Aniversário.
Passado um ano e eu ainda não consegui arrumar uma editora que publicasse o meu livro Trilogia da Separação. Para comemorar a data publico um texto da minha amiga, a artista Ofélia Torres, que de pronto compreendeu a importância do mesmo.
TRILOGIA DA SEPARAÇÃO
HISTÓRIAS DE CINEMA
Sei que vou virar algumas noites lendo e relendo compulsivamente os originais do livro TRILOGIA DA SEPARAÇÃO, um texto raro e inqualificável: romance, roteiro, memórias do cinema brasileiro, do cineasta e da história de toda uma geração?
Tratando-se de um livro escrito por um cineasta, com vasta experiência e grande paixão pelo kynoma, era de se esperar um autor narrador na primeira pessoa. Mas, é exatamente o oposto que se observa com o espaço ocupado quase que inteiramente pelos personagens e onde o leitor/expectador envolve-se também diretamente na trama, compactuando-se, projetando-se e enredando-se com os personagens – foi o que aconteceu exatamente comigo em OS HOMENS QUE NÃO TIVE.
Para além do ritmo cinematográfico, o livro é uma trilogia policial: patético e com uma carga emocional profundamente humana em OS HOMENS QUE NÃO TIVE; beirando ao surrealismo em MEU MESTRE FEITICEIRO e introspectivo, quase um diálogo entre mudos, em O MAR E O TEMPO. Em todos os três, as imagens saltam no colo do leitor/expectador e deslizam em uma cadência rítmica de diálogos e silêncios.
Nunca havia lido um texto onde os diálogos fossem tão constantes e alternativos – passando diretamente de fatos concretos para a introspecção “que o mar já está chegando... quando você descobriu que tinha amor por mim?” e exigindo do leitor/expectador a mesma agilidade. Consolida-se a trama policial com o os crimes insolúveis de cada etapa da trilogia.
José Sette, apesar de você dizer que não importa o estilo, gostaria de frisar um aspecto muito interessante observado – o estilo não é linear e monótono- ao contrário ele é tri-dimensional – pessoas, paisagens e fenômenos da natureza se misturam “o sol agora amarelo de fim de tarde, ilumina o rosto da mulher que está sorrindo” “É noite. A lua brilha cheia no céu de poucas estrelas”.
A sutilidade com que você fala do bom, do excelente cinema, seja através do manuseio de câmeras pelo personagem Lourenço ,seja por referências veladas ou explícitas de grandes filmes e cineastas ,é outro aspecto atrativo do livro TRILOGIA DA
SEPARAÇÃO.
Finalmente, o testemunho e o posicionamento contra a violência e truculência policial militar, os auto-exílios, os medos, a indignação e a repulsa pela tortura e a falta de liberdade de ir, vir e expressar idéias-são aspectos que aparecem com bastante ênfase no livro TRILOGIA DA SEPARAÇÃO e que contribuem, sem dúvida, para a recuperação da memória sobre os anos de chumbo.
Concluindo, publica logo, com urgência, o livro TRILOGIA DA SEPARAÇÃO.
Ofélia de Lanna Sette Torres
Junho de 2009
Passado um ano e eu ainda não consegui arrumar uma editora que publicasse o meu livro Trilogia da Separação. Para comemorar a data publico um texto da minha amiga, a artista Ofélia Torres, que de pronto compreendeu a importância do mesmo.
TRILOGIA DA SEPARAÇÃO
HISTÓRIAS DE CINEMA
Sei que vou virar algumas noites lendo e relendo compulsivamente os originais do livro TRILOGIA DA SEPARAÇÃO, um texto raro e inqualificável: romance, roteiro, memórias do cinema brasileiro, do cineasta e da história de toda uma geração?
Tratando-se de um livro escrito por um cineasta, com vasta experiência e grande paixão pelo kynoma, era de se esperar um autor narrador na primeira pessoa. Mas, é exatamente o oposto que se observa com o espaço ocupado quase que inteiramente pelos personagens e onde o leitor/expectador envolve-se também diretamente na trama, compactuando-se, projetando-se e enredando-se com os personagens – foi o que aconteceu exatamente comigo em OS HOMENS QUE NÃO TIVE.
Para além do ritmo cinematográfico, o livro é uma trilogia policial: patético e com uma carga emocional profundamente humana em OS HOMENS QUE NÃO TIVE; beirando ao surrealismo em MEU MESTRE FEITICEIRO e introspectivo, quase um diálogo entre mudos, em O MAR E O TEMPO. Em todos os três, as imagens saltam no colo do leitor/expectador e deslizam em uma cadência rítmica de diálogos e silêncios.
Nunca havia lido um texto onde os diálogos fossem tão constantes e alternativos – passando diretamente de fatos concretos para a introspecção “que o mar já está chegando... quando você descobriu que tinha amor por mim?” e exigindo do leitor/expectador a mesma agilidade. Consolida-se a trama policial com o os crimes insolúveis de cada etapa da trilogia.
José Sette, apesar de você dizer que não importa o estilo, gostaria de frisar um aspecto muito interessante observado – o estilo não é linear e monótono- ao contrário ele é tri-dimensional – pessoas, paisagens e fenômenos da natureza se misturam “o sol agora amarelo de fim de tarde, ilumina o rosto da mulher que está sorrindo” “É noite. A lua brilha cheia no céu de poucas estrelas”.
A sutilidade com que você fala do bom, do excelente cinema, seja através do manuseio de câmeras pelo personagem Lourenço ,seja por referências veladas ou explícitas de grandes filmes e cineastas ,é outro aspecto atrativo do livro TRILOGIA DA
SEPARAÇÃO.
Finalmente, o testemunho e o posicionamento contra a violência e truculência policial militar, os auto-exílios, os medos, a indignação e a repulsa pela tortura e a falta de liberdade de ir, vir e expressar idéias-são aspectos que aparecem com bastante ênfase no livro TRILOGIA DA SEPARAÇÃO e que contribuem, sem dúvida, para a recuperação da memória sobre os anos de chumbo.
Concluindo, publica logo, com urgência, o livro TRILOGIA DA SEPARAÇÃO.
Ofélia de Lanna Sette Torres
Junho de 2009
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