
Não joguem fora os meus livros, velhos
Não me atormente demais, eu insisto
Com os meus olhos sujos, peço aflito
Dê ao meu filho meus discos, vídeos
Meus textos e bota fogo no resto
No que sobrou, todo luxo, tudo lixo
Inútil morto de luto
Não se preocupem se eu vou, eu volto, amável
Não é queixume, coisa que não faço
Vou para o mar onde tudo se transforma
Dormindo no seu rumor infindo
Morto não sinto o tempo passar
Acordo vivo com a memória amiga
Sonhando acordado a glória de uma terra antiga
Mas filho amigo se morrer é ser o fogo no mato
É ser o rio correndo pro mar e uma mulher que quer dar
Sempre é bom lembrar: onde o natural desafio é o limite
Do insondável ninguém consegue escapar.
Nenhum comentário:
Postar um comentário