FOTÓGRAFO/CÂMERA
NA CIDADE DO CABO FRIO.
(Titulagem)
São tantos os deuses na
terra que às vezes me confundo...
Procurando Godod
DEUS E O DIABO
Extratos de Bakunim
Diálogos, monólogos e narração sem
descrição de cena:
- INCRÍVEL...
“MY GOOD”!!!
-
PROCURO SER
OCULTO
PROCURO SEU SABER
PROCURO VOCÊ.
-
O seu nome - Ouro
O seu destino - Revolução
A sua revisão - Anarquista
-
Os tempos ainda não estão maduros para todas as
reformas necessárias.
-
Hoje nós só queremos o
triunfo da liberdade e do amor.
-
Sopra um vento de revolta em
todos os lugares.
-
A revolução é aqui a
expressão de uma ideia, lá o resultado de uma necessidade; com mais frequência
ela é a consequência de uma mistura de necessidades e de ideias que se
engendram e se reforçam umas às outras.
Ela se desencadeia contra a
causa dos males ou a ataca de modo indireto.
-
Ela é consciente e
instintiva, humana ou brutal, generosa ou muito egoísta, mas de qualquer modo,
é a cada dia maior e se amplia incessantemente.
-
É a marcha da história.
-
É, portanto, inútil perder
tempo a lamentar quanto aos caminhos que ela escolheu, pois estes são traçados
por toda a evolução anterior.
-
Quando o povo se submete
docilmente à lei, ou o protesto permanece fraco e platônico, o governo se
acomoda, sem se preocupar com as necessidades do povo.
-
Quando o protesto é vivo,
insiste e ameaça, o governo que é tirânico, segundo seu humor, cede ou reprime.
-
Mas é preciso sempre chegar à
insurreição, porque, se o governo não cede, o povo acaba por se rebelar; e, se
ele cede, o povo adquire confiança em si mesmo e exige cada vez mais, até que a
incompatibilidade entre a liberdade e a autoridade seja evidente e desencadeie
o conflito revolucionário.
-
Três elementos
fundamentais constituem as condições essenciais de todo desenvolvimento humano:
o primeiro vem da animalidade humana, que domina a economia social e privada; o
segundo constitui-se na ciência nascida do pensamento; o terceiro brilha na
liberdade conquistada pela incontinente revolta.
-
A revolução é a repetição
contínua, incansável, dos princípios que devem nos servir de guia, na conduta
que devemos ter nas diferentes circunstâncias da vida.
-
A sociedade atual é o
resultado das lutas seculares que os homens empreenderam entre si.
-
Entre o homem e a ambiência
social há uma ação recíproca. Os homens fazem a sociedade tal como é, e a
sociedade faz os homens tais como são, resultando disso um tipo de círculo
vicioso: para transformar a sociedade é preciso transformar os homens, e para
transformar os homens é preciso transformar a sociedade.
-
A miséria embrutece o homem
e, para destruir a miséria, é preciso que os homens dominem a consciência e a
vontade.
-
A escravidão ensina os homens
a serem servis, e para se libertar da escravidão é preciso homens que aspirem à
liberdade.
-
A ignorância faz com que os
homens não conheçam as causas de seus males e não saibam remediar esta
situação; para destruir a ignorância, seria necessário que os homens tivessem
tempo e meios de se instruírem na sua máxima capacidade intelectual com todo o
saber a ele disponível.
Saber que qualquer governo é
a consequência do espírito de dominação e de violência que os homens impuseram
a outros homens, e, ao mesmo tempo, é a criatura e o criador dos privilégios, e
também seu defensor natural.
-
Precisamos abolir de forma
radical a dominação e a exploração do homem pelo homem.
-
Queremos que os homens,
unidos fraternalmente por uma solidariedade consciente, cooperem de modo
voluntário com o bem-estar de todos.
-
Desejamos para todos: pão,
liberdade, amor e saber.
-
(Narração cruel nas terras da santa cruz:)
-
Sabíamos de pronto que desta dura
ficção religiosa e civilizatória nós nada tínhamos a dizer de novo.
-
Jeová, que, de
todos os bons deuses adorados pelos homens, foi certamente o mais ciumento, o
mais vaidoso, o mais feroz, o mais injusto, o mais sanguinário, o mais
despótico e o maior inimigo da dignidade e da liberdade humanas.
-
Para me explicar,
vamos ao começo de tudo:
Jeová acabava de criar
Adão e Eva, não se sabe por qual capricho, talvez para ter novos escravos. Ele pôs, generosamente, à disposição deles toda a terra, com todos os seus frutos e todos os seus animais, e impôs um único limite a este completo gozo: proibiu-os expressamente de tocar os frutos da árvore de ciência.
Ele queria, pois, que o homem, privado de toda consciência de si mesmo, permanecesse um eterno animal, sempre de quatro patas diante do Deus "vivo", seu criador e seu senhor.
Mas eis que chega Satã, o eterno revoltado, o primeiro livre-pensador e o emancipador dos mundos! Ele faz o homem se envergonhar de sua ignorância e de sua obediência bestial; ele o emancipa, imprime em sua fronte a marca da liberdade e da humanidade, levando-o a desobedecer e a provar do fruto da ciência.
O bom Deus, cuja presciência, constituindo uma das divinas faculdades, deveria tê-lo advertido do que aconteceria, pôs-se em terrível e ridículo furor: amaldiçoou Satã, o homem e o mundo criados por ele próprio, ferindo-se, por assim dizer, em sua própria criação, como fazem as crianças quando se põem em cólera; e não contente em atingir nossos ancestrais, naquele momento ele os amaldiçoou em todas as suas gerações futuras, inocentes do crime cometido por seus ancestrais.
Nossos teólogos católicos e protestantes acham isto muito profundo e justo, precisamente porque é monstruosamente iníquo e absurdo. Depois, lembrando-se de que ele não era somente um Deus de vingança e cólera, mais ainda, um Deus de amor, após ter atormentado a existência de alguns bilhões de pobres seres humanos e tê-los condenado a um eterno inferno, sentiu piedade e para salvá-los, para reconciliar seu amor eterno e divino com sua cólera eterna e divina, sempre ávida de vítimas e de sangue, ele enviou ao mundo, como uma vítima expiatória, seu filho único, a fim de que ele fosse morto pelos homens.
Isto é denominado mistério da Redenção, base de todas as religiões cristãs.
Ainda se o divino Salvador tivesse salvado o mundo humano! Mas não; no paraíso prometido pelo Cristo, como se sabe, visto que é formalmente anunciado, haverá poucos eleitos, o resto, a imensa maioria das gerações presentes e futuras, arderá eternamente no inferno.
Enquanto isso para nos consolar, Deus, sempre justo, sempre bom, entrega a terra ao governo dos déspotas.
O homem ignorando
a história para tirar dali os seus proveitos se acha poderoso em suas mentiras.
Os mundos não
foram criados, as sociedades não se desenvolveram, as revoluções não
transformaram os povos, os impérios não desmoronaram e a miséria, a doença e a
morte não foram as rainhas da humanidade senão para fazer surgir uma elite de
acadêmicos, flor desabrochada, da qual todos os outros homens nada mais são
senão seu estrume.
É evidente que
esse terrível mistério é inexplicável, isto é, absurdo, e absurdo porque não se
deixa explicar. E evidente que alguém que dele necessite para sua felicidade,
para sua vida, deve renunciar à sua razão e retornar, caso seja possível, à fé
ingênua, cega e estúpida.
Como pode nascer
em um homem inteligente e instruído a necessidade de crer nesse mistério?
Nesse caso cessa
toda a discussão e só resta a estupidez triunfante da fé.
Todas as
religiões, com seus deuses, seus semideuses e seus profetas, seus messias e
seus santos, foram criadas pela fantasia crédula do homem, que ainda não
alcançou o pleno desenvolvimento e a plena possessão de suas faculdades
intelectuais.
Em consequência,
o céu religioso nada mais é do que uma miragem onde o homem, exaltado pela
ignorância pela fé, encontra sua própria imagem, mas ampliada e invertida, isto
é, divinizada.
A despeito dos
metafísicos e dos idealistas religiosos, filósofos, políticos ou poetas, a
idéia de Deus implica a abdicação da razão e da justiça humanas; ela é a
negação mais decisiva da liberdade humana e resulta necessariamente na
escravidão dos homens, tanto na teoria quanto na prática.
É preciso lembrar
quanto e como as religiões embrutecem e corrompem os povos? Elas matam neles a
razão, o principal instrumento da emancipação humana e os reduzem à
imbecilidade, condição essencial da escravidão. Elas desonram o trabalho humano
e fazem dele sinal e fonte de servidão. Elas matam a noção e o sentimento da
justiça humana, fazendo sempre pender a balança para o lado dos patifes
triunfantes, objetos privilegiados da graça divina. Elas matam o orgulho e a
dignidade humana, protegendo apenas a submissos e os humildes. Elas sufocam no
coração dos povos todo sentimento de fraternidade humana, preenchendo-o de
crueldade.
Todas as
religiões são cruéis, todas são fundadas sobre o sangue, visto que todas
repousam principalmente sobre a idéia do sacrifício, isto é, sobre a imolação
perpétua da humanidade à insaciável vingança da divindade.
A severa lógica
que me dita estas palavras é muito evidente para que eu necessite desenvolver
esta argumentação. E me parece impossível que os homens ilustres, tão célebres
e tão justamente respeitados não tenham sido tocados e não tenham percebido a
contradição na qual eles caem ao falar de Deus e da liberdade humana
simultaneamente.
Proclamar como
divino tudo o que se encontra de grande, de justo, de real, de belo, na
humanidade, é reconhecer implicitamente que a humanidade, por si própria, teria
sido incapaz de produzi-lo; isto significa dizer que abandonada a si própria,
sua própria natureza é miserável, iníqua, vil e feia. Eis nós de volta à
essência de toda religião, isto é, à difamação da humanidade pela maior glória
da divindade.
Deus aparece, o
homem se aniquila; e quanto maior se torna a Divindade, mais a humanidade se
torna miserável. Esta é a história de todas as religiões; este é o efeito de
todas as inspirações e de todas as legislações divinas. Na história, o nome de
Deus é a terrível espada com a qual os homens abateram a liberdade, a
dignidade, a razão e a prosperidade dos homens.
Bem, a religião e
uma loucura coletiva, tanto mais poderosa por ser tradicional e porque sua
origem se perde na antigüidade mais remota. Como loucura coletiva, ela penetrou
até o fundo da existência pública e privada dos povos; ela se encarnou na
sociedade, se tornou, por assim dizer, sua alma e seu pensamento. Todo homem é
envolvido por ela desde o seu nascimento; ele a suga com o leite de sua mãe,
absorve-a de tudo o que toca, de tudo o que vê.
Ele foi, por ela,
tão bem nutrido, envenenado, penetrado em todo o seu ser que, mais tarde, por
poderoso que seja seu espírito natural, precisa fazer esforços espantosos para
se livrar dela, e ainda assim não o consegue de uma maneira completa.
Que um gênio sublime,
como o divino Platão, tenha podido estar absolutamente convencido da realidade
da idéia divina, isto nos demonstra o quanto é contagiosa, o quanto é
todo-poderosa a tradição da loucura religiosa, mesmo sobre os maiores
espíritos.
Por sinal, não
devemos nos surpreender com isso, pois mesmo nos dias de hoje, o maior gênio
filosófico desde Aristóteles e Platão, que é Hegel, esforçou-se em repor em seu
trono transcendente ou celeste as idéias divinas, das quais Kant havia demolido
a objetividade por uma crítica infelizmente imperfeita e muito metafísica.
A grande honra do
cristianismo, seu mérito incontestável e todo o segredo de seu triunfo
inaudito, e por sinal totalmente legítimo, foi o de ter-se dirigido a este
público sofredor e imenso, ao qual o mundo antigo impunha uma servidão
intelectual e política estreita e feroz, negando-lhe inclusive os direitos mais
simples da humanidade. De outra forma ele jamais teria podido se disseminar.
A doutrina que
ensinavam os apóstolos do Cristo, por mais consoladora que tenha parecido aos
infelizes, era muito revoltante, muito absurda do ponto de vista da razão
humana, para que homens esclarecidos tivessem podido aceitá-la. Com que alegria
também o apóstolo Paulo fala do "escândalo
da fé" e do triunfo desta divina
loucura rejeitada pelos poderosos e pelos sábios do século, mas tanto mais
apaixonadamente aceita pelos simples, pelos ignorantes e pelos pobres de espírito!
O que mais podemos pensar
sobre o absolutismo de todos os deuses sobre a terra e os homens?
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