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domingo, 6 de junho de 2010

Mais uma vez

É exaustivo ter que discutir novamente os rumos do cinema brasileiro.
Faço isso desde 1974 quando voltei à terra amada.
Nós cineastas gostamos de complicar o meio do campo.
É preciso ser forte, franco, objetivo e principalmente unidos.
É preciso compreender primeiro para depois desatar as amarras que são muitas.
Nem o passado trabalhista, nem a esquerda cautelosa petista, que está no poder, nem outros partidos “tutifruit”, nem à direita centrada peessedebista, nem os novos partidos da esquerda radical, nem todos aqueles que passaram pelo poder da república, compreenderam a importância do audiovisual para o povo brasileiro. É lamentável.
Não acho que com esse corpo político, seja qual for o governo, popular de esquerda, ou os velhos comunistas, tenham peito de começar a desatar os nós cegos de nossa identidade cultural cinematográfica.
São três os nós básicos deste sistema: produção, distribuição e exibição.
Todo o sistema está a serviço do cinema americano e de seus interesses fantasmas.
Esse mingau quente tem de ser comido pela beirada do prato, pouco a pouco, pra não queimar a boca.
Assim sendo, não adianta colocar os mesmos de sempre nos gabinetes gestores da eterna crise da indústria do audiovisual brasileiro. Nada mais farão! Pois estão comprometidos com o tal mercado fantasma – dizem que precisam sobreviver e manter o padrão de suas vidas, às vezes nababescas e sem sentido. Vivem indiretamente dos altos salários pagos pelo erário. Não digo que eles não merecem. Todos nós merecemos! É dureza fazer um bom filme.
Como podemos atravessar esse deserto?
O novo governo tem de incentivar toda a produção audiovisual a ele proposto? Sem dúvida, mas não da maneira que está sendo feito.
O novo governo tem que incentivar a distribuição? Não de todos os filmes, pois os filmes ditos de mercado devem ser incentivados pelo mercado.
O novo governo tem que também cuidar da exibição? É a mais importante de todas as tarefas de qualquer governo preocupado com a nossa identidade cultural. A exibição de todas os filmes brasileiros só será resolvidA quando se criar mil centros de cultura brasileira por todo país. Mas nada disso é possível sem a vontade política. Ou seja: É preciso ter dentro do novo governo alguém que possa, sem medo de perder o cargo, colocar com clareza o que é preciso fazer para levar ao povo brasileiro a todas suas manifestações culturais, através do audiovisual obrigatoriamente exibido e programado nos cinemas e nas televisões estatais, de cultura, de todo país. Não há uma única voz que possa clamar no deserto em que a política cultural desse país se transformou. Um vanguardista experiente, bom político, combativo e justo com os interesses de nossa nacionalidade, deve existir nesse mar de cineastas e sabichões em que se transformou o país. Existindo esse nome, essa voz, poderemos começar a comer, com alguma segurança, esse mingau quente chamado mercado cultural.
O resto é chover no molhado.

Um comentário:

Wesley disse...

ei, vc viu o "Roda Viva" desta semana? a entrevista foi Fanny Ardant, atriz francesa, que Ser Humano!

Qdo perguntada sobre o q fazer para fortalecer a produção nacional cinematográfica (visto que na França mais da metade do mercado exibidor é preenchido com produções francesas) a resposta não teve nenhum apelo político por cotas, obrigações, leis protecionistas... ela apenas disse que tem q se "produzir, produzir e produzir"

outra coisa legal, na França Cinema é matéria do currículo escolar! acho q essa é a resposta.