Bucha de Canhão
Neste janeiro de 1969 aconteceu o que todos previam: O Império mostrou suas garras e os ratos saem pelos esgotos trazendo notícias do calabouço e das câmaras de tortura. Neste país tudo é brincadeira. Comemora-se com um este ato fálico a marcha da vitoria em honra da burguesia irrequieta. - Não sei se é a festa que compõem o fato ou se é o fogo que constrói o fôlego. Mas é o ato de fato que retrata a fogo da sociedade folgazona e boçal que usurparam o poder e impediram as reformas que transformariam o país e as suas medíocres vidas. A fera das Américas está de volta, é o soldado da paz, é a filosofia do medo marcando o rosto nos homens do ditador presidente, matéria fósmea - Fodam-se todos! - Vamos a guerra pela fome endêmica dos incautos na terra sagrada de Santa Cruz. De norte a sul um só povo, uma mesma língua - doente - indigentes - pobre - um banquete de mendigos num bangue-bangue de canalhas. De uma nação rica e nobre só restou miséria, indignação, escravidão e fome. O pão e o circo nos pênaltis sofreram sôfregos soluços em jogo de bola - copa do mundo - identidade de um povo torturado pelo milagre. Pra frente – pra traz – Brasil! No carnaval, durante o jogo de futebol e Brasília desesperada. Fujo do terror, do poder, da propriedade nas origens das famílias e dos colonos nas fazendas de café... A agrária e todas outras reforma de base, do povo, transformaram-se no templo do nada, no pobre gaucho sonhador derrotado pela manhã fria do outono sem fim. Perdemos tudo sem um só tiro de morteiro, bucha de canhão na estupidez culta de um escritor preso à inteligência estúpida de um político canalha. A velha UDN, bossa nova e autofágica, deu-nos um golpe quase mortal e por tantos mortos, a lenda não se consumiu. Hoje, imprime-se a realidade. Pobre imprensa, todos os dias Correio da Manhã, o pais se esgota censurado no Jornais do Brasil - Inteligência militar – O Globo, a nova tribuna da imprensa - cultura de importação, tiro de canhão, muita boçalidade, luta de espada, ungida com muita merda, são as metas nacionais. O país só é grande com a bola no pé. No Rio da praia ou em São Paulo do café, Pelé faz o gol, joga-se o certo com a alegria do pobre, que dura pouco, forma-se um rei! - Um rei da vela – Americano alienígena e genial João Coltrane, equilibrando-se ao lado do seu AMOR SUPREMO, o ópio, no eterno silêncio entre duas notas. A música faz o resto. Viajando nos poemas dedicados à Alice, sua mulher, descobrirmos o paraíso no inferno. E o Brasil sai perdendo sempre. Cadê Pinxinguinha, Noel, Clementina, Mário Reis, Lupicínio, João do Rio, Machado, Oswald, Stradelli,, Villa, Humberto, Peixoto, Euclides, Silva Ramos, todos morreram. Os meus amigos enlouquecidos flutuam no ar da fumaça mágica e esquecem o mundo - viajando no cometa – ouvem Jimi, Joplim, Doors - Oh! Divino Augusto Conte - pálida dialética positivista da qual o general da banda é seguidor, revele-se agora! Mata-se a revolução, mas se salva o poeta - Atonin, Artaud, Baudelaire, Mallarmé – com eles posso escapar da prisão. Modernistas, artistas de então, vocês me fazem sofrer. Vou viver na França, lá ainda se pode respirar da revolução a liberdade.
Neste janeiro de 1969 aconteceu o que todos previam: O Império mostrou suas garras e os ratos saem pelos esgotos trazendo notícias do calabouço e das câmaras de tortura. Neste país tudo é brincadeira. Comemora-se com um este ato fálico a marcha da vitoria em honra da burguesia irrequieta. - Não sei se é a festa que compõem o fato ou se é o fogo que constrói o fôlego. Mas é o ato de fato que retrata a fogo da sociedade folgazona e boçal que usurparam o poder e impediram as reformas que transformariam o país e as suas medíocres vidas. A fera das Américas está de volta, é o soldado da paz, é a filosofia do medo marcando o rosto nos homens do ditador presidente, matéria fósmea - Fodam-se todos! - Vamos a guerra pela fome endêmica dos incautos na terra sagrada de Santa Cruz. De norte a sul um só povo, uma mesma língua - doente - indigentes - pobre - um banquete de mendigos num bangue-bangue de canalhas. De uma nação rica e nobre só restou miséria, indignação, escravidão e fome. O pão e o circo nos pênaltis sofreram sôfregos soluços em jogo de bola - copa do mundo - identidade de um povo torturado pelo milagre. Pra frente – pra traz – Brasil! No carnaval, durante o jogo de futebol e Brasília desesperada. Fujo do terror, do poder, da propriedade nas origens das famílias e dos colonos nas fazendas de café... A agrária e todas outras reforma de base, do povo, transformaram-se no templo do nada, no pobre gaucho sonhador derrotado pela manhã fria do outono sem fim. Perdemos tudo sem um só tiro de morteiro, bucha de canhão na estupidez culta de um escritor preso à inteligência estúpida de um político canalha. A velha UDN, bossa nova e autofágica, deu-nos um golpe quase mortal e por tantos mortos, a lenda não se consumiu. Hoje, imprime-se a realidade. Pobre imprensa, todos os dias Correio da Manhã, o pais se esgota censurado no Jornais do Brasil - Inteligência militar – O Globo, a nova tribuna da imprensa - cultura de importação, tiro de canhão, muita boçalidade, luta de espada, ungida com muita merda, são as metas nacionais. O país só é grande com a bola no pé. No Rio da praia ou em São Paulo do café, Pelé faz o gol, joga-se o certo com a alegria do pobre, que dura pouco, forma-se um rei! - Um rei da vela – Americano alienígena e genial João Coltrane, equilibrando-se ao lado do seu AMOR SUPREMO, o ópio, no eterno silêncio entre duas notas. A música faz o resto. Viajando nos poemas dedicados à Alice, sua mulher, descobrirmos o paraíso no inferno. E o Brasil sai perdendo sempre. Cadê Pinxinguinha, Noel, Clementina, Mário Reis, Lupicínio, João do Rio, Machado, Oswald, Stradelli,, Villa, Humberto, Peixoto, Euclides, Silva Ramos, todos morreram. Os meus amigos enlouquecidos flutuam no ar da fumaça mágica e esquecem o mundo - viajando no cometa – ouvem Jimi, Joplim, Doors - Oh! Divino Augusto Conte - pálida dialética positivista da qual o general da banda é seguidor, revele-se agora! Mata-se a revolução, mas se salva o poeta - Atonin, Artaud, Baudelaire, Mallarmé – com eles posso escapar da prisão. Modernistas, artistas de então, vocês me fazem sofrer. Vou viver na França, lá ainda se pode respirar da revolução a liberdade.
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