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terça-feira, 6 de julho de 2010

ROTEIRO

M i l ê n i o

Um desenho animado futurista.

Personagens:

Yamba – rapaz de 25 anos desenhista.
Shana – menina de 20 anos – fotógrafa
Borges – um homem de 60 anos, redator de revista e líder religioso.
O Anjo – um homem de 40 anos
O Senhor – (Borges de barba branca)

Roteiro:

Um quarto sombrio com um rapaz solitário desenhando em uma prancheta.
Uma cidade abandonada.
Uma terra inóspita, escura e chuvosa.
(travelling)
Imagens de cúpulas geodésicas iluminadas.
(câmera aproxima-se)
Uma escola no paraíso.
Sala de aula.
Menino com rosto de anjo.

Narração feminina(Shana):
- Conheci Yamba no colégio... Era um garoto tímido que passava horas na sala de aula desenhando... Um grande desenhista por sinal! Não incomodava ninguém, tinha cara de anjo...

Uma menina (Shana) entra na sala de aula e procura com o olhar por Yamba.

Narração (Shana):
- Um dia, ao entrar na sala de aula, descobri que ele tinha sido expulso do colégio...

(corte)

Apartamento antigo - uma sala de desenho – Yamba desenha na prancheta.

Narração(Shana):
- Só voltaria a encontrá-lo agora, dez anos depois, recolhido no seu quarto, onde dorme e trabalha. Eu sempre amei esse garoto... Estou com ele e quero tirar ele daqui.

Menina entra no estúdio de Yamba e neste encontro fazem amor.

Yamba, depois de transar com Shana:
- Estou de saco cheio de tentar achar a fórmula que me possibilite desenhar todos esses personagens encomendados sem maiores desgastes na minha auto-estima...
Vamos sair para comprar uma bebida e entregar esses desenhos...
Deixe a câmara de registro, você sabe que a rua não é um lugar seguro...

Narração(Shana):
- Todos os dias, ao anoitecer, Yamba vai à rua comprar mantimentos e entregar seus desenhos para um editor de revista em quadrinhos.

Vista da grande cidade praticamente abandonada.
As imagens acompanham a narração.

Narração(Shana):
- A noite na cidade era movimentada, ainda mais no bairro onde Yamba morava. O mundo andava perigoso, matava-se e roubava-se por toda parte. Tudo havia mudado depois do pacto social que foi um fracasso. A maioria da sociedade se dividia em três facções distintas: Os privilegiados, os religiosos fanáticos, os desprezíveis escravos. Yamba pertencia à minoria silenciosa dos artistas, dos intelectuais independentes e dos trabalhadores que ainda restavam, e havia ainda os rebeldes e os grupos de bandidos que moravam nas cidades abandonadas onde eu estava agora.
Certa vez, a mando do governo, fazia o registro dos artistas que ainda viviam naquela zona. Foi assim que voltei a me encontrar com Yamba.
Andamos por duas quadras e entramos em um velho prédio negro de fuligem e de abandono e logo subimos um lance de escada. Caminhamos no grande corredor que corta o primeiro andar. Lugar sinistro, milhares de portas e pouca iluminação, repleto de ratazanas esfomeadas. Chegamos à porta da editora. Entramos. No interior do quarto sujo repleto de computadores, está sentado Borges, o gordo editor. Trabalha sozinho. As máquinas eletrônicas fazem a revista desenhada por Yamba.

Borges:
- Esta revista que é lida por toda a cidade já deveria estar nas ruas e o senhor sempre chega atrasado... Assim não dá! Aqui nesta selva, seu merda, você não vai sobreviver... Quem é essa menina que está com você?

Yamba:
- Ela é minha companheira...

Borges:
- Você podia me emprestá-la, gostei dela!

Yamba:
- Posso...

Borges:
- Ok! Venha cá menina.

Narração(Shana):
- Eu sabia que não podia me negar a luxuria daquele porco, não satisfazer o seu desejo significava morrer ali, ou depois no infinito corredor comida pelos ratos.

Borges:
- Você é uma menina esperta...

Shana:
- E você um porco nojento.

Borges:
- Eu disse que gosto dessa menina...

Narração(Shana):
- Me aproximei dele e ele colocou a sua enorme mão dentro de minha calcinha... Com violência ele arrancou a minha blusa e rápido como um raio ele mordeu os bico de um dos meus seios e só largou quando Yamba arrebentou a sua cabeça com um golpe certeiro de uma barra de ferro. Com o cheiro de sangue, que se espalhava por todos os cantos, os ratos invadiram a sala e começaram a devorar o Sr. Borges.Yamba me pegou pela mão e saímos dali correndo. A cidade estava vazia. Começava a chover forte.

Shana e Yamba correm pelas ruas da cidade. Chegam aos campos povoados por miseráveis.
São atacados pelos esfomeados até se aproximarem das cúpulas geodésicas. Através da menina Shana e de seus poderes, entram na cidade coberta e protegida da chuva constante.

Ao entrar são acompanhadas por soldados robôs de Deus que os levam para o encontro com o líder supremo da cúpula. No caminho passam pela escola que Yamba estudou. Chegam ao magnífico templo que fica no centro exato da grande bolha de plástico. Era verão e o sol artificial ilumina inclemente a cidade paraíso.

Yamba:
- Shana, pensei que quando fui morar na cidade, nunca mais voltaria a esse lugar...

Shana:
- Vamos ficar só um tempo, depois voltamos...

Yamba:
- Onde estão nos levando?

Shana:
- Ao Grande Templo.

Yamba:
- O inimigo do espaço é o tempo...

Na porta do Grande Templo uma voz é ouvida.

Voz:
- Senhores visitantes, lembrem-se que estão na presença do que é sagrado, ao entrar, limpem os seus corpos de toda a impureza externa, encham os seus corações do mais puro amor, limpem os olhos para que possam ver a luz e andar nas trevas.
Yamba e Shana entram na porta de luz que dá para uma espécie de buraco negro onde se pode ver uma série de sete caminhos numerados.

A Voz continua:
- O Grande Templo agradece a sua visita - Para ver o seu saldo, acesse o um; para ver o seu débito, acesse o dois; para ver o seu limite, acesse o três; para ver o seu pecado, acesse o quatro; para pagar o seu pecado, acesse o cinco; para o diabo, acesse seis; para Deus, acesse sete.

Os outros caminhos se apagam ficando aceso só o de número sete.

A Voz:
- Podem seguir irmãos que um anjo lhes levará ao senhor...

Surge o anjo – Uma bicha travesti cheia de balangandãs batendo suas asinhas.

O Anjo:
- Meu Deus, como vocês são bonitos! Nosso senhor ficará muito satisfeito em vê-los... Podem me seguir...

Os dois entram então em um grande salão de luz. Sentado em um trono está o Senhor. Engraçado a semelhança dele com o editor da cidade abandonada.O Senhor levanta-se do trono e caminha, flutuando (levitando), em direção dos dois visitantes.

O Anjo:
- Aleluia! Aleluia! O filho amado retorna ao lar... O céu hoje está em festa! Aleluia! Aleluia! Que o Senhor seja louvado...

O Senhor:
- Sai do templo satanás!

O Anjo se transforma em um negro morcego e foge da luz
O Senhor agora está na frente dos dois e não tira os olhos de Shana, embora fale com Yamba.

O Senhor:
- Yamba... Porque demorastes tanto a voltar? Assim não dá! Só aqui, neste paraíso, meu filho, você poderá sobreviver... Agora me diga: - Quem é essa menina que está com você?

Yamba:
- Ela é minha companheira...

O Senhor:
- Você podia me emprestá-la, gostei dela!!!

O olhar de espanto e de surpresa do casal.

Yamba:
- Posso...

Senhor:
- Ok! Venha cá menina...


FIM

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